O Assunto Ainda Não Acabou escrita por RookQueen


Capítulo 8
Saudades Mamãe




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“A amizade está onde você menos espera.”

–O que iremos fazer?- Disse Chris com a aparência cansada, após exaustivas horas de interrogatório sem um pingo de sucesso.

–Não sei, acho que chegamos ao fim do poço, já tentamos de tudo e nada dá certo- Falou Harry com a feição duas vezes pior que a do colega- Não faço ideia ao que recorrer.

–Tem que haver alguma forma, não foi atoa que chegamos até aqui.

–Se achar alguma maneira me avise.

(...)

Com muito sacrifício e a ajuda de Tayla, senhora Malfoy conseguiu fazer com que a castanha sair um pouco do quarto, elas tinham desfrutado de um delicioso café-da-manhã ao ar livre, nos jardins da mansão. Narcisa e Hermione não trocaram muitas palavras durante o dejejum, apenas alguns comentários que envolvia Draco ou Tayla, mas as duas já podiam notar alguma mudança no relacionamento entre elas, alguma proximidade.

Senhora Malfoy propôs um caminha, o que foi bem aceita pela nora. Ambas andavam lado a lado, Narcisa em sua postura nobre e vestes impecáveis de sempre, ao contrario de Hermione em seu jeito desleixada e suas vestimentas simples.

Após alguns minutos andando completamente desligada ao mundo, ela notou algo se movendo no céu ao longo do horizonte, se atentou na aproximação daquela mancha voando em sua direção. Apenas então, depois de uns metros já perto a castanha pode perceber que se tratava de uma coruja, aguardou os minutos restantes.

Hermione continuava a observar o animal enquanto prosseguia em sua caminhada, por fim o animal encurtou a distância, a mulher ao seu lado só se deu conta da ave quando a mesma mergulhou rasteiro pelos jardins da mansão, pousando em um banco de mármore branco, automaticamente Narcisa se aproximou da coruja que trazia uma pequena caixa preta entre as patas.

Senhora Malfoy analisou o cartão de identificação, mas somente possuía o nome do destinatário, então estudou a caixa em suas mãos. Tentou achar nela algo de errado antes de entrega para a nora, contudo, nada de anormal foi identificado.

–É para você.

Do mesmo modo que ela fez, Hermione se pegou a fazer, estudou o cartão com cuidado. Ela buscou no fundo de sua memoria, entretanto não conseguiu identificar aquela caligrafia, talvez nunca houvesse a visto antes.

Sua atenção então se voltou para a pequena caixa preta, o que atiçou mais a sua curiosidade a respeito do conteúdo, a castanha apertou o feixe, o abrindo. Seus olhos pairaram sobre o interior da caixa, Hermione ficou atônita. Suas pernas ameaçavam perder as forças, enquanto sua visão começava a escurecer. Senhora Malfoy somente observava, preocupada, a feição de sua nora mudar.

Hermione estava pálida, parecia que tinha sido atacada recentemente por um dementador.

–Está tudo bem?- Disse Narcisa inquieta.

Ela não respondeu, apenas entregou a pequena caixa preta à senhora Malfoy antes de desmaiar. A mulher tentou socorrer a castanha antes que seu frágil corpo atingisse o chão, porém, seus olhos acabaram caindo sobre o conteúdo da caixa.

O que viu foi macabro e desumano, sentiu uma forte punhalada em seu peito e seu estomago ameaçou devolver o que havia digerido durante o café da manhã, Narcisa não queria acreditar no que seus olhos viam. Sobre um lenço branco ensanguentado de sangue recém-manchado, jazia um pequeno dedo de criança com uma mensagem tatuado nele, “SAUDADES MAMÃE”.

(...)

–Onde está o Issac? Já faz horas que ele saiu para comprar o nosso café e não voltou- Disse Chris.

–Vou ver onde ele se meteu- Falou um auror saindo à procurada do colega.

–Provavelmente Issac esteja flertando com aquela garçonete de novo.

–Galera, por favor, ele é casado- Respondeu Harry em um tom de sarcasmo, como se ele desconhecesse a infidelidade do homem.

Eles riram. Tinham virado a noite investigando, pesquisando e fazendo relatório. Tinha que haver um momento de distração entre eles.

–Potter, posso conversar com você um momento?- Disse Draco aparecendo do nada e quebrando aquele clima de descontração.

–Claro!- Falou fazendo um movimento com a cabeça, indicando para que ele o seguisse até a sua sala- O que quer conversar comigo?

–Preciso saber como anda as investigações, se já conseguiram localizar meu filho, preciso que seja sincero comigo- Pediu.

Harry desconheceu o homem a sua frente, ele não parecia nada com o garoto prepotente, arrogante e egocêntrico que tinha conhecido anos atrás. Harry pode enxergar através dessa armadura de proteção impenetrável, apenas um homem desesperado. O loiro havia mudado, não da água para o vinho, mas ainda sim uma mudança significativa. Talvez família e amor fizessem bem para todo mundo.

–Isso é sigilo de missão, não posso lhe informar nada sem a autorização por escrito de um dos chefes do meu departamento.

–Por favor Potter- Respondeu batendo a mão com força sobre a mesa que os separavam- Você acha que eu quero essas informações para vende-las ao Profeta Diário, para que seja noticia de primeira pagina amanhã?! É do meu filho que estamos falando, só quero saber se as buscas pela localização do cativeiro estão indo bem, se o interrogatório do Weasley obteve sucesso...

–Sinto muito Malfoy, são regras do Ministério.

–Que se danem essas regras, eu simplesmente quero respostas, será que isso é tão difícil?! Hermione não sai do nosso quarto desde aquela sexta-feira a noite. Tayla fica me questionando onde o irmão está ou quando ele irá voltar. Sabe o que é se olhar no espelho e se sentir um inútil por ficar parado sem fazer nada enquanto seu filho esta nas mãos de um maníaco a mercê dele- Desabafou- Só me de esperanças que terei meu filho de volta, você é pai Harry, esqueça as nossas diferenças por um segundo e se coloque em meu lugar.

E ele fez. Imaginou se tivesse sido James sequestrado, como se sentiria sem saber onde seu primogênito estava. Se estava bem, ferido, com fome ou outra coisa do tipo.

Imaginou também Ginny chorando rios de lágrimas, preocupada tanto quanto ele, e por fim imaginou Alvo em seu quarto, observando a cama vazia do seu irmão. Estranhamente um nó se formou em sua garganta e seu coração apertou, não gostou de mentalizar tal cena, muito menos gostaria de vivencia-la.

Era desesperador demais.

–Tudo bem, contudo, o que vou lhe falar não pode sair de forma alguma dessa sala, entendeu?

Okay!

–As noticias não são das melhores, as buscas foram intensificadas além das fronteiras da Inglaterra, para ver se conseguimos alguma pista. Também já informamos os outros países sobre o caso, eles estão atentos a qualquer aparição no território deles, só que até agora nada- Respondeu- Estamos aplicando todas as técnicas de interrogação em George, além disso, estamos chamando bruxos especialistas da América e da África para nos ajudar. Pois ele insiste em negar que desconhece ou não saber sobre onde Rony está.

O loiro respirou fundo, realmente as noticias não eram nada animadoras. Draco passou uma das mãos nos cabelos, um sinal de desolação. Por mais que quisesse e acreditasse, ele não conseguia ver esperança naquilo tudo.

–O que vou dizer para Hermione quando chegar em casa e ela vier ao meu encontro querendo saber noticias de Peter?- Falou com lágrimas nos olhos- Eu não vou ser capaz de olhar em seus olhos e mentir ou inventar uma outra desculpa para que alimente a ilusão que estou fazendo ela criar, não posso mais engana-la.

–Draco, as coisas vão ficar bem, não se preocupe- Tentou conforta-lo.

–Você sabe que não vai, não tente se enganar também, vai ver Peter esteja já morto e o maldito do Weasley somente esteja brincando com a situação- Disse com as lagrimas já escorrendo por sua face alva- Fazendo nós sofrermos lentamente, como ele havia planejado.

–Não fale besteira, eu prometi a Hermione que traria o Peter e volta e vou cumprir minha palavra.

Naquele instante ele viu em Harry não mais aquele menino que sobreviveu ao maior lorde das trevas de todos os tempos, ou o seu inimigo de escola, muito menos o eleito. O loiro tinha visto nele o amigo que sempre precisou, não aquele que faria tudo que mandasse por medo, como se fosse um obediente cão ou um elfo domestico – como Crabble e Goyle.

Não também com aquele que ri de suas piadas, que compartilha conversas “sujas”, ou que se importa apenas com bebidas, mulheres e diversão. E sim alguém que lhe dá conselhos sábios, que discuti assuntos interessantes e que acima de tudo, esteja ao seu lado para o que der e vier.

Draco percebeu como havia sido idiota ao começar de maneira errada a sua “amizade” com Potter anos antes, notou o que tinha perdido, se ao menos houvesse agido de outra forma, talvez pudesse ter compartilhado momentos felizes com o trio de ouro, e quem sabe não seriam um quarteto. Quem sabe seu relacionamento com Hermione poderia ter tomado um rumo diferente e ser menos conturbado do que foi, e hoje não se encontraria na situação atual, perdido em um beco sem saída sabendo que o pior lhe aguardava.

–Devíamos ter nos tornado amigos- O loiro soltou.

–O que?- Disse o outro sem entender.

–Em Hogwarts- Explicou, forçando um sorriso- Acho que se fosse nos tempos de hoje, as coisas teriam sido diferentes.

–Ainda podemos ser.

Ele tinha que concordar, se na época de escola eles possuíssem a maturidade que tem nos dias atuais, ambos teriam evitado muitos erros e aproveitado muito mais. Se o passado hoje Potter e Malfoy seriam amigos.

–Por mim tudo bem- Falou entendendo a mão ao Harry, em sinal de fim de anos de brigas e provocações.

–Por mim também- Respondeu apertando-lhe a mão.

–Só não comente isso com ninguém- Brincou o loiro.

–Nem pensar, iria estragar minha reputação- Disse entrando no jogo- Creio que agora você tem algo de bom para contar para Hermione.


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