Escolhas. escrita por Juu Seikou


Capítulo 1
Escolhas.


Notas iniciais do capítulo

Não sei bem o que dizer aqui. Mas aproveitem a história, ela é tipo uma fábula.

E não deixem de comentar! Pelo menos uma letrinha só, aperte "h" e pronto!

Enjoy.



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Dois garis muito amigos, certo dia, enquanto varriam, passaram na frente de uma casa muito grande, praticamente uma mansão! Os dois pararam para observá-la. Havia um vasto jardim, com uma "casinha" de cachorro. Aliás, não era bem uma casinha, era mais uma casona, pois era do tamanho de uma barraca de acampamento. De lá, saiu um cachorro proporcional a ela, que começou a latir alto, assustando a dupla, que ficou mais assustada ainda, pois o dono do casarão saiu imediatamente, gritando:

— Saiam já da minha entrada! Ela não é um quadro, muito menos uma foto, para ser observada!!

Contudo, se achando injustiçados, eles não saíram, só fizeram cara feia.

— Se vocês não forem imediatamente, chamarei a polícia! Estão pensando o quê? Isto é uma propriedade privada, não sabiam?

— Mas, posso saber o problema de olhar a sua casa? — indagou Carlos.

— Simplesmente não quero que fiquem olhando!

— Por que não? — desafiou-o Cézar, jogando a pá de lixo no chão.

— Ora, eu... Quer saber? Vou ligar para prenderem vocês agora mesmo! — e pegou o celular no bolso de seu paletó, discando 190.

A polícia chegou rapidamente, pois o posto ficava a duas quadras dali.

O homem falou às autoridades o ocorrido. O policial tirou duas algemas do carro e prendeu os garis. Eles foram levados até o Delegado (um bom amigo do dono do casarão), para serem interrogados.

No interrogatório:

— Bem, o que temos aqui, policiais? — falou o Delegado, ironizando a última palavra.

— Dois garis pararam em frente da casa desse homem e ficaram a olhar, o que gerou uma confusão e o dono da propriedade sentiu-se moralmente ofendido.

— Hum... Bem... O que têm a dizer, senhores... — pegou um papel, que o policial estava lhe entregando, mas, antes que pudesse lê-lo, Carlos interrompeu-o:

— Cézar e Carlos. Bom. Tudo começou quando varríamos a rua e, então, paramos para ver uma bonita casa. Daí, o dono dela saiu e começou a implicar com a gente. Depois, já fomos detidos e aqui estamos.

— Sim... E o Sr. Pedro, o que tem a relatar?

— Bom, eu estava vendo o jornal da três, quando ouvi meu cachorro latir. Espiei pela janela, saí bravíssimo, pois esses... Dois violavam minha privacidade e minha propriedade. Então, liguei ao posto policial e, enfim... Cá estamos.

— Sim!

Depois de um tempo de "reflexão", o Delegado disse:

—Carlos e Cézar: vocês estão presos! Duas semanas de prisão.

O Delegado os levou, ainda com as roupas do trabalho, até o local onde ficavam as celas. Lá, deu-os ao guarda responsável, dizendo:

— Uma cela beeeemespecial.

Foram levados até a pior das celas, a mais horrenda, medonha e escura de todas.

Carlos e Cézar não entendiam tudo o que estava acontecendo, estavam perdidos e assustados.

Ficaram dois dias sem comida, naquele lugar precário. Entretanto, na segunda noite, eles ouviram uma voz horripilante falando:

— Fiquem perto da grades!

Antes que conseguissem pensar, ouviram um "TUM" bem forte e sonoro na parede de trás da cela, o que os fez correrem para as grades. No segundo "TUM", surgiu um buraco na parede, que liberava uma luz forte e os cegava. Do buraco, saiu uma figura estranha. Afigura era horrível, uma caveira, de "olhos" profundos, que vestia uma capa marrom, com capuz. Do capuz, uma luz muito brilhante era emitida. Contudo, só se podia olhar para seu crânio, pois, se olhassem para o corpo todo, uma angústia e terror mortal atingiria-lhes - e isso eles sabiam desde o momento em que se depararam com esse misterioso ser, portanto, não se atreviam nem a uma espiadela no resto. A figura se apresentou:

— Olá! Eu souMORTE!

— M-M-Morte??? — gemeu Cézar.

— Sim!

— Já é a minha vez de morrer?

— Não, mas, ainda assim, vim buscá-los.

— Buscar-nos pra quê? — perguntou Carlos.

— Venham comigo e irei explicar.

Apesar da vontade irresistível de ir, Cézar estavaimóvel de tanto medo, parecia ter visto a Medusa. Carlos, mesmo com muito medo, arrastou-o pelo buraco e, ao passarem, o companheiro paralisado voltou ao normal. Então, os dois pararam e Morte os encarou novamente, voltando a falar com sua voz profunda, chamativa e aveludada:

— Vocês foram escolhidos para passarem uns tempos nos meus aposentos, depois, serão encaminhados a seus devidos lugares. E lembrem-se: ninguém pode me ver, ouvir ou sentir, a não ser que assim eu queira.

Carlos ouvia, olhando para a praia que havia ali. No mar, uma estranha embarcação se lhes apresentava. Ela não estava muito longe e, assim, pôde ver muito bem seus intrincados detalhes. Essa embarcação não era, tradicionalmente, feita apenas de metal ou só de madeira, mas, sim, metade feita deárvores vivase metade feita com os mais modernos aparelhos eletrônicos já vistos. Ele ficou curioso e indagou:

— Que navio... É aquele, é... Hum... Morte?

Aquelessão meus Aposentos. Vê, ali, a única parte feita de madeira morta e cortada? É a minha cabine.

Ele não havia reparado, mas existia, mesmo, na proa do navio.

— No meu navio, — continuou Morte. — há um lado moderno e outro lado simples, como podem ver. Vocês podem escolher o lugar em que querem ficar. No lado...

— Nós dois vamos para o mesmo lado ou eu posso ir pra um lado e ele para o outro? — perguntou Cézar, interrompendo as explicações sobre o lugar.

— A segunda opção. Bem... — disse, recompondo-se. — No lado Moderno, há todo tipo de máquinas e aparelhos eletrônicos: computadores, televisões, máquinas, robôs que servem aos "hospedeiros"... Há, também, ouro à vontade, todo tipo de comida, bebida, jogo e o que mais desejarem.

"No outro lado, o simples, a vida não é tão fácil, porém, é um lugar agradável, com pessoas simpáticas e boas. Tem, também, algumas regras que serão explicadas lá. AH! E lá tem uma biblioteca que contém todos os livros já escritos, em todas as línguas para que foram traduzidos. Basta pensar no livro e ele aparece na mesa à sua frente. Outro fator muito importante nesse lado é o trabalho com a agricultura e com o gado, além do contato com todo tipo de ambientes e criaturas da natureza.

"Pois bem, aonde desejam se instalar?"

Eles pensaram por um instante e disseram:

— Eu vou para o lado moderno. — respondeu Cézar.

— Eu... Hum... Ainda não decidi...

— Bem, então Cézar vai para o lado moderno e você vai para o lado simples. — disse Morte.

— O que... Mas quem escolhe sou eu! — indignou-se Carlos.

— Eu posso sentir, ouvir e saber o que o coração das pessoas sente, fala, crê. Eu sou Morte, esqueceu? Nada me escapa! Eu tenho a supremacia neste mundo.

— Se é o que você diz...

Então, numa rufada de vento, tudo começou a girar em volta deles e, num piscar de olhos, cada um estava no lugar em que pediu.

Assim que Carlos chegou ao lado Simples, foi recebido calorosamente pelo povo e um morador lhe falou:

— Seja bem-vindo! Estamos muito felizes pela sua chegada! Mas, qual é o seu nome?

— Carlos... E-e... E o seu? — falou constrangido.

— José! Eu recebo todos que vêm para cá e sou o responsável por estabelecer os chegados numa casa e lhes passar as regras. — disse em tom feliz, com sua fronte límpida e semblante brilhante, com seu porte forte.

Ele o levou até à casa que estava à sua espera. Já era uma casa habitada por uma simpática e organizada família. José logo lhe explicou tudo o que precisava, para que pudesse viver ali. Disse que não seria preciso bagagens, pois teria o tratamento devido e tudo do necessário doado por aquela família, que concordava em recebê-lo. Seguiu falando sobre as regras e foi complementado pelas regras casa; disse, também, que a única regra de que não poderia se esquecer era estar sempre de bom humor e sempre ajudar as pessoas. Se algum dia acordasse de mau humor, era só falar com qualquer um sobre seu estado de espírito, que lhe ajudariam a melhorar.

Enquanto isso, Cézar, ao chegar ao lado moderno, foi recebido por uma pessoa estranha e que parecia meio sem forma, “talvez”, pensou ele, “seja por causa da pouca luminosidade daqui”. Tal estranho começou a falar, sem animação, como se não gostasse de pessoas novas no local:

— Olá. Entre e aproveite. Se precisar de alguma coisa, não me chame, peça para os robôs, eles estão sempre à vista. Agora, tchau. Vou para o meu sono da tarde!

Cézar sentiu-se um pouco incômodo ao ouvir a pessoa diante dele, mas, quando essa abriu passagem para o “paraíso”, se animou e foi curtir o que ele chamou de “viagem”.

Assim, passou-se uma semana. Cézar piorando de saúde (devido à sua mal e demasiada alimentação) e de modos, enquanto Carlos só melhorava, principalmente no que se tratava da “alegria de viver”.

Então, algo começou a acontecer, a partir do oitavo dia: eles, agora, se encontravam em sonhos! Todas as noites! Nas primeiras vezes, conversavam banalidades, mas, quando começaram a trocar informações sobre os lugares em que estavam vivendo, a amizade que tinham foi escoando noite a noite. Quando estavam começando a um não mais suportar o outro, Carlos teve uma ideia:

— Espere um momento! — interrompeu, enquanto no sonho com o antigo companheiro de trabalho. — Por que nós estamos aqui? — indagou, referindo-se ao navio. — Afinal, o que é tudo isso? Mal se passaram duas semanas nessa embarcação e nossa amizade foi desfeita, assim, de modo tão simples! O que é que há com esse lugar?!

— É mesmo... Sabe que eu não sei! Realmente, toda essa estadia aqui tem sido muito esquisita... Sem sentido. E, agora, teve um efeito tenebroso. Imagine, tantos anos de amizade, desfeita em duas semanas! Que é que essa tal de Morte está pensando?

— Sei lá... Não vejo motivo aparente! Fora a alegria 24 horas por dia do meu lado, não vejo nada do que suspeitar. Ah, mas eu tive uma ideia! Vamos tirar tudo isso a limpo! Vamos até a cabine dessa tal de Morte e perguntar tudo o que temos direito de saber! Você conhece o caminho pelo seu lado?

— Sim! Aqui tem um mapa 3D de toda a embarcação.

— Tá bom. Também sei o caminho pelo meu lado! Nos encontraremos lá amanhã, beleza?

— O.K. — disse num estranho tom de maldade.

Como combinado, chegaram em frente à cabine e, depois debater, foram logo entrando. Porém, Morte não estava lá, por isso, decidiram voltar e conversar com os outros sobre o assunto.

O pessoal do lado do Cézar deixou muito a desejar, com informações desconexas e nem um ponto em comum. Já os amigos de Carlos disseram que nunca viram Morte dentro navio, mas que, provavelmente, nunca saía de sua cabine de madeira morta.

Na noite seguinte, se encontraram, novamente, em frente à cabine e entraram. Fecharam a porta atrás de si e não encontraram Morte alguma no lugar. Resolveram chamar e gritaram “Apareça, Morte!” dez vezes. Atendendo ao chamado, apareceu:

— O que é?!! — falou, bruscamente, e com ar impaciente.

— Por que nos encontramos durante os sonhos? Por que estamos aqui, nestes seus “aposentos”? Por que tudo isso? — indagou Carlos, soltando a língua, sem parar para pensar e, assim que fechou a boca, se arrependeu por isso.

— Não vou dizer a vocês, isso não é assunto para pessoas se intrometerem! Para começo de conversa, os dois nem deveriam estar aqui! — falou, furiosamente, Morte.

— Nós queremos saber tudo imediatamente!! E já!!! — berrou, encolerizadamente, Cézar. Queria provocar a criatura à sua frente tanto quanto ela tinha se intrometido e bagunçado a sua vida.

— Nunca saberão! — desafiou, Morte.

— Por favor, — disse Carlos, calmamente, para evitar confusão, afinal, se tratava de MORTE. — Poderia nos responder às perguntas?

Morte suspirou, fazendo o ar tomar o peculiar cheiro fétido de coisas extremamente velhas e falou:

— Está bem! Mas, só você poderá saber de tudo; depois, cada um irá para o lugar que merece. — falou, virando seu crânio para Cézar.

Carlos e Morte desapareceram daquela cabine e surgiram novamente no mastro. Morte perguntou:

— O que queres saber?

— Só quero saber o porquê disso tudo, o motivo para toda essa reviravolta!

— Há somente uma palavra para explicar todas essas perguntas que vocês me fizeram e essa tantas outras que vejo em sua mente: JUSTIÇA.

“Contudo, explicarei tudo direito, como você me pede. Vocês foram trazidos por seres mais poderosos que eu e, porque sofreram muitas injustiça em todas as vossas vidas, por homens que acreditavam ter o poder nas mãos, ganharam a chance de se tornarem pessoas melhores e ter uma vida melhor. Mas, para que isso pudesse ocorrer, vocês foram testados.”

Tudo começou a girar novamente.

Dali pra frente, Carlos teve uma vida tranquila e boa com sua família. Com o que tinha aprendido no navio, conseguiu manter a alegria sempre desperta na sua vida e na vida daqueles que amava. Não passou nenhuma necessidade dali por diante, do que quer que fosse pôde viver tantos anos quanto desejou, até que, por fim, se entregou para Morte, aos 105 anos, ainda com bastante saúde.

Já Cézar, por causa de sua atitude arrogante e prepotente, além de “folgada” que adquiriu depois daquela sua “viagem” aos aposentos de Morte, foi muito infeliz, tendo de passar o resto da vida na mesma podre cela, privado até de constituir família. Tentou se livrar daquela vida amarga várias vezes, mas Morte se negou a levá-lo até vinte anos depois que havia tomado a vida do outro gari.

Nossas escolhas e atitudes determinam nossos caminhos.

FIM


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Notas finais do capítulo

Percam apenas um segundo digitando um "h", não sejam chatos. Ou podem fazer um comentário dizendo o que acharam, fiquem à vontade.

Até!



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