Revolution escrita por Rafaela


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/540822/chapter/2

Já fazia duas semanas que eu não tinha noticias de minha irmã ou de qualquer outro dos Radioativos. Nestas duas semanas eu sobrevivi da água dos rios que encontrei no meio do monte de destroços.

Estava fora do muro que rodeava toda a cidade onde vivíamos, eu nunca estive aqui fora.

O cheiro de fumaça permanece, não importa o quão longe eu esteja.

Sinto falta da companhia que me acostumei a ter.

Eu também não comia fazia duas semanas, apenas bebia a água e isso estava me deixando cada vez mais fraco e sem forças para caminhar.

Eu estou cansado.

Preciso encontrar minha irmã.

Ouço passos.

Viro-me procurando o som e rezando para que não seja coisa da minha cabeça.

—Thomas? —É a voz de uma mulher. Eu conheço a voz. Meu corpo se arrepia e digo á mim mesmo que não é ela, que é apenas coisa da minha cabeça. A falta de alimentos.

—Thomas! —A voz se torna cada vez mais próxima e os passos mais rápidos.

Quando dou por mim uma figura poucos centímetros mais baixa que eu com uma cabeça loira estava prestes a pular em meus braços e quando o fez deixei meu rosto se acomodar na curva de seu pescoço e respirar seu cheiro.

—Lia. —Sussurrei.

—Sou eu. —Ela falou soltando um suspiro.

Nos afastamos.

—Oh, graças a Deus! —Ela solta todo o ar que estava prendendo.

—Como você... Onde estão os outros? —Questionei.

—Eu não sei... Não... A última vez que vi Thiago ele estava correndo até você e Candy e... Ai meu Deus ela não está com você?

—Não eu... Eu a perdi. —Coloquei as mãos no rosto e me deixei cair no chão.

—Não é sua culpa. —Lia senta no chão a minha frente. O chão era escuro, estávamos no meio de destroços. Provavelmente destroços de cerca de cinquenta anos atrás.

—Eu devia cuidar dela. —Culpei-me pela primeira vez em duas semanas na frente de alguém.

Eu passei essas duas semanas falando sozinho dizendo que eu tinha culpa, dizendo que eu não podia me culpar, mas que era culpa minha por não tê-la segurado.

Eu me contradizia o tempo todo.

—Você não pode se culpar. Não foi sua culpa, Thomas. Todos nós estávamos lá, não tem como culpar alguém. Não há como, você viu o que fizeram. Não podemos nos desesperar, temos que encontrar alguém. -Ela dizia.

—E se não houver mais ninguém? E se formos só nós dois, Lia? —Olhei em seus olhos e falei o que eu estava pensando há dias: E se não tiver mais ninguém para encontrar?

—Eu me perguntei isso por dias, Thomas. E aqui está você, e eu... Pode haver outros.

Assenti e me levantei dando a mão para que ela pudesse levantar-se também.

—Então vamos procurar. —Disse.

Ainda era dia, estava claro e de uma maneira ou outra não tínhamos mais nada para fazer além de caminharmos sem rumo até esbarrarmos em mais alguém.

—E então, como você faz para se alimentar nessas semanas? —Lia perguntou enquanto caminhávamos para o Oeste.

—Eu só encontrei água. Não achei nenhuma árvore que pudesse dar frutos e mesmo se desse eles podem matar. —Respondi.

Depois das guerras e das mudanças de climas as árvores foram prejudicadas e seus frutos também. Eles foram atingidos pela Radoatividade e isso pode fazer deles uma arma mortal.

—Então nós precisamos encontrar alguém.

—Ou vamos morrer. —Completei a frase dela.

—É. -Ela suspirou enquanto dava mais um passo à frente.
Eu imaginava que quando encontrasse Lia seria melhor e que não estaríamos neste estado. Eu sonhava em reencontrá-la em uma das nossas Províncias. Com ela sorrindo para mim e fazendo piadas como no primeiro dia em que a vi.

Agora estamos acabados, literalmente.
Estamos com fome, cansados, suados. A beira de pegar um resfriado. Nossas roupas estão sujas e rasgadas e Lia reclamava do cabelo dela que estava duro.

—Eu não consigo mais nem suportar a mim mesma! —Soltou ela depois do que parecia ser horas de caminhada. —Estou fedendo e meu cabelo está duro!

—Não está tão ruim, Lia. E você não está fedendo. —Franzi a testa sem deixar de caminhar.

—Ah, obrigada. Contudo, não precisa mentir para mim. Tudo bem, eu sei que não devo estar reclamando, certo? —Acrescentou e percebi que ela estava olhando para mim.

Virei minha cabeça para ela.

—Certo. Pelo menos estamos vivos. —Falei.

—Mas até quando? —Perguntou-me de olhos baixos.

Parei de caminhar e notando, ela fez o mesmo.

Fui até ela e coloquei dois dedos em seu queixo levantando sua cabeça para cima até que nossos olhos estivesse a altura um do outro.

—Nós vamos continuar vivos. Tudo bem? Eu não vou deixar que nada de mal aconteça com você, Lia.

Percebi que seus olhos estavam cheios de lágrimas e que ela fazia um esforço tremendo para não chorar.

Ela me abraçou.

Colocou suas mãos em volta da minha cintura e me abraçou.

E eu não sabia o que fazer ou onde por minhas mãos.

Ouvi ela fungando.

—Temos que achar a Candy. —Ela disse ao separar-se de mim.

Assenti e continuamos caminhando com apenas um intuito: Achar minha irmã.
....................................................................................

Não tinha certeza exatamente se já se passavam quinze minutos desde que recebi a comida, só sei que depois de um tempo alguém abriu a porta sem bater e dois homens entraram puxando-me para fora da sala sem me falar nada mais que algumas brutalidades.

Não obtive respostas quando perguntei para onde estávamos indo, e então quando chegamos no tal lugar me atiraram em cima de uma cadeira.

Doeu.

Eles enfiaram agulhas nos meus braços após me prenderem na cadeira.

Agora eu estava com algum tipo de sentimento desconhecido atravessando todo o meu corpo.

Era uma dor que eu nunca tinha sentido.

Sinto uma ardência em meu antebraço e logo um líquido escorrendo. A dor era distante levando em conta que eu estava sendo torturado naquele local.

Eu gritava e não me ouvia gritando.

Eu estava em agonia.

Meu corpo em espasmos.

E eles não faziam nada além de prolongar a dor.

E então eu percebo minha visão escurecendo.

E não vejo mais nada.
..........................................................

Lia e eu caminhávamos de mãos dadas agora. Ambos estávamos quase desistindo de continuar a andar.

Mas quando se tem um objetivo em comum e quando esse objetivo é por amor você supera tudo. Você tira coragem do mais fundo do seu ser e segue em frente.

Eu não vou desistir.

Lia não vai desistir.

Vamos encontrar minha irmã.

Vamos sobreviver.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Revolution" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.