Revolution escrita por Rafaela


Capítulo 1
Capítulo 1- Horror das Sombras


Notas iniciais do capítulo

Eu espero que vocês gostem, estou muito animada com essa nova fase da fic.



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Além deste local de ira e lágrimas. Ergue-se apenas o horror das sombras. -William Shakespeare.

Passaram-se duas semanas e meia.

Eu sei porque eu comecei a fazer riscos na parede.

Duas semanas e meia.

Quatro idas ao Centro de Conhecimento.

Uma semana e meia sendo acorrentada por agredir os Cientistas do local.

Lily era a única que eu sabia que estava ali comigo. Não sabia quem estava vivo e quem estava morto.

Não sei de absolutamente nada.

Me sinto tão forte.

Me sinto tão cansada.

Meu psicológico está abalado.

Meu físico foi espetado por agulhas.

Eu vou ficar louca.

Eu não posso ficar louca.

A porta é aberta. Não sei como eles conseguem abri-la porque eu não consegui.

Eu tentei. Tentei todas as maneiras possíveis e quase quebrei o pulso socando a merda daquela porta.

—Bom dia, Candicce. —Falou um homem todo de branco vindo em minha direção. Em direção aos meus pulsos acorrentados.

—Só se for para você. —Respondo irritada e me contendo para não agredi-lo como fiz com o anterior.

—Nem para mim, senhorita. —Ele responde.

Levanto a cabeça e pela primeira vez consigo ver. Este eu nunca havia visto antes. Ele era mais jovem que os outros, provavelmente a metade da idade deles.

—Duvido. -Murmuro.
Ele termina de me soltar e me entrega uma garrafa d'água.

—Centro de Conhecimento? -Pergunto.

—Está mais para Centro de Tortura. —Ele murmura baixo, mas consigo ouvir.

—Centro de Conhecimento. —Ele me responde.

Saímos do recinto onde eu dormia e encontrei Lily pela primeira vez do lado de fora. Ela tinha hematomas quase roxos na pele e metade de seu cabelo havia sido raspado.

Ela não parecia a Lily que conheci na Força.

Parecia doente.

Eles nunca deixaram que nos víssemos no espelho. Pergunto-me como deveria estar minha aparência e tenho até um certo receio de descobrir.

Havia um homem de pele escura atrás de Lily do mesmo modo que o rapaz estava comigo.

Caminhamos em silêncio até aquele Centro de Tortura.

Havia duas cadeiras inclinadas. Cada uma ficava a pelo menos três metros de distância da outra. Lily foi levada em direção à direita e eu à cadeira esquerda.

Me sento e sou presa.

O rapaz que me soltou antes agora prende meus pés á cadeira com o que parece ser um cinto. Outro cinto prende minha cintura e outro cada uma das minhas mãos.

Minha cabeça está apoiada inclinada para trás e me pergunto se eles não prenderão meu pescoço também.

Mas isso não ocorre.

Não ainda.

O rapaz se afasta e outro mais velho toma seu lugar. Ele está com uma seringa na mão e a injeta em um ponto no meu pescoço.

Não demora muito e eu sinto que vou perder a consciência.
...................................................................

Acordo e estou em um micro-quarto totalmente branco. Nele há apenas a cama em que eu estava deitado.

Levanto-me em estado de alerta. Não sabia onde estava e o que havia acontecido. A última coisa que me lembro é de ter tido um ataque ao LdR e de ser pego por alguém muito forte que me incapacitou antes mesmo de eu revidar.

Estava tudo tão silencioso.

Até eu ouvir os primeiros gritos.

Eram gritos de agonia.

Gritos que eu não tinha nem noção de onde estavam vindo.

A porta é aberta e eu me viro rapidamente para ver o rosto da pessoa. É um homem de cabelos brancos usando uma roupa completamente branca.

Ele traz uma bandeja com um prato e um copo.

—Sua comida. —Ele diz quase que brutalmente.

—Onde estamos?

Pergunta idiota.

—É melhor comer logo.

—Quem é você?

—Volto em quinze minutos.

Ele sai depois de deixar a comida no chão como se eu fosse um animal.
.........................................................................

Eu só ouço gritos.

Gritos de desespero de Lily ao meu lado.

Eu me esforço ao máximo para não gritar. Não posso demonstrar nenhuma gota de fraqueza para eles.

Há algo enfiado em meu corpo e dói.

Dói ao ponto de querer chorar.

Mas eu me recuso.

Mordo meu lábio até sentir o gosto metálico do sangue em minha boca.

Então o homem que está me torturando pega algo parecido com um palito azul e com a ponta branca. Ele passa em meus lábios pegando o sangue e se vira de costas.

E eu só sinto raiva.

Lily continua gritando com todo o seu pulmão e tenho medo por ela. Medo de que eles falhem.

—Aqui está pronto. —Diz o homem que coletou o sangue de minha boca.

O rapaz mais novo vem até mim e me solta ajudando-me a me levantar.

Recuso sua ajuda, empurrando-o com toda minha fraqueza e quase caio no chão.

Junto toda a força que resta em mim.

Quase nada.

E me forço a movimentar as pernas.

Uma para frente, a outra para trás.

Uma para frente, a outra para trás.

Assim seguidamente até entrar naquele pequeno espaço.

O primeiro pensamento que tenho é de me atirar na cama, mas ele ainda está ali e tenho que parecer forte.

Fico parada esperando sua saída.

Mas ele não sai.

Viro-me para olhá-lo.

Seu olhar é diferente. Não é o mesmo que os que eu recebo diariamente aqui. Não é um olhar duro. É de algo parecido com...

Compaixão.

Afasto rapidamente o pensamento da cabeça. Eu estava ficando louca com isso, só podia.

—A comida será trazida em breve. —Ele agora endurece um pouco o olhar.

Continuo olhando-o sem expressão nenhuma até que ele se vira para ir embora.

—Não vai me acorrentar? —Consigo perguntar.

Ele para e olha para mim franzindo a testa.

—Você não vai tentar fugir. —Ele fala segurando um riso como se eu fosse idiota de mais se tentasse fugir. —Está fraca demais. —Agora sua voz está mais endurecida, exatamente como os outros.

E então sai e tranca a porta.

Vejo que ele já se afastou.

Caminho até a cama.

E caio nela.

Agarro o travesseiro abaixo de minha cabeça e faço com que ele tampe meu rosto.

Me deixo chorar.

Mas não choro.

Não consigo.
.......

A comida chega e eu como nos meus dez minutos de tempo antes de voltarem e me levarem para a mesma sala.
Desta vez está apenas eu sentada em uma cadeira no centro do recinto.

Há uma mesa do meu lado direito, é uma mesa grande onde fica várias coisas que não conheço incluindo as agulhas e outros objetos.

Sou presa novamente na cadeira.

Uma mulher está atrás de mim e eu me contenho para não virar paras olhá-la.

Sinto algo pegar em meu cabelos e depois ouço o som do corte.

Ela está cortando-o.

Penso em Lily e em seu cabelo quase totalmente raspado. Tento afastar esse pensamento de minha cabeça.

A mulher segue cortando e fecho fortemente os olhos.

Quando abro-os novamente já tem pedaços do meu cabelo no chão á minha frente.

Eu nunca o deixei tão curto.

A mulher para e percebo que ele bate exatamente em meu pescoço.

As duas pessoas dentro da sala se afastam e chamam o rapaz mais novo para me soltar e me levar de volta ao meu cômodo.

Percebo então que o jovem é uma desculpa para que eu não agrida os dois.

Mas se acham que isso me impedirá, estão completamente enganados.


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