Snow White [HIATUS] escrita por Hela
—Concentre-se. - Cora ordenou a Regina, que estava em pé no centro de seu pátio privado. A neve que caia em sua pele a fazia tremer, estava quase enlouquecendo, queria apenas entrar e pegar algum casaco de pele, já que a bruxa havia ordenado para que usasse roupas finas.
—Eu estou concentrada Cora. - A rainha respondeu - Não está funcionando. Você deve ter me ensinado errado.
—Nunca fale que estou errada. Você precisa se concentrar e ignorar o frio. Ignore tudo ao seu redor.
Regina se concentrou na planta que estava a sua frente. Há meses treinava magia com Cora, mas era apenas pequenos feitiços e agora tinha que reviver a planta morta e fazê-la crescer e dar frutos. Nada do que fazia funcionava. Precisava de um incentivo e Cora sabia disso.
—O quê você odeia?
—Eu não odeio nada.
—Oras, você precisa odiar algo ou alguém. Conte-me.
—Já disse que não odeia nada. - Regina respondeu raivosamente. A velha percebeu isso e percebeu também que a planta começava a ter sua cor saudável novamente. Ela precisava sentir raiva.
—É claro que odeia. - Respondeu, rodeando-a - Vamos ver se consigo acertar. Será que odeia o novo rei? Oh, não. Você aprendeu a amá-lo. Mas e o velho rei? Cora, Cora, de onde tirou isto? Ela foi a que mais sofreu com a morte dele.
—Claro que sofri. Ele era meu pai. - Falou. Sua visão estava embaçada. Prestes a chorar, mas não faria isso. Uma boa líder não deve chorar na frente de seus súditos.
—Eu sei querida. E isto nos leva à sua mãe. Mas eu dúvido que você a odeie... Oh! - Parou de andar e levou a mão até a boca, fazendo uma expressão de surpresa - Sim, sim. É ela que você odeia. Surpreendeu-me, sempre escutei que a antiga rainha era adorável.
—E quem disse isto não mentiu. - A rainha disse. Visivelmente irritada. Não gostava de tocar neste assunto.
As raízes da planta cresceram e entraram na terra.
—Majestade, qual o motivo de odiar tanto sua falecida mãe? - Regina não respondeu. A árvore ficou firme e começou a crescer - O que será que ela fez? Te tratou mal? Não deixou você ir para algum baile? Não comprou o vestido que você queria? Não, não, não. Estes não são motivos para se odiar uma mãe. Foi algo pior.
O nariz de Regina sangrava e ela se sentia um pouco tonta. Perdeu a concentração e encarou Cora. Levantou sua mão direita na direção da outra e fechou. Instantaneamente a bruxa começou a flutuar e ter seu pescoço apertado.
—Porquê? Porquê está fazendo isto? Porquê quer tanto saber sobre um assunto que está morto e enterrado a tantos anos?
—Raiva. - Conseguiu responder com o pouco de ar que ainda tinha. A outra abriu sua mão e Cora caiu na neve, recuperando o fôlego - Obrigada.
—Agora explique-se - Ordenou.
—Bem... Você precisava de um incentivo. Não estava conseguindo se concentrar, para isto tinha que sentir seu sentimento mais poderoso. Muitos falam que o amor vence tudo, mas é uma mentira. Quem coloca o amor acima de tudo é o primeiro a morrer. Mas querida, quem senti raiva, a verdadeira raiva, governa o mundo. Olhe para a sua obra. - Colocou o rosto de Regina entre as mãos e o virou para a árvore.
Ela havia conseguido afinal. No lugar da planta morta tinha uma macieira deslumbrante. Seu tronco escuro e forte sustentava galhos cheios das mais belas maçãs.
—Eu mesma demorei para conseguir fazer isto. Digamos que meu professor acreditava muito em amor e passava muito tempo contemplando uma xícara quebrada. - A rodopiou - Mas você, querida, teve a sorte de achar uma pessoa que sabe o que está fazendo. Você tem o potencial de ser a bruxa mais poderosa de todas. Venha, irei te levar até a cidade.
—Não estou me sentindo bem. - Falou, andava cambaleante logo atrás e não sentiu mais nada depois que desmaiou.
Quando Regina caiu desmaiada Cora ficou desesperada. Havia pressionado muito. E agora não sabia os danos causados por tanto esforço. Chamou os guardas, que chegaram rapidamente e a levaram para seus aposentos.
O médico não demorou muito e antes da consulta terminar a paciente já acordara.
—E então Dr. Whale? O que ela tem? - Daniel perguntou aflito.
—Não é nada muito grave. Acho que a notícia alegrará a todos.
—Responda logo. O que tenho?
—Bem.. Você está grávida.
Ao receber a notícia, a rainha ficou paralisada, seus súditos foram parabenizá-la e ela só abria um sorriso falso e agradecia. Daniel foi quem ficou mais feliz e não saiu do lado dela em hora alguma.
Grávida de três meses, em seu quarto, tentou abortar enfiando duas agulhas no ventre. O resultado foi apenas dores insuportáveis. Noutro dia, bebeu pimenta em pó com álcool, mas o efeito foi apenas de purgante.
Mas, por favor, não se indigne. Toda criatura precisa da ajuda dos outros e o caso de Regina não era diferente.
Passava horas fazendo feitiços no pátio. Escondida, já que Cora não queria ensinar nada enquanto estivesse grávida. Tinha medo de que a magia fizesse mal ao bebê. Os meses passaram e aos poucos Regina aprendeu a amar a criança, assim como aprendeu a amar Daniel.
—Por quê está me dando uma flor? - Ela perguntou após ele chegar ao pátio e abraçá-la por trás beijando seu pescoço.
—É uma tulipa vermelha. Quando eu era mais jovem, minha mãe me disse que elas simbolizam o amor verdadeiro e eterno. Dar uma tulipa vermelho a uma pessoa significa que essa é amada de forma verdadeira e que o amor de quem a deu é eterno. Eu sei que não começamos muito bem. Só quero que saiba que você não precisa aguentar tudo sozinha. Eu estou aqui e não vou deixar nada te atingir, te protegerei com minha própria vida. Não importa o que digam, saiba que sempre te amarei.
Ela se virou, pôs os braços em volta do pescoço dele e roçou seus narizes.
—Eu também te amo. - Respondeu.
—Não mereço seu amor. Não depois de todos os meus erros.
—Não vamos nos preocupar com isto agora. Você pode me beijar se quiser.
—Estou esperando começar a chover. - Ele disse.
—Por quê? Não quero te beijar na chuva.
—Beijos na chuva são românticos.
—Beijar na chuva é clichê.
***
Os enjoos matinais já haviam se tornado frequentes e naquele dia, logo pela manhã, sentiu pontadas, como se fossem alfinetadas na barriga. Suas roupas estavam ensanguentadas. Gritou por ajuda e deitou-se na cama a espera da chegada do Dr. Whale.
Regina não aguentou as dores do parto e ficou inconsciente assim que seu filho nasceu.
Era a criança mais linda de todas. Seu rosto era parecido com o da mãe, exceto pelo nariz que era idêntico ao do pai. O cabelo tinha o mesmo tom castanho que o da rainha. Mas os olhos, ninguém poderia ver a cor dos olhos já que eles nunca abriram.
Horas mais tarde, ela acordou e pediu para segurar a criança. Cora a entregou. Os que estavam presentes ficaram nervosos. Talvez ela percebesse tudo.
Abriu o sorriso mais verdadeiro de sua vida quando viu a menina. Ela era linda. A pele branca como a neve, os lábios rubros e o cabelo negro como o ébano.
—É perfeita.
O clima estava tenso, mas Regina não percebeu isso. Brincava com a filha, enquanto Cora, Daniel e Dr. Whale se entreolhavam.
—Então, querida. Já escolheu um nome? - Cora perguntou.
—Mary.
—Margaret. - Daniel respondeu ao mesmo tempo.
—Não sabia que você já havia escolhido querido. Gostei do nome. Mary Margaret, o nome da minha pequena princesa é Mary Margaret.
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