Eu nunca tive muita coisa. Tive que aproveitar o que a vida me deu. Infelizmente não foi nem dinheiro nem uma inteligência extraordinária que pudesse me abrir todas as portas, mas só uma beleza que pelo julgamento das mulheres era incomparável. A encarnação de um deus na Terra. Para mim aquilo era um exagero, porém aquilo era o que me sustentava. Por culpa dela virei um garoto de programa. Não é uma profissão que me orgulhe, porém e a única que consegui com o que a vida me deu.

Mas minha profissão teve suas desvantagens e hoje estou em uma cama de hospital, largado e escrevendo minhas memórias para passar o tempo, já que não sou mais importante para ninguém nesse mundo e na pior hora da minha vida, na hora que ela se encerraria, aquela mulher se tornou importante para mim e chegou em um lugar onde nunca haviam chegado – meu coração –, porém nunca seria bom o suficiente para ela. Agora eu dedico isso a ela. À única pessoa no mundo que importa agora e que me faz lutar para respirar mais uma vez

Bom, eu sou Harley Anthony Rech e essas são as memórias de um garoto de programa

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Em uma cama de hospital. Abandonado pelas pessoas que amei e também pelas pessoas que me amaram e viam em mim o homem perfeito, mas que só poderiam ter pagando. Não que eu fizesse muita diferença nesse mundo, porém em seu leito de morte a solidão consome a todos e principalmente aqueles que não tem ninguém para ficar ao seu lado, o incentivando a viver. Bom, infelizmente – ou felizmente – este é o meu caso.

Julgava-me importante para muitos, (ou melhor, para muitas) meu ego vivia feliz com os elogios ligados a mim, eu as fazia feliz e elas me faziam feliz, era o que eu achava. Nunca achei que conseguiria me enganar tanto como fiz. Dor, sofrimento, medo, solidão tudo disfarçado pela luxúria e pelo dinheiro.

Sabe aquela frase, que “você só se da conta dos seus erros na hora da sua morte”? Bem, ela é verdadeira, e perante minha morte vejo que a minha vida inteira foi um erro. Perante minhas memórias escritas aqui tenho vergonha de relembrar o tanto que errei e a quantidade de vezes que poderia provar à todas que não era “O” homem perfeito.

Sua vida não pode ser mudada, ela é um livro onde não se permite rasuras nem chances de conserto. Então, porque fazer tudo precisamente perfeito? Porque fazer tudo impensadamente e se arrependendo? Se na hora de sua morte você relembrasse de tudo o que viveu...você se odiaria ou estaria feliz por ter aproveitado sua vida?