—O que está acontecendo aqui!? - Exclamou a Sra. Connor.

Lara e Thalia pararam de brigar rapidamente.

—Sra. Connor... - Começou Lara. - Nós podemos expli...

—Vocês duas, na minha sala. Agora! - Ordenou a diretora.

Lara e Thalia foram em direção à sala da diretora.

O sinal tocou e os alunos foram diminuindo.

—Acho que devemos voltar para a sala. - Disse Andrew.

—Você está certo. - Falei. - Mas e quanto a Lara?

—Vocês vão. - Disse Amy atrás de nós. - Vou dizer a diretora que a culpa foi minha.

—Mas a culpa não foi sua. - Disse Emilly.

—Não Emilly, eu provoquei Thalia. Eu devo levar a culpa também. - Amy parecia estar decidida. - É melhor vocês irem ou irão se atrasar.

—Ela tem razão. Vamos. - Chamou Andrew.

Segui Andrew com Emilly logo atrás de mim.

Quando chegamos na sala de aula, todos os alunos estavam lá. A professora ainda não havia chegado. Emilly sentou-se em seu lugar, que era bem longe do Kawan, e tirou de dentro de sua mochila um caderninho roxo com algumas flores. Eu não sabia o que era, mas parecia uma espécie de diário. Nunca imaginei que Emilly teria um diário.

Sentei-me no meu lugar ao lado de Andrew (que estava conversando com os seus amigos sobre a briga) e comecei a pensar em como Amanda devia estar se sentindo. Amanda era o tipo de criança que não demonstra emoção nem surpresa com alguma coisa. Ela é do tipo que prefere sofrer em silêncio, sem ninguém por perto, que nem eu.

Uma sensação de culpa percorreu o meu corpo. Eu lembro da primeira vez que meus pais saíram e me deixaram sozinha com Amanda. Eu tinha dezesseis anos e Amanda tinha acabado de ser diagnosticada com leucemia. Eu e Amanda ficamos desenhando, esperando os nossos pais voltarem do mercado. Quando eles voltaram, havia várias pontas de lápis no tapete da minha mãe. Ela mandou eu limpar mas eu estava com as minhas mãos doendo e eu precisava de um banho. Minha mãe disse que estava tudo bem e que eu podia deixar que ela limpava. Como eu gostaria de voltar no tempo só para limpar o tapete agora.

—Terra chamando Clem. - Disse Andrew. Eu nem percebi que ele estava ali.

—Desculpa Andrew. - Desculpei-me. - Eu estava pensando. Você disse alguma coisa?

—Não, não. - Respondeu ele. - Eu só queria perguntar se você contou para as garotas sobre os seus pais.

—Ah, sim. Eu contei. - Eu não conseguia parar de pensar em todos os momentos que tive com os meus pais. Quando fomos ao parque quando eu tinha quinze anos, quando Amanda nasceu e quando íamos tomar sorvete uma vez por semana.

—Clem, você está bem? - Perguntou Andrew, parecendo preocupado.

—Sim, estou sim. - Respondi. - Você quer tomar sorvete comigo mais tarde? Acho que eu preciso de alguma coisa gelada e doce. E também uma boa companhia. - Eu não pretendia pedir isso a Andrew. Saiu de repente.

—Claro. Será um prazer.

Fiquei feliz com a escolha de Andrew.

As últimas duas aulas foram normais, mas eu comecei a sentir falta de Amy e Lara. O que será que aconteceu com elas? E com Thalia? Eu queria muito saber. Eu sou curiosa.

Quando eu estava descendo as escadas com o Andrew para ir embora, encontrei Lara e Amy nos esperando em um canto do pátio.

—O que aconteceu? Por que vocês não subiram? - Perguntei.

Amy, que estava de cabeça abaixada, respondeu:

—Lara levou uma suspensão. Ela não poderá vir à escola nos próximos três dias.

—E Thalia? - Perguntei.

—Thalia também levou uma suspensão. - Respondeu Amy.

Ficamos em silêncio.

—O lado bom de levar uma suspensão é que eu posso ficar em casa, sem fazer absolutamente nada. - Disse Lara, quebrando o silêncio.

—Nossos pais vão te matar.

—Besteira! Eles só irão tirar de mim o celular, o computador, o vídeo game...

—Ok, já entendemos! - Exclamei. - Eu irei à sorveteria com Andrew. Vocês querem vir conosco?

—Não. - Disse Amy. - Chega de aventuras para um dia só. Obrigada.

—Ok. Então, vamos? - Perguntei à Andrew.

—Vamos. - Respondeu ele.

Nos despedimos das garotas e saímos do colégio.