A Vivi arrumava o meu cabelo enquanto a Bia e a Tati passavam uma maquiagem em mim. Passamos o domingo fazendo compras. Comprei algumas roupas e maquiagens para eu usar, já que decidi "assumir mais minha personalidade". Os meninos também foram para ajudar o Eduardo á comprar algumas roupas para si. Quando chegamos, logo após á janta, todo mundo decidiu mudar seu nome. Ou melhor, apelido.

A Vivianne, que até então era Anne, passou á ser Vivi. A Triz, quis ser chamada de Bia. O Rafael, de Rafa. E o Felipe ainda insistiu em ser chamado de Mosca. Todos concordaram, porém reclamaram pois seria difícil se acostumar. Assim como foi difícil mudar de Christian para Eduardo.

— Vivi, você não acha que não está muito exagerado para ser de manhã, não?

Indaguei assim que ela colocou o espelho na minha frente. Estava de cabelo solto, coisa que nunca usei, pois me incomodo com os meu cabelos na altura dos seios. Por mim usava estilo o da Shailene Woodley, acho lindo. Também tinha uma maquiagem no meu rosto. Estava com as maçãs do rosto rosas e coradas, minhas pequenas sardas haviam sido realçadas. Meus cabelos loiros estavam mais soltos do que nunca. Estava com a parte de cima do uniforme e havia colocado uma saia preta colada e solta nas pontas.

— Claro que não! É que você não entende, mas logo logo se acostuma.

Concordei. Não tinha por que não concordar já que não sabia quase nada mesmo. Imaginei por que á Vivi com 15 anos já sabe tanta coisa e eu aqui com meus 16 anos, quase ficando idosa e sendo levada para um asilo faço sem nem saber mexer as mãozinhas com um pincel.

Acordei dos meus pensamentos assim que ouvi ás batidas nas portas e os berros da Ernestina. Desde que a Helena entrou de férias ela fica mais nervosa do que nunca. Ela diz que não consegue domar uma casa sozinha. Até por que realmente ela tem vários filhos que não fazem nada da vida.

Peguei minha bolsa e sai do quarto. Já estavam todos tomando café. Entrei em silêncio, tentando chamar menos atenção possível, porém em um piscar já estavam todos me olhando. Imaginei que tinha assustados eles. Tremi na base!

— Caraca! — Ouvi um sussurro do André.

— Você tá muito gata em Marian. — Disse o Mosca logo seguindo de um belisco da Vivi, soltei um riso. — Com todo o respeito, claro.

— Não sabia que órfãos usavam maquiagem.

Bufei com o zombo do Eduardo. Inspirei. Respirei. E não pirei.

— Ué, então como você conseguiu arrumar essa cara de sapo?

Foi á melhor resposta que consegui dar. Ouvi algumas crianças rirem e zoarem o Eduardo. Sentei na mesa junto com o Mosca e com a Vivi e tomei meu café.

[...]

— Eu gostaria de saber por que você tá me olhando desse jeito. Perdeu alguma coisa nas minhas pernas? Em, seu gordinho saliente?

Já era a terceira pessoa que eu ia brigar hoje. Aquele garoto passou do limites. Quem ele pensa que é para passar á mão nas minhas coxas?

— Calma, garota. Desculpa. Foi aquele menino que mandou eu levantar á sua saia.

Ele apontou para o garoto que estava do outro lado do pátio. Logo reconheci quem era. Janjão! Fui até lá e perguntei o que ele era para mandar o gordinho que descobri se chamar Tatu subir minha saia?

— Calma, gostosinha!

— Gostosinha é minha mão recheada no meio dessa sua cara.

— Calma, flor. Desculpa. Quer que eu beije os seus pés?

— Tente fazer isso que o máximo que você vai levar é um chute nessa sua fuça de leão. E da próxima vez que você fizer algo do tipo, você vai parar na diretoria.

Voltei á onde minhas amigas estavas. Meu rosto estava vermelho de nervoso, eu poderia sentir.

— O que foi isso, Marian? — Perguntou á Bia.

— Você viu o que esse menino fez? Ele é um abusado.

— O gatinho ali do banco? Ele é um gostoso isso sim.

— Credo, Bia. Ainda prefiro o meu Mosquitinho fofinho e lindinho.

Rimos e voltamos para sala, o sinal havia batido.

[...]

— Marian, você pode ir ver por que á Vivi não voltou até agora do banheiro?

— Claro, professora.

Já havia 10 minutos que á Vivi havia pedido para ir ao banheiro e até agora não havia voltado. Fui ao banheiro á espera de encontrá-lá e nada. Voltei e quando passava pelo corredor onde fica o quartinho de limpeza ouvi alguns gemidos. Abri á porta do corredor secreto e fiquei de boca aberta com o que vi. O Mosca e a Vivi. Eles estavam, bem, quase se comendo...