Os dois permaneceram se encarando, até que Octavian quebrou o silêncio.

–- Rachel, eu quero que saiba que...

–- Que eu saiba o que? Que você nunca gostou de mim realmente? Que esse tempo todo eu fui enganada? Que eu me declarei e deixei o orgulho de lado pra você me rejeitar, afinal?

–- Você quer calar essa boca? – Octavian gritou. – Se você ficar aí, falando que nem uma louca, e supondo o que eu quero que você saiba, não vamos chegar a lugar nenhum!

–- Nunca chegamos, afinal! – Rachel gritou de volta.

–- Como não?

Rachel respirou fundo, tentando não gritar todos os insultos e palavrões que sabia.

–- Dê o fora!

–- Eu não vou sair daqui enquanto você não me ouvir!

–- Então fale!

–- Rachel Elisabeth Dare, você é a pessoa mais chata, irritante, nervosinha, ridícula, graecus, retardada, impulsiva, dramática...

–- Se veio aqui me insultar, pode ir! – Rachel gritou.

–- E me deixe terminar, pelo amor de santo Apollo! – Octavian segurou nos ombros de Rachel e os sacudiu. – Enfim, como eu estava dizendo... Você é tudo isso e mais um pouco. Mas acredite, eu não sei o que seria da minha vida sem tudo isso. Você me tornou uma pessoa melhor, e eu te agradeço muito por isso. Todos esses seus defeitos fazem com que a cada dia eu me apaixone ainda mais por você. Eu não vou ficar aqui te elogiando, dizendo como você é linda, e como eu amo tudo o que diz respeito a você, porque eu ia ficar o resto dos meus dias falando. Só o que eu quero que você me responda, aceitando ou não, é se você quer namorar comigo. – Octavian disse, ajoelhando-se, e arquejou. Os sentimentos saíram todos de uma vez.

Rachel, que antes se debatia nos braços de Octavian, agora não esboçava nenhuma reação. O garoto estava em sua frente, com uma caixinha de veludo vermelho. Ao abri-la, mostrava um lindo anel, exatamente da cor de seus olhos. Rachel tapou a boca com as mãos.

–- Octavian...

–- Diga, Rachel. Você aceita?

–- Você simplesmente chega aqui, começa a me xingar, faz uma declaração, se ajoelha, e me mostra um anel, perguntando se eu quero namorar com você. Você ainda perde o seu tempo de perguntar, depois de tudo o que você fez? Depois de ter me feito sofrer, e chorar por uma pessoa que eu tinha certeza que nunca ia mudar, realmente?

Octavian a encarou, arregalando os olhos.

–- Acho que agora é a minha vez de dizer. Você é o cara mais arrogante, idiota, irritante, ridículo, assassino de teddy bears, romano...

–- E por que romano seria um xingamento? – o loiro ficou ofendido.

–- Por que graecus seria um xingamento? – Rachel rebateu. – Deixe me terminar, pelo amor de santo Apolo!

Octavian semicerrou os olhos, levantando-se.

–- Continuando... você é o mais chato, metido a líder, e se eu fosse falar sobre todos os seus defeitos, eu ia passar o resto dos meus dias aqui. Enfim. Repetindo a pergunta, você realmente perde o seu tempo de perguntar?

O áugure a fitou, e encarou o chão.

–- Quer sua resposta? Ok! Mas é óbvio que eu aceito, seu grande idiota! – Rachel disse, abraçando-o.

–- M-mas você...

–- Esqueci de mencionar o quanto você leva as coisas a sério... Eu não tinha como recusar, porque eu amo você, mesmo com todos esses defeitos, que te fazem essa pessoa tão especial pra mim. – Rachel disse, enxugando suas lágrimas.

–- Eu também te amo muito, sua graecus idiota! – Octavian disse, enxugando delicadamente uma lágrima que tinha escapado do olho de Rachel. – E pelo amor dos deuses, nunca mais faça isso! Eu fiquei desesperado!

–- Não posso prometer nada, foi muito engraçado! – Rachel disse, rindo.

Octavian sorriu. Nunca tinha estado tão feliz em toda a sua vida. Mais uma vez se ajoelhando, dessa vez realmente colocou o anel no dedo de Rachel, e assim que levantou, a ruiva o puxou para um longo beijo.

Saindo detrás dos arbustos, uma horda de semideuses começou a aplaudir, assobiar e elogiar os dois. Quase os dois acampamentos inteiros, liderados por Clarisse La Rue e Reyna tinham assistido a tudo.

–- Mas vejam só... Os pombinhos se resolveram! – a filha de Ares disse, em voz alta, arrancando risadas dos demais.

–- Clarisse sempre zoando dos casais... – Annabeth disse, rindo, enquanto abraçava Percy.

–- Ah, é uma tradição... – a garota sorriu, sarcasticamente.

–- Desde quando estão aí? – Rachel perguntou, com as maçãs do rosto quase da mesma cor que seus cabelos.

–- Desde... deixa eu ver... – Clarisse fingiu pensar.

–- Desde mais ou menos a parte em que você começa a xingá-lo. Tipo, muito. – Reyna completou.

Octavian riu.

–- Pelo visto agora ele sabem do seu lado obscuro.

–- E você, hein, Octavian? Com toda essa pose prepotente, se mostrou um grande manteiga derretida no final! – Clarisse disse, dando tapinhas nas costas do loiro.

–- Olha só quem fala... Devo mencionar seu relacionamento meloso com Chris Rodriguez? – Percy disse.

–- Jackson!

Percy começou a rir muito, mas logo foi reprimido pelo olhar da morte de Clarisse e uma cotovelada de Annabeth.

–- Calma, La Rue. Estamos em clima de comemoração, dê um desconto. – Reyna disse, rindo, abraçada a Leo.

–- Isso não é um motivo bom o bastante para me impedir de esmagar a cabeça dele contra a parede!

Chris chegou por trás e a abraçou.

–- Não se irrite a toa, Clarisse...

A garota baixou um pouco a guarda, mas continuou a encarar Percy com sua tradicional carranca por diversas vezes.

Travis e Connor Stoll vieram, sorridentes, e a postura de Reyna ficou rígida novamente. Ela ainda não tinha superado o incidente no Acampamento Júpiter no dia anterior.

–- Pretora... – Travis bateu continência, e Connor o imitou, rindo.

–- Idiotas... – a garota grunhiu.

–- Nossas congratulações ao casal! Já não era sem tempo!

–- Mas foram só alguns dias desde que nos conhecemos!

–- Alguns dias que se conheceram efetivamente. Todo mundo percebia as olhadas que ele te dava.

Octavian corou.

–- Mentira! Eu não suportava a Rachel até... Anteontem.

–- Aham... – os dois disseram, em uníssono.

–- Hey! – gritou Percy. – Já que estamos em comemoração mesmo, que tal um “Capture a Bandeira”? Gregos contra romanos!

Todos pareceram ficar animados com a ideia. Reyna sorriu.

–- Prepare-se para perder. – sussurrou para Leo, que riu.

–- É o que vamos ver, dulzura.

A pretora já começava a gritar ordens aos outros romanos, que faziam sua formação.

Rachel encarou Octavian.

–- Vamos?

–- E perder a chance de te humilhar de novo? Ha! Nem por todos os deuses do Olimpo!

–- Quer apostar como você vai perder? – Rachel disse. Seus olhos faiscavam, desafiadores.

Octavian se sentia incrivelmente atraído não só por Rachel, mas por ser desafiado por ela.

–- Apostado. Se você perder, o que é evidente, vai fazer o que eu quiser.

–- Sempre com a mesma arrogância... O mesmo vale pra você. E garanto que você não vai gostar nadinha do que eu vou ordenar.

–- Vou te deixar sonhar. Ótimo!

–- Ótimo!

Os dois selaram um beijo demorado antes de irem cada um para seu respectivo lado da batalha. Afinal, tudo tinha terminado bem.

Com o som da corneta de concha, os dois saíram correndo, sem sequer olhar para trás.