"Saia daqui!" Gritavam as vozes.

"Ele não vai conseguir..." Murmuravam aos risos.

"Você irá morrer, nephlim!"

–Não! Saiam, saiam! -Berrou ele, tapando os ouvidos. Seus olhos continuavam bem fechados.Ele odiava temer qualquer coisa, era um guerreiro, matava demônios, mas ele tinha uma fraqueza...
[Logo ouviu um barulho e sentiu seus olhos se incomodarem com a nova claridade. Ao se abrirem, viu um amontoado de cabelos castanhos. Sua cabeça ainda girava, mal sabia o que estava vendo. Fortes mãos agarraram-se à seus braços e puxaram-o para fora da pequena cabine.

–Sinceramente, Theodore! Não tem a menor graça em sair com você. -Bufou a menina, levando-o pelos cantos da boate.

–Val... -Disse meio entorpecido- eu ouvi vozes... -Sussurrou. Não conseguia respirar direito. Ele só queria se jogar em algum canto e dormir.

Ela parou repentinamente, segurou seu rosto e se inclinou sobre seu pescoço.

–Val..? -Perguntou. Ela o olhava apreensiva, será que havia algo de errado? Mas qualquer preocupação se dissolveu quando a menina começou a rir.

–Você só está bêbado, bobão! -Disse ela- Eu lhe avisei para ter cuidado ao agarrar fadas por aí!

Ele respirou aliviado e sorriu.

–Nós poderíamos...

–Não, vamos embora, logo você vai cair e eu terei de arrastá-lo.

–Mas eu...

Eles pararam repentinamente ao ver uma menina e um menino saindo de uma das salas. Ela estava desesperada, talvez estivesse gritando, mas não era muito fácil ouvir com a barulheira. O garoto parecia tentar acalmá-la, mas sem exito. Val o encarou sorridente.

–Não, Val...

–Venha logo, marica! -Ela andou calma e lentamente até a porta de onde a garota saíra e ele a seguiu.

Lá dentro se depararam com uma garota e um garoto. Eram muito parecidos. Os dois trajavam roupas de batalha e seguravam suas espadas, pareciam estar em uma discussão, mas pararam instantaneamente ao ver Val e Theo.

–Eles... -Começou a garota.

–Quem são vocês? -Perguntou Theo.

–Quem são vocês? -Retrucou o garoto dando um passo à frente.

–Sou Valerie, e esse é meu irmão Theo. -Disse ela.- E qual era a da mundana?

–Ela nos viu, não costuma acontecer, sabem disso...

–E quando acontece criam uma confusão desnecessária! -Declarou a Theo.

–Infelizmente, pois bem, precisamos sair daqui e...

–Ora, Alexander, não estrague a diversão -Disse uma voz.

Das sombras saiu um menino de cabelos loiros e olhos dourados. Theo nunca vira nada parecido.

–Ele está certo, vamos, lá. -Disse Val.

Os cinco pularam a janela e direcionaram seus passos para longe.

–Afinal, quem são vocês? -Declarou Theo em meio ao silêncio.

–Alec, Jace e Isabelle Lightwood. Instituto de Nova York... e vocês? Nunca os vi por aqui. -Observou Alec.

–Não somos daqui, moramos em Idris, no solar de nossa família. Estamos aqui na casa de um amigo da família, George Kingsmill.

–Ah sim, são Penhallow? -Tentou Jace.

–Eles são nossos primos, somos Verlac.

–Bem, foi um prazer conhecê-los, Theo e Valerie Verlac. Temos de ir agora. -Disse Alec, despedindo-se.

–Ou Hodge corta nossas cabeças. -Declarou Isabelle com uma careta.

–Nos vemos por ai. -Falou Val.

Os dois continuaram sua caminhada para o mais longe possível da boate.

***

Ao chegarem na casa dos Kingsmill, Theo se atirou na cama. Tudo à seu redor girava novamente.

–Os Lightwood são legais, deveríamos visitá-los mais vezes, não acha?

–Se eu não morrer de dor de cabeça antes...

–Theo! Você não costuma ser tão chato! A ideia de ir ao Pandemônio agarrar fadas foi sua, meu querido irmão.

–Não me fale mais esse maldito nome. Já me causou problemas demais. -

Bufou ele, antes de deixar que o sono o consumisse por completo.

Existem muitos acontecimentos em nosso dia. Coisas que acontecem por uma razão. Aquela não foi uma simples noite. Nem um simples lugar. O Pandemônio voltaria para cobrar sua dívida com os Verlac.