Retorno a Konoha

Escrita por BastetAzazis

DISCLAIMER: Os personagens, lugares e muitos dos fatos desta história pertencem a Masashi Kishimoto.

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Capítulo 7: Os Mortos Ressuscitam

Anoitecera e os jounins de Konoha não pararam em sua jornada. O time liderado por Hinata continuou seguindo as pistas deixadas por Sasuke e Naruto, enquanto eles seguiam o faro de Pakun. A noite estava escura, a lua nova tinha uma luz fraca que mal atravessava as nuvens carregadas do céu. Não era necessário muita experiência para um shinobi perceber que mais tarde começaria a chover, e o cachorro ninja se apressava para não perder os rastros que seguia.

- É aqui – Pakkun disse assim que parou numa pequena clareira. – Eles acamparam aqui, e a partir daqui o rastro deles se separa. Ela foi para lá – ele disse, apontando com a cabeça para uma direção. – Quem estava com ela seguiu por aqui – continuou, apontando para a direção oposta.

Naruto e Sasuke observaram o local. Não havia nenhum sinal de que alguém estivera acampado por ali recentemente. Mas Sakura sempre tirava as melhores notas nas provas teóricas da academia, ela saberia como esconder propriamente seus últimos passos melhor que qualquer outro shinobi.

- Eles não estão muito longe – o cachorro ninja continuou -, mas teremos que nos separar se quisermos pegar os dois.

- Nós estamos atrás da Sakura – Sasuke respondeu. – Mas se ela não está sozinha, precisamos saber quem está com ela, e se nos oferece algum perigo.

Naruto assentiu com a cabeça. Ele sabia o quanto Sasuke queria reencontrar Sakura, então sugeriu:

- Eu e Pakkun seguimos o segundo rastro, enquanto você segue a direção da Sakura. Assim que conseguirmos alguma informação sobre quem está com ela, nós voltamos para este ponto.

Sasuke concordou com um gesto de cabeça, agradecendo silenciosamente pelo plano de Naruto. Se fosse encontrar Sakura, ele sentia que precisava de um tempo sozinho com ela para entender por que ela fugira, o que acontecera para ela escolher juntar-se a um grupo que tencionava acabar com a paz entre os shinobis ao invés de voltar para casa. E também, para entender a pergunta que esmagava seu coração depois que recebera a notícia de que ela poderia estar viva: por que ela o abandonara depois de tudo que fizera por ele, depois daquela noite que passaram juntos, quando ela lhe disse que o amava e ele, pela primeira vez, foi capaz de expressar tudo que também sentira por ela. Ele precisava entender, ou sentia que seria capaz de matá-la com a simples idéia de que ela o enganara por tanto tempo, que ele estivera lamentando por cinco anos por uma ilusão.

- Boa sorte, Sasuke – a voz de Naruto o despertou.

Sasuke assentiu novamente e observou o amigo seguir seu caminho junto com Pakkun. Dando meia volta, começou a seguir a direção em que deveria encontrar Sakura.

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Itachi observava com seu Sharingan ativado qualquer movimento suspeito do alto do seu posto de observação, na copa de uma árvore. Praguejando baixinho contra a noite escura de lua nova, ele se perguntava se Pain estava mesmo certo quanto à localização de Orochimaru. Do jeito que as coisas estavam, determinar com precisão o esconderijo do lendário senin poderia levar mais de uma semana. Ou talvez Sakura tivesse mais sorte e já estivesse seguido alguma pista. Pensando bem, se isso tivesse acontecido, ela já teria entrado em contato com ele pelo rádio.

- E então, Itachi, alguma notícia da nossa presa?

Itachi olhou em volta, procurando o conhecido dono daquela voz. Encontrou-o em meio ao que parecia um tronco de árvore.

- Nada. Vocês confiam mesmo no informante que nos deu esta localização?

- Isso é com o Pain, eu só vim alertá-lo que o Jinchuuriki e o outro portador do Sharingan deixaram Konoha esta manhã.

- Sakura! – Itachi exclamou depois de um minuto de reflexão, esmurrando uma árvore próxima. – Eu sabia que essa mania de médica ninja ainda iria nos complicar.

- Não se preocupe – Zetsu o acalmou. – Ela é a isca perfeita. Eles estão vindo sozinhos e nós sabemos exatamente para onde se dirigem – completou com um sorriso cínico.

Subitamente, Itachi lembrou-se do rádio preso ao ouvido. Desligou-o antes de continuar:

- Mas ela acha que os dois estão mortos. Se Sakura descobrir que eles estão vivos e procurando por ela, ela não vai aceitar continuar com a missão.

- Não se preocupe com o Jinchuuriki, nem com o Uchiha – Zetsu replicou. – Dois de nós já estão a caminho para trazê-los até aqui. Sua missão é apenas manter Sakura ocupada com o Orochimaru.

Itachi assentiu com a cabeça e Zetsu desapareceu da mesma forma como surgira na floresta. Uma gota de chuva gelou o rosto do Uchiha, e ele decidiu que precisava verificar como Sakura estava. Chamando-a pelo rádio, não ouviu nenhuma resposta.

Chikusho! – xingou mentalmente e saiu correndo atrás de Sakura. Aquela chuva era um mau presságio; alguma coisa lhe dizia que seu irmãozinho idiota estava prestes a se meter onde não fora chamado.

Numa árvore próxima, Naruto lutava contra seu próprio assombro para não gritar, nem fazer qualquer ruído que denunciasse sua posição. Ele não conseguiu ouvir o que o membro da Akatsuki que encontrara na floresta conversava com o tronco de árvore, mas reconheceu-o imediatamente como o homem que puxara Sakura para o abismo onde todos julgavam que ela havia morrido.

Itachi começara a correr pelas árvores, e Naruto não teve outra alternativa se não segui-lo de longe.

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Sakura olhava atentamente ao seu redor. Uma missão de espionagem naquela noite seria um fracasso, estava muito escuro e logo começaria a chover. Entretanto, continuou fingindo que estava atenta a sua missão, não queria que seu perseguidor desconfiasse que ela já sabia da sua existência.

Uma coruja levantou vôo numa árvore próxima, e Sakura sorriu cinicamente. Seja lá quem fosse que estivesse atrás dela, era um ninja bem treinado, aproveitando os sons da floresta para aproximar-se cada vez mais. Ela tentou avisar Itachi pelo rádio, mas não recebia resposta. Atirou-o longe; mais um ruído, mais uma aproximação.

Sasuke aproveitava os ruídos e a escuridão da floresta para observar a kunoichi escondida entre as árvores cada vez mais de perto. Só podia ser Sakura... os cabelos rosados agora estavam compridos e presos por um coque, mas os movimentos, o corpo, o perfil do rosto quando ela se virava para o lado... só podia ser ela. Sentiu uma pontada no coração e um frio na barriga. O corajoso capitão da AMBU estava com medo de aproximar-se mais, de enfrentar seu passado. Felizmente, ele ainda estava com o uniforme da sua última missão e decidiu vestir sua máscara antes de prosseguir. Queria ouvir o que Sakura tinha a dizer sem que soubesse quem era seu interlocutor.

Ela atirou alguma coisa no chão, e ele aproveitou o pequeno ruído para aproximar-se mais e pegá-la de surpresa. Mas a kunoichi já estava bem alerta à presença dele e virou-se rapidamente, kunai em mãos.

Ele encarou os olhos verdes e perdeu a fala, não tinha mais dúvidas quanto à misteriosa médica ninja que usava o uniforme da Akatsuki.

- ANBU, hein? – A voz que ele só ouvia em seus sonhos chegou aos seus ouvidos pela primeira vez em cinco anos. – Finalmente Konoha se lembrou de mim.

Num movimento rápido, Sasuke conseguiu desarmá-la, e os dois desceram ao chão, ambos prontos para uma luta.

- Os ninjas da areia – Sakura concluiu. – Espero que tenham chegado a tempo. Aquele shinobi podia ter perdido a perna se o ferimento não fosse tratado logo.

Sasuke permaneceu em silêncio, observando os movimentos dela enquanto calçava suas luvas e acumulava o chakra nas mãos. Era impressão sua, ou Sakura estava mais rápida? A quantidade de chakra visível com seu Sharingan era fenomenal, era preciso uma grande concentração para acumulá-lo de maneira tão rápida. Mas ela não parava de falar... irritante, como sempre.

- Não importa, não vou voltar a Konoha para descobrir.

Antes que Sasuke pudesse pensar em algo mais, ele viu os punhos dela vindo em sua direção e só conseguiu desviá-los graças ao Sharigan, capaz de prever os movimentos da sua oponente. Mas Sakura não desistiu, e já o atacava pelo outro lado novamente. Sasuke conseguiu escapar por um triz.

A chuva começou a cair, apenas algumas gotas no início, mas ficando mais forte a cada segundo. Os dois ninjas pareciam não se importar, absortos em ler os movimentos um do outro. Sasuke apenas evitando os golpes poderosos de Sakura e pensando numa maneira de prendê-la sem machucá-la, a fim de obter as respostas que tanto queria.

Quem é esse ninja de Konoha? – Sakura pensava enquanto lutava. Ela estava fora da vila há muito tempo, mas não se lembrava de ninguém que pudesse ser tão rápido a ponto de prever seus movimentos com aquela chuva os cegando. Ninguém a não ser... Não! Impossível! Não é o Kakashi-sensei, e além dele a única pessoa com o Sharingan em Konoha era o...

Seus movimentos vacilaram, como se ela tivesse desistido de lutar. Quando menos percebeu, o AMBU a prendia entre uma árvore e o corpo dele. Ele era forte e a imobilizou facilmente, suas pernas presas nas pernas dele, os braços presos acima da sua cabeça com apenas uma mão dele, enquanto a outra segurava sua cintura. 

- Sasuke? – ela sussurrou, em dúvida. Seu cérebro lhe dizia que isso era impossível, mas o coração começou a bater mais forte com aquela aproximação.

O AMBU, entretanto, não disse uma palavra. Ele imaginara aquele momento diversas vezes ao longo dos últimos cinco anos. Na sua mente, eles não precisavam lutar, mas sabia que assim que chegasse tão perto dela sua voz falharia. A mão que segurava a cintura dela subiu até o rosto molhado pela chuva e começou a acariciá-lo, como se para ter certeza que era mesmo real. Sakura inclinou a cabeça em direção à mão que a tocava, os olhos verdes assustados com a idéia de quem poderia ser aquele ninja mascarado, ou com a maneira como ela se entregava tão facilmente.

Sasuke não conseguiu mais se controlar. Levantou sua máscara, apenas o suficiente para descobrir a boca e a beijou. Sentiu o corpo de Sakura relaxar e se apoiar contra a árvore enquanto ele a beijava e, sem perceber, a mão que antes prendia os braços dela agora estava em seus cabelos, soltando-os do coque e se misturando com eles. A outra mão voltou para a cintura, puxando-a com mais firmeza contra ele, enquanto ela o abraçava com força para não cair. Sem dúvida, era a sua Sakura; o mesmo gosto, o mesmo cheiro.

- Sakura!

A voz de Itachi encheu a floresta ao longe, assustando qualquer criatura viva nas redondezas. Sakura abriu os olhos subitamente, mas não havia mais ninguém à sua frente. Com um suspiro, ela fechou os olhos novamente e recostou-se na árvore. Será que fora tudo sua imaginação?

- Sakura? Você está bem?

Ela abriu os olhos de novo, e Itachi estava bem a sua frente, no mesmo lugar onde o misterioso AMBU ocupara segundos atrás.

- Itachi? O que você está fazendo aqui?

- Eu estou tentando entrar em contato com você pelo rádio e você não responde – ele disse, sério.

- Eu... eu... – Sakura começou a balbuciar, tentando procurar uma explicação. – Eu ouvi ruídos, achei que alguém estava me seguindo.

A expressão de Itachi ficou ainda mais preocupada, e ele começou a olhar para os lados, procurando por algum intruso.

- Não foi nada – ela explicou. – Eu o segui, mas acho que era apenas um animal da floresta. Meu rádio deve ter caído enquanto eu o perseguia.

Sakura não percebeu o rápido relance dele para cima, antes de voltar sua atenção para ela.

- Tem certeza – ele perguntou, sua expressão agora tornando-se mais carinhosa. – Nós estamos no território do Orochimaru, nada impede que ele tenha percebido nossa presença e mandado alguém para nos confundir.

Sakura arregalou levemente os olhos. Aquilo podia ser uma ilusão do Orochimaru? Não... era real demais para ser um genjutso.

Itachi estava ainda mais próximo quando falou de novo, sussurrando no ouvido dela:

- Eu não sei o que faria se acontecesse alguma coisa a você, Sakura.

Seus lábios desceram até o pescoço dela, deixando pequenos beijos pelo caminho. Sakura se assustou com a impetuosidade dele; quando estavam numa missão eles jamais agiam como um casal, e isso a fez afastá-lo dela.

- Itachi! – ela o repreendeu.

- O que foi? – ele perguntou com um sorriso maroto. – Com essa chuva, essa noite está perdida mesmo.

- Eu sei, mas...

Ele não deixou que ela continuasse, tomando seu rosto nas mãos e puxando-o para mais perto para beijá-la. Foi um beijo ávido, ardente, diferente do beijo terno e delicado que ela acabara de sentir minutos atrás.

- Itachi... não – ela pediu, desvencilhando-se dele. – Você mesmo disse que estamos num território inimigo. Não podemos nos distrair.

Um sorriso que ela não conseguiu distinguir apareceu em nos lábios dele.

- Você está certa – ele disse, puxando-a mais uma vez para si, mas desta vez com um ar protetor. – Vamos procurar um lugar mais apropriado para acamparmos essa noite. Não vamos encontrar nada com essa chuva.

Sakura deixou que ele a conduzisse para longe daquela árvore, ainda abalada com o encontro com o AMBU de Konoha, lutando contra todas suas emoções para pensar racionalmente que aquele não era o Sasuke. Não podia ser ele, embora ela só tivesse se sentindo daquele jeito nos braços dele, uma única vez, cinco anos atrás.

Sasuke desceu do alto da árvore assim que perdeu os dois de vista. Segundos depois, Naruto, que havia seguido Itachi até ali, também apareceu a sua frente. Felizmente para Sasuke, os dois ouviram toda a conversa entre Itachi e Sakura, o que o liberava de precisar repetir tudo o que ouvira.

Naruto abriu a boca para consolar o amigo, mas foi impedido com um gesto. Fingindo ignorar o beijo que testemunhara entre Sakura e o irmão que ele julgara morto, Sasuke chamou Pakkun.

- Pakkun, preciso de um favor.

O cachorro ninja assentiu, e ele continuou:

- Preciso que você encontre uma pessoa para mim. – Entregou um pedaço de pano rasgado e continuou: - Quando encontrá-lo, diga para chamar os outros e me encontrar aqui, o mais rápido possível. Se vamos ter que enfrentar o Orochimaru também, vamos precisar de ajuda.

O cachorro farejou um pedaço do pano e, mesmo com a chuva que começava a acalmar, saiu correndo em direção à pequena pista que recebera. Naruto apenas considerava Sasuke com o cenho franzido.

- Parece que essa noite trouxe muitas pessoas de volta a vida.

Foi a única coisa que Sasuke disse o resto da noite.

Continua...