Bad Things escrita por Melody Malone


Capítulo 4
Cisne Negro


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões a todos pelo tempo que demorei. Eu estava com um bloqueio mental gigante e era impossível que eu fizesse um capítulo um pouco descente. Agradeço a todos os comentários, recomendações, acompanhamentos e favoritos, vocês são demais. Espero que gostem desse capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/540246/chapter/4

Olhei atônito para os dois. Eles estavam parados a me observar como se fossem de cera, não era totalmente estranho até eu perceber que todos naquela sala agiam da mesma maneira. Todos exceto um velho homem sentado a minha frente.

—Seria loucura minha imaginar que isso é outro sonho? —Perguntei um tanto furioso.

—Não, meu caro. Mas seria loucura você achar que isso não é real —Disse o velho com a voz rouca e carregada.

—Está além da minha compreensão achar que um sonho é real. Mas é totalmente compreensivo achar que é você quem está me fazendo alucinar.

—Veja bem, Jhon — Ele dizia enquanto se levantava da cadeira em minha frente e vinha em direção a mim — Por que você acha que está alucinando?

—Meus amigos..

Ele me interrompeu.

—Amigos. Já os tive um dia mas não posso me dar ao luxo, não mais. O que te faz pensar que não são eles que estão alucinando? Talvez você tenha encontrado com Lúcifer. Você mais que ninguém sabe que o mundo sobrenatural que as pessoas conhecem é só uma fina camada de algo muito maior.

—Você vai me contar quem é você ou terei que te torturar até você falar? Saiba que eu sou muito bom nisso.

—Fiquei sabendo. Quer uma medalha de honra ao mérito?

—Não me faça perguntar novamente.

—Pois bem. Saiba antes que só estou me revelando pois amo uma boa caçada. Quero ver o que o pequeno Jhon é capaz. Muitos me conhecem por outros nomes, aqui sou chamado de raposa mas você deve me conhecer como Kitsune.

— Kuko?

Ele balançou a cabeça negando.

— Nogitsune.

— Você não parece nervoso, preocupado, irritado, Jhon. Por que?

— Porque eu sei que eu vou te pegar, seu maldito. Eu vou te matar e você facilitou muito as coisas dizendo quem você é.

—Acha mesmo que é tão simples? Sempre que você tentar me alcançar eu estarei um passo a frente — Ele foi dizendo e encostando sua boca mais perto do meu ouvido — E quando você achar que me pegou eu vou estar um, dois, cinco, sete, dez passos a sua frente. Sabe por que, Jhon? Porque quando mais perto você olha menos você vê.

De repente todos na sala começaram a se mover novamente. Joseph e Elena me olhavam com o mesmo olhar de preocupação de antes.

—Tudo bem com você, Jhon?

— Claro. Por que não estaria?

— Talvez porquê você ficou nos olhando como se estivesse congelado.

— Ótimo—Eu disse ironizando — Eu descobri algo que pode nos ajudar.

— O quê?—Perguntou Joseph.

— Eu sei com o quê estamos lidando e sei como pega-lo.

— O que é?

— Um Nogitsune.

— Ótimo. Eu estava louco para dar uns tapas em alguém.

— Só uma perguntinha, talvez ninguém tenha pensado nisso mas como você foi se meter com um nogitsune?

— É uma longa história.

— Parece que você está cheio de longas histórias.

— Agora não, Elena, por favor.

— Como vai detê-lo? Só nós três não podemos deter um Nogitsune.

— Eu pensei nisso. Ele quer ser caçado, quer ver do que eu sou capaz. Então ele verá. Mas antes preciso contactar a ordem.

— VOCÊ ENLOUQUECEU!!!?

— Joseph, eu não tenho opções.

— Realmente, contacte a ordem para te ajudar a caçar um nogitsune. Aproveite e fale que ele te atraiu para a cidade e que você passou um ano no inferno.

— Elena.

— Sim.

— Venha para o meu lado. AGORA!

Ela e Joseph me olharam confusos.

— Joseph, se acalme.

— O quê foi?

— Como você sabia que ele me atraiu para a cidade?

— Você falou.

— Não, ele não falou —Disse Elena.

— Até que demorou bastante, sabia? Toda essa história já estava me enchendo.

— Joseph?

— Não, ele não se foi se é isso que você quer saber — dizia ele com um olhar psicótico — Mas ele ainda está aqui implorando pela vida dele, uma batalha mental, é até poético.

— Eu vou te matar, seu desgraçado.

— Venha! Espere, você não pode. VOCÊ NÃO PODE ME MATAR!

Uma risada estrondosa pairou sobre a biblioteca, uma risada que faria até mesmo o mais bravo dos homens tremer. Ele olhou para Elena e saiu pela porta da frente, naquele momento eu percebi que eu jamais sairia vivo daquela cidade.

— Você está bem?

Ela parecia aterrorizada. Aquela expressão em seu rosto me fez lembrar os motivos de não tê-la contado que eu estive no inferno.

— Não sei, eu não tenho mais certeza de nada. Você...vai mesmo contatar a Ordem?

— É a minha única chance de trazer Joseph de volta.

— Mas ele se foi.

— Um Nogitsune é um mestre em enganar, se ele pensar que estamos sendo enganados quando não estamos então estaremos um passo a frente, certo? Se ele pensar que acreditamos que Joseph se foi e ele estava apenas blefando estaremos um passo à frente.

— Eu espero que sim.

✥✥✥✥✥✥✥✥✥

Elena e eu estávamos no quarto da pensão quando ouvimos uma batida na porta. Peguei a arma que ficava na cintura e coloquei atrás da porta. Era um dos membros da Ordem.

— Prezado Jhon, estou aqui em nome da Ordem devido a sua solicitação de ajuda há alguns dias atrás.

Olhei confuso para Elena e o seu olhar de confusão foi o mesmo.

— Oh! Vejo que ocorre um equívoco aqui. Não fomos contactados?

— Na verdade não mas sua ajuda é bem-vinda. Eu preciso de ajuda com um pequeno caso nessa cidade.

— Entendo. Do que se trata?

— Um espírito ruim.

— Não vejo necessidade da intervenção da Ordem nisso.

— É um Nogitsune.

A expressão amigável se fora. Ele olhava para mim com seriedade e um pouco de fúria. Eu nunca pensei em dizer isso mas aquilo me assustou.

— Como um Nogitsune veio parar aqui, Jhon? E coincidentemente num caso seu?

— A você sabe como eu sou atrativo.

Ele me olhou mais sério que antes, se é que isso é possível.

— Desculpa.

— Você e a senhorita Elena terão que assinar o selo.

Assinar o selo era apenas uma forma formal de dizer que caso providências drásticas tomadas pela ordem fossem necessárias eles não seriam culpados pela nossa morte.

— Claro — Disse Elena.

— Você não tem que fazer isso.

— Na verdade ela tem, senhor.

Ele retirou de um dos bolsos do seu casaco um tipo de mini gravador, a diferença é que havia uma pequena agulha para identificação de DNA. Além de gravar nossa vozes, era necessário que tivessem provas de aceitamos aquilo por livre espontânea vontade.

Meu nome é Diana Elena Holt e eu aceito de boa vontade a intervenção da entidade intitulada A Ordem em minha atividade profissional. Não importando quais atitudes tomadas sejam necessárias para o bem da sociedade humana.

Meu nome é Jhon Costantine Cavalera e eu aceito de boa vontade a intervenção da entidade intitulada A Ordem em minha atividade profissional. Não importando quais atitudes tomadas sejam necessárias para o bem da sociedade humana.

— Isso é tudo. A Ordem entrará em contato em breve.

Ele mal saiu e Elena já me encarava como se eu tivesse cometido algum crime.

— O quê?

— Jhon Constantine? Sério? Constantine?

— Que foi? — Eu disse um pouco constrangido — Meus pais tinham uma boa imaginação. Além do mais, nunca falei nada sobre você se chamar Diana.

— Não é feio — Disse ela sorrindo.

— Esse sorriso — Me aproximei dela e passei a mão pelo seu rosto—Eu não o via há muito tempo.

— Acho que é melhor descansarmos — Ela disse, virando o rosto para a enorme janela do quarto — Temos muito trabalho a fazer amanhã. Só espero que trazer a Ordem de caçadores aqui não nos mate.

Naquele minuto, vendo ela em frente aquela janela gigante sendo iluminada pela cor alaranjada da lua, um calafrio me desceu a espinha só de pensar por um segundo que talvez eu teria que viver sem ela novamente.

— Jhon?

— Sim.

— Eu quero o Joseph de volta.

Dei um suspiro longo. Por mais que ele fosse um colega e que de certa forma eu apreciasse seu caráter, era inevitável o ciúme. Eu também o queria de volta mas somente porque precisava de sua ajuda, Deus sabe do que aquele homem é capaz. Eu dei um sorriso forçado para ela esperando que de alguma forma aquilo a confortasse.

— Boa noite, Elena.

Antes de me deitar, pensei sobre algo que meu pai disse uma vez: "A vida é um oceano de decepções, algumas pessoas são navios, e outras são como portos seguros." Naquele ponto da vida eu já estava começando a achar que eu era um Titanic.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpe qualquer erro que me passar despercebido. Espero ter tirado as dúvidas do último capítulo e espero que tenham gostado desse. Qualquer crítica positiva ou negativa é bem-vinda, então deixe seu Review.
Até o próximo capítulo.