Usuário Final escrita por Ishida Kun


Capítulo 15
Capítulo opcional: "Preview" do capítulo 4 - Batismo de fogo


Notas iniciais do capítulo

Agora é o momento de alguns leitores me odiarem! Como eu demoro um pouco para postar, resolvi lançar uma prévia do próximo capítulo para que fiquem curiosos! Adianto que adorei escrever esse capítulo, ele já está passando pelo estágio de revisão final (um dia desses explico como funciona o meu processo de escrita para que vocês entendam um pouco como Usuário Final chega até vocês) e acredito que na próxima semana já começo a postá-lo. Brincadeiras à parte, espero sinceramente que gostem! Boa curiosidade!



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Adam cambaleava pela rua deserta e os sons do maquinário em funcionamento eram como tambores, cada batida sendo sentida como uma martelada na cabeça já dolorida. O ouvido esquerdo apitava com um zumbido agudo e irritante, a orelha era um emaranhado vermelho escuro e havia tanto sangue, que era difícil diferenciar se ele escorria dela ou da bochecha, igualmente ferida. Se aquilo fosse no mundo real, seu rosto estaria tão inchado que talvez ele nem tivesse mais um rosto, seria algo como um bolo de carne e sangue, um que recebeu fermento demais na massa. Porém, ele estava na Rede e por mais que a dor fosse real, ali, as regras não funcionavam da mesma forma. Enquanto arrancava outro pedaço de vidro da sobrancelha, pensou na tremenda sorte que teve dos estilhaços não terem acertado seu olho. Em seu campo de visão, as taxas de sincronismo caíam vertiginosamente e segundo por segundo, ele tentava se manter consciente, o que não era uma tarefa tão difícil já que a dor dos ferimentos ultrapassava qualquer coisa que ele já tivesse sentido. A semiautomática que segurava ainda falhava como a TV quebrada que lutava para manter as imagens tão vivas quanto já foram um dia. Ele duvidava que naquelas condições, ela fosse capaz de disparar um tiro sequer, então, agradeceu mentalmente o fato da katana ser um item padrão do USV, mesmo que não fosse de grande ajuda contra aquela coisa.

Encostou-se num poste de iluminação e lutou para não se deixar cair, pois se o fizesse, tinha certeza de que não conseguiria se levantar novamente. As cinzas ainda caíam feito neve, vindas das enormes torres que liberavam a fumaça escura sobre o distrito industrial. Àquela altura, os flocos acinzentados já haviam formado uma camada de alguns centímetros sobre o chão e foi impossível não pensar na beleza daquela cena, mesmo tudo sendo tão terrível e mortal.

— Aviso: danos ao usuário detectados — informou a voz robótica do USV, as notas mais agudas se somavam ao zumbido, tornando-se indistinguíveis — você deseja ouvir o relatório detalhado? — perguntou.

— Não... — respondeu num sussurro — Me dê algo... para a dor...

— Liberando endorfina. Aviso: o uso poderá prejudicar suas funções motoras e causar uma queda considerável em seu sincronismo. Dadas as oscilações em suas taxas, uma dose de adrenalina será liberada em intervalos regulares.

— Ok... — ele respondeu, se recostando mais. Era só uma questão de tempo até o Devorador encontrá-lo novamente. Resolveu tirar a mão da barriga, por onde a navalha havia cortado. O sangramento já havia parado e no local do corte, havia uma dezena de fios entrelaçados que saíam do uniforme rasgado e enrolavam o ferimento. Respirou fundo. O medicamento havia começado a fazer efeito, amenizando, mesmo que pouco, as dores dos machucados.

Inevitavelmente pensou em Carla e no fato de que não conseguia odiá-la pelo que havia feito, pensou que ele faria o mesmo se fosse a vida de Eriza que corresse perigo. Se Carla ainda estivesse viva – e torcia para que estivesse – teria um bom motivo para que ela o respeitasse de agora em diante.

A IA já havia sugerido duas vezes para que ele saísse da Rede naquela noite, mas ele recusara gentilmente a oferta. Por mais que suas mãos estivessem trêmulas, por mais medo que tivesse, não desistiria tão fácil. Não era uma questão de honra ou coragem, dentro dele algo havia mudado, como sentira naquela manhã cinzenta, algo que se debatia e agora, naquele lugar, ele entendia do que se tratava.

O que quer que fosse, precisava ser liberto, como se sua caixa torácica fosse uma prisão, contendo algo maior que sua alma, algo tão grande que aquela cidade infinita seria pequena para tal.

— Anomalia sistêmica detectada. Ativando modo de combate. — As palavras, apesar de pouco ditas, possuíam uma sonoridade já conhecida. Um farfalhar se agitou em sua barriga e ele se reergueu, temendo o que viria a seguir. Caminhou para o centro da rua, onde as cinzas pareciam se agitar numa espiral. Ele sentiu o vento frio bater em seu rosto, apertou a arma quase translúcida numa mão e pousou a outra sobre o cabo da espada ainda embainhada. A construção a frente se estilhaçou numa explosão de concreto, fios e metal retorcido, quando a fera sombria a atravessou girando o corpo e caindo pesadamente à sua frente, obscurecida pela poeira e as cinzas que caiam com maior intensidade agora.

O Devorador urrou como o lobo que aparentava ser, anunciando que estava pronto para a batalha. Somente um dos dois sobreviveria àquela noite.


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Notas finais do capítulo

Como chegou a esse ponto?O que aconteceu com a Carla? Se o Adam vai morrer agora? Hum... olha... eu não faço ideia, mesmo! Hi hi hi! Espero que tenham gostado dessa prévia! Se gostaram, prometo que trarei mais, porém só nos momentos mais críticos, claro! Até a próxima!



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