Um Doce Amor escrita por Ray Shimizu


Capítulo 1
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Depois de anos estou de volta com uma fanfic de Captain Tsubasa Bom, estou aqui com mais uma fanfic... a verdade é que ela já estava a muito tempo guardada, e a Neko-Aoi me incentivou a postar (já que também gosta de Captain Tsubasa)Agradecer a Amanda Catarina que betou e rebetou essa fanfic para mim! Obrigada mais uma vez!



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Furukawa Mayume, uma jovem de dezenove anos, que atualmente morava na Alemanha por causa de um intercâmbio que ganhara em uma competição de sua faculdade do Japão. Ela era uma ótima aluna de Gastronomia de uma das melhores faculdades do país, a famosa Toudai. Essa faculdade realizava anualmente um concurso no qual o vencedor poderia fazer um intercâmbio.

Naquele momento, a estrangeira estava sentada em um banco de uma praça que ficava perto de onde ela estava morando atualmente, na realidade, a casa em que Mayume morava ficava logo à frente. A praça parecia ser um local agradável, podia-se dizer que era mais um jardim do que uma praça, não tinha muitas árvores e em alguns lugares viam-se flores, mas era uma praça bem minúscula.

Mayume olhava as pessoas que passavam ao seu redor e se achava bem diferente delas. As mulheres europeias eram bem altas, beiravam a um metro e oitenta, enquanto ela tinha um pouco mais que um metro e cinquenta e cinco. Os olhos de Mayume eram mais puxados o que caracterizava os asiáticos, entretanto, a cor deles era verde, como uma esmeralda, um traço que ela herdou de sua avó e que dava um bonito contraste à sua pele branca, muito bem cuidada, livre de espinhas ou qualquer coisa que pudessem deixar manchas ou marcas. Os cabelos de Mayume eram negros, lisos e compridos. Ela até tinha vontade cortá-los, para facilitar a vida na cozinha, mas desistiu por dois motivos: adorava seu cabelo e prometera à mãe, que era uma esteticista neurótica, que não o faria. Ela também gostava de usar roupas de tons mais escuros - talvez para diferenciar das roupas brancas que normalmente usava na cozinha -, e adorava tecidos leves, ainda mais no calor que estava fazendo na Alemanha, que era de fazer qualquer um derreter.

Naquela tarde, Mayume ainda estava usando seu uniforme de confeiteira. Horas antes, ela havia preparado alguns doces e esse era um dos motivos para estar sentada ali, o local que era seu “cantinho da lamentação”. Ela tinha um sonho a realizar, o de se tornar uma renomeada pâtissier. O intercâmbio lhe permitira cursar confeitaria durante um ano e havia sido sua chance de realizar esse sonho. Porém, ela tinha uma razão para permanecer ali: queria ganhar o concurso que aconteceria dentro de quinze dias. Caso perdesse, teria de comprar a passagem de volta para casa.

Um dos pontos fracos de Mayume era a insegurança e isso acontecia desde sua infância. Ela sempre quis fazer coisas que não eram sua especialidade. Como cozinhar, por exemplo, ainda que fosse para fazer um simples macarrão, isso já era o suficiente para deixar a comida com um gosto ruim. Porém, teimosa e orgulhosa como só ela sabia ser, treinava todos os dias para melhorar como cozinheira. Depois, ela passou a fazer doces e cansou de fazer seus amigos terem dor de barriga por causa disso. Mesmo depois de ter passado na Toudai e de ter conseguido o intercâmbio na Alemanha, a morena ainda não se sentia confiante.

Ela olhava os doces que estavam dentro de uma caixa de plástico. Só de olhar para eles sentia vontade de chorar e se enfiar em um buraco. O design era simples demais para um concurso. A textura ainda não chegava perto da que ela queria e o gosto parecia ser tão comum que não agradava o suficiente. Achava que seria impossível ganhar um concurso com aquele doce.

Fechou os olhos, tentando não pensar em uma derrota antecipada, ainda tinha algum tempo para criar algo bom, só precisava estudar com mais afinco. Perder não estava nos planos, não poderia nem cogitar essa possibilidade, era por uma amiga que tinha que ganhar também. Como num lampejo, veio à tona em sua memória o dia em que havia ganhado o concurso, trazendo-lhe o acontecimento do fatídico dia.

—-- // ---

Mayume acabara de receber a notícia que havia ganhado o concurso, não poderia estar mais feliz. Aquela era uma chance única e estaria mais perto de realizar seu sonho de se tornar uma famosa pâtissier.

A primeira coisa que fez foi ligar para Sayuri, sua melhor amiga, mas a ligação não foi atendida, caindo direto na caixa postal. Resolveu ir até a casa dela, pelo horário ela já devia ter voltado. Pegou sua bolsa e saiu. Caminhava em passos acelerados, afinal estava ansiosa por dar a notícia a quem lhe dera tanto apoio, sempre ao seu lado, incentivando, passando noites em claro. Queria que Sayuri fosse a primeira a saber que o esforço de ambas não fora em vão. Estava apenas há duas quadras da casa da amiga, quando presenciou a pior cena de sua vida.

— Sayuri!!! - gritou transtornada e saiu correndo.

Mais adiante, avistou a amiga estirada no meio da rua, com sangue por toda parte. Notou que o cabelo ruivo não era só a cor e sim sangue, o cabelo dela estava ensopado com o líquido. O vestido branco que Sayuri usava estava quase todo vermelho.

Ao se aproximar da amiga, Mayume pouco se importou com a própria roupa, que logo ficou toda ensanguentada - mesmo porque nem dava para notar muito, já que o vestido que ela usava era preto. Colocou o ouvido perto do nariz da amiga e notou que a respiração era muito fraca. Sentiu o coração, também não estava em uma condição muito boa. Ela estava morrendo, precisava fazer alguma coisa, além de se desesperar.

Como num instinto, pegou o celular e chamou uma ambulância, e enquanto esperava rasgou o próprio vestido e começou a amarrar em volta dos ferimentos mais graves. Efetuou massagem cardiorrespiratória, era o que ela poderia fazer. Maldita rua onde não passava uma alma viva, era um bairro tranquilo, não era de passar muitas pessoas!

— Por favor, resista! - exclamou em súplica.

O socorro veio em questão de minutos. Mayume veio junto na ambulância, esquecendo-se por completo de que havia ganhado um intercâmbio, apenas lhe vinham lágrimas de desespero.

Já no hospital, com o vestido quase todo rasgado e todo sujo de sangue, ficou esperando por notícias no corredor. E quando o médico saiu da sala de operações, ela foi direto ao encontro dele.

— Doutor, diga que ela vai ficar boa!

— Ela perdeu muito sangue e precisa de uma transfusão urgente, mas estamos sem bolsas de sangue do tipo O negativo - disse o médico em um tom de pesar.

Sem nem pensar, Mayume se ofereceu para doar o sangue, já que era O negativo também.

Como era um caso de emergência o procedimento foi rápido, fizeram os exames básicos - se Sayuri não recebesse o sangue imediatamente, morreria, não tinham muitas escolhas. Assinada a autorização, retiraram-lhe mais sangue do que seria o indicado. Embora fosse uma quantidade significativa, não representaria riscos à sua vida. Após a transfusão, a morena se sentia um pouco tonta e precisou ficar deitada na maca.

Depois de muitas horas de espera, finalmente Mayume obteve notícias.

— Agora é esperar - informava o médico. – Fiz tudo o que podia como médico, agora é com ela.

Mayume só pode ir até o quarto onde Sayuri estava no dia seguinte e pôde notar que a UTI carecia de aconchego. Não havia janelas para iluminar o ambiente e poder dar um ar mais agradável, parecia uma prisão. Também tinha um ar gélido, ela precisava ficar com blusa ali dentro. Além disso, os outros doentes deixavam o ambiente com o ar mais pesado. Ela ficou meia hora com a amiga, que ainda se encontrava inconsciente. O médico havia lhe informado que Sayuri poderia demorar a acordar, como também tinha a possibilidade de não acordar mais. A morena tentou pensar positivo e que logo Sayuri iria abrir os olhos e que, em pouco tempo, estaria correndo para todos os cantos como costumava fazer.

Sayuri só voltou à consciência três dias depois, ainda encontrava-se debilitada demais, respirava com ajuda de aparelhos e estava toda entubada.

Mayume não queria chorar na frente dela, mas ainda estava muito emocionada com todos aqueles fatos e misturava-se a isso o alívio de ver a amiga abrir os olhos e de perceber que ela se recuperava aos poucos.

— Não chora... - Sayuri disse em um tom arrastado e fraco. Fazendo um leve gesto de negativo com a cabeça, ela tentou levar o dedo indicador aos olhos de Mayume, como se fosse para secar as lágrimas que insistiam em cair.

— Não faça esforço - Mayume segurou a mão de Sayuri e tentou sorrir. – Estou tão feliz que está viva!

Sayuri sorriu e nada disse.

Mayume notou que a amiga parecia um pouco pensativa, olhando fixamente para ela.

— Vai quando pra Alemanha? - Sayuri perguntou, o som saiu baixo, quase inaudível.

Mayume não teve a oportunidade de dizer que havia ganhado o concurso, então como Sayuri poderia estar sabendo? Intuição?

— Eu não vou. Ficarei aqui com você - Mayume respondeu chorosa.

— Se você não for por minha causa, ficarei muito triste.

Mayume notava que ela dizia cada palavra com dificuldade, precisava fazer várias pausas para respirar. Ela imaginava como Sayuri devia estar sofrendo.

— Não posso te deixar aqui! Eu não vou! Posso tentar de novo ano que vem. Agora descanse que você precisa. Eu vou indo, o horário de visita já está acabando e sua mãe quer te ver.

A morena levantou-se da cadeira e antes que fosse embora, viu Sayuri segurar-lhe a barra de sua camisa.

— Por favor, vá para Alemanha. Não quero ser um atraso pra você. Vou ficar boa logo. Não se preocupe... Promete?! - sua voz saía quase como um sussurro, mas a morena ouviu tudo. – Senão eu não vou te perdoar.

Mayume ficou encarando a amiga, como se pensasse muito no pedido, vencida resolveu aceitar, mas impôs uma condição:

— Me promete que ficará boa? Ligarei todo dia para sua mãe, perguntando como você está.

A ruiva apenas sorriu, como se concordasse com a condição.

— Se você ver o Genzo por lá, não comente nada sobre o acidente... Diga que estou bem.

Mayume queria que Sayuri descansasse ao invés de ficar se desgastando conversando, então concordou, mesmo porque achou que não iria encontrar o rapaz por lá, afinal ele sempre era muito ocupado com o treinamento e os jogos.

— Agora vou indo, senão a dona Megume não entra - disse e deu-lhe um beijo na testa, depois saiu.

—-- // ---

Era impossível para Mayume se lembrar daqueles dias e não chorar. Havia falado com a mãe de Sayuri fazia algumas horas e, aparentemente, Sayuri estava se recuperando, ainda se encontrava na UTI, porém aos poucos, ia melhorando. Mayume achava que aquilo não havia sido um acidente. Como um cara atropela alguém no meio da faixa de pedestres e não para, para socorrer a vítima? Era um criminoso o sujeito. E ainda estava à solta. Revoltante! Pensar sobre aquilo só a deixava mais angustiada, mas era inevitável. Começou a chorar novamente, se sentia muito mal, precisava ganhar o concurso por ela e pela Sayuri. Mas ainda não tinha ideia do que fazer.

— Deus, o que eu faço?! - Embora ela tentasse limpar as lágrimas outras teimavam em surgir.

Mayume estava tão compenetrada nos pensamentos que nem notou quando alguém se aproximou, e nem esperava por isso, não era a primeira vez que se lamentava sentada ali, e as pessoas não pareciam se importar com os outros. Uma loira a encarava. Parecia ser bem jovem, talvez tivesse uns quatorze anos ou menos, vestia o uniforme da escola, pelo horário, devia, estar voltando. Não demorou muito para a menina começar a falar.

— Moça, o que aconteceu?! - perguntou a linda menina loira e de olhos azuis como o mais límpido oceano.

— Estou apenas um pouco desanimada, mas logo passa... Não tenho tempo pra lamentações, tenho um concurso a ganhar!

Mayume tentou esboçar um sorriso, mas não foi muito bem sucedida, era difícil quando se pensava em certas coisas.

— E o que acontece se não ganhar? - a menina devolveu, curiosa.

— Bem, se eu não ficar entre os três primeiros colocados, terei de voltar pra casa, estou aqui por intercâmbio.

Era estranho conversar com uma garota que nem conhecia e que parecia tão jovem.

— Oh! - a garota pareceu surpresa em ouvir aquilo. – Se você der o máximo de si, tenho certeza que irá conseguir! O concurso é de que?

A cada minuto, a menina parecia ficar mais entusiasmada.

— Vai eleger a melhor sobremesa dentre os competidores e o doce vencedor vai ficar no cardápio da rede de doces do “Love Hagen”.

A loira olhou melhor para a roupa de Mayume e só então constatou que era de confeiteira.

— Então você é uma pâtissier! - os olhos da menina brilhavam. – Meu sonho era de ser uma pâtissier também! Mas eu cozinho tão mal. Já cansei de fazer o coitado do meu irmão passar mal comendo meus doces - disse desapontada consigo, mas ainda mantinha o sorriso.

— Você devia tentar, se gosta tanto. O concurso que ganhei para vir pra cá foi o primeiro que eu ganhei - contou Mayume. Era um pouco vergonhoso admitir que era o primeiro concurso que ganhara, mas pelo menos ganhou o mais importante.

— Eu cozinho mal de verdade – retrucou a menina. – Na escola, sempre tiro notas ruins em culinária. Mas não dá pra ser boa em tudo, né? Pelo menos eu sou boa em esportes! Graças ao meu irmão, jogo futebol muito bem!

—Sério? - surpreendeu-se Mayume. – Pois eu, jogo futebol muito mal - a morena sorriu. – Apesar do meu tamanho, gosto de jogar basquete.

— Tenho certeza se você tivesse meu irmão como professor, aprenderia a jogar futebol tão bem quanto eu! - exclamou a loira, sorrindo novamente.

Mayume reparou que quando aquela garota falava do irmão, o fazia com muito carinho.

— Do jeito que sou perna de pau, ia ser difícil... Mas se até eu aprendi a cozinhar, não duvido. Agora eu vou indo, preciso ir ao mercado comprar algumas coisas. Obrigada por me animar - lembrou-se que não haviam se apresentado. – Desculpe, qual é o seu nome? Eu me chamo Furukawa Mayume. Mas se quiser, pode me chamar de Mai.

— É verdade, eu não disse meu nome! Eu me chamo Schneider Marrie! Pode me chamar de Mary.

— Certo, Mary - Mayume pensou por alguns segundos, olhou para a caixa de doces. – Escuta, você não quer ficar com estes doces? Eu fiz há algumas horas. Não ficaram como eu queria, mas está gostoso. E eu não vou conseguir comer tudo mesmo.

— Ah! Posso mesmo?

A loirinha pareceu ter gostado de ter ganhado aqueles doces. Marrie adorava guloseimas e, sempre que podia, tentava fazer alguns, mesmo que não ficassem bons, seu irmão fazia questão de comer, era comum, nesses dias ele ter dor de estômago.

— Claro! Agora vou indo - a morena se levantou do banco, sentindo-se mais animada depois da conversa. – Se quiser ir me visitar, ficarei contente. Moro temporariamente naquela casa ali - apontou para uma pequena casa que ficava no fim da praça. – Geralmente estou lá depois das seis.

Mayume estranhou a si mesma, por dar a localização de sua casa a uma estranha, mas sentia que podia confiar na menina. Além disso, pensou que não se veriam tão cedo, pois não acreditava que Marrie fosse maluca de ir à casa de uma desconhecida. Por fim, despediu-se:

— Até mais, Mary!

— Até!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Yo minna, espero que tenham gostado! E quem puder me mandar um review, ficarei feliz!E mais uma vez muito obrigada!!