O Meu Mundo Real escrita por DiAngelo


Capítulo 5
Capitulo 5




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Eu e a maioria dos meus irmãos acordamos atrasados; As harpias já começavam a enlouquecer com nosso quarto desarrumado. Depois que conseguimos arrumar o quarto e acalmar as harpias, tivemos que comer com certa pressa pois o café-da-manhã estava acabando e todos já começavam a deixar o refeitório.

Terminando meu café fui procurar Nico e o achei falando com Quíron - Vê-los conversando ao longe me fez lembrar do sonho que tive noite passada e isso me deu um embrulho no estômago - e eles já estavam me esperando.

– Oi. Acordei meio tarde, desculpa.

Achava estranho o jeito com que Nico me olhou na primeira vez que conversamos e agora ele me olhava da mesma forma. Seu olhar sempre misterioso se misturava a uma expressão de extrema curiosidade. Eu não sabia o que havia em mim que o deixava tão curioso, mas era hora de descobrir.

– Você tem toda a razão, Di Ângelo. Também posso sentir quando ela chega mais perto. Com vocês dois perto de mim então... Pelos deuses do Olimpo, isso me dá uma dor de cabeça tão forte! - Quíron falou como se eu não estivesse lá, ouvindo cada palavra - Eu tenho um palpite, mas tenho que ter certeza absoluta antes de falar o que pode ser isso.

– Mas Quíron, eu perguntei aos meus irmãos. Nenhum deles sentiu isso!

– Eles não têm a sensibilidade que você tem Nico. Você consegue sentir porque passa muito tempo no mundo inferior. Eu sinto pelos muitos anos de experiência com semideuses.

–Vocês vão me dizer logo o que é que sentem quando eu chego? Já estou ficando realmente preocupada. O que há de errado comigo?

Quíron me olhou com os olhos calmos:

–Não há nada de errado com você, Pamela. Mas preciso te fazer algumas perguntas. e você precisa me dar respostas sinceras. E então teremos certeza de que meu palpite está correto. Então contarei a você e a Nico.

– Tudo bem. Pode perguntar o que quiser.

Quíron começou com o interrogatório que a princípio respondi de bom grado, mas comecei a ficar aborrecida depois de um tempo, já que não via sentido algum em perguntas como :"Você tem mais de uma cor favorita?" ou "Como era a decoração do seu quarto antes de vir para o acampamento?", até que ele fez uma pergunta que realmente podia ter algum sentido naquilo tudo:

–Quando você sonha, que tipos de sonho tem?

– Bom, eu sonho muito frequentemente com minha avó. Parece que ela quer se comunicar comigo, mas apenas acena positivamente com a cabeça. Ah, e vovó já faleceu, sabe? - Percebi que Nico arregalou os olhos quando eu disse isso - Então quando sonho com ela sei que estamos no mundo inferior, em algum lugar muito lindo. Imagino que lá seja o Elísio. Ontem,porém, meu sonho mudou um pouco. Vovó não olhou pra mim nem acenou com a cabeça. Estava conversando com Nico, ao longe. Não consegui entender o que eles diziam.

Quando terminei de falar olhei pra Nico, que agora parecia mais apavorado do que nunca. Ele e Quíron trocaram um olhar.

Depois Quíron pensou por um momento e disse:

–Isso é o suficiente. Obrigado.

Fiquei esperando ele falar mais alguma coisa. O que havia comigo, ou qualquer mínimo esclarecimento, mas ele não disse nada disso. Falou apenas que ia analisar melhor minhas respostas, e até a hora do jantar falava comigo e com Nico. Então nos dispensou.

Quando saímos de perto de Quíron chamei Nico:

– Di Ângelo! - fiz um gesto pra ele se aproximar e para minha surpresa, ele veio - O que há comigo?

– Eu não sei Gomes.

– O que foi então aquela troca de olhares entre você e Quíron? Acha que eu não vi?

– Pra mim foi só a confirmação de que eu não estou ficando maluco. Pra ele deve ter algum significado diferente. Eu sei lá.

– Certo. E por que achava que estava ficando louco? O que acontece quando estou por perto? Preciso saber!

– Acho melhor não dizer nada por enquanto.

–Nico, por favor!– Pedi num tom de súplica, só faltou eu me ajoelhar bem na frente dele.

Ele se calou, impassível, por um momento e então finalmente disse:

– Quíron não pode saber que tivemos essa conversa e que te falei isso, entendeu, Gomes?

– Entendi. E pare de me chamar de Gomes! Não tem problema usar Pamela de vez em quando.

Nico me olhou com uma expressão que sugeriu que ele não iria parar de usar meu sobrenome quando fosse se dirigir a mim. Então falou:

– Quando você está por perto sinto uma pontada em minha têmpora. É bem mais fraco que uma dor de cabeça, mas é meio incômodo. Só sinto isso com algumas pessoas. É mesmo muito raro. E sempre que sentia isso, era perto de algum irmão meu. E não sinto com todos eles. E com você por perto, eu sinto. Sempre que você está por perto. Quíron sente também. Quando está comigo e com você. A pontada na têmpora dele é bem mais forte, porque ele não é um semideus.

Naquele dia, duas coisas ficaram passando na minha mente o dia todo:

Primeiro: O que Quíron nos falaria? O que poderia explicar as pontadas que Nico sentia na têmpora quando eu me aproximava?

Segundo: O que essas pessoas, normalmente irmãs de Nico tinham de especial? E por que o perturbava tanto sentir aquela sensação vindo de mim? Só por que eu não era filha de Hades?

Essas perguntas martelaram tanto na minha cabeça que quase não comi no almoço e os treinos no meu primeiro dia no acampamento estavam sendo um total fracasso.

Até a hora que eu estava na aula de esgrima, a penúltima antes do fim das atividades do dia, e então Quíron a interrompeu e pediu que eu fosse com ele.

Chegamos ao mesmo lugar onde havíamos conversado no começo do dia. Nico já nos esperava com apreensão.

Me sentei e Quíron começou a falar, com eu e Nico muito atentos a cada uma de suas palavras:

– Gomes, analisei suas respostas com ajuda de Rachel, que é nosso Oráculo, mas também nos ajuda muito em questões como essa. Ajuda até mais do que com aquelas profecias cheias de enigmas do Oráculo. Enfim. Analisamos suas respostas e eu e ela chegamos à mesma conclusão. Nico só sente pontadas na têmpora quando se aproxima de pessoas que têm algumas habilidades especiais, as mesmas que ele tem. Falar com os mortos e andar pelas sombras, habilidades concedidas a alguns, apenas alguns filhos do deus Hades.

Interrompi Quíron:

– Mas não sou filha de Hades. E eu só vi vovó nos sonhos. E... Posso mesmo andar pelas sombras? e o que minhas respostas, fora a do sonho, tiveram a ver com isso? Não entendo.

– Eu ia chegar nessa parte. A única conclusão que eu e Rachel conseguimos tirar a partir de suas respostas foi que... Já que você não é filha de Hades,srta. Gomes, você tem a benção do deus do mundo inferior.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da descoberta desse capítulo? Me falem!