Não fiquei muito surpresa, apesar de achar que era filha de Hades. Agora estava explicado porque eu gostava tanto de dormir. Só que meus sonhos onde eu via a minha avó não se explicavam. Por que eu conseguia ver as pessoas que já estavam no mundo inferior? E por que me sentia tão bem com isso?

Fui me sentar com meus irmãos que me receberam muito bem. E assistimos o resto da cerimônia. Era engraçado ver como os filhos de cada pai e cada mãe se pareciam, não só na aparência, mas no jeito também.

Durante o jantar vi Percy, Annabeth, Jason, Piper, Leo e até... Oh meu Zeus! Calypso! Leo conseguira resgatá-la e agora ela estava no acampamento!

Tive que me conter para não ir falar com eles, porque minha vontade era pedir um autografo para cada um e dizer que sabia tudo sobre eles.

Olhei para a mesa do chalé 13, que provavelmente seria a mesa onde eu estaria se eu não fosse filha do deus do sono. Fiquei muito surpresa ao ver Nico Di Ângelo. Sabia que ele ia de vez em quando ao Acampamento, mas ele morava no mundo inferior, certo? Curiosa, perguntei pra um de meus irmãos:

– Hunter, Nico Di Ângelo não vive no mundo inferior?

– Você conhece Di Ângelo? - Perguntou surpreso - Ele é meio estranho, sabe? Ele fica bastante no mundo inferior, mas às vezes passa um tempo por aqui. Ele não gosta muito de socializar. Como você o conhece?

A pergunta de Hunter me trouxe de volta à realidade. Semideuses eram dislexos, não sabiam sobre os livros.

Tive que pensar rápido numa resposta. Olhei para Thalles e vi a luz:

– Hãn... Meu sátiro veio me explicando sobre os deuses no avião e falava sobre um filho de cada um deles... Quando falou de Hades deu Nico como exemplo. Eu achei que era filha de Hades por algumas características minhas e me interessei. Aí ele mostrou quem era Nico quando chegamos.

– Ah, entendi. Tudo bem, então.

Quando o jantar terminou fomos para a fogueira e lá pude conhecer os semideuses de outros chalés, foi totalmente interessante conhecê-los.

O tempo na fogueira foi bem agradável exceto por algo que me incomodou e me assustou: Nico Di Ângelo me encarou a maior parte do tempo que passamos envolta da fogueira, e depois, quando já íamos nos retirando para os chalés, eu e meus irmãos parecendo zumbis, de tanto sono, o menino- que- não- gostava- de -socializar me chamou:

– Hey, cria de Hipnos...

– Eu?

– Por que está indo pro chalé 15?

Que tipo de pergunta foi aquela? Ele mesmo falou que eu sou filha de Hipnos.

– Hãn. É lá onde os filhos de Hipnos dormem e, sabe, eu sou filha dele...

–Eu sei, mas tem algo diferente em você. Algo que só consigo perceber em algumas pessoas...

Aquela história toda estava começando a me deixar com muito medo. Ele era muito misterioso. Por que raios ele não falava de uma vez o que era?

– E o que você percebe? Pode me dizer? Sabe... Estou com sono e todos no meu chalé já devem estar dormindo. E eu queria estar dormindo também.

– Eu... Eu não posso.- Falou ele, meio constrangido de repente - Não sem ter certeza. Vou ficar uns dias aqui no acampamento. Me encontre amanhã depois do café- da- manhã. Vamos falar com Quíron sobre isso.

Confesso que aquilo me deixou muito curiosa. O que é que eles estava querendo dizer com tudo aquilo? Por que ele me chamou se não podia me falar o que era? Eu odiava ficar na curiosidade. Mas como boa filha do meu pai e tomada por todo o ambiente que o chalé 15 proporcionava, não tardei em pegar no sono, sonhando novamente com vovó. Mas dessa vez ela conversava com alguém. Ela estava falando com Nico Di Ângelo.