Eu posso estar ficando puta igual a Rie, não posso deixar que o meu primeiro contato próximo com um garoto me deixe assim, mas ele combinaria bem com a Rie, ambos tem o mesmo olhar e ousadia. PORRA, quando percebi, no restante da aula de matemática, eu havia me afundado em pensamentos semelhantes a esse, e já era aula de Português, e eu acho essa professora bem parecida com Fernando e Rie, a diferença é que Rie é um projeto de vadia analfabeta e a professora é uma vadia que foi aprovada no projeto e já estava o exercendo.

E eu estou chegando a conclusão de que preciso de músicas novas, minha concentração está muito falha e acabo escutando coisas desagradáveis como Victor e Fernando gritando em tom de brincadeira para Rie ir a festa da mesma noite - Quando foi que esses dois se tornaram tão próximos?!- e assim o grupo de gostosas poderia estar 99% completo, eu não tenho nada a ver com isso mas, quando vi a expressão de Rie dizendo "Claro, amores" na maior calma e prazer, irada, me levantei e começamos a discutir:

– Como você consegue?!Apenas 17 anos e já leva essa vida pelos cantos, uma prostituta tem mais valor que você, afinal ela ainda cobra!- Gritei irritada encarando-a seriamente.

– Melhor que você que além de burra e feia, não se enturma com ninguém, só fica em casa dormindo e ficando mais gorda do que já é, sua sem felicidade!Sua vida ao menos sentido tem Julie!- Retrucou rapidamente, em tom de voz ainda mais alto que o meu, enquanto me encarava.

Sem resposta, abaixei minha cabeça, exprimi minhas mãos e torci para que meus sentimentos não viessem a ser demonstrados e assim Rie pudesse ir sem marcas no rosto para a festa.O que eu estava sentindo era uma mistura de ódio com tristeza. E o que eu temia mais aconteceu, lágrimas começaram a escorrer sem parar, eu não queria que isso acontecesse.

Eu nunca me importei com o que Rie pensa ou faz, então porque agora? Enquanto a professora passava conteúdo e eu chorava, ouvi a voz de Victor me chamando:

–Você queria ir à festa também não é?- me chamava com tom de voz baixo, e com um sorriso em seu rosto, um provoco.

A última coisa que eu queria ter de aturar no momento, eram provocações como essa, principalmente vindos dessa pessoa. Rapidamente levantei também minha voz:

–Para que?!Dar o gosto de vitória sobre mim para Rie?!Jamais - respondi irritada e séria.

–Me encontre atrás do prédio quando as aulas terminarem- dizia, agora, com um sorriso gentil em seu rosto.

Assim foi feito, acompanhei Victor na esperança dele me fazer parar de pensar que ele é um idiota. Se soubesse antes não teria vindo de encontro com ele .... Quando soube do que se tratava, não tentei evitar e tive um ataque de risos:

–Caramba, eu sei que vocês brigaram mas, pode me dar umas dicas com aquela sua amiga que se faz de difícil?- Ele estava sério dizendo isso, não me aguentei e caí em gargalhadas;

–Hey!Eu não estou brincando- completou, fazendo um biquinho.

Então consegui parar, já era noite, então ele apenas me levou até seu carro e me pediu para entrar - não tenho nada a perder, e medo daquele loirinho é a ultima coisa que alguém teria, eu consigo o derrubar facilmente desde o fundamental - entrei já ligando o rádio,se eu achava que precisava de mais músicas, ele está em prioridade, apenas com uma única, e bem cafona. Cada vez que tentava desligar aquilo, ele batia em minha mão dizendo em tom sarcástico que, agora eu deveria aguentar até o fim.
A que ponto cheguei?Estou no carro de um dos príncipes da escola ouvindo uma música que tenho plena certeza que nem eu nem ele gostamos.

Finalmente chegamos, ele me levou à casa dele- não irá a festa sem ter chances com a paquera -. Aquele idiotá é realmente rico, o pai o permite viver por conta própria e comprou essa casa enorme para o filho viver sozinho.
Fui logo entrando enquanto procurava da cozinha, aquela geladeira só tem comida pronta e bebidas?! Percebo que é um dos meus, pois a minha está igual, peguei uma latinha de refrigerante e o segui no caminho para o quarto.
Você deve estar se perguntando quando fiquei tão íntima de quem odeio tanto, e a razão de ter topado vir aqui...Bom, a família de Victor é conhecida da minha, nossos pais eram amigos de longa data, então, eu já o conhecia porém,ele aos poucos se apaixonou por mim, então nos afastamos, e, quando nos reencontramos uma vez acabamos discutindo, e eu tenho certeza que ele é virgem, só se diz pegador e sempre leva foras nas festinhas, não seria comigo que ele tentaria algo.
Aquele quarto fede, mas não vou falar nada sobre...Sentei em frente ao computador e suspirei iniciando uma conversa...:

– O que faço agora?Te ensino como abrir uma guia anônima do Google?

– N-Não! Eu sei fazer isso!-Respondeu envergonhado.

–Ahh, então pode me levar para casa?Nem sei o motivo de ter me trazido aqui.
Ele abaixou a cabeça e corou, ficamos um pouco calados até que ele finalmente me disse que poderia me levar, fomos quietos e eu na curiosidade, esse garoto realmente é estranho. Já são quatro horas da manhã e eu ainda não deitei, certamente nem irei, aproveitarei esse tempo para atualizar minhas músicas e evitar problemas como os de ontem, havia me esquecido completamente que terei de encarar Rie novamente, me pergunto se aquela garota me fará falta, ou me causará problemas, afinal mostrei minhas lágrimas muito facilmente...