The Mutants - O Dragão Branco escrita por Mano Vieira


Capítulo 8
Capítulo Oito


Notas iniciais do capítulo

Wow, meu monitor deu uns probleminhas por aí semana passada então não deu para eu escrever muito. Talvez, por conta disso, o capítulo a seguir venha atrasar (já que perdi a inspiração para continuar escrevendo o capítulo 10), mas enfim, dado o aviso, aqui está o capítulo oito :3
Espero que vocês gostem õ/



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O local estava repleto de pessoas, mesmo o horário já estando avançado. O refeitório, caso fosse visto de cima, lembraria muito um formigueiro.

Jen estava sentada na ponta, acompanhada por Kakaroto. Nenhum deles comia, mas suas bandejas denunciavam que já haviam feito isso. Agora, estavam apenas bebendo seus Milk-shakes.

—O milk-shake de morango daqui é muito bom mesmo! — Exclamou K. O garoto estava maravilhado com o gosto. Jamais havia provado um tão bom.

Jen sorriu.

—Achou que eu não tinha bom gosto, K? — Disse, sorvendo um pouco mais do conteúdo do copo. K não achou necessário responder, o que deixou Jen um pouco frustrada, apagando uma parcela de sua felicidade ao estar com ele.

Um grupo de pessoas que passaram por eles riram mais alto do que o normal e começaram a encará-los, enquanto andavam. Uma vez ou outra, alguém do grupinho fala algo, enquanto olhava provocativamente para eles, fazendo com que seus amigos caíssem na gargalhada.

Jen já tinha percebido que essa não era a primeira vez só no mesmo dia. O pior é que esse tipo de coisa só começou a acontecer enquanto ela estava com ele, ou seja, ela subintendeu que, qualquer que seja o problema, era com Kakaroto, o que a deixava mais preocupada ainda, já que via que ele não estava tão confortável assim. Jen bufou, parou de beber e lançou a bomba:

—Vamos lá, você não acha estranho? — Perguntou. O garoto olhou para ela, mas não precisou dizer nada, estava escrito em sua testa que ele não tinha entendido direito a pergunta. — As pessoas passarem por nós, cochicharem e depois rirem, enquanto nos encaram. Eu estou ficando constrangida com isso, sei que não fiz nada, então o problema é com você. — As palavra dela não tinham uma intenção de fazer com que ele se sentisse pressionado, mas foi exatamente esse o efeito que teve sobre o garoto.

O garoto bufou. Em qualquer ocasião, Jen lembrava Yuna. Agora ele sabia que não era só na aparência, mas a personalidade das duas era bem parecida. Até mesmo o sabor do milk-shake estava sendo igual. Yuna tinha paixão por qualquer coisa que envolvesse morango. Kakaroto pareceu analisar bem Jen, e então, colocando o copo — preenchido pela metade—no canto direito da bandeja, lançou:

—Você ficou sabendo de uma briga que houve, aqui no refeitório, esses dias atrás? — Jen se arrepiou. Na hora, ela lembrou-se do que Kelsey havia dito “a sua amiga ficou nua em frente todo o colégio” Jen se lembrou, depois, do gelo que a amiga havia tratado toda a sua preocupação. Desapontada com tudo isso, simplesmente balançou a cabeça, concordando. O garoto prosseguiu: — eu fui um deles, dos que brigaram. Mas não tive nenhuma culpa, sabe? A garota simplesmente apareceu e começou a me atacar. O meu amigo até me ajudou, mas ela era, sei lá... Perturbada!? — Jen conseguia sentir a dúvida em sua voz, ao ouvi-lo falar da garota. — Já estava virando uma zona, várias pessoas estavam em volta, assistindo. Ninguém quis ajudar. Então, tive que recorrer a minha mutação, para acabar com tudo. Claro que eu não queria mata-la, por isso eu moderei no golpe, mas queria deixa-la bem acabada, ao ponto de não conseguir se levantar, mas de algum jeito ela se defendeu. Eu não sei como, nunca ninguém tinha conseguido fazer isso, mas ela não saiu queimada. Só as suas e as minhas roupas foram queimadas. Foi estranho. Mas, estávamos ambos nus na frente de todo o colégio! Depois disso, tenho recebido várias cartas no dormitório, me acusando de ser um pervertido. Até fizeram algumas maldades comigo durante o período de aula...

Jen não conseguia mais ouvir.

—PARE! — Diminuiu o tom e desculpou-se — eu não aguento mais ouvir! Já entendi... Isso é muito... Ruim! O pior de tudo é saber que eu conheço a pessoa que te atacou. —Os olhos dele quase saltaram do local em que estavam. Seu corpo ficou tenso. Jen sabia que não devia entregar a amiga desse jeito, mas poxa! A garota estava estranha há dias com ela e Jen já havia criado uma grande consideração pelo garoto que estava em sua frente. — O nome dela é May, Miley, e é uma colega de classe minha. Éramos amigas, mas de um tempo para cá ela mudou completamente, parou de falar comigo, começou a ser grosseira com a maioria das pessoas! Odeio gente assim, por isso, me afastei. Desculpe-me, mas não sei o motivo dela para ter te atacado. Desculpa-me mesmo por não poder te ajudar...

—Está tudo bem, Jen. — Ele sorriu. — Não me importa o motivo dela ter feito isso, só espero que ela não venha procurar algum tipo de vingança ou coisa parecida. —Jen percebeu que o assunto tinha acabado ali. Após alguns constrangedores segundos de silêncio, ele expôs: — Você está com fome? Pois eu estou! Vou pegar alguma coisa para mim, caso você queira também...

—Ah, muito obrigada! — Jen sorriu. — Pode me trazer o mesmo que você irá comer!

O garoto assentiu e deixou-a ali. Jen olhou para o grande relógio de bordas pretas, que ficava pregado na parede do outro lado do refeitório, em cima do balcão onde ficavam as comidas. O horário já era avançado e ela tinha que acordar cedo no outro dia, mas decidiu fazer esse sacrifício de ficar mais um tempo com ele, já que ambos não se veriam por um bom tempo.

+++

A diretora era uma pilha de nervos. Ela estava sentada em sua sala, balançando a perna, visando eliminar a tensão de seu corpo. É claro, não era ela quem iria para fora do colégio, mas mesmo assim, ela estava ansiosa demais. Talvez nem possamos chamar isso de ansiedade, mas de dúvida-de-última-hora.

Veja comigo, sabe quando você está fazendo algo, mas momentos antes de terminar, bate aquela dúvida cruel de se que o que você está fazendo vai dar certo? Aquele momento em que toda a sua fé é colocada em teste e, normalmente, ela sempre desliza? Onde você pensa que tudo o que fez foi em vão, e pensa até mesmo em desistir antes de apresentar o resultado de todo o seu trabalho? Todas as acusações dos outros membros do conselho estavam ecoando em sua mente. É como se alguém tivesse gravado e estivesse dando play e replay a hora toda.

Mas ela não tinha tempo para isso, pôs-se em pé, e respirou fundo. Não, não ia cancelar essa missão, não agora. É claro, era perigoso enviar alunos, que mal sabiam o que lhes esperavam lá, para fora do colégio, mas ela tinha fé. E a fé é o que, normalmente, muda os nossos destinos para melhor.

Foi até a sua estante que cobria toda uma parede. Mexeu em um livro X, mas não o retirou do lugar. Em questão de segundos, a estante começou a se abrir, revelando uma passagem escura. Ela entrou naquele local, fazendo com que a passagem fosse fechada e ela estivesse totalmente no breu. Deu alguns passos e parou. Sua mão se esticou para frente, fazendo com que uma tela enorme aparecesse em sua frente. Era possível ver nitidamente a mensagem “Chamando...” escrita ali.

E então alguém atendeu. Um homem, muito parecido com Kentin apareceu ali.

—Saudações, Fernando. — Disse a diretora. O garoto ficou um tempo parado, como se não tivesse ouvido o que ela disse, até que então, respondeu. Delay. A diretora continuou: — Como está indo a missão de vocês? Já faz uma semana que os enviei, não?

Ele concordou com a cabeça, respondendo a última pergunta.

—Nós estamos indo bem, praticamente. — Disse — acabamos de achar coisas importantes sobre o inimigo, como o transporte e até aonde eles irão. Conseguimos também rastrear fortes sinais, que acreditamos que seja do Dragão, já que o local em que eles irão pousar a nave é próximo do local onde os sinais estão.

A diretora assentiu.

—Eu estarei enviando o reforço em algumas horas. — Comentou. — Não se deixe levar pelas aparências, entenderam? — Ele assentiu, tanto por ele, quando pelos outros dois que estavam ali com ele. —Fale para a Trícia me enviar as coisas que conseguiram descobrir, ok? Estou desligando, tenho mais coisas a fazer.

A tela se apagou, deixando o local escuro novamente, mas isso mal fazia diferença para a diretora. Ela saiu dali, mas não sabia ao certo o que ia fazer. Ainda estava nervosa. Por sorte, ela previra isso e anotou tudo o que precisaria fazer no bloco de notas e deixou-o em algum lugar, agora qual lugar em que ele estava é que pode se dizer que é o verdadeiro desafio.

Após um bom tempo vasculhando tudo, ela finalmente encontrou as notas. Leu o primeiro ícone da listinha: “Pegar os uniformes na malharia”. Saiu da sala, com o bloco ainda em mãos. Não ficava muito longe, já que logo estava no local. Ela viu um grande retângulo na parede, que possibilitava a comunicação de uma pessoa que estava no corredor com a que estava dentro da sala. Ali, estava uma moça jovem, que sorriu ao ver a chefe.

—Vim buscar as jaquetas... — Disse retribuindo o sorriso.

—A senhora sabe quando foi encomendado? — As duas continuaram ali, vendo coisas assim para que ficasse bem mais fácil a localização dos produtos.

Logo a diretora estava saindo dali com a encomenda em mãos, atrás de outro material que eles precisariam usar.

+++

O despertador tocou alto no quarto de Ken. O garoto demorou a acordar, mas quando o fez, tratou de calar o aparelho o mais rápido possível para que os outros não acordassem. Sem sucesso.

—Cara, você quer apanhar? — Rosnou Leonard — trate de dar um fim nessa bosta, ou eu mesmo dou!

—Me desculpe! Eu não sabia que estava para despertar nesse horário... — Kentin mentiu. É claro, Leonard não prestou tanta atenção assim, já que estava mais interessado em voltar a dormir.

O garoto levantou com cautela e foi até o frigobar, procurando por algo que poderia ser um café da manhã. Comeu o desjejum e fez sua higiene matinal. Colocou uma roupa leve, um tênis bem amarrado e saiu o mais sorrateiramente possível.

Kentin estava tendo uma oportunidade de poucos. Não, não me refiro à oportunidade de estar saindo do colégio, mas sim o fato de ele estar andando pelo colégio ainda vazio. Suas dimensões pareciam ter sido multiplicadas por dez! Qualquer detalhe, seja na parede, no chão, no teto, estava bem mais visível agora, mas claro, Kentin não estava se preocupando com isso.

Kentin chegou ao local do encontro primeiro do que todos. Um fato incomum, mas milagres acontecem. Não tinha o que fazer enquanto esperava, então resolveu sentar em um dos bancos do pátio central. O garoto percebeu o quão grande era o local, o que o deixou com uma pulga atrás da orelha sobre se o local produziria ecos caso ele gritasse. Começou a balançar a perna para eliminar o nervosismo causado pela ansiedade. “será que cheguei cedo demais?” pensou, após um bom tempo sozinho.

Ken já estava para ir embora quando viu Jen vindo em sua direção como se fosse um zumbi.

—Bom dia... – Disse a garota enquanto coçava o olho esquerdo com as costas da mão e se sentava ao lado de Ken.

—Bom dia! — Ken notou algo diferente na amiga, mas preferiu não comentar, já que nem ele mesmo sabia o que era.

Pobre garoto, mal sabia que era somente a ausência de maquiagem no rosto da menina. Ou você achou que os mutantes também não ligam para a beleza?

Os dois ficaram um tempo, sozinhos, em silêncio. Ken observando o chão e Jen tirando um cochilo, apoiada em seu ombro.

Foi então que May chegou. A garota estava empolgada, mas não iria demonstrar isso para eles, seus irmãos não se orgulhariam dela agindo normalmente ao lado de seres inferiores. Essa ideologia casta de força dos irmãos da May realmente é uma ideia repugnante, pena que ela estava fixada demais nela para perceber isso.

Kentin notou que a garota estava vestida como se fosse passar o dia na escola: os cabelos dourados estavam penteados como sempre, uma camiseta lisa da cor rosa claro e uma saia vermelha. Nos pés, um par de botas de salto alto, da cor preta.

—Bom dia! — Kentin usufruiu de sua boa educação, mas sequer foi notado pela oura.

O garoto piscou. Sabia que isso aconteceria, mas não custava nada tentar voltou a olhar para baixo e a esperar a diretora chegar.

+++

Barulhos do salto entrando em contato com o chão ecoavam no pátio, logo, foi possível ver a silhueta humanoide que se dirigia em direção ao trio. Com pouco mais de tempo, a diretora estava na frente da cada um deles.

—Bom dia! — Saudou, recebendo a saudação por parte deles também. Então, ela continuou: — nesta sacola estão as jaquetas. Elas irão se adaptar conforme o clima, para melhor conforto de vocês. Também usamos de um material super-resistente, o que dificulta a destruição da mesma. — Uma jaqueta foi entregue a cada um deles, que a vestiram. Couberam certinho! Kentin ficou impressionado com o quão macio era. As jaquetas pretas com detalhes em vermelho nas barras mangas e nas do pescoço e da cintura eram espetaculares! — Este outro aparelho servirá para a comunicação de vocês conosco e de nós até vocês. Ele também é resistente, mas não é indestrutível. Tomem cuidados múltiplos. Nele também está disponível um mapa que marca a localização de vocês e aonde devem chegar. — Kentin segurou o aparelho em suas mãos. “Se parece com um controle de PS4”, pensou. — Aqui também tenho três cópias do mapa, um para cada um.

Nada além do silêncio durante alguns segundos constrangedores entre os quatro. Finalmente estava na hora.

—Sigam-me. — Disse a diretora, dando as costas para eles e locomovendo-se. A sua frase ecoou.

Ela já estava a alguns passos deles quando realmente caiu-lhes a ficha. May foi a primeira a mover as pernas que estavam trêmulas. Ken e Jen se encontravam na mesma situação complicada. Era como se todo o seus corpos clamassem para voltar para a cama, para que eles não saíssem do colégio. A barriga de Kentin também estava se manifestando contra os movimentos que o garoto estava realizando em direção à porta.

Tiveram que apertar os passos ou ficaram para trás, a diretora não parecia estar brincando. Seus passos eram firmes, que demonstravam a sua total confiança no que estava fazendo.

Não demorou muito para que todos eles estivessem em um local totalmente proibido para os alunos: eles estavam no jardim de entrada. Era o jardim mais bonito do colégio.

Olhando de cima, você veria vários círculos, com uma fonte de água no meio. Mas a proporção disso tudo era monstruosa. A fonte era enorme e jorrava água com uma força sem igual. Era praticamente normal ficar molhado, como se estivesse na chuva, ali. As folhas eram todas verdes forte, demonstrando a sua saúde-mais-que-perfeita. As flores que podiam ser vistas em alguns lugares tinham uma tonalidade de vermelho vivo, o que deixaria qualquer um agitado o bastante para dançar e pular sem parar. As trilhas onde eles pisavam, eram revestidas por pequenas pedrinhas brilhantes, que serviam para acrescentar mais a beleza. Pouco distante era possível ver o final o colégio. As grandes paredes que os separavam do resto de todo o mundo.

Foi uma caminhada demorada, mas nada cansativa. Muito pelo contrário: a cada passo, eles se sentiam revigorados, prontos para a jornada que estava por vir.

Finalmente, os quatro estavam na frente do grande portão cor de metal. A diretora olhou para eles.

—E é aqui que eu me despeço de vocês. — Ela recebeu somente o silêncio deles. Subentendeu que eles estariam dizendo a mesma coisa que ela, caso não estivessem ansiosos e surpresos. Alguns botões foram apertados e então, um grande estalo.

Os portões começaram a se mover lentamente. Era possível ver tênues colunas de luz que escapavam do lado de fora, pelo espaço que só crescia entre um os lados dos portões. Outro estalo.

A um passo deles, a aventura os esperava.


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Notas finais do capítulo

E é isso o capítulo. Não sei, mas agora, talvez, algumas coisas comecem a melhorar. A aventura está aí, a um passo a frente.
(O próximo capítulo já está pronto, porém, como dito antes, ele irá atrasar por motivos de que eu não quero que o que eu estou postando chegue no mesmo ponto do que eu estou escrevendo.)
Abraços e até o próximo capítulo õ/
E isso é tudo, pessoal!