The Mutants - O Dragão Branco escrita por Mano Vieira


Capítulo 19
Capítulo Dezenove


Notas iniciais do capítulo

yay! Bem, quem é vivo sempre aparece, não é? Foi mal pela demora galera, é que eu não sabia como terminar a luta e pra ajudar meu monitor resolveu queimar Mas já está tudo resolvido e aqui está mais um cap!
Boa leitura



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O jipe estava indo a todo vapor. Não importava o tipo de solo e nem quantas vezes o veículo ameaçasse tombar para um lado ou outro: eles não paravam e sequer iriam diminuir a velocidade. Tinham cometido uma falha enorme, como nunca cometeram antes e, caso algo desse errado, jamais se perdoariam.

Trícia não ligava para a morte das crianças, afinal, não tinha nada com elas. A garota nunca gostara muito de crianças: achava que eram apenas criações do capeta; sinônimo de bagunça e falta de paz. Era normal presenciar o discurso dela em que dizia: “Detesto crianças. Só fui uma porque não pude escolher com a idade em que nasceria. Caso contrário, eu teria nascido com dezessete.”

Ian se achava imprudente em não ter pensado na possibilidade da nave estar indo para lá só para resgatar os soldados com seu troféu. O garoto estranhou quando entrou nela e viu que não havia ninguém —além dele — ali. Não demorou muito para que sua ficha caísse e ele corresse logo para avisar os acompanhantes qual era a boa.

Fernando estava ansioso para por a mão na massa, mas estava tentando —ao máximo— esconder isso de seus colegas de trabalho que, muito provavelmente, já sabiam devido o grande tempo de convivência. O garoto demonstrava-se muito ansioso ao estalar os dedos e o pescoço frequentemente. Ele precisava sair do jipe tanto para se esticar melhor, quanto para mijar.

+++

Abyss olhou furiosa para os quatro pirralhos que estavam destruindo seus planos. Como é que podiam ser tão encrenqueiros desse jeito? Ela não entendia, mas também não queria mais entender. Tudo o que queria era dar um fim neles e completar sua missão para que não fosse rebaixada ou até mesmo morta por ser inútil.

May segurou a arma com mais firmeza, a mão dura e as pontas dos dedos brancos. Só não tinha atirado ainda, pois estava traumatizada pelo que acontecera recentemente. Kentin também segurava a arma firme, mas jamais houve em si a vontade ou intenção de atirar. Jen fitava Abyss, reparando em cada detalhe da moça. Teny sorria maliciosamente, já que a volta de seus poderes era uma carta-na-manga.

—Podem parar por aí, crianças. — Gritou a maior — vocês não vão me impedir de conseguir o que eu quero, não agora. — Blefou.

—É o que vamos ver, então. — Disse May que num impulso de coragem e determinação, apontou a arma para a perna da capitã e disparou. Não foi certeiro. Mas despertou mais ainda a ira da maior.

Abyss não esperou por outra provocação para partir para cima da garota. May mal pôde ver. Em questão de segundos, sua arma estava caída no chão, totalmente distante de suas mãos. Seu corpo estava sendo levado, em direção a uma estalagmite, por Abyss que se demonstrava totalmente insana e sedenta por vingança.

O corpo de Jen estremeceu quando May foi jogada com força na rocha que nascia do chão. Kentin segurou a arma na altura dos olhos e mirou, mas não estava preparado para atirar: suas mãos suavam e suas pernas encontravam-se bambas. O braço já começava a dar indícios de que iria doer. Era difícil mirar. O garoto lembrou-se do tiro de May em Abyss, que desviou sem muito esforço. Posso acertar ela, pensou. Seu estômago começou a protestar e o medo de acertar à amiga o fez abaixar a arma e penas assistir o que acontecia: Abyss erguia May com uma mão e pressionava com força o corpo da menor contra a estalagmite.

May se debatia. A mão rígida da comandante estava severamente fechada em seu pescoço, dificultando sua respiração, fazendo-a passar de branco-leite para vermelho-pimenta. Como se não bastasse, ainda era jogava violentamente contra a estalagmite. Suas costas ardiam e os olhos lacrimejavam. A loura tentou acertar um chute na outra, mas o movimento foi em vão. Suas tentativas frenéticas de se livrar eram totalmente falhas, e isso estava cada vez mais a cansando e deixando May sem quaisquer esperanças.

—Pare de se debater, megera! — Abyss cuspiu as palavras de um modo severo e, ao mesmo tempo, tomada pelo prazer. — Não quis me atrapalhar? Agora terá que arcar com as consequências. —Levantou May no ar e, com fúria, lançou-a no chão.

Uma onda de raiva passou pelos três que assistiam a cena. Jen não podia mais ficar parada vendo aquilo. Não era como se estivesse assistindo a luta da amiga contra o aspirante a namorado, onde ela teria que entrar no lance para parar os dois antes que se machucassem. Era totalmente diferente: a amiga já estava num estado miserável devido ao cansaço e a experiência de sua rival, mas Jen não precisava se conter agora. Ela poderia usar tudo o que o seu primo havia lhe passado. Todas as técnicas violentas que ela detestava do fundo do coração usar.

Kentin e Teny estavam mirando, mas Kentin mirava covardemente e só Teny possuía o real intuito de atirar. Eles observaram Jen lançar uma pequena estaca escarlate que acertou em cheio o braço de Abyss, que virou na direção deles com sangue nos olhos. A mulher não teve muito tempo de fazer alguma coisa para prejudicar os garotos: ela foi pega de surpresa por dois tiros — um de cada um dos garotos que portavam as armas — mas por sorte, ou azar, nenhum deles foi certeiro.

Abyss colocou a outra mão na estaca e tentou tirá-la, mas quanto mais puxava, mais sentia seus músculos rasgarem e a ardência era como o inferno. Demorou, mas conseguiu tirar a estaca de sangue. Percebendo que havia pequenos espinhos vermelhos saindo da extensão da estaca revoltou-se e lançou com força o objeto na direção da menor— ele se desfez em sangue líquido antes de acertar ela.

Os garotos continuaram mirando e atirando enquanto andavam cautelosamente para frente. Seus tiros acertavam a estalagmite em cheio, deixando crateras para marcar a história. Jen acompanhou-os, tentando acertar golpes em Abyss com um chicote de sangue semirrígido. Os ataques foram frenéticos até que estivessem perto da May e em volta da comandante.

Teny olhou para Kentin, que já havia entendido o aviso. Um deles atirou, Abyss desviou, e, o outro, mirou e atirou em seguida. O tiro passou de raspão pelo seu braço e o choque a fez levar inconscientemente o outro braço para o local em que supostamente teria acertado. As pupilas dela estavam dilatadas e sua respiração parecia pesar toneladas. Não tinha pensado que eles seriam capazes de pensar nisso: a cercarem para tirar vantagem da proximidade. A rival sabia que qualquer descuido que tivesse agora seria sua cova, cavada por si mesma. Tinha que dar um jeito de se livrar das armas dos garotos e foi exatamente isso que ela fez. Girou e chutou arma de um para longe, enquanto com algo indefinido desarmou o outro. Jen preparou-se para atacar, mas foi mordida por Abyss e isso doeu, e muito.

Kentin olhou pasmo para Abyss e viu que o que tinha batido em sua mão não era nada mais, nada menos, do que uma cauda grossa e comprida. Jen e Teny também se assustaram. Os três se afastaram com pavor pela cena que estava se iniciando. A Abyss magra estava inchando cada vez mais. Seu rosto estava se deformando, olhos cada vez mais separados e, o nariz, estava saltando do rosto de um modo extraordinário deixando as narinas abertas mais do que o normal. A boca acompanhava o crescimento do nariz, expondo dentes enormes e afiados. Os braços que antes finos eram agora tão grossos quanto um tronco de uma árvore, as veias queriam saltar para o lado de fora de tão inchadas que estavam. As unhas dos dedos grossos cresceram e pareciam estar mais afiadas do que navalha, totalmente dispostas a cortar até mesmo aço.

Abyss tinha se tornado em um jacaré fêmea. Jen ajudou May a se levantar e eles tentaram se afastar dali enquanto a outra completava sua transformação. Os quatro buscaram abrigo atrás de uma estalagmite. Jen encostou as costas da amiga na rocha e a observou, procurando saber se ela estava com algum corte fundo ou coisa do tipo. Era difícil falar, o rosto pálido de May estava sujo de terra, poeira e sangue. Algumas partes estavam tão inchadas que impediam Miley de abrir os olhos ou até mesmo falar. O peito dela se erguia e abaixava fortemente. Jen apalpou algumas partes do corpo da amiga procurando por lesões graves ou coisas semelhantes, por sorte não encontrou nada do tipo.

Kentin e Teny ficaram na retaguarda, observando o final da transformação de Abyss em uma cuca. Kentin pensou em atirar, mas isso só revelaria o local em que eles estavam, já que ele tinha certeza de que iria errar o tiro.

— O que vamos fazer agora? — Kentin estava desesperado. —Não tem como conseguirmos algum tipo de vantagem sem poderes... Quem mais sabe lutar está impossibilitada... Eu não quero morrer agora.

—Vou ter que tentar queimá-la — Teny deu a ideia — Jen pode continuar tentando acertá-la com estacas de sangue e, já que você ainda está sem poderes, dê um jeito de afastar May daqui o mais rápido possível. Ainda temos uma pequena vantagem já que somos dois contra um.

Eles assentiram. Kentin deu uma última olhadela para ver se Abyss ainda continuava e transformando e após isso pegou Jen e apoiou-a em suas costas.

Não houve tempo para mais preparação dos garotos: a estalagmite foi quebrada ao meio, relevando um jacaré com cabelos louros, furioso. A boa estava aberta demonstrando seus dentes afiados e amarelos, o bafo impregnava o ar e a saliva escorria rapidamente para o chão pelos vãos entre os dentes.

Kentin correu o mais rápido que pode. Jen começou a atacar cm chicotes de sangue enquanto Teny tenta acertar algum tiro em Abyss, mas parecia ser em vão. Os tiros ricocheteavam ao bater na pele dela, era como se estivesse revestida por uma película que impedisse as balas de fazerem um furo em sua pele.

Kentin estava com as pernas doendo e sua respiração já estava começando a falhar, mas ele não podia parar ali. May ainda não estava sã e salva. O correr desengonçado do garoto cessou assim que ele se eu por vencido e atendeu, involuntariamente, ao pedido de descanso que corpo suplicava, caindo fatigado no chão, com May em cima.

A garota se mexeu, deixando Kentin assustado. Ao vira o rosto para ver melhor a menina Kentin pôde perceber que mesmo estando acabada, May ainda nutria seu ódio por Abyss e era exatamente isso que a movimentava. A garota se jogou na direção o perigo e Kentin pôs as mãos nos cabelos com desespero, não acreditando no que estava vendo. Mesmo que isso fosse loucura, ele desejava sorte a May.

Jen estava tentando, ao máximo, minimizar os ataques que Abyss dava ou tentava desferir. A rival já estava impossibilitada de mover os pés, já que havia uma grossa crosta de sangue seco prendendo-a no chão. As únicas coisas eu ainda se movimentavam eram as mãos e a cauda que tentava desesperadamente rachar a crosta.

Teny lançava vários raios de fogo, que queimavam, mas não parecia ser um grande empecilho para Abyss. O garoto só esperava por uma oportunidade de ouro em que Abyss abrisse bem a boca para que ele pudesse despejar o máximo possível de fogo em seu interior, para que queimasse qualquer coisa que ainda permitisse que ela se movesse.

Foi quando May apareceu ali entre eles. Jen olhou, desacreditada, para amiga que mantinha uma postura totalmente estranha: a cabeça estava baixa e o corpo parecia que iria despencar pra frente a qualquer momento de tão curvado e mole que estava.

— May, o que você vai fazer? — Jen gritou, mas a amiga não respondeu. Sequer parecia ter ouvido.

Uma esfera de energia negra começou a se formar entre as mãos moles, pálidas e feridas da amiga. Jen pensou em gritar de novo, mas sabia que isso não surtiria muito efeito. Uma voz que residia no fundo de sua mente implorava para que ela fosse até May e que chacoalhasse a amiga até que ela pudesse olhar bem no fundo dos olhos dela, mas a mesma voz era paradoxal ao dizer que isso seria totalmente em vão.

A esfera foi lançada com uma velocidade incrível na direção de Abyss, que num movimento inesperado, abriu a boca e engoliu a esfera — o que não lhe causou muitos estragos internos. May foi com tudo para cima de Abyss, mas seu jeito molenga não lhe abandonou: se Jen não estivesse preocupada com a amiga até acharia certa graça na cena.

As braçadas de May tinham uma força incrível, mas não era o bastante para nocautear Abyss em sua nova forma. Não havia socos por parte de May, sua mão estava aberta e muito mole, percebeu Jen.

Abyss defendia em muito esforço. Ela não podia negar que senti uma pontada de dor, como se a qualquer instante um desses ataques pudesse quebrar e reduzir os ossos do seu braço ao pó. May começou a alterna os golpes com braços e chutes. O barulho do impacto era alto, muito alto e estremecia não só Jen como Teny.

Foi quando a Cuca acertou-lhe um golpe no pescoço, fechando sua mão e levantando-abem alto que Jen viu que May não estava, de fato, lutando. Os olhos da amiga estavam completamente brancos e não havia nenhuma expressão de dor ou desespero por estar ficando sem ar.

—Mas o quê... — Um barulho de um tiro soou, chamando a atenção de todos que estavam conscientes no local, impedindo Jen de prosseguir com seu pensamento.

—AÍ SEU JACARÉ MALDITO! — Jen conhecia a voz. Ela procurou por sua dona e a encontrou. O ser amedrontador era agora um símbolo de paz, esperança — NÃO ATRAPALHE MEUS PLANOS, SEU PÁRIA. — Trícia jogou sua rpg totalmente preta no chão pegou uma .50 em sua sacola repleta de armas.

Ian pousou graciosamente ao lado de Jen com May em seus braços, assustando a menor.

— Essa garota é resistente! — Comentou enquanto analisava May, que estava inconsciente. — ela ativou o modo berserker sem treino! E só tem quatorze anos! Isso é algo para se vangloriar.

Jen ficou sem reação por alguns segundos, mas não tardou para que um grande sorriso emergisse em seu rosto.


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Notas finais do capítulo

E ai galera, o que estão achando? Não liguem para a minha falta de conhecimento sobre armas! Eu sei que só a rpg era pra separar todos os membros do corpo de Abyss, mas é como se ela estivesse revestida por um material muito forte e resistível, entendem?
Mas é isso, o próximo cap está sendo escrito ainda, mas vou tentar postar ele na semana que vem! (Vamos lembrar que eu não estou prometendo nada, beleza? HSUHSUA)
Enfim, muito obrigado por você que leu até aqui! Um forte abraço, um feliz natal adiantado e até o Capítulo Vinte!
Isso é tudo, pessoal!



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