The Mutants - O Dragão Branco escrita por Mano Vieira


Capítulo 12
Capítulo Doze


Notas iniciais do capítulo

Uau, eu estou tendo tempo para escrever - algo que eu achei que não teria-, mas vamos ver até onde isso vai! Vale lembrar que esse capítulo é uma amostra do passado,caso você não se lembre.
Boa leitura



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O sol ainda não tinha nascido para o azar de todos aqueles jovens de sete anos para cima. É normal que a mutação não demonstre nenhum resquício até essa idade, e é bastante normal que ela só venha a desabrochar quando você já é adulto.

Guardas estavam por todos os lados, deixando os jovens todos intimidados. Ok, não eram todos os jovens que estavam com tanto medo assim, já que havia três deles que pareciam por medo não só nos outros mutantes, como em alguns guardas que estavam ali. Eles olhavam para tudo como se pudessem esmagar qualquer coisa somente com o olhar.

Yumo se perguntou quanto tempo ia demorar a que eles finalmente fossem para lá, mas a sua dúvida não durou tanto assim, já que uma moça magra e bonita, de cabelos longos e escuros apareceu na frente do porto, batendo palmas e chamando a atenção de todos para si mesma. Ela sorriu ao ver que todos os olhares não conseguiam seguir outro rumo.

—Olá crianças! — Sua voz era alta e linda, combinava totalmente com a sua aparência. O engraçado era que quando ela falava, uma tênue fumaça saia de sua boca, demonstrando o quão frio estava — Eu sei que a maioria de vocês não deve entender o que está acontecendo aqui, por isso eu me vi na obrigação de lhes explicar isso enquanto vocês esperam pelo transporte.

“Como vocês acabaram de descobrir, vocês não são humanos. São seres com leves mutações genéticas que fazem com que os humanos se sintam intimidados.” Ela sorriu ao falar a frase, como se isso fosse uma piada completa para ela “bem, infelizmente o único jeito de demonstrar que o governo se importa com o conforto de todos é separando as duas raças. Vocês que foram abençoados com esses poderes terão a oportunidade de ter uma vida do outro lado do planeta com pessoas iguais a vocês.”

Algumas pessoas começaram a falar entre si, causando um clima estranho entre todos ali no meio. Eles estavam assustados. Qualquer tipo de informação sobre o outro lado é totalmente restrita. Nunca se fala em pessoas com superpoderes nessa sociedade. Houve uma vez em que um homem decidiu se jogar de um grande prédio. Todos estavam tentando impedi-lo e a mídia estava lá, gravando cada cena do episódio. De supetão, ele pulou e todos que estavam acompanhando ficaram abismados quando viram o homem voando por dois exatos segundos antes de as gravações serem cortadas por um comercial sobre a saúde das crianças.

Isso deixou uma marca. Todas as pessoas ficaram confusas com o que tinha acontecido com uma pulga atrás da orelha ao ponto de até pesquisarem na internet sobre o assunto, mas era quase impossível descobrir um ponto sequer. Não havia blogs, não havia quem soubesse algo sobre pessoas voadoras.

Mas isso, não passou do começo. As buscas por mutantes na sociedade começaram a serem bem mais eficientes, todos os seres humanos começaram a se vacinar conta um novo tipo de gripe fatal, cujas informações sobre eram vagas. Alguns adultos morriam semanas após terem seus filhos levados por guardas totalmente revestidos por uma armadura onde a sua identidade não ficasse exposta.

Àqueles que não tinham nada a ver com o assunto, mas eram curiosos, desapareciam em questão de segundos, antes que criassem algum tipo de duvida em mais pessoas e que a questão fosse se proliferando de cabeça em cabeça. Todos viram o que acontecia com quem quisesse se envolver com o caso do homem voador, então preferiram abafar o caso, já que a mídia jamais tinha citado tal assunto após ele ser cortado pelo comercial de saúde.

Mas isso foi somente um episódio para mostrar a vocês o quão desinformado é a população humana sobre os mutantes, voltemos ao nosso assunto principal: os mutantes iniciados.

O navio finalmente chegou e todos os mutantes foram forçados a entrar nele. A moça com a linda voz também entrou, o que deixou alguns deles bem mais calmos do que antes.

O navio partiu dali. A moça mais velha estava sendo questionada por algumas crianças sobre coisas diversas, ela adorava tudo aquilo. Mais tarde, todos tiveram que se reunir, para que ela pudesse dar os avisos.

— Crianças, em algumas horas nós estaremos no novo lar de vocês. — Ela disse com um belo sorriso no rosto, o que deixava a todos menos frustrados por terem sido separados de suas famílias e enviados para outro lado do planeta. — Eu espero que todos vocês possam se dar bem lá. Acreditem: a vida de vocês agora será bem melhor do que seria caso ainda estivessem no outro lado. Eu espero que vocês utilizem esse tempo para descansar, pois o dia de vocês será longo. Alguma pergunta?

Uma criança ergueu a mão e esperou pelo consentimento para falar. Em poucos segundos ela ao obteve.

—Nós vamos voltar a ver a nossa família?

—Infelizmente, meu caro, não.

Outra criança levantou a mão.

—O que vai acontecer com eles?

—A maioria deles continuará tendo uma vida normal e serão informados sobre o andamento de vocês aqui. É como se vocês estivessem num tipo de intercâmbio. — Doía nela falar isso, iludir todas as pobres crianças sobre o futuro de seus pais. Para ela mesmo tinha sido uma grande frustração: se matar de estudar para conseguir se formar, alcançar o mais próximo de um humano normal e conseguir uma licença para voltar para o “mundo humano” para poder ver seus pais e descobrir que eles desapareceram logo após ela ser levada para a Nova União.

Ela sabia que, na verdade, eles não tinham desaparecido. Estavam mortos ou presos em algum campo de concentração. O governo não podia se dar ao risco de que aquele casal continuasse produzindo aberrações.

—Eu vou poder voltar para o outro lado do mundo, moça? — Uma das crianças voltou a perguntar, tirando-a do devaneio em que estava.

—Não... Para falar a verdade — ela se arriscou em demonstrar uma parte bem delicada desse acordo. — Alguns até conseguem ir para o Antigo Continente, mas raramente acontece. Os que vão para lá tem que passar por uma série de teste que provam que você obteve controle total da sua mutação, fazendo com que pareça 99% com um humano normal. Aí, é onde você começa a trabalhar separadamente dos humanos, para evitar ao máximo qualquer mal entendido. Há trabalhos como o meu, de guia para os novos iniciados, há trabalhos no exército, procurando por outros mutantes. E há aqueles trabalhos do qual eu nunca tive a oportunidade de conhecer sobre, por serem restritos demais.

O sol já estava nascendo e nenhuma criança estava interessada em dormir, para a sorte dela, todos tinha a adorado e ficariam conversando com ela por horas e horas.

Os três irmãos que se encontravam de olho naquela aglomeração —porém separados— não conseguiam entender como tinham sido pegos. A cena ainda era fresca na mente do mais velho: os poderes não faziam efeitos nenhum e aquele homem o amedrontava por inteiro. Nenhuma parte do corpo lhe respondia aos apelos do cérebro e aquela arma estava apontada para ele. Caso a boca ainda funcionasse, ele poderia explicar facilmente que tinha sido ele, com a ajuda dos irmãos, que pegava alguns criminosos para a polícia, mas nem disso ele era capaz no momento. As vestes pretas brilhantes o tinham feito um medroso completo naquela noite. May se sentia totalmente paralisada pelo dardo que lhe fora acertado na perna e no braço, causando dormência por todo o corpo, fazendo-a desabar com tudo no chão. Por pouco ela não perdera a consciência. O irmão do meio tinha ficado entre o irmão mais velho e a mais nova, sendo protegido e protegendo.

Logo, foi possível observar, lá longe, que um pedaço de terra estava por perto. Todas as crianças, ao saberem disso, foram para a borda do navio ver um pouco de seu novo lar. Estavam todas muito empolgadas, era incrível como a maioria já parecia ter se esquecido dos pais que deixaram para trás, de qualquer outra coisa com qual estavam preocupadas segundos antes.

—Vocês estão vendo aquele porto ali? — Perguntou a maior. — É lá que vamos desembarcar. E, sinto muito em lhes informar, mas terei que deixar metade de vocês.

Um coro se questionou revoltados, o porquê dela ter que fazer isso. A moça sorriu ao ver que eles se preocupavam com ela, isso sendo que eles tinham se conhecido há pouco tempo.

—Existem dois colégios para o qual vocês vão. Um deles é o The Mutants, já o outro é o IPMP (Internato Para Mutantes Profissionais). A divisão sobre quem vai para qual ocorrerá com base nas idades, mas isso não nos é lícito agora. — As crianças se sentiram desapontadas ao saberem que teriam que se separar de algum amido dependendo da idade, os irmãos já estavam prevendo o que o destino tinha reservado para cada um deles. — Eu sou a tutora dos que irão para o IPMP, e a tutora do The Mutants deveria estar esperando no porto com os ônibus, mas não consigo ver nada parecido com isso daqui. Provavelmente teremos um bom tempo de espera.

E eles, de fato, tiveram. Foram exatamente cinco horas de espera, mas não para que os ônibus chegassem, mas sim para que algo já esperado acontecesse:

—Eu não quero mais ficar aqui esperando! — Iniciou um garoto se pondo em pé. Seu rosto tinha algumas deformidades, mas não era nada monstruoso. A tutora já estava cansada de ver coisas como aquelas acontecerem, por isso nem se deu ao trabalho de impedir. — Nós estamos num novo local aqui, num lugar onde as pessoas são como nós. Aqui nós podemos fazer o que bem entendemos! Foi nos dado a chance de recomeçar, de viver!

Essa frase foi o que chamou a atenção de muitas crianças. Muitas mesmo. Não eram poucas as que estavam ali, e muitos se sentiram diferentes ao ouvirem as frases desse rebelde.

—Vamos, eu aposto que vocês sabem que podem viver livremente, sem leis, sem serem obrigados a fazerem qualquer coisa agora! Quem está comigo? — Um punhado de pessoas se levantou. Outras quase se juntaram ao movimento, mas a esperança era falha. Sequer conseguiam controlar as mutações, como conseguiriam sobreviver numa mata, sem qualquer tipo de lei ou obrigação? Esses que não foram tinham o tão aclamado juízo.

—A senhora não vai fazer nada? — Perguntou um dos jovens que estava do lado da tutora.

Ela estava sentada em um tronco, com as pernas cruzadas, pouco se importando para as frases que acabaram de ser proferidas ali. Todo ano era a mesma coisa: sempre uns punhados de jovens achavam que podiam se dar bem sendo, finalmente, independentes. A verdade é que a maioria não passava de uma noite fria na floresta: logo todos estavam sendo servidos de janta, almoço e quem sabe até mesmo como sobremesa para uma grande família de lobos-ursos famintos ou para aves-alstralophitecas.

—Não há nada que se deve fazer. — Disse ela. — Aqui realmente foi lhes dado uma nova chance de vida, vocês fazem o que bem entenderem. Todo ano há jovens que acham que conseguem viver por conta própria. Já até desisti de bater de frente. — Ela revelou— se você quiser ir, vá, mas caso ache que se dará melhor num dos colégios, continue aqui. Posso lhe garantir que conosco a sua vida pode durar mais de dois anos.

Dois anos? — a criança estranhou o pouco de tempo que era a garantia que a moça lhe estava dando. Qualquer um estranharia.

—A maioria sofre por estresse. Os estudos aqui são pesados. Isso resulta nos suicídios e coisas do tipo.

O garoto ficou boquiaberto com a nova informação, jamais teria imaginado que a vida era tão cruel assim, mas, havia três jovens que sequer tinham dado conta do que estava acontecendo ali. Os três debatiam um assunto de total importância agora: Os três irmãos debatiam sobre o como fariam para ficarem unidos.

—Olha, pode muito bem ser uma faixa etária em que todos nós tenhamos passado. — Disse o do meio — aí nós três ficaríamos juntos.

May queria concordar, mas sua opinião seria inútil e indevida ali.

—Eu sinto que não. — Disse o mais velho, calando o mediano na hora. — Sinto que somente dois de nós ficarão juntos, mas não consigo sentir quais são. Temos que dar um jeito para ficarmos juntos!

May também queria concordar, mas vocês já sabem.

— Não tem nada em mente? — O mediano perguntou, olhando preocupado para o mais velho, que negou e em seguida olhou para May. O tão esperado momento:

—Nós podemos intimidar a tutora — sugeriu — assim, ela nos colocaria juntos.

Os dois irmãos tiveram que concordar que a ideia dela era, de fato, muito boa.

—Acho melhor você ir — disse o mediano para o mais velho — você é melhor nessas coisas de intimidar do que eu e May juntos!

May concordou levemente com a cabeça e o maior foi.

Seu olhar fazia com que o clima mudasse entre as pessoas, a cada panelinha que se estava tendo uma conversa, quando ele passava por ela, todos se aquietavam e olhavam para ele com medo. Até que ele chegou perto dela, que sequer notou.

Agarrou-a pela roupa e puxou-a para cima, deixando o rosto feminino dela próximo ao dele. Os olhos cintilavam numa coloração vermelha, ameaçadoramente selvagem.

—Escute aqui, princesinha. — Ele iniciou. Era possível ver veias saltadas em seu braço grosso e sua voz não parecia nada humana. Há quem pudesse ver algum tipo de aura sendo expelida de seu corpo, e quem quer que veja saberia que essa aura era da própria morte. — Eu espero que você faça com que eu e meus irmãos fiquemos juntos no mesmo colégio, independente de qualquer idade que qualquer um de nós tenha, ou acabo com a tua raça, entendeu?

Um riso de escárnio por parte ela foi feito, o que o irritou ainda mais.

—Acho que a megera aqui ainda não entendeu o recado! — Ele bufou. — Estou falando que vou até o mais profundo nível do inferno para acabar com você. Caso você pense que nós reencarnamos, sempre estarei na sua próxima vida, pronto para esmagar o seu coração. Deu pra entender agora?

—Não perda seu tempo. — Disse a moça, nada intimidada. — A sua atuação de quinta me enoja. E você ainda tem muito que melhorar na postura e na força. Posso me soltar facilmente me despindo ou até mesmo com uma das minhas mãos.

May ficou pasma de onde estava. Nunca ninguém tinha sido tão ousado e audacioso ao ponto de falar às coisas que ela tinha dito para ele. May sabia que a moça já estava morta ali mesmo.

O irmão pirou. Seus olhos estavam quase brancos e tudo o que percorria o seu corpo era raiva.

—Vamos lá, valentão, acabe comigo como eu sei que você quer! — “Onde está o bom senso dessa moça?” pensou May ao ouvir a provocação. Porém o mais velho nada fez de agressivo, apenas baixou a moça e retornou ao seu lugar. — Talvez você não seja tão impulsivo assim. Isso é bom, mostra que não é somente força bruta que faz de você quem é.

“Inteligência também é essencial” ele completou. Uma frase que tinha se tornado bastante famosa na época.

—Infelizmente, — disse o mais velho, quando finalmente ele estava de volta com os dois irmãos mais novos — nós vamos ser sim separados.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Bem, eu achei bem legal escrever uma parte do passado nisso aí, já que a ideia original era fazer os humanos e mutantes vivendo juntos para depois serem separados (mas é claro que eu decidi mudar, pois esse tipo de história me pareceu bem batido)
Eu espero vocês no próximo capítulo (que vai voltar ao tempo normal)
(ele já está pronto.)
Abraço para quem leu até aqui!!!
Isso é tudo, pessoal!



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