Diante do Monstro escrita por Zaramet


Capítulo 1
Diante do Monstro




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Todos os dias eu tenho que lidar com um terrível pesadelo, desde a hora que acordo até a hora que me deito. Sei que nunca levei uma vida muito ortodoxa, mas de todas as coisas ruins que já vi em minha vida essa é definitivamente a pior.

E sabe o que mais me perturba? É que essa “coisa”, se é que assim merece ser chamada, está por todos os cantos de minha casa: Banheiro, quarto, sala, e até no fim do corredor. Gela-me o sangue, e causa-me náuseas só de pensar na maldita visão da criatura por esses cômodos.

Quem dera fosse só por esses cômodos, esses malditos confrontos. Vejo na rua ou na casa de outros, em vitrines ou interiores das lojas ou até mesmo em um dia de intensa chuva, que inunda todos os buracos da rua formando poças bem largas.

Mas apesar de tão intensa imagem macabra, o que mais me persegue em meus pensamentos são seus olhos: frígidos, certeiros, e vazios por dentro. Olhos esses que já viram, sentiram e causaram muitas coisas... Coisas ruins, que ferem qualquer ética ou moral já construídas, desacatando o livre arbítrio, a prosperidade, e a própria vida.

Olhos responsáveis por acompanharem assassinatos, homens sendo esquartejados, enterrados, alvejados, torturados, desumanizados, pra virarem apenas cadáveres. Olhos que fizeram partes de brutais chacinas, das quais viram suas próprias mãos carrancudas arrancando olhos, degolando gargantas, afogando em intensa lama, humanos ardendo em chamas. Tudo sem preconceito: branco, negro, mulher, criança. Da mais alta classe, até a pouca importância, porque é isso que a criatura é, um mercenário incansável, a fazer centopeias humanas. Sua mente incoerente desprovida de valores, possui segredos tão obscuros que psicanalista algum pode mensurar, e sua ideologia é tão instável e ausente de sensibilidade, que mesmo feito atrocidades, descansa sem nenhum pesar.

Porém, o pior dessa situação é a agonia que me encontro, em ter de cuidar com cada passo dado, a não cruzar com essa aberração. E conviver com isso todos os dias, a cada hora, a qualquer momento, ao ver essa silhueta sombria, é como olhar uma assombração, assombração essa que já devia ter morrido há muito tempo.

E é por isso que agora eu já não vivo, e na rua já não saio, e no meu quarto permaneço. E pra evitar essa criatura, mantendo minha sanidade é por isso que aqui em casa eu não tenho mais... Espelhos.


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Notas finais do capítulo

Algumas partes rimaram sem querer, lol.



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