─ Então é isso. ─ Murmuro olhando a grande estante lotada de livros que tinha na Sala Comunal da Corvinal. As aulas do dia tinham acabado e eu estava aproveitando meu período livre para pensar.

─ Isso o que? ─ O Matt do passado pergunta, sentando-se ao meu lado.

─ Irei embora em breve. ─ Respondo distraída e ele congela.

─ O que? ─ Olho para ele, que parece não acreditar no que eu dizia.

─ Irei embora. ─ Repito e ele franze a testa.

─ Ah. ─ Murmura e eu fecho os olhos.

“Ah!” Só isso ele vai dizer... Claro né, Lya! Você quer que ele se jogue aos seus pés, diga que te ama e te implore para não ir? Sério? Esse Matt não te ama. Ainda...

─ Lya. ─ Ele diz de repente e eu abro os olhos.

─ Sim? ─ Questiono e ele me encara seriamente, olhando em meus olhos. Seus olhos castanhos quase negros são tão bonitos. Eu poderia me perder neles para sempre... Até mesmo se eles estivessem vermelhos como quando ele está com raiva. Eu não me importaria. Porque são os olhos dele, afinal.

─ Eu não quero que você vá. ─ Ele sussurra e eu arregalo os olhos sem entender o que está acontecendo.

─ Hein? O que disse? ─ Pergunto atordoada e ele dá um meio sorriso.

─ Eu disse que não quero que você vá. ─ Responde se aproximando e eu congelo.

─ O- O que... ─ Abro bem os olhos e pulo para trás, quase caindo do sofá, mas levantando a tempo. ─ O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO MATTHEUS? ─ Grito assustada.

Ele arregala os olhos e depois faz uma careta frustrada.

─ Lya, eu não quero que você vá. Você não entende? Somos feitos um pro outro. ─ Diz ele vindo até mim.

─ Do que você tá falando? ─ Meu coração começa a acelerar. Ele quer me dar um ataque do coração! Eu não vou trair o Matt... Com ele mesmo!? I-D-I-O-T-A! Lya, você é tão...

─ Eu não entendi antes, mas agora eu sei. Nesse tempo que você ficou aqui no passado, eu finalmente compreendi que você é quem eu sempre esperei. Eu te amo Lya. ─ Ele sorri se declarando e eu faço a única coisa mais obvia que eu poderia fazer. Dei um soco na cara dele. Ai Merlin!

─ Ai! O que foi isso Lya? ─ Ele reclama, com a mão no olho esquerdo. Ele ia ficar com um olho roxo. Bom, ninguém mandou começar a se declarar pra mim. Espera, o que estou fazendo?!

─ Matt, olhe bem para mim. ─ Começo firmemente. ─ Eu sou comprometida. Não quero nem pensar na possibilidade de trair meu namorado, porque eu amo muito ele. Ele é tudo para mim, entende?

─ Mas... Mas Lya! Eu sou seu namorado do futuro! ─ Exclama indignado. Droga! Ele ouviu o que o Harry disse?

─ Não, você não é. Não ainda. Você terá de passar por muita coisa ainda antes de se tornar o meu Matt. Enquanto isso, apenas babe por mim. Obrigada! ─ Dou um sorriso triunfante e saio do Salão Comunal, deixando ele me olhando com o queixo caído e um olho roxo. Awn! Matt é tão fofo! E eu sou tão idiota...

─ Porque está sorrindo desse jeito? ─ Harry pergunta quando eu apareço do nada na Sala Comunal da Grifinória através das sombras.

─ Matt se declarou para mim. ─ Digo ainda sorrindo.

Resolvi emitir que dei um soco na cara dele. Quer dizer... Oi?

─ E porque você está aqui ao invés de estar se pegando com ele? ─ James questiona incrédulo, ao lado de Harry.

─ Porque ele ainda não é meu Matt, é claro. Não vou trair ele com ele mesmo. ─ Respondo revirando os olhos.

─ Você é tão estranha. ─ Sirius dá risada. ─ Duvido que você não vá agarrar ele. Você ficou paquerando ele o tempo todo.

─ Também duvido. ─ Concordo. ─ Espera... Ei! Eu não fiquei paquerando ele!

─ Não, claro que não! ─ Os meninos exclamaram em uníssono trocando olhares maliciosos e eu revirei os olhos.

─ Tsk. ─ Estalei a língua com desdém. ─ Olha quem fala... Harry baba pela Gina, James pela Lily, Sirius pela Marlene e Remus pela Dorcas.

─ ISSO NÃO É VERDADE! ─ Eles gritaram e eu dei risada.

─ Espera. ─ James franziu a testa. ─ Quem é Gina, Harry? ─ Indagou com um sorriso safado.

─ É a ruiva dele. ─ Me intrometi. ─ Ela é uma Weasley.

─ Ah. Os Potters e suas ruivas. ─ Sirius suspirou dramaticamente e nós rimos, enquanto o Harry ficava roxo de vergonha.

─ E- Ela não é minha ruiva! ─ Ele quase gritou, constrangido.

─ Mudando de assunto ─ Remus interrompeu com um pergaminho na mão. ─ Achei uma forma perfeita de integrar vocês aos Marotos, oficialmente.

─ É sério? ─ Empolguei-me. ─ Como?

─ E cadê o Peter? ─ James franziu a testa e eu impedi-me de fazer uma careta anojada.

─ Ele disse que ia para a Cozinha. ─ Remus deu de ombros. ─ E sobre sua pergunta, Lya... Vamos colocar você no incrível... Mapa dos Marotos!

Soltei um gritinho com os olhos brilhantes.

─ Mapa dos Marotos? ─ Harry perguntou curioso.

─ Vocês tem um mapa? ─ Fingi não saber de nada, inclinando-me em expectativa. Eu finalmente veria o mapa... Ao vivo!

─ Sim, olhe. ─ Remus estendeu o pergaminho e Harry pegou.

─ É só um...

─ Pergaminho velho. ─ Completei o que Harry dizia, mas é claro que eu sabia que aquele pergaminho era tudo menos aquilo. Era algo completamente genioso!

─ Um pergaminho velho? ─ Sirius se ofendeu.

─ Nunca achei que meu próprio filho e minha pseudossobrinha diria algo tão ofensivo! ─ James o acompanhou e eu escondi um sorriso.

─ Esse pergaminho velho ─ Remus lançou um olhar feio para nós dois ─ é o incrível e extremamente fabuloso Mapa dos Marotos. ─ O lobo apontou a varinha para o mapa e pronunciou as palavras chaves. ─ Juro solenemente não fazer nada de bom.

Harry deu um pulo ao ver as letras se formando. E então ali estava, o Mapa do Maroto.

─ Mag-ní-fi-co! ─ Exclamei pausadamente.

─ É uma belezura, não é? ─ Sirius orgulhou-se e eu e Harry assentimos.

─ É sim. ─ Harry murmurou admirado.

─ Bem, faça as honras, James! ─ Remus exclamou e James assentiu com um sorriso malicioso.

─ O Sr. Pontas quer dar as boas vindas para o novo maroto, o Sr. Luthor. ─ Exclamou com a varinha apontada para o mapa, que brilhou.

Remus estendeu um punhal para Harry que arregalou os olhos.

─ Pingue uma gota de sangue no mapa. ─ O maroto auxiliou. Com uma pontada de hesitação, Harry fez um pequeno corte na palma da mão e deixou uma gota de sangue escorrer. Do mapa saiu um flash de luz que envolveu a mão de Harry, mas logo desapareceu. E agora junto aos nomes dos quatro marotos originais tinha mais um nome. ─ Sua vez, Lya. ─ Remus sorriu.

Atordoada, observei Sirius falar as mesmas palavras.

─ O Sr. Almofadinhas quer dar as boas vindas para a nova marota, a Srta. Reaper.

Imitando Harry e fazendo um pequeno corte na palma de minha mão, senti a magia dos marotos me envolver e eu finalmente compreendi o porque da amizade que eles tinham. Eles estavam ligados pela magia, irmãos de sangue e magia, ligados na vida e verdadeiros amigos.

E agora eu fazia parte disso. Não era mais só o Harry que estava em minha família. Agora era recíproco. Eu estava na família dos Marotos e isso nunca mudaria.

─ Isso é incrível. Estou honrada! ─ Disse sinceramente vendo os seis nomes que estavam no mapa.

O Mapa dos Marotos

Cortesia dos Srs. Pontas, Almofadinhas, Aluado, Rabicho, Luthor e Reaper.

─ Agora vocês são definitivamente os marotos do futuro. E serão os responsáveis por garantir que nós, marotos, nunca deixemos de existir. Somos mais do que apenas brincalhões em uma escola, somos propagadores da alegria. Mesmo se estivéssemos em meio a uma grande batalha, estaríamos sorrindo. Pois esse é nosso dever. Dar um sorriso ao mundo.

E com essas palavras de James eu senti uma profunda necessidade de vingança. Rabicho não deveria ser um maroto! Mas eu não poderia mudar nada, ou as consequências seriam trágicas. Eu só podia prometer silenciosamente que eu iria vingar meus amigos, minha família. Da forma mais marota possível!

─ Iremos honrar o nome dos Marotos. ─ Prometi por mim e por Harry.

─ Nós sabemos. ─ Sirius deu um amplo sorriso.

─ Esse é nosso presente de despedida. ─ James continuou.

─ Porque vocês dois são nosso futuro. ─ Terminou Remus, filosofando.

Sirius soltou um barulho engasgado e quando vimos ele estava gargalhando.

─ Isso foi sinistro. Que profundo... ─ Ele murmurou entre risos. Dando de ombros, nos juntamos a ele e começamos a rir sem nenhum motivo aparente.

Momentos depois, enquanto Sirius e Harry disputavam uma partida de xadrez bruxo por puro tédio, James tentava falar com Lily e Remus lia um livro de defesa. Eu estava apenas deitada em um dos sofás da Grifinória, pensativa e às vezes dando risada de alguns leões que me olhavam estranho. Quer dizer, tinha uma garota da Corvinal na Grifinória... Estranho, não? Seria hilário se eu entrasse lá no futuro... Daria um baita ataque de coração em Ron, com certeza.

─ Vou falar com Sean. ─ Avisei, levantando-me e pedindo as sombras para que me levassem até onde meu irmão estava. A visão que eu encontrei não foi no mínimo receptiva. ─ MERLIN! ─ Berrei assustada. ─ Sean, você está beijando a Daphne?

Os dois se separaram completamente vermelhos e eu quase ri, quase. Se eu não estivesse surpresa, eu riria.

─ Lya! ─ Sean exclamou envergonhado. ─ Não é o que você está pensando!

Aí eu comecei a gargalhar.

─ Não, claro que não. ─ Falei entre risos. ─ Quer saber, eu não quero saber. Seu pedófilo!

─ Ai Merlin! Isso foi constrangedor. ─ Daphne assobiou frustrada e ela beliscou Sean. ─ E nós temos a mesma idade agora, Lya! E foi eu que beijei ele, na verdade.

Escondi um sorriso, decidida a não me intrometer no assunto. Daphne parecia estar reacendendo a paixão que ela tinha por Salazar quando era Rowena. E Sean... Não sei dizer se meu irmão ainda a amava depois de todos esses longos anos. Quase um milênio...

Antes que Sean e Daphne dissessem qualquer outra coisa sobre a cena, as sombras me transportaram para qualquer lugar em Hogwarts e eu trombei em alguém.