Depois daquele surto do Peeta, se é que posso chamar assim, não tive cabeça para mais nada, só conseguia tentar decifrar o porquê de Peeta ter ficado daquele jeito, nós não somos nada um do outro para ele ter surtado daquela maneira ao saber que eu estou namorando, eu não devo satisfações a ele de quem eu namoro ou deixo de namorar. Outra coisa também me perturba é o que ele quis dizer com o “você fez de novo”? O que eu fiz de novo? Peeta às vezes é um ótimo amigo, mas às vezes ele é tão confuso e mesquinho que eu não sei se vale a pena arriscar tentar, nem mesmo a trégua, se é que ela ainda existe, por que depois de hoje eu acho muito difícil.

Esses pensamentos me fazem ficar trancada no meu quarto o dia inteiro, ignorando os chamados de mamãe, Cato e Prim, e também as ligações dos meus amigos, não queria falar com ninguém, só queria esquecer Peeta, e tentar fazer meu namoro com Nathan dar certo, mas para isso eu precisava de um tempo sozinha, e foi o que eu fiz, tirei um tempo para mim mesma.

Quando acordei no outro dia me senti bem melhor, por mais que eu ainda estivesse com raiva de Peeta, quisesse esquecê-lo, eu já não sentia vontade de mata-lo, mas sim de entendê-lo, só não sei se conseguiria. Ele provavelmente não quer nem me ver, como eu não queria, mas eu também quero superar esse sentimento que eu estava começando a nutrir por ele e não sei se me aproximar seria dele novamente seria algo bom.

De qualquer forma resolvi ignorar esses pensamentos e deixar tudo acontecer como tiver que acontecer, acho que isso já virou a frase da minha vida. Então quando estava pronta fui tomar meu café com minha família como se nada tivesse acontecido, isso é algo que não posso reclamar, eles sempre entendem quando eu não quero falar sobre algo, então durante o café nos simplesmente falávamos de outros assuntos, foi assim até na hora de ir para a escola.

Digamos que meus amigos não são tão discretos quanto a minha família, quando cheguei à escola logo fui bombardeada por perguntas do que havia acontecido e por que eu não atendia o celular, as quais eu dei qualquer desculpa e acho que eles perceberam que eu não queria falar sobre, assim trataram logo de mudar de assunto, para a minha felicidade.

Mal sabia eu que isso não era nem o começo do meu dia. Não prestei atenção nas primeiras aulas, mas na hora do intervalo tive uma pequena surpresa.

Estava guardando meu material em meu armário quando ele foi fechado e eu já sabia quem era.

–Sabe você deveria parar de fazer isso. – digo com frieza em minha voz sem nem mesmo me virar.

–É o único jeito de você me ouvir. – ele diz – Mas como você sabe que sou eu sem nem mesmo olhar?

Nesse momento eu coro, o que não deveria acontecer, ele não precisa saber que eu conheço o seu cheiro.

–Eh... é.... hm... Ah... – pensa Katniss, pensa – você fez a mesma coisa na última vez. – digo.

–Mas naquela você também reconheceu sem se virar. – ele diz e tenho certeza que abriu um sorriso presunçoso.

–Ah... É que... – eu simplesmente não sei o que dizer – Ah quer saber eu não te devo satisfação da minha vida. – digo usando quase as mesmas palavras que ele dirigiu a mim ontem, o que faz ele vacilar.

Então eu me viro e o vejo com uma caixa na mão (acho que é chocolates) e em cima uma rosa branca, tem que admitir foi fofo.

–Certo, mas eu não vim aqui para falar sobre isso e sim para te fazer um... pedido. – pedido? – Desculpa? – isso foi uma pergunta?

–Isso foi uma pergunta? – eu dou voz aos meus pensamentos.

–Si... Não? Não! Foi uma afirmação! Me desculpa? – ele diz me entregando a caixa (é mesmo chocolates) e a flor.

–Pelo que exatamente? – me faço de ingênua.

–Se fazendo de ingênua serio? – ele me conhece melhor do que eu pensava... Mas não vou deixar ele por cima, então faço uma expressão que diz “Fala o que eu quero ouvir ou nem me peça desculpas”, então ele suspira e começa a falar. – Por tudo, por te provocar, por te fazer perder a paciência, – ele dá uma risada e eu fecho a cara – por você me encontrar naquele estado com Glimmer na minha casa, no dia do ensaio, – ele faz uma careta – mas acima de tudo, te pedir perdão por ter gritado com você ontem, por ter te falado daquele jeito com você, eu estourei com você sem motivo, eu não sou nada seu para decidir com quem você fica, então por tudo isso, me desculpa? – ele diz fazendo aquela carinha de cachorro abandonado, e você me diz como eu resisto a um ser loiro de olhos azuis muito lindo por sinal (eu disse isso? Tô ficando louca) fazendo uma carinha dessas? Mas eu tenho que resistir, mas eu não consigo! Não tem como! Então eu me rendo aos meus instintos e o abraço, no começo ele fica surpreso, mas logo retribui.

–Isso quer dizer que você me desculpa? – ele pergunta quando nos separamos.

–Nada disso Mellark, vai ter que ralar ainda... Mas digamos que você está no caminho certo. – digo sorrindo e ele retribui – Mas agora eu vou para o refeitório, porque eu to com fome. – digo abrindo novamente o armário para guardar os chocolates e a flor, não quero meus amigos fazendo piadinhas, nem meu namorado com ciúmes.

–Novidade. – ele murmura, mas eu ouço e faço cara feia para ele que levanta as mãos em sinal de rendição – Então vamos para a cantina.

–Como assim “vamos”? – pergunto fazendo aspas com os dedos.

–Nós dois, eu também estou com fome, e além do mais, podemos considerar isso um começo de uma amizade.

–Podemos? – pergunto.

–Lá vamos nós de novo – ele diz e suspira – Katniss Everdeen, vamos deixar nossas diferenças de lado e tentar o inicio de uma amizade? – ele pergunta estendendo a mão em minha direção.

–Certo. – digo com os olhos semicerrados em sua direção e apertando a sua mão, o que o faz abrir um sorriso.

Nós começamos a caminhar lado a lado, mas eu o ouço murmurar: - Espero que ela logo evolua. – mesmo não entendendo resolvo ignorar, Peeta sempre será confuso.

Ao chegarmos ao refeitório todas as cabeças se viram em nossa direção, o que é totalmente compreensível, não é todo dia que você Katniss e Peeta andando lado a lado sem brigar, mas isso logo é interrompido pela aproximação das vadias e seus amigos.

–Peetinha – diz a vadia numero 1 se jogando nos braços dele, já falei como a voz dela me irrita? Mas devo dizer que reprimi um sorriso ao ver Peeta a afastá-la de uma forma nem um pouco carinhosa, fazendo com ela o olhasse chocada, assim como todas as outras “amiguinhas” dela.

–Desculpa Glimmer, mas não estou afim. – ele diz e eu tenho vontade de rir da cara dela, que logo sai batendo os pés, seguida pelas vadias. Então eu vejo minha brecha.

–Bom já vou indo Peeta até... – digo começando a me afastar, mas ele me interrompe segurando o meu braço.

–Espera, eu vou com você. – ele diz e eu o olho confusa, como assim vai comigo?

–Como assim? – pergunta Thresh dando voz aos meus pensamentos.

–Eu vou sentar com ela hoje. – Oi? – Vocês vão? – ele se dirige aos amigos. Eu o convidei para sentar comigo? Não me lembro.

–Serio que você vai trocar a mesa dos populares, com aquele monte de meninas gostosas caindo aos seus pés, para sentar com essa aí? – pergunta o moreno. Como assim “essa aí”? Sinto que estou vermelha de raiva e tenho certeza disso quando Marvel me olha com cautela, mas não há tempo para eu explodir, porque Peeta logo responde.

–“Essa aí”, com você diz, - ele diz fazendo aspas com os dedos – tem nome e é Katniss, mais respeito, por favor. E sim, eu vou trocar aquela mesa de pessoas falsas para sentar com ela. – ele diz dando ênfase em falsas e com essa até eu fiquei de boca aberta.

–Se você quer perder todo o poder que tem aqui dentro tudo bem, mas vá sozinho, eu que não vou fazer essa burrada. – Ok, eles estão discutindo enquanto eu e Marvel estamos no meio disso sem saber ao que fazer, devo lembrar que Peeta ainda não soltou meu braço e o refeitório inteiro está olhando para nós.

–Ótimo, então vá ficar com eles. – diz o loiro.

–Vou mesmo. – responde o moreno – Vamos Marvel. – e sai andando, mas Marvel não o segue.

–Desculpa Thresh, mas eu vou ficar com Peeta. – Marvel diz o fazendo bufar e sair andando.

Então um silêncio reina em todo o ambiente e ficamos nós três olhando para a cara um do outro sem saber o que dizer, até que as pessoas resolvem voltar a prestar atenção no que quer que estivessem fazendo, exceto meus amigos que continuam a me encarar pedindo uma explicação, e meu namorado que fuzila Peeta com o olhar, acho que é por que ele ainda está segurando meu braço.

–Hum... Então... Vamos? – eu digo quebrando o silencio.

–Ah claro. – responde o loiro soltando o meu braço.

Nós caminhamos silenciosamente para a cantina e pegamos o que vamos comer para depois irmos para a mesa dos nossos amigos que encaram Peeta e Marvel fazendo-os ficarem um pouco tímidos, o que denunciou foi à vermelhidão em seus rostos, o que eu achei fofo.

–Oi gente. – eu digo um pouco incerta e fazendo um pedido silencioso para que ajam normalmente.

–Oi Kat, Marvel, Peeta. – Finnick é o primeiro a se manifestar, e eu tenho que me lembrar de agradecê-lo por isso, só espero que os outros sigam o exemplo dele.

Eles parecem entender o que eu quero já que agem normalmente e incluindo Marvel e Peeta na conversa, mas me pedindo a todo o momento, de forma silenciosa, uma explicação, a qual eu sei que terei que dar depois, mas agora eu só quero aproveitar esse momento. Por mais que eu não demostre eu gostei da atitude de Peeta, não sei o que o fez mudar, mas só sei que estou gostando desse novo Peeta, e pelo jeito meus amigos também.

Quem nos olhasse nesse momento juraria que todos somos amigos há muito tempo, não diria que há duas pessoas que nós odiávamos até uma hora atrás entre nós, mas eu devo dizer que gosto disso, e espero que continue assim.

A única coisa que me preocupa é o braço de Nat em minha cintura de forma possessiva, o que não é um bom sinal, mas espero com todas as forças estar enganada, por mais que ele esteja agindo normalmente com todo mundo, inclusive Peeta e Marvel, isso me preocupa, principalmente por que eu não fui a única a perceber, Peeta também percebeu, já que está a minha direita, Nathan está à esquerda, e parece que o meu aminimigo (n/a: amigo + inimigo, uma bosta, eu sei.... Criatividade 10 – sqn) não gostou nem um pouco disso, outra coisa que eu também não entendo, mas nenhum de nós comenta nada, ou melhor, eu não faço nada.

Peeta passa o braço pelo meu ombro e me dá um beijo no rosto, recebendo um olhar de ódio de Nathan, que aperta seu braço em volta de mim, Peeta retribui o olhar e se aproxima mais de mim, e todos da mesa estão prestando atenção em nós, querendo entender o que está acontecendo ali, mas nem eu sei, mas os dois nem parecem se incomodarem já que continuam com a briga por olhar, até que Nathan diz.

–Dá pra tirar o braço dos ombros da minha namorada? – ele pergunta.

–Ela não parece incomodada. – responde o loiro, recebendo um olhar de puro ódio.

–Mas eu estou.

–Mas você não é ela.

–Tira logo.

Eu acabo enjoando dessa briguinha e também pretendo evitar que algo pior aconteça, então tiro o braço de Nathan de minha cintura, e ele me olha incrédulo e Peeta abre um sorriso vitorioso, que logo é desfeito quando eu tiro seu braço de meus ombros, e ele fica descrente, não sei por quê. Logo após me levanto e me sento entre Madge e Cato, o ultimo passa o braço em meus ombros, assim eu fico frente para Peeta e Nathan, que continuam uma guerra pelo olhar, mas o restante de nós, incluindo Marvel, os ignora e começa a conversar sobre qualquer coisas, enquanto os dois continuam com a briga interna.

O que deu nesses dois?