Estava tudo preto no inicio, mas logo em seguida coisas estavam voando pessoas estavam dançando em nuvens puras e delicadas e uma singela valsa tocava com elegância no horizonte, eu estava lá parada tentando entender aonde meu eu estava e o Jin estava comigo, ah sim estava tendo um sonho, eu havia dormido no ônibus agora entendo, este lugar é meu mundo pessoal.

 Bom eu sempre tive sonhos lúcidos e bem trabalhados não sei por que exatamente, com todos esses sonhos eu acabei me acostumando a ser livre pelo menos internamente, coisa que na vida real quase não podia, se perguntava sobre sexo era ''que isso menina'' pra lá e ''que pergunta?!'' é essa pra cá se eu contestava se deus existia ou não era sempre pedir para brigar... ninguém em casa entendia o porque de eu ser assim, as outras meninas queriam Barbie, joias, e vestidos e só se importavam com elas mesmas, eu olhava para o mundo sempre pensando o que deve estar acontecendo aqui? e ali? como sera que larvas se desenvolvem, porque chove diamantes em outros planetas, seila, talvez os remédios já não faziam muito efeito naquela época.

 Eu odiava roupas espalhafatosas, cheias de frescuras preferia roupas mais discretas, somente meu sobretudo preto passava nessa regra, e nunca quis joias ou qualquer uma dessas merdas só queria experimentar as coisas boas ler um bom livro, ir a um museu, assistir a séries de qualidade essas coisas eram as minhas joias eram as coisas que me alegravam.

 Tenho cabelos médio e sempre quis meu cabelo bem curto, mesmo minha mãe tentando me forçar a deixa-lo longo me proibindo de corta-lo, bom uma tesoura que eu tinha resolveu o problema em meros 5 min e a minha mãe odiou é claro, aos 17 anos tentei coisas novas, fiz algumas tatuagens em volta do pescoço usando o dinheiro de uns bicos, dormi com um garoto pela primeira vez e fiquei com a irmã dele sem ele saber uns dias depois...não me julgue, sou com certeza aquele tipo de menina que as pessoas querem longe, talvez eu seja má, ou louca, foda-se, quero entender oque é ser livre, e quero imortalizar isso...

 Quando disse para minha família que eu queria fazer a eles ficaram doidos da vida, me chamando de imprestável e preguiçosa coisa do tipo ninguém queria acreditar em min, afinal nem amigos eu tinha, a não ser o Jin, meu único amigo, meu melhor amigo, que me entendia e foi o único a me dar apoio, e foi ele que me enviou o papelzinho que dizia:

´´Ola K como esta? Deve estar bem, consegui um apartamento aqui em São Paulo e você já pode vir assim como combinamos, é bem perto de uma editora que pode te patrocinar, beijos e te vejo na estação rodoviária! ``

 Sim foi por isso que eu sai de casa, irresponsável? talvez. O Jin saiu da cidade quando eu tinha uns 18 anos ele queria ser artista, mas lá na cidade não dava por vários motivos, incluindo que ele e o pai não se davam bem, quando ele foi eu senti muita falta dele, eu o amo como ninguém... ele sempre cuidou de min e me apoiou, era praticamente um irmão que eu nunca tive.

 - Chegamos ao ponto! 
 

Ouvi o motorista dizendo, e acordei meio assustada dois de ser sugada pra fora do meu mundinho, odeio ter sono leve, mas quando vi que tínhamos chegado a alegria tomou conta peguei minhas coisas e pulei para fora do ônibus, e vi a estação cheia de gente diferente, vindos de todo lugar, mas eu não via o Jin, fiquei rodando sem saber o que fazer ele não estava em lugar nenhum até que alguém me agarrou me deu um abraço por traz, eu me assustei e já coloquei minha mão na faca mas me acalmei ao ver aquele olhos castanho avermelhados.

— Olha só que eu encontrei aqui, oi Kazinha - A voz era grossa, mas suave  e vi o cabelo em um topete disfarçado pintado de azul, o rosto com as mesmas marcas só que mais maduras, e os braços me segurando tinham tantas tatoos que era difícil decifrar todas - Eu estava te esperando boba.
— Jin... Nossa meu! que saudades - Lagrimas brotaram dos meus olhos e eu me lancei nos braços do meu amigo querido, meu redentor.  
— Kazinha faz tempo mesmo, vejo que a ótima fico feliz por isso, se cuidou bem, e finalmente tiro aquele tanto de cabelo! tua velha deve ter pistolado! 
— É claro, ela ficou louca... – disse tremendo, quando ficou tão frio? Provável que eu tenha tremido muito pois ele percebeu.
 Ele então tirou seu cachecol vermelho enrolou em meu pescoço com todo cuidado e carinho.
— Melhor se aquecer tonta, esta tremendo e seu nariz esta até vermelho – ele disse com um sorriso caloroso – Vamos que eu também to congelando aqui.
— Sim tem razão - dissemos isso rindo, ah eu quase tinha esquecido como ele era...
 Estava tarde e estava frio, mas não me importava, pois o meu sonho estava oficialmente começando, e com um cachecol e um sorriso de um amigo querido eu atrevo a dizer que estou feliz.