Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 6
Coração Roubado | Ophelia


Notas iniciais do capítulo

Oi!! Bom, esse capítulo tem uma historinha interessante. A primeira versão dele ficou, hmmm... estranha. Então tive de reescrever. Mas acho que você gostariam de ler a primeira versão, então fiquem ligadas na página "EXTRAS" no blog da fanfic (que ainda está para ser criada), que será onde eu postarei esse e mais alguns extras. hhaa
Espero que gostem!

[CAPÍTULO ATUALIZADO 14/07/2020 - LEIAM AS NOTAS FINAIS]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/539155/chapter/6

Desde que conhecera Alexander, Ophelia sempre fora cuidadosa. Nunca conversava em público com ele quando não lhe era solicitado — apenas quando, por exemplo, ela deveria passar informações sobre o estado de saúde de Saphira. Nunca o chamava pelo nome quando estava na presença de outras pessoas, principalmente de outros membros da criadagem. Nunca chavama sua atenção desnecessariamente. E sempre esperava que ele a convidasse para seu quarto à noite. Mas, quando a jovem criada viu o Príncipe correndo desesperadamente, não pensou duas vezes antes de segui-lo. Não se importou com todo o protocolo ou com todos os problemas que poderia ter por conta disso, apenas acompanhou o rapaz o mais rápido que podia pelos corredores. 

Quando virou a última esquina do tão conhecido caminho até o quarto do Herdeiro à Coroa Dinamarquesa, porém, Lia percebeu que já era tarde demais. Para a sua tristeza,no segundo que ela viu a porta dele, o Príncipe entrou no quarto, fazendo com que ela parasse subitamente de correr, desanimada. Naquele momento, a garota tinha certeza, Alexander precisava de uma conversa, precisava de apoio. Ela, porém, não poderia simplesmente invadir o quarto, arriscando ser descoberta por algum dos funcionários do Palácio — que estavam sempre irritantemente vigiando tudo o que acontecia em Amalienborg. Sua função era cuidar de Saphira, não checar os sentimentos do irmão mais velho da princesinha. E, se sua pequena visita ao rapaz fosse descoberta, sua vida viraria um inferno. 

Entretanto, Ophelia não poderia deixar seu amado na situação em que se encontrava. Precisava ajudá-lo, mesmo que estivesse arriscando tudo o que construíra com tanto esforço na Dinamarca. Assim, ignorando a parte racional de sua mente e ouvindo apenas a emocional, ela seguiu seu caminho. Para sua sorte, nenhuma criada estava no corredor para julgá-la. Então, com muita discrição — a fim de que continuasse invisível e de que seu comportamento atípico continuasse a ser ignorado — ela andou em passos lentos até o quarto, olhando, inquieta, para os lados a cada segundo. 

Assim que ela ficou em frente à porta, o som de um violino soou pelo corredor. Timidamente, Alexei começava a tocar uma melodia húngara cuja profundidade sempre fazia os pelos da nuca de Lia arrepiarem, mas que, naquele dia, fazia seus ouvidos doerem. As notas, geralmente perfeitamente afinadas, estavam em dissonância, como se fossem tocadas por um principiante. A julgar pelo assassinato musical que ele cometia em seu quarto, Alexander estava de fato nervoso. E, por mais que Ophelia soubesse que ele precisava de seu apoio naquele momento, ela não queria atrapalhá-lo. Tinha medo. Muito medo. A relação deles era tão íntima que, às vezes, a assustava. Não entendia o porquê de um príncipe tão poderoso se apaixonara por uma menina pobre como ela. Por tudo isso, ela hesitou em abrir a porta.

Depois de alguns segundos, ela respirou fundo, tentando tomar coragem para bater à porta. O Príncipe continuava a emitir os sons desafinados no violino, tocando cada vez mais alto, como se quisesse fazer com que todos os moradores do Palácio sentissem sua frustração. O som era tão horrível que Ophelia tinha vontade de bater na maldita porta apenas para cessá-lo.

— Alexei, sou eu — disse ela, finalmente, em um tom baixo, a fim de que ninguém além do Príncipe pudesse ouví-la. — Sou eu. Lia. Por favor, abra.

O som do violino cessou subitamente, e Ophelia ouviu os passos lentos do rapaz de dentro do quarto. Por alguns instantes, nada mais aconteceu, o que deixou a criada aflita. Ela conseguia ouvir a respiração ofegante dele do outro lado da porta, denunciando sua presença. Geralmente, quando identificava a presença da amada, ele abria a porta prontamente, a recepcionando com todo o seu carinho. Naquele dia, porém, ela teve de encarar a grande porta por vários minutos, que mais pareceram horas para ela. Será que já encontrara o amor de sua vida entre as Selecionadas? Será que já achara uma substituta para ela, alguém com quem poderia trocar carícias para sempre sem preocupações? 

Antes que ela pudesse se afogar em angústias, a porta se abriu revelando a expressão desesperada de Alexander. Ela encarou os grandes olhos castanhos dele, e ele, os delicados azuis dela. Não precisaram falar nada, pois apenas estar na presença um do outro já bastava. Ele a puxou para um abraço, carinhoso como sempre, como se, com seu toque, pudesse dissipar todas as suas preocupações.

— Tudo bem? — perguntou a menina suavemente, enquanto passava as mãos lentamente pelos cabelos do rapaz. — Conhecê-las foi tão ruim assim?

— Eu mal falei com elas. Só o farei à noite. Protocolo — ele afirmou, soltando-se do abraço e fechando a porta novamente, a fim de que ninguém mais ouvisse sua conversa. — Mas preciso que você me faça um favor.

— Qual seria? — ela questionou, arqueando as sobrancelhas. — Não sou nada poderosa nesse Palácio, ainda mais com Saphira internada. E, não, não posso fazer com que todas as Selecionadas desistam da competição. Nós já falamos sobre isso. Você não pode escapar delas.

— Preciso que você participe da inspeção de saúde, a qual acontecerá em meia hora — ele pediu, sério. — É simples. Você só precisará chegar a ficha delas e fazer algumas perguntas. E você poderá conhecer as garotas de primeira mão.

Ophelia se afastou ainda mais de Alexander e encarou o violino de madeira clara, o qual se encontrava em seu lugar usual no canto esquerdo do quarto, ao lado da porta. Ela esticou a mão para tocar nas cordas, lembrando-se de todos os momentos em que aquele tão belo instrumento fora utilizado para gerar as mais apaixonantes músicas. Meses antes, a jovem criada sentava-se na cama do rapaz de olhos fechados, ouvindo-o praticar para mais um de seus recitais. Quando o quarto ficava em silêncio, ela era agraciada com algo ainda mais doce do que as deleitáveis melodias: seus beijos. E assim eles permaneceriam por horas, até que o dever chamasse algum dos dois. Naquele tempo, a Seleção era apenas uma ideia distante, sobre a qual Alexander falava em um tom zombeteiro. Naquele tempo, eram só os dois e seu amor. Por mais que soubesse que seu felizes para sempre talvez jamais viria, ela não precisava se preocupar com nenhuma outra garota. Agora, era como se um relógio contasse os minutos para o fim de sua relação com o Príncipe. Para o dia que ele encontraria seu verdadeiro amor.

Perdida em seus pensamentos, ela sentiu Alexei aproximar-se dela por trás, abraçando-a com seus braços musculosos. Apenas com seu toque suave, ela relaxou, quase esquecendo do motivo de estar ali. Receber seu carinho. Sentir o toque suave de seus lábios em seu pescoço. Era bom, Ophelia não poderia negar. Ela sentia todos os pelos de seu corpo se arrepiando cada vez que ele a tocava. Seu corpo clamava por mais e pedia que ela urgentemente se virasse para beijá-lo propriamente. Lia, porém, não poderia deixar seus desejos carnais falarem mais alto. Aquele não era o momento para isso.

— Não, de jeito nenhum, Alexei. Eu não vou — afirmou ela, finalmente ficando de frente para o rapaz, que agora passava as mãos pelo cabelo dela com afeto. — Eu tenho outros afazeres urgentes. Como você bem sabe, minha responsabilidade aqui é com sua irmãzinha, não com você. Logo Saphira terá alta, e eu preciso me certificar de que tudo está pronto para sua chegada. Tenho de arrumar o quarto dela, comprar os medicamentos e visitá-la. Sim, eu tenho que visitá-la, já que, por conta desse mesmo evento que você está me obrigando a comparecer, nenhum membro de sua família tem tempo de pensar na menina de oito anos que está internada em um hospital, à beira da morte e… Bem, não importa. Existe uma pessoa neste palácio chamada Iara Vikander, e ela me mataria se não cumprisse todos os afazeres.

Alexander, que ainda se encontrava abraçado à menina, soltou uma pequena risada. Apenas com aquela singela expressão e com o olhar do rapaz — firme e profundo — Lia percebeu que não teria como escapar. Muito mais cedo do que esperava, conheceria as garotas que, eventualmente, roubariam o coração do homem que ela amava. 

De maneira desengonçada e sem se soltar do abraço, o Príncipe esticou o braço em direção a uma das várias mesas do quarto, pegando um pedaço de papel e uma caneta. Ophelia já imaginava o que ele faria. A letra caprichosa dele — naquela situação um tanto torta, já que o peito da criada estava sendo utilizado como apoio — foi calmamente desenhada no papel. Mesmo após mais de três anos trabalhando em Amalienborg, o dinamarquês ainda era um pouco difícil para Lia, mas, apenas por suposição, ela compreendia perfeitamente aquelas palavras.

Eu, o Príncipe Herdeiro da Dinamarca, dispenso a senhorita Ophelia Garcia, do quadro de serventes de Amalienborg, de todas as atividades previstas para o dia de hoje, oito de setembro do presente ano, e autorizo-a a comparecer à inspeção de saúde das Selecionadas Reais.

— Assinado Alexander Christian Albert Louis — ele leu enquanto assinava o bilhete. — Pronto, agora você pode ir. Pedirei para que outra criada cuide das necessidades de Saphira, não se preocupe.

Relutante, ela pegou, ou melhor, arrancou o pequeno — mas de aparência tão oficial — papel da mão do rapaz, que apenas lhe dirigiu um sorriso pretensioso. Ela tentou se opor e alegar que Saphira não ficaria contente em ver outra criada, mesmo que fosse por um motivo nobre, já que a criança amava sua babá mais do que tudo. E Ophelia, ela não poderia negar, a amava a ponto de nomear outra menina, sua doce filha, em homenagem à jovem Princesa, para que duas pedras preciosas ficassem juntas para sempre. Saphira e Esmeralda. Ela precisava dizer isso a Alexander. Precisava explicar que, por Saphira e por ela mesma, ela não poderia fazer isso. Conhecer as Selecionadas tão cedo não poderia fazer nenhum bem a ela. Antes que Lia pudesse se opor, porém, o Príncipe a calou com um beijo. As pernas da garota bambearem com o toque dos lábios do amado, mesmo que ela estivesse tentando ao máximo ser firme. Não poderia deixar as carícias dele a amolecerem. Ela tinha de resistir.

— Eu sei o que Saphira pensará, Lia. Por incrível que pareça, eu a conheço a mais tempo que você. — Ele pronunciou as palavras com uma calma surpreendente. — Ela ficará animada por ter uma informante. Aposto que, no segundo em que você entrar no quarto dela no hospital, ela lhe bombardeará com perguntas sobre as garotas. Acredite, isso a fará muito mais feliz do que ter um quarto arrumado. 

— Ser babá não é apenas fofocar com a criança, você sabe. Mas tudo bem, se você insiste, eu vou — disse ela, virando-se e fazendo com que os seus cabelos negros longos presos em um rabo de cavalo batessem na face do rapaz. — Você me deve essa.

Contendo o impulso de beijá-lo novamente, Ophelia saiu do quarto em passos firmes. As Selecionadas, que aguardavam ansiosamente pela inspeção de saúde em uma das enormes salas do Palácio, eram o destino de Alexander, querendo Lia ou não. Ela não poderia escapar daquilo. Um dia, teria de observar o homem que amava no altar com uma mulher que não era ela. Teria de ver, de longe, ele criando uma família que não envolvia Esmeralda. E, por mais que seu coração quisesse lutar contra aquilo e encontrar uma maneira de sabotar a Seleção, sua mente sabia que teria de aceitar tudo aquilo. Ophelia poderia amar Alexander, mas aquele amor não era suficiente para fazê-lo ficar com ela. Seu coração fora roubado por alguém que nunca poderia tê-lo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Príncipe safadenho, hein? Bom, é o que eu acho kkkk
E aí vão algumas perguntas:
1-Como a Selecionada de sua autoria reagiria ao saber que o príncipe tem uma amante?
2-O que acha da inspeção de saúde?
3-Quem é Esmeralda?
Peço que vocês respondam nos comentários :)
O próximo capítulo será o bônus, já que estarei visitando meu avô e é bem mais fácil escrever sobre os personagens que eu mesma criei e lá na casa dele não terei as fichas.
Comecei a olhar Teen Wolf, então culpem o gatoso do Dylan O'Brien por eu não atualizar mais rápido (no meu avô não tem Netflix, então lá terei todo o tempo de bobeira para escrever).
É isso!
Até o próximo!

[ATUALIZAÇÃO 14/07/2020]

Gente, primeiramente gostaria de me desculpar por esse capítulo. Sério, quando fui reler para começar a revisão, até me assustei com a falta de qualidade. Para ser sincera, eu nunca me incomodei muito com esse capítulo, talvez porque o capítulo 8 - a sequência direta desse depois do bônus no 7 - fosse bem mais problemático pra mim. Assim, nunca dei muita atenção a esse aqui. Mas, meu pai, estava um caos. Tínhamos descrições duvidosas e comentários um tanto machistas, sem contar a escrita bem básica da eu de 13 anos (entre esses problemas, somente esse último é compreensível). Nessa revisão, tentei tirar esses comentários estranhos, melhorar as descrições e colocar um pouco mais de profundidade nos personagens, principalmente na Ophelia, adicionando alguns pensamentos mais elaborados. Na minha opinião, essa versão está muito melhor e condiz com os caminhos que os personagens desse capítulo acabaram tomando no decorrer da história.

Como sempre, minha MP e os comentários estão sempre abertos para críticas e sugestões.

xoxo ♥ ACE