Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 54
As Mais Belas Damas | Luísa e Arthur


Notas iniciais do capítulo

DESCULPAAAAAAAA!! 102193293 VEZES DESCULLPAAA!! Estou até com vergonha de aparecer aqui depois de TANTO tempo. Vocês devem odiar (eu mereço mesmo... QUASE 60 DIAS). Sinto muito, muito mesmo! Espero que vocês possam me perdoar e voltar a me amar tanto quanto quando eu postava toda semana ♥ Sério, gente. Eu adoro RDC. Adoro vocês. Adoro tudo. Mas a vida anda complicada. Vocês já sabem... É triste... Pelo menos agora só faltam mais três semanas de aula e uma de provas (amém irmãos).
Bom, depois de tanto tempo fazendo vocês de trouxa e não dando sinal de vida, não tenho mais permissão de enrolar nas notas. Então aproveitem o capítulo!
xoxo ♥ ACE
PS. Sobre os comentários: OBRIGADA! Amo, amo, amo o que vocês escrevem, mas o tempo está curto (vou ver se respondo uns hoje pra compensar)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/539155/chapter/54

Depois de dias e mais dias corridos no Palácio de Amalienborg, por fim os raios de sol surgiam no horizonte com calma, sem a pressa habitual. O vento, como nos demais dias, era gelado e balançava lentamente as folhas alaranjadas das árvores do jardim, deixando que algumas caíssem na grama perfeitamente verde. Com a atmosfera tão pacífica assim, Luísa pôde finalmente avaliar o que sempre lhe disseram sobre a Europa: um lugar frio e silencioso em que as pessoas eram gélidas como a neve que cobria o chão nos meses de inverno.

Assim, pôde perceber que o último aspecto estava completamente errado. Desde que chegara em solo dinamarquês, todos com quem conversava haviam sido gentis, acolhendo-a como se fosse da família. Juliane, a Rainha, que tinha a fama de autoritária e fria, a recebera de coração aberto e a tratara melhor que muitos dos nobres latino-americanos. Ela não poderia reclamar de nada, de ninguém. E ali, sentada em um dos bancos, ela conseguia confirmar ainda mais seu contraponto sobre as acusações de seus conterrâneos. Todos que também se encontravam relaxando como ela no belo jardim, conversavam animadamente, sorriam e soltavam gargalhadas — que, apesar de discretas, eram contagiantes — em pequenos grupos.

Era prazeroso contemplar aquilo, ver que a humanidade e a amizade ainda estavam presentes nas pessoas mesmo nos tempos de guerra, mesmo com a hostilidade entre os países e o jeito fechado do povo europeu. Apesar de não ser de seu agrado ter de viajar mais de 11 mil quilômetros de Lima até Copenhague, ela deveria aproveitar. Conhecer novas culturas, novos lugares, tudo novo. Se não fosse aquele frio que percorria sua espinha, que fazia todos os seus músculos se contraírem em defesa e seus olhos se fecharem para o mundo exterior — a fim de conter o máximo calor possível —, talvez ela estivesse interagindo como sempre fazia, não apenas observando.

— Vi você sozinha aqui, tremendo — Henrik disse, surpreendendo a latino-americana ao  trazer seu calor, ficando a centímetros dela no banco. — O frio europeu de outono não lhe agrada?

A menina riu fraco, finalmente abrindo os olhos, logo se deparando com o menino ao seu lado, que a encarava. Sem graça, ele a examinou de cima a baixo, parando em suas pequenas mãos morenas como as folhas caídas no chão, cobertas de riquíssimas joias e que balançavam muito.

— Nem um pouco — ela tentava esconder ao máximo seu sotaque ao falar dinamarquês. — Não sei como vocês aguentam isso todos os anos. Eu com poucos dias já estou congelada.

— É costume… — ele sorriu, direcionando novamente sua atenção para o rosto da pretendente. — E técnicas também! Ficar sentado só aumenta a sensação de frio, para se esquentar você precisa estar em movimento. Vamos, levante-se e vamos andar um pouco.

Ele, então, se levantou, estendendo o braço para ela em um gesto amigável. A menina, com o jeito alegre de sempre — mesmo com o desconforto causado pela baixa temperatura — o acompanhou, ficando ao seu lado como uma perfeita dama. Apesar de os dois, naquela posição, fingirem estar completamente à vontade um com o outro, ela sabia que isso não era verdade. Os ombros do rapaz estavam encolhidos e sua mandíbula, contraída. Ela, por sua vez, tinha as mãos fechadas e tentava ao máximo deixar seu corpo afastado do de seu companheiro. Ambos, porém, estavam se esforçando para manter o clima o mais agradável possível.  Isso porque os dois sabiam que a hostilidade entre eles naqueles primeiros momentos só pioraria sua relação futura, que teria de acontecer de qualquer forma. Não havia opção quanto a isso.

— Minha irmã, quando bem pequena, costumava a sentir frio em todas as estações. Não importava qual era a temperatura, 10 ou 30 graus, ela se encolhia e tremia, era assustador — ele balançou a cabeça de leve, provavelmente tentando afastar a memória. — A solução arranjada por sua equipe médica, então, foram diversos exercícios que a ajudavam a se manter quente. Entre eles, inclusive, estava andar pelo jardim, como estamos fazendo agora.

Luísa pensou um pouco, olhando para o horizonte — mania estranha que adquirira nas altas montanhas andinas, cuja paisagem era tão limpa e bela que a faziam refletir melhor sobre tudo. Assim, ela se lembrou da pequena princesa dinamarquesa, a qual, apesar de não conhecer direito, achava maravilhosa. Não conseguia imaginar o sofrimento naquele corpinho tão jovem, que exalava tanta alegria. Os planos cósmicos para a garotinha, a latina não podia negar, eram confusos.

— Desculpe-me se eu não estiver sendo delicada, mas o que sua irmã tem? — ela tomou coragem para perguntar.

— É complicado, não sei se você entenderá em dinamarquês. Vou tentar simplificar. Saphira, desde recém-nascida, tem os pulmões fracos e crises eventuais de epilepsia, você sabe o que é? — ela fez que sim com a cabeça e ele prosseguiu. — Nos primeiros anos de vida, trataram esses dois fatores como casos separados. Apenas depois foram descobrir que era tudo causando pela mesma doença, que desde então desencadeia mais e mais problemas a ela. Inclusive esse do frio.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo, apenas ouvindo o fraco uivar do vento em sia volta. Luísa lembrou da mãe, que morrera ainda tão jovem e que — segundo lhe disseram — era tão doce quanto a princesinha dinamarquesa. Era tão injusto que pessoas como elas tivessem de sofrer tanto. Mas, se a madre da natureza assim ordenava, não havia ninguém que pudesse contrariá-la. Deveria haver um motivo maior.

— Desculpe, não deveria ter falado nada. Existem tantas coisas diferentes em seu país! — ela sorriu para ele, tentando apagar o seu erro. — Começando pela aparência. As árvores e as plantas são tão belas, mas estranhas. Son tan pequeñas y delgadas, sin hojas, no tenemos eso en Latin America.

Ela riu por ter falado espanhol em um momento de total descuido. A mudança repentina de país e, consequentemente, de língua era difícil para a garota, por mais que ela estivesse se adaptando bem. O problema era que, na maioria das vezes, seu pensamento e vontade de conversar eram muito mais rápidos que a tradução mental de todas as palavras e frases.

— Isso se dá por conta do clima e tudo mais… — esclareceu ele, dando uma risadinha discreta. — Ouvi que as florestas em seu país são lindas.

— Sim. Temos a maior floresta do mundo, a Amazônica. Os momentos mais felizes de minha vida entre as árvores, correndo por tudo e descobrindo o mundo. Sinceramente, não sei como eu sobreviveria aqui em Copenhague. Apesar ter um pouco de… Como se diz? — ela pensou um pouco antes de continuar. — Verde, ainda sim é muita pedra para todos os lados.

— Isso porque você está na capital. Lima não é assim também? — ela concordou, balançando a cabeça para todos os lados ao pensar e ele prosseguiu. — Em outras regiões há o campo, o céu aberto e a natureza de que você tanto gosta.

— Isso me deixa muito mais feliz. E animada, claro — ela afirmou. — Será que eu poderia visitar essas áreas que me agradam mais?

— Seria um prazer. Mas creio que no momento não é muito seguro sair da cidade — ele disse, um tanto triste. — Você sabe, com a guerra e tudo...

— Ah, certo. Às vezes eu me esqueço dessa situação — ela olhou para baixo e refletindo um pouco. — Não posso me fazer de idiota. Esse conflito nos atinge também, mesmo que indiretamente.

Mais uma vez, eles ficaram quietos. Ambos estavam se esforçando muito para manter um assunto agradável, porém nada que falavam parecia se encaixar com o momento.  O que era algo que, para ser bem sincera, a princesa latina não entendia. Desde bem criança, ela se dera bem com todos os colegas de classe, meninos e meninas. Conseguia manter diálogos que duravam horas e horas, com temas que não acabavam mais. Talvez, naquele momento, estivesse sendo difícil pela pressão do casamento. Ou seria por que ela e Henrik simplesmente não tinham conexão alguma?

Eles andaram mais um pouco, observando as belas flores que se encontravam por toda a extensão do jardim. Quebrando a bela composição com colorido das pétalas e do verde das folhas, estava um menino com um blusão simples azul, que, concentrado, tirava as partes apodrecidas das plantas. A dedicação e o amor dele eram perceptíveis e ficaram ainda mais quando, ao ver que os dois nobres estavam passando ao seu lado, olhou para cima e sorriu, revelando seus encantadores e apaixonados olhos verdes.

— Luísa, esse é Jebediah. É ele quem cuida de todas as plantas de nosso Palácio — apresentou Henrik, com a cabeça posicionada de uma maneira que pudesse olhar para os outros jovens. — E Jeb, essa é Luísa do Império Latino-Americano.

O jardineiro se levantou, deixando para trás todo o seu trabalho. Luísa se inclinou para cumprimentá-lo com um aperto de mão, como sempre fazia em sua terra natal. Ele, entretanto — quase que ignorando o gesto da menina — se ajoelhou novamente em uma reverência antiquada, parecia com aquelas vistas em filmes da época medieval. A menina, acostumada a tratar o povo latino como iguais, imitou a ação do garoto, ficando em sua frente. Ele estranhou, franzindo o cenho, mas, quando ela sorriu, ele retribuiu.

— É um prazer, Alteza — ele disse.

— Não precisa de tanta formalidade — ela respondeu, olhando para as plantas ao seu lado. — Belas flores, parabéns.

Ela, então, se colocou de pé mais uma fez, ficando ao lado de Henrik. Jeb olhou para o príncipe, o belo verde de seus olhos brilhando com a luz do sol.

— Achei que o senhor estaria lá dentro com os outros jovens — admitiu ele.

— Fazendo o quê? — o mais novo questionou em um tom confuso.

— Não sei, algo relacionado a espadas — o outro balançou a cabeça.

— Espada? Luta? — perguntou a latina, que ouvia a conversa dos dois rapazes com muito entusiasmo, esperando que não houvesse confundido as palavras em dinamarquês e entendido tudo errado. — Onde isso?

— Temos uma sala de esgrima no Palácio. Meu irmão gosta de ir lá de vez em quando, para treinar com as espadas de verdade que temos — respondeu o garoto, cruzando os braços, deixando claro que ele não gostava dessa atividade. — Agora com todos esses convidados, suponho que eles devam ter feito todo um evento…

— Pela movimentação para aqueles lados, acredito que seja isso mesmo — concordou o mais velho, olhando para um dos cantos da grande residência real, onde provavelmente se encontrava a sala.

— Adoro lutas de espada. É muito divertido! Podemos ir lá olhar? — Luísa pediu com um ar esperançoso, mesmo tendo percebido que aquilo não agradava nada seu futuro marido

— Claro. Lá dentro é mais quente também — ele disse, fazendo a menina sorrir. —Quer vir conosco, Jebediah?

— Agradeço o convite, mas tenho que terminar o serviço aqui — respondeu, voltando a atenção para as plantas.

— Pena. Mas se quando terminar você quiser vir, está convidado — o menino disse, sorrindo, mesmo sabendo que o outro nem estava prestando atenção no gesto.

Antes de tomar seu caminho para a dita sala de lutas, Luísa passou suas mãos delicadas nas flores mais uma vez, sentindo seu perfume suave como sempre fazia em sua terra natal. O jardineiro levantou a cabeça levemente para ela, sorrindo. Com aquele ato, a latina pôde perceber ainda mais que os europeus não eram nada como seus conterrâneos haviam lhe dito. Ela conseguia notar que o garoto era retraído, mas que, mesmo assim, estava tentando. E isso a deixava muito feliz.

Animada, então, a menina cruzou o braço com o do pretendente, deixando a timidez de lado. Ela deu um último adeus a seu novo amigo — o que ela já o considerava, mesmo que eles tivessem conversado apenas uma vez. Enquanto os dois nobres caminhavam, os olhos claros de Luísa passavam por tudo. Em um certo momento, eles pararam em alguma janela qualquer em um dos cantos do grande Palácio, onde se encontrava uma menina loira, aproximadamente de sua idade e que tinha em seu rosto pálido um ar melancólico.

***

O suor escorria pelas mãos de Arthur, passando para o bem trabalhado cabo de sua espada, que uma vez pertencera a seu pai e, antes disso, a seu avô.  O metal da lâmina da arma se chocava com a do oponente que, com dificuldade, ainda lutava. Said, o príncipe herdeiro do Marrocos, deveria ser um ótimo guerreiro, que derrotava todos os oponentes com facilidade tal qual seus antepassados. Gladiando contra ele, o britânico pensou que finalmente poderia se sentar com os outros. Porém estava errado.

Os golpes do norte-africano, apesar de muito ágeis, não eram suficientemente bons para dominar o rival. Mesmo com as mãos escorregadias por conta do líquido que saía de suas glândulas sudoríparas, conseguiu, abaixando-se em um movimento arriscado, desequilibrar o oponente. E, assim, mais um garoto estava no chão. Arthur vencia novamente.

Apesar do cansaço, o príncipe conseguiu sorrir orgulhoso enquanto cumprimentava seu adversário. Como em todas as outras vezes, ele apertou a mão do perdedor e logo depois olhou para o público, recebendo gritos histéricos — provavelmente vindos das Selecionadas, que, apesar de estarem competindo pelo coração de Alexander, encantaram-se pela beleza do britânico. Porém naquela vez em especial ele não achou, no meio da pequena multidão, quem realmente procurava.  

— Arthur ganhou de todos até agora — Alicia, que tomara o papel de apresentadora da competição amadora, anunciou, acordando o vencedor de seus devaneios. — Não gostaria de dizer isso, mas acho que já temos um campeão.

As garotas da arquibancada reclamaram em suspiros tristes. O britânico não poderia negar, o evento estava realmente bastante divertido, uma maneira de descontrair depois de tantos dias estressantes por conta dos assuntos da guerra que rodearam o aniversário de Henrik. Porém aquelas malucas, provavelmente, apenas estavam torcendo para que aquilo não acabasse para que os meninos chegassem ao ponto de tirar a camisa, deixando à mostra seus abdomens bem definidos — que elas tinham certeza que existiam.

— A não ser que alguém mais alguém aceite o desafio…— continuou a vice embaixatriz, recebendo aplausos das Selecionadas.

— Eu aceito — disse uma voz feminina desconhecida vinda do outro lado do local.

Quase que em sincronia, todos os presentes na pequena arena de treinamento olharam para a porta que dava para os interiores do Palácio. Ali se encontrava uma figura vestida completamente de preto, como uma sombra, um vulto que assombrava as crianças à noite. Até mesmo a cabeça não se salvava, também estando envolta por panos que deixavam apenas resquícios dos olhos extremamente azuis à mostra. Em suas mãos se encontrava uma espada igualmente negra muito simples, porém que exaltava o poder. Era como se ela fosse um guerreiro oriental da antiguidade, daqueles que destruía todos os locais por onde passava.

Ao chegar ao centro do local, ela parou bem na frente de Arthur, quase encostando nele. Tal ação deixou Alicia, que se encontrava a alguns metros dos dois, desconfiada. Seus olhos verdes, visivelmente inquietos, se encontraram com os de Alba e Serena, que não demonstraram nenhuma reação. Apesar da incerteza da garota — que ele sabia que poderia ser com razão — o britânico dirigiu um olhar desafiador à figura, que levantou um pouco a cabeça a fim de manter o contato visual. E, não se pode mentir, aquilo o trouxe mais adrenalina ainda para lutar contra ela.

— Então teremos Arthur contra… — a dinamarquesa anunciou, não muito segura do que estava fazendo.

— A sombra da noite — respondeu a desconhecida.

— A sombra da noite! — repetiu a apresentadora. — Que comece a luta!

— Será uma honra ganhar de você — afirmou o príncipe, se curvando em uma reverência polida com a espada em mãos.

— Assim você espera — desafiou a oponente, já se colocando em posição de combate. — Boa sorte.

O público ficou em silêncio absoluto.  Todas as vozes, que antes tomavam conta do ambiente, se calaram, até mesmo as das Selecionadas — que pareciam estar sempre em conversas paralelas. Daquela maneira, o príncipe britânico era capaz de ouvir os mais pequenos e inexpressivos sons, desde o vento batendo de leve nas janelas até o tintilar dos sinos do jardim. Porém, para ele, o mais significante era o da respiração suave e pacífica de sua rival, que ainda o encarava com seus belos olhos azuis. Com a calma que ela exalava, mal parecia que uma luta estava prestes a começar, só que uma pintura estava sendo feita daquela cena, para um registro histórico da beleza da posição e de como as linhas do corpo da bela pessoa em sua frente se fundiam com a espada, como se fossem um só.

Entretanto não havia ninguém ali com uma tela ou com um pincel. Apenas os dois e uma plateia que esperava por mais um combate emocionante. Ele, infelizmente, não poderia apenas admirar a beleza do momento. Seu olhar artístico, como sempre, era acobertado pelo militar, enquanto ele fechava os olhos ao se colocar na posição de combate.

Como em todos as outras disputas, ele começou com um golpe na altura da cintura de sua oponente, ainda de olhos fechados. Certo de que tinha a atingido, ele logo partiu para o próximo golpe, que seria no centro de seu abdômen. Para sua surpresa, porém, ela se esquivou, dando um pulo e parando perfeitamente no chão. Ele, sem reação, permitiu que ela fizesse um golpe nos seus pés, respondendo apenas com um pequeno salto, o que abriu espaço para que ela chegasse mais perto.

Os braços longos e finos da oponente se projetaram para frente, fazendo com que a espada se aproximasse do peito dele. Mas ele, não deixando seu talento com a luta de lado, conseguiu se curvar para trás. Sua mão, como nos treinamentos, se firmou no chão, permitindo que ele desse um giro e atacasse as pernas da garota. Ela, entretanto, pulou como se fosse uma dança. Então ele a atacou na cabeça, o que ela respondeu com uma defesa muito bem pensada com a própria espada, mas que a fazia se aproximar cada vez mais do chão.

Naquela posição, quase a fazendo se fundir ao chão de mármore da sala, ele pensou que estava ganhando. Quase conseguia imaginar a cena final da luta, seus rostos quase colados um no outro, ela totalmente deitada, sem alternativas possíveis de reação. Porém, nos momentos em que a parte imodesta de sua mente tomou conta, ele não foi capaz de lembrar que sua oponente era esperta e não conseguiu reagir quando ela passou deslizando por baixo de suas pernas.

Ele mal conseguiu prestar atenção nos movimentos que seguiram. A luta continuava intensa. O suor escorria em suas costas. Ele não conseguia pensar, apenas executar os movimentos que por tantos anos treinara nas academias militares de seu país. Seus pés se deslocavam pelo chão sem que ele sequer percebesse. Era como se ele estivesse em um transe, como diziam ficar os antigos e mitológicos guerreiros da antiguidade. Como se ele fosse possuído por uma força maior, que apenas deixou seu corpo quando ouviu o barulho da porta chutada pela outra lutadora.

Apenas quando a dança de golpes chegou ao jardim que Arthur conseguiu retomar os sentidos. Ele sentia tudo. Ouvia tudo. E, o mais importante de tudo, via os olhos azuis de sua oponente, reconhecendo-os pelo seu brilho animado e quase infantil — coisa que não conseguira fazer no ambiente interno do Palácio.  Com aquela descoberta, sua concentração foi para os ares. Ele só conseguia pensar na verdadeira ela que estava em sua frente, o que abriu espaço para que um golpe final fosse feito. Ela bateu na espada dele, fazendo-a voar. As duas armas, então, formaram um X em volta do pescoço do rapaz.

— Acho que não foi dessa vez — afirmou a garota, apertando ainda mais o oponente, ficando cara a cara com o mesmo.

— Foi o cansaço — retrucou ele, erguendo as sobrancelhas.

Ela riu e afrouxou um pouco as espadas e, com isso, o véu foi puxado. Lentamente, o tecido desceu por sua pele delicada, revelando seus belos traços. As maçãs do rosto, o nariz, a boca, o queixo; até que ela estivesse completamente exposta. O público, ao notar sua verdadeira identidade, deu um suspiro surpreso. Mas Arthur só conseguiu sorrir, encarando as belas feições que o encantavam desde seu primeiro dia na Dinamarca.

— Isabella? — todos, de súbito, viraram para onde a voz irritada surgira, novamente, um suspiro em conjunto foi ouvido. Daquela vez, o Príncipe britânico teve de acompanhar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

HENRIK!?!?! O QUE É ISSO? SIMPATIZANDO COM A OUTRA GIRL? E COMO FICA A LARA? COMO FICA #Larink♥? Será que ele só quer amizade e depois deixar nossa pobre latinazinha sozinha?
E o Arthur e a Isabella? Lutando tão lindinhos ♥ A ideia dessa cena foi da Ravena (eternamente grata). Na verdade ela pensou em esgrima, mas como não estou tendo tempo pra NADA, não conseguiria pesquisar corretamente e ficaria horrível. Achei melhor deixar assim, porque não tem perigo de errar os nome dos golpes haha.
ESPERO NÃO DEMORAR TANTO NA PRÓXIMA!
Até!
xoxo♥ ACE



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rainha dos Corações" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.