Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 15
Livre | Saphira


Notas iniciais do capítulo

Oi, jujubas! Como estão? Já de férias?
Eu ainda tenho uma longuíssima semana de aluas :( Quando meu recesso começar, vou escrever loucamente :D eeeh
Viram a nova capa? Gostaram? Bom, acho que ficou 1000 vezes melhor que a outra, que foi feita pela talentosa (sqn) eu no paint. A nova foi feita pela B Angel, que, aliás, é muito diva.
Momento divulgação: A Origem do Trono, por Alice Zahyr. É só tiro, porrada e bomba! Se puderem deem uma passadinha lá. Eu, particularmente, adoro.
Mais uma coisa (mds, tenho que deixar vocês em paz logo): postei u m spin-off de RDC, que fala sobre Sybil a avó de Juliane. Ele ainda tem só 121 palavras, mas pretendo postar um capítulo logo. Espero que gostem. Se chama "Uma Flor de Duas Nações".
Sobre o próximo capítulo (já pensando para frente): Vocês querem que eu descreva um dia das Selecionadas na ACM (Academia Militar de Copenhague) ou preferem que eu pule logo para a a parte que interessa? A opinião de vocês é muito importante!
Estou muito falante hoje... Então, fiquem com o capítulo da Phinny!

[CAPÍTULO ATUALIZADO 12/01/2021 - LEIAM AS NOTAS FINAIS]



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Alteza, nossa junta de médicos decidiu que seu estado já está bom o bastante para ter alta — um médico anunciou, sem entrar propriamente no quarto da Princesa de 8 anos. — Vossa Alteza pode ir para casa hoje mesmo.

Um sorriso se formou nos lábios de Saphira. Finalmente poderia sair daquele lugar terrível! Era o momento que mais esperava desde a internação, um pouco mais de uma semana antes. A menininha não entendia o porquê de a deixar ali, visto que parara de usar os aparelhos dois dias antes, já se sentindo consideravelmente melhor desde então. A equipe médica do Palácio poderia muito bem cuidar dela assim — e, na convicção da princesinha, ela se recuperaria muito mais rápido se estivesse em casa com sua família.

— O senhor pode nos fornecer um telefone? — perguntou Ophelia, que estava sentada na cadeira ao lado da cama. — Precisamos informar ao Palácio que a Princesa Saphira irá retornar.

A babá viera ficar com a Princesa mais nova assim que seu quadro melhorou. Apesar de estar muito feliz com a companhia, Saphira não podia deixar de notar que a mais velha parecia um tanto inquieta. A cada cinco segundos, ela passava a mão impacientemente pelos seus cabelos escuros. Balançava as pernas o tempo todo. Olhava para os lados como se estivesse esperando por algo. “No que será que ela está pensando?” pensou Phinny, mas decidiu não se posicionar sobre o comportamento da outra em voz alta. Por mais que estivesse curiosa, não queria deixar Ophelia ainda mais nervosa com suas perguntas. “Logo nós sairemos daqui, e ela vai ficar mais tranquila” concluiu a Princesa mentalmente. 

— Creio que não seja necessário — disse o médico, ainda parado em frente à porta do quarto. — Há uma mulher loira esperando por vocês na recepção.

Saphira arregalou os olhos, animada. Já sabia que os irmãos, principalmente Alexander, não poderiam vir, visto que estavam demasiadamente ocupados com a Seleção — a qual, conforme Phinny ouvira, já estava a todo vapor. Dessa forma,  a pequena imaginava que ninguém de sua família teria tempo para ir buscá-la, deixando-a, como em muitas outras situações, aos cuidados da babá. Ao saber que alguém além de Ophelia estava ali, o rosto da menininha se acendeu. Ser surpreendida assim era sempre um bom sinal na Família Real.

— É a mamãe? — perguntou ela, esperançosa, mesmo tendo certeza de que não era. — Ou é uma das gêmeas? Pensando bem, nenhuma delas é loira...

— Não é a Rainha nem uma das Princesas — admitiu o médico suavemente, tentando não dissipar a alegria da menina. — Mas sugiro que vocês se apressem para essa senhora não ter de aguardar muito.

Assim que o doutor saiu, a princesinha pulou da cama, indo parar imediatamente no colo de Ophelia. O sorriso não se desfazia, tanta era a alegria. A babá não podia deixar de ficar feliz também, pois momentos de euforia como aquele eram raros para a menina — ainda mais considerando sua frágil condição física.

Minutos depois, já devidamente vestida com uma blusa escura de mangas longas, uma saia marrom, meia-calça branca e uma boina, a menina  se encarou no espelho. O visual não era muito comum para um dia de final verão, porém Saphira estava sempre com frio, mesmo nos dias de clima mais claustrofóbico como aquele. A doença — que era resultado de um nascimento prematuro extremo de causas até então desconhecidas — afetava até os sentidos da menina e, para evitar que sua imunidade baixasse ou que outro sintoma de sua condição se manifestasse, todo o cuidado era pouco. Assim, por mais que ela estivesse se sentindo bem, na maioria das vezes, não podia ser como outras crianças. E, apesar de não admitir ou demonstrar, ter cuidados especiais sempre a incomodou, pois sabia que nunca poderia se livrar deles.

— Vamos, querida? — questionou a babá.

Ela se aproximou do espelho lentamente, ficando atrás de Saphira. Sem dizer nada, beijou a testa da menina com carinho. Conhecia-a tão bem que palavras não eram necessárias para entender seus sentimentos. Ophelia sabia que a alegria de ter alta já se dissipara, pois a realidade sempre voltava à tona com rapidez. E, ainda que se sentisse triste pela Princesa — visto que acompanhara sua batalha contra seu próprio corpo desde muito cedo — tinha consciência que era sua responsabilidade se manter forte para apoiar a pequena.

A governanta, então, pegou a criança pelos braços com cuidado. As pernas finas se firmaram na cintura da mais velha, e os braços agarravam o pescoço com firmeza. Saphira era tão leve, não deveria pesar muito mais que 20 quilos. Por isso, carregá-la não era fácil para a criada, acostumada a levantar objetos de peso muito maior para ajudar seus colegas nos porões do Palácio.

— Pronta para descobrir quem é a mulher que nos espera? — perguntou Ophelia, roçando o nariz nos cabelos loiros da menininha.

— Espero que não seja minha professora! — respondeu a outra de uma maneira quase incompreensível, já que praticamente afundara a cabeça na curva do pescoço da babá. — Ela é loira…

— Ela é tão ruim assim? — indagou a mais velha com humor, já andando em direção à porta.

Antes mesmo da menina responder, as duas já estavam no corredor da ala infantil do Rigshospitalet. Era sem graça e muito longo, com a pintura de cores pastéis e alguns poucos desenhos coloridos. Não era muito propício para um hospital infantil, que deveria ser alegre. “Mas,” pensou a criada, “o que tinha de alegre em um grupo de crianças doentes em um hospital?”

— Schrecklich! — A menina fez uma careta. — Só de ver os pés dela eu já tenho ânsia de vômito!

Ophelia riu novamente. Elas passavam por mais alguns quartos, cujo interior era visível a partir do corredor por conta das grandes janelas. Era de partir o coração. Saphira conhecia a maioria, como a ruiva do quarto 47, que tinha uma doença terminal, o miúdo do quarto 49, cujo sistema digestivo era precário, e a de olhos grandes, que portava uma doença raríssima nos olhos. Os pacientes eram quase uma família, por isso, deixar aquele corredor, para a Princesa, era apenas sair para um passeio — que poderia durar meses ou até mesmo apenas alguns dias .

— Será que as Selecionadas estão tendo aulas com ela na Academia?

A menção nas pretendentes do irmão alegrou a menina. Os olhinhos azuis brilharam de animação. Ophelia não via, mas um sorriso se abriu no rosto da pequena em seus braços. Tanto para a Princesa quanto para a babá, as Selecionadas eram novidade, assim como a competição da qual elas participavam. E, diferente de Ophelia, Saphira ficara encantada com a ideia. Que criança de oito anos não ficaria feliz tendo trinta e cinco garotas — as quais estavam determinadas a conquistar o Príncipe que tanto amava a irmã caçula — para mimá-la?

— Coitadas — Phinny afirmou.

As duas ficaram em silêncio por alguns instantes até chegarem ao fim do corredor. A sala de espera era branca tal qual as galerias. Naquele momento, as cadeiras igualmente brancas estavam praticamente vazias, exceto por uma mulher que se sentava perto da porta. Os cabelos longos e loiros, os quais lembravam muito os da Rainha Juliane, caiam como ondas em suas costas. Apesar da aparência nobre, ela trajava roupas bastante simples, denunciando que não pertencia à alta realeza.

Assim que viu a espanhola com a princesinha, a loira se levantou. Ela exibia um grande sorriso, ressaltado pelo batom vermelho intenso. Ophelia não a reconheceu, mas a semelhança com Juliane era tremenda, então pressupôs que deveria ser da vasta família Manteuffel.

— Nem vai cumprimentar sua tia? — perguntou a mulher, que tinha um sotaque estranho ao falar dinamarquês, colocando a mão no ombro de Saphira. — Disseram-me que os dinamarqueses eram frios, mas não acreditava até agora.

A garotinha soltou os braços do pescoço da babá, facilitando a mudança de posição. Quando viu a mulher, pareceu não reconhecê-la. Encarou-a por alguns instantes. Por conta da vida agitada da Lady Germânica, fazia muito tempo que tia e sobrinha não se viam, a criança deveria ter seis anos no último encontro. Após um breve tempo de confusão, porém, ela relembrou. Assim que a memória de sua tia mais nova retornou à sua mente, a Princesa se soltou completamente de Ophelia.

— Tante Hannah! — A pequena pulou no colo da outra, com alegria. — Ich vermisse dich sehr!

— Também senti sua falta, minha joia – disse a mais velha, em dinamarquês, sorrindo.

— Mamãe sabe que você está aqui? — questionou, olhando fixamente nos olhos da tia.

— É claro que não! Vai ser uma surpresa e tanto! — falou, fazendo a sobrinha rir. — E eu não poderia perder a Seleção do Alexschen e a oportunidade de infernizar um pouco a vida das pretendentes dele, não acha?

♕♕♕

Antes que se percebesse, Saphira já podia ver a grande e familiar estátua de Frederik V — o antigo Rei da Dinamarca, imortalizado naquela bela obra, era sempre o primeiro a recepcioná-la a cada vez que voltava ao Palácio de Amalienborg. Olhando a magnífica construção que ela tinha a honra de chamar de casa, a Princesa lembrou o quanto sentia falta daquele local. Os jardins floridos, as pedras coloridas no chão e o rio ao fundo deixavam saudades quando se passava dias em um hospital sem alegria e sem cor no centro da cidade.

Mas, apesar de estar extremamente feliz por finalmente poder estar ali, o que mais alegrou a Princesa não foi a volta ao lar. Algo a mais aumentava seu sorriso,  se é que isso era sequer  possível. Algo que ela não esperava, que nunca poderia imaginar. Uma surpresa.

Vestidas com fardas da Academia Militar — como a garotinha logo conseguiu reconhecer — um grupo de 35 garotas estava posicionado em frente ao Palácio. Mais à esquerda, como se esperassem pela mais importante comitiva de monarcas estrangeiros, a Família Real se organizava em uma fila, com os pais um ao lado do outro em uma das extremidades e os irmãos parados a seu lado por ordem de idade. Ao avistá-los, Saphira pulou na poltrona do carro.

— Olhem! Papai, mamãe, Alexei, Grid, Bella e Henrik — exclamou ela, entusiasmada, apontando para eles através do vidro cada vez que um nome era chamado. — Estão todos aqui para me ver!

Ainda que as pessoas do lado de fora não conseguissem enxergá-la, Saphira abanava animadamente para a família de dentro do carro. Eles, por sua vez, apenas encaravam o veículo em clara felicidade pela chegada iminente de seu membro mais novo.Felizmente, a espera da menina e dos outros membros da Família Real para finalmente se reencontrarem não foi longa, já que apenas alguns minutos depois as sapatilhas delicadas encostaram-se ao chão à frente do paço.

Sem esperar, a princesinha saiu a passos apressados até a família, esquecendo-se de todas as aulas de etiqueta e de todos os protocolos. Queria reencontrar seus pais e seus irmãos, não se portar bem como a Princesa, quinta na linha de sucessão ao Trono Dinamarquês, que era. As perninhas magras moviam-se depressa, diminuindo a cada segundo a distância entre ela e o grupo de pessoas. Podia sentir os olhares das Selecionadas, que, afinal, ainda não a conheciam. Apesar de estar com muita vontade de conhecê-las, tinha consciência de que aquele não era o momento.

— Papai! — a princesa gritou, de braços abertos, já próxima deles.

Assim como fizera ao ver Hannah no hospital, a pequena Princesa pulou no colo do Rei com alegria. Christian, por sua vez, deu um beijo na testa da filha caçula, olhando-a com ternura. Apesar de ser simples, aquela demonstração de amor paterno era rara na Família Real, principalmente em momentos como aquele — em público. Como ditava a etiqueta real, o monarca e seus familiares não deveriam fazer demonstrações públicas de carinho, guardando-as apenas para seus momentos mais íntimos. Naquele momento tão emocionante, porém, nem mesmo Christian conseguia seguir as regras.

— Só vai com o papai... — murmurou Isabella, que estava ao lado do patriarca da família. — Menina ingrata.

A caçula olhou para a irmã mais velha, que ainda estava fardada, e deu um sorrisinho. Sem dizer nada, soltou-se dos braços do pai e logo ela estava no colo da irmã, conversando animadamente com ela e com a outra irmã, Ingrid, que se encontrava logo ao lado da gêmea. Phinny e Bella — e, é claro, Grid, por mais que seu amor pela irmãzinha fosse mais explícito — eram, com certeza, muito próximas, mesmo não admitindo isso.

Enquanto isso, Hannah se aproximava, um tanto receosa, da Família Real Dinamarquesa. Até aquele momento, ninguém percebera sua presença, e era isso que ela queria. Pois, se a Rainha a visse, uma briga começaria. Ela foi a primeira das irmãs, em seus quase 21 anos de reinado, a ter a audácia de visitar a Dinamarca sem ser convidada… E isso, com certeza, não agradaria Juliane.

— Venha, Saphira, vamos conhecer as Selecionadas — pediu Alexander, estendendo a mão para a mais nova. — Acho que elas irão gostar de você.

— Elas me amaram! — disse Isabella, sendo sarcástica. — É lindo de se ver.

Os irmãos se afastaram dos soberanos e em segundos já cumprimentavam as pretendentes do mais velho. A princesinha demonstrava toda sua simpatia, sorrindo para todas sem discriminação. Não fazia careta para nenhuma! Talvez fosse por educação, mas não era muito provável — uma criança como ela nunca era falsa ou demonstrava maldade.

Para Hannah, aquele era o momento perfeito para se aproximar da irmã. Os sobrinhos não estavam por perto e, por isso, não seriam prejudicados pela briga iminente. Duas cabeças loiras que faziam parte da família Manteuffel, afinal, não devem ser colocadas juntas.

— Juliane — disse a mais nova, baixo, quando já estava próxima. — Quanto tempo…

Juliane olhou para a irmã caçula com desconfiança. Não sorriu em nenhum instante, atitude típica dela. Apesar de amar muito a família, desde que se tornara a Rainha da Dinamarca, começara a tomar cuidado com eles. Ela não era mais uma simples Lady Germânica. Não mais era uma insignificante. E, ao receber visitas não anunciadas de seus familiares, não podia simplesmente recebê-los como se nada mais estivesse acontecendo em sua vida. Era uma mulher importante, com muitos compromissos, e não poderia perder tempo com parentes intrometidos.

— O que faz aqui? — perguntou a monarca sem emoção antes mesmo de cumprimentar a irmã.

— Vim tornar tudo mais divertido.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
O que acharam da visita inesperada da Hannah?
Saphira está finalmente em casa e vai poder se juntar a suas irmãs nas travessuras hahahaha
Qualquer erro me avisem!
Mais uma coisa: o que vocês estão achando da fanfic? Têm alguma sugestão ou algo do tipo? Podem falar, estou aberta a palpites!
Até o próximo!
xoxo

[ATUALIZAÇÃO 12/01/2021]

Nem acredito que já estou revisando o capítulo 15! Parece tanta coisa, não é?
Eu lembro que, na época, o momento da saída de Saphira do hospital foi muito esperado pelos leitores. Como comecei a fic com um capítulo narrando o dia do sorteio e, coincidentemente, o dia em que Saphira foi internada mais uma vez, todos criaram uma afeição especial pela princesinha. E, nesse capítulo, ela finalmente voltou para casa! Os acontecimentos não mudaram com essa revisão. Phinny continua voltando para Amalienborg, e Hannah continua aparecendo de surpresa. O que fiz foi só uma repaginada na escrita que, na época, era bm básica. Fiquei feliz com as mudanças e espero que vocês gostem delas também!

Até a próxima!
xoxo ♥ ACE