O Pássaro do Gelo escrita por MaNa


Capítulo 24
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Eu não respondi aos comentários. Me perdoem. É que rolou uns probleminhas aqui...
Enfim, vou responder. Não parem de comentar!

Obrigada por tudo.

Bom capítulo!



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Capítulo 22

Camila estava mentalmente exausta. Após muito tempo lendo sem parar percebeu que perdera a hora e correu para a escola. Passaram-se vários dias sem que encostasse no livro, devido à semana de provas que finalmente tinha chegado tomando toda a sua atenção. No entanto, assim que o sinal tocou e o último teste foi terminado, a menina correu direto para casa mal se despedindo dos amigos e namorado.

Passou pela porta da frente como uma flecha, jogando a bolsa de qualquer jeito ao lado da cama e agarrando o original de sua mãe. Porém, assim que encontrou a página desejada, a mais velha abriu a porta de seu quarto.

–Camila?

–Oi, mãe?- Respondeu em um tom de impaciência.

–Preciso falar com você, não agora, porque tenho de ir fazer feira. Mas mais tarde. É um assunto sério. Não saia de casa hoje, ok?

A jovem fitou a mãe com curiosidade. O que poderia ser tão importante e dramático assim?

– Isso não se faz.

–Como?

–A senhora diz que tem algo a dizer, mas não diz, me deixando louca! Sabe que vou pensar nisso o resto do dia.

A mais velha sorriu e saiu do quarto fechando a porta.

Camila realmente passaria o dia pensando nisso... Contudo, já que as respostas não viriam tão cedo, achou melhor voltar ao mundo das fênix.

Mayta acordou em um local escuro. Sabia que era escuro, pois já tinha aberto os olhos. Na verdade, já tinha tomado consciência de muitas coisas desde que despertara, como por exemplo: sabia que as paredes eram feitas de pedras, pois machucavam suas costas, sabia que tinham lhe dado a erva, afinal não conseguia usar seus poderes, sabia que estava vestida com um pedaço de pano (pois o vestido amarelado, sujo e todo rasgado não poderia ser visto como qualquer outra coisa, muito menos decente), sabia que o ferimento no ombro ainda estava aberta, sem cuidados, ardia e doía muito, por fim, sabia que seus braços e pernas estavam amarrados em grilhões presos a parede.

O pouco que a garota podia perceber se devia a luz da lua que entrava em sua janela. A noite estivera tão escura antes de ser capturada... Como a lua surgira do nada?

“Talvez, só talvez, ela tenha resolvido vir aqui para não me deixar só.” Pensou o pássaro do gelo.

Mayta fechou os olhos pedindo, silenciosamente, ajuda a aquele brilho que entrava pela janela gradeada.

........

Vougan chegara atrasado. A primeira horas do dia seguinte já tinha começado há, pelo menos, três horas. O que significava que Elvira estava em sua terceira fogueira.

O rapaz se odiou. A nova Rainha devia estar esperando por ele, contando que o noivo estaria ali. No entanto, teve de encarar sozinha esse ritual tão complicado.

–Você devia ter chegado mais cedo. - Alana falou. Vougan virou-se assustado ao notar a presença da tia. Olhou ao redor. A Vila inteira estava ali. As fogueiras formavam um circulo enorme e as fênix estavam sentadas ao redor, observando Elvira.

–Logo se dispersarão. Ninguém aguenta esperar as vinte e uma horas da Rainha.

–Eu vou ficar.

–Nunca duvidei disso.

Ele fitou Alana com curiosidade. Os olhos da tia estavam inchados de tanto chorar pela filha banida e a irmã morta. Foram muitos golpes de uma vez.

Em um acesso de carinho por sua “segunda-mãe” ( afinal ela o criara) abraçou-a.

–Mayta vai ficar bem.

–Eu sei querido. Ela é forte. Dará conta.

Silêncio.

–Acho que você deveria cuidar mais da sua noiva.

–Por que diz isso, tia?- A curiosidade o invadiu, soltando a mulher e se colocando ao seu lado.

–Está vendo aquele rapaz?

–Quem?- Vougan tentou enxergar quem Alana apontava. Logo o encontrou. Era um homem alto, os músculos bem definidos, nada exagerados. Tinha os olhos da cor do fogo e os cabelos curtos eram cacheados. A expressão suave não escondia a cicatriz em seu rosto. Parecia tentar não chamar a atenção, conseguindo com maestria, apesar da presença marcante.

–O que tem ele?

–Ele é o filho da Dama Ísis.

– Uma do norte?

–Sim.

–E o que tem?

–Bom, ele veio pedir a mão de Elvira.

O quê?- O rapaz quase gritou. Como assim? A confusão tomou seu olhar. Elvira era a noiva dele. Isso já estava definido desde o nascimento, não existia a possibilidade de outros a terem. Não existia e nunca existiu. E, se surgisse à remota chance dessa alternativa passar a existir, Vougan estava bem propenso e disposto a destruir qualquer um que tentasse pô-la em pratica.

–Isso que você ouviu. Ele quer Elvira.

O príncipe deu um meio sorriso assustador.

–Perda de tempo. Nossos destinos estão selados há muito. Elvira é minha noiva.

–Hum... Depende...

Vougan virou-se controlando a raiva. O que raios a tia estava tentando lhe dizer?

–Olhe, – ela suspirou cansada- sua união realmente foi programada, mas Elvira é a Rainha. Sua mãe panejava casá-los antes de morrer, contudo, obviamente, não o fez e agora quem dita as regras é a sua “noiva”. Se ela quiser outro pássaro, ninguém terá o poder de questiona-la.

A expressão do rapaz mudou. Ele não aparentava estar apenas com raiva, mas com... Medo? Trazia um olhar mortífero direcionado ao jovem da outra Vila.

–Se ela aceitar outro não terá herdeiros da nossa linhagem. Seus filhos não poderão governar.

–Eu já resolvi isso para ela.

–O quê? Como?- Perguntou Vougan assustado. O que Alana poderia ter feito?

–Estou gravida. Descobri há pouco tempo. A parteira consultou os astros e tem quase certeza de que é uma menina.

– O que significa...

–Que se Elvira não tiver filhos do sangue real a criança que cresce em mim é a próxima na sucessão ao trono.

–Então...

–Vocês estão livres. Não precisam se casar.

Vougan gelou. Fechou os olhos tentando esconder a tensão.

–Elvira não vai querer nada com aquele rapaz. Ela me ama.

–Eu sei. Mas você não demonstra o mesmo por ela.

O rapaz a encarou com raiva.

–Acha mesmo?

A tia sorriu.

–Uma mulher que ama intensamente como Elvira, sofre com a mesma intensidade. E uma hora o sofrimento cansa. Aquele jovem estava conversando com ela e a conhece desde pequena.

–Como assim?- A cabeça do rapaz martelava. Aquilo estava mesmo acontecendo? A tia estava mesmo dizendo o que ele pensava estar escutando?

–Você lembra das viagens de Elvira e sua mãe?

–Sim.

–Bom, em uma delas ela o conheceu. Tinham 15 anos. Ele se apaixonou pela princesa e na época mesmo pediu para cortejá-la.

Vougan não sabia dessa história. E não aparentava estar gostando de saber.

–Mas ela não aceitou. Disse que tinha um noivo e não poderia descumprir o combinado.

“Muito bem, El”. O rapaz sorriu em triunfo.

–Porém, afirmou a ele que se você não existisse ela teria pensado em aceitar.

–O quê? Ela não poderia... - Desviou o olhar da tia, o fixando na Rainha que meditava dentro da fogueira. Ela não o abandonaria assim. Ela não...

–Ela quem me contou. Naquela época estávamos bem próximas, porque sua mãe a deixava sob meus cuidados.

Silêncio.

–A questão, Vougan, é que agora vocês estão livres. Você está livre e Elvira não precisa mais permanecer com um homem que não a ama.

–Por que repete isso? E como sabe tanto?

–Vougan, eu o criei. Fui confidente de Elvira e de Mayta. Eu sei das coisas.

–Não importa. Nada disso importa. Ela não vai desafiar a ordem de minha mãe. Seria um desrespeito, uma falta de bom-senso! Não está certo. Nenhum outro desposará Elvira.

“Eu não vou deixar”. Pensou. “Nenhum outro homem tocará ou terá o que é meu. Elvira é minha noiva, sempre foi, e será minha mulher. Como está planejado desde o inicio.”

–E se alguém tentar tirá-la de mim eu o mato. - As últimas palavras foram ditas enquanto ele observava o rapaz da outra Vila.

Mesmo com os olhos inchados e o corpo curvado, quem olhasse com cuidado, perceberia que Alana dava um meio sorriso satisfeito.

“Ora, ora, as coisas estão ficando interessantes. Almira, já estava mais do que na hora de seus filhos decidirem o que querem para eles mesmos, não acha? Acredito que ainda vou me divertir muito com essa história”. Pensou alegre. Em seguida a expressão ficou séria novamente e ela fez uma prece silenciosa.

“Meu Sol, por favor, proteja minha menina, onde quer que ela esteja agora.”

Ao longe Mayta ainda rezava por sua vida.


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Notas finais do capítulo

E então? Será que Elvira vai deixá-lo? Será que Vougan vai sentir-se livre e deixar Elvira quando entender que, finalmente, pode se comprometer com quem quiser?
Me digam o que pensam.

Bjs



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