Memórias escrita por Gabriela Candal


Capítulo 3
Em frente ás aguas


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos!
Hoje um capítulo cheio de suspense para vocês!



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Minha mãe ficou feliz quando eu lhe disse que sairia com um amigo, ela disse que eu realmente deveria fazer isso, me abraçou e comemorou minha volta a rotina, sai de lá antes que ela resolvesse fazer um bolo.
O Lago era um lugar muito bonito, era um grande campo verde com árvores e flores e um lago no meio, as vezes dava para ver peixes por ali mas como já estava noite era claro que isso não iria acontecer. Alice, Danilo, Cecília e eu costumávamos nos encontrar por lá e agora eu me questionava se tinha sido um lugar bom para marcar.
Não demorou muito para chegar lá, por já ser um pouco tarde não havia muitas pessoas andando por ali, caminhei pelo gramado verde em volta do lado por algum tempo, o dia estava frio e aproveitei para inalar o ar puro.
–Morena!
Ouvi aquela voz conhecida me chamar e ao virar para trás, vi Danilo sentado no chão encostado na árvore. Estava de jeans e casaco preto.
Sorri e fui até ele com passos lentos.
–Está a quanto tempo aí?
–Vi você chegar mas você estava tão pensativa que não quis atrapalhar.
Sentei-me ao lado dele, bem em frente ao lago e perguntei:
–Escolheu pela vista? Porque ela é linda!
Ele não respondeu e ao invés disso seu semblante pesou, mas eu não queria falar nada, preferia aquele silêncio do que o assunto que seguiria.
Olhei os pássaros a nossa volta e comecei a arrancar algumas folhas de mato que tinha ao meu lado.
–Você acha que Cecília se matou mesmo?
Suspirei.
Revólver. Cecília. Explodir.
Apertei os olhos, eu não ia lembrar.
Não queria.
Não podia.
–Eu a vi se matando.
Respondi.
–Eu sei... - Ele disse fazendo uma pausa dolorosa. - Eu também vi.
Ele pensou um pouco, parecia escolher as palavras.
– Só que Cecília não parecia querer fazer isso, sabe? E se alguém a drogou?
Meu coração estava se apertando, e eu sentia meu olho arder.
Ele parecia tão desesperado e foi nessa hora que eu lembrei de uma coisa muito importante sobre Cecília, sobre mim e sobre Danilo. Minha alma se contorceu.
–Eu também concordo.
Danilo suspirou aliviado por saber que eu concordava e começou a falar:
–Sabe o que mais me dói, More? È que eu estava apaixonado por ela, eu tinha falado com Cecília. Você deve saber disso.
Eu sei, pensei, segurando algumas lágrimas que insistiam em querer descer.
–No começo ela disse que gostava de mim, pareceu bastante animada, só que quando voltamos a conversar, ela disse que não poderia ficar comigo.
Não pude segurar mais, as lágrimas começaram a cair sem que Danilo percebesse por causa do escuro da noite. Não tinha muita luz por ali o que me ajudou a chorar, Cecília não tinha tido tempo de ficar com Danilo e ser feliz.
Tudo havia acabado antes dela poder estar com quem quisesse.
Culpa minha.
–Eu não entendo porque ela não quis ficar comigo, se ela gostava de mim e eu também gostava dela seria tão fácil né? O que impedia? Mas agora acabou.
As palavras de Danilo me servia como várias facadas, não que ele tivesse culpa, afinal eu era culpada. Eu merecia por ter impedido a felicidade da minha melhor amiga
–Acabou para nós dois e acabou para ela. Eu queria estar do lado dela e quem sabe poder ajudá-la.
A culpa era minha, pensei.
Mais uma enxurrada de lágrimas.
Só talvez eu pudesse ajudá-la.
Talvez Cecília tivesse se matado exatamente por não poder ter ficado com ele e isso com certeza seria minha culpa.
Maldito bilhete.
Maldito pacto.
–Morena?
Danilo chamou preocupado.
–Você está chorando?
Ele me abraçou sem ainda entender nada e desabei mais ainda, afinal quem deveria estar abraçando Danilo era Cecília e a culpa dela não estar ali era totalmente minha.
–Eu quero voltar para casa, Dani.
Disse soluçando.
–Vamos que eu te levo, mas você quer falar algo?
Neguei com a cabeça, afinal como admitir o que eu estava concluindo?
Como dizer para o Danilo que talvez a tristeza que foi o motivo para ela ter se matado podia ser culpa minha?
Não entendo, aquela última frase podia fazer sentido agora, podia ser para mim que ela dizia.
Não entendo o quanto você foi egoísta, Morena! Eu podia ouvir ela falando brava agora.
Foi algo que eu disse?
Danilo perguntou, tirando o meu cabelo do rosto e enxugando algumas lágrimas.
–Não.
Falei enfim, me levantando da grama com a sua ajuda.
Ele passou o braço pela minha cintura para eu apoiar nele, continuei chorando e soluçando de forma descontrolada, deixando Danilo cada vez mais preocupado.
No tempo que andamos, eu não podia deixar de sentir um sentimento de traição por estar abraçada com aquele garoto que Cecília tanto sonhou. Tentei pensar que ele era só um amigo mas eu estava muito abalada para acreditar em qualquer coisa.
Parei na frente de casa, aliviada, por finalmente chegar.
–Danilo, amanhã na Dança falamos mais sobre investigar sobre Cecília, O.k? Eu não estou muito bem...
–Tudo bem - Ele me cortou dizendo. Podemos fazer isso em qualquer outra hora mas você realmente vai ficar bem?
Não seja legal comigo, pensei. Eu sou uma pessoa horrível. Eu sou um monstro.
–Vou sim, só preciso dormir.
Ele me abraçou novamente por um tempo, passou as mãos nos meus cabelos e sussurrou:
–Ela se foi, mas estamos aqui agora, More. Precisamos seguir em frente, eu ainda gostaria de poder estar com ela, eu ainda a amo, e sei que você ainda sente falta dela e que também a ama como amiga. Mas ela não está mais aqui, precisamos talvez saber o que aconteceu porque não podemos acreditar que ela tenha se matado, mas sabemos que ela não vai voltar.
Precisamos se unir, More.
Eu me afastei com o coração apertado e fiz um esforço para sorrir.
–Você é um ótimo amigo, Danilo. Obrigada.
Ele deu um meio sorriso e se despediu dando tchau com a mão, eu entrei em casa e somente a luz da sala estava ligada, me joguei contra a porta escorregando para o chão.
Eu precisava chorar.
Somente isso e mais nada.


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Notas finais do capítulo

E aí?
O que acharam?
No próximo capítulo teremos flashbacks para vcs poderem conhecer mais a Cecília!



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