Isso não é normal - Perina escrita por Pipoca


Capítulo 19
Butterfly Fly Away


Notas iniciais do capítulo

SURTADA ESTOU! Carollina Soares, Isa Weasley, Niiah e Biancalv20 eu amo vocês! Ameeiii as recomendações e tô muuuito feliz com o crescimento no número de favorites e acompanhamentos :D vocês são uns amores! Ganhei uma leitora exigente esses dias e espero que não só ela mas todos os meus leitores tchutchucos gostem do capítulo!
OBS: Genteee eu ia escrever esse e o próximo em um só, mas ficou ENORME aí tive que separar e por isso & porque eu sei que demorei pra caramba pra postar... HOJE TEM TIRO EM DOSE DUPLA! Hoje posto os dois capítulos! Eu demorei porque mamis não está colaborando, toda vez que chega do trabalho começa a implicar com o PC, aí já viu... Eu venho conseguir ligar o PC de 16:00, de 17:30 minha tia chega e já começa a me chamar pra fazer as coisas, fora que o resto do dia aqui em casa fica um barulho que eu não escuto nem meus pensamentos SOS! Enfim, mais tarde tem capítulo mas não deixem de comentar nesse aqui também, eu quero saber a reação de vocês!
OBS²: As músicas não são de minha autoria :p
AII MEU DEUS, EU TÔ NERVOSAA! TOMARA QUE VOCÊS GOSTEM DESSA BUDEGA SOS



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Todos na casa de Gael acordaram e tomaram café juntos, Karina viajaria no dia seguinte e eles planejaram passar o dia juntos, como uma família. A lutadora estava pensativa, queria ficar e se acertar com Pedro de uma vez, mas não podia desistir da viagem assim, um dia antes, Gael surtaria e a tia ia ficar ultra triste, mas só um mês não ia fazer diferença diante do tempo que eles já passaram distantes. Ela ligou para Fabi e contou o que havia acontecido na noite anterior, como previsto a amiga deu gritinhos de alegria pelo casal, mas ela entendeu que não dava para desistir de última hora.

_*_

Pedro mal dormiu, ele era o único próximo da lutadora que não sabia da viagem, a pedido da mesma João não contou. Ele estava cheio de expectativas sobre o seu relacionamento com Karina, mas não entendeu o motivo de tanta confusão na cabeça da garota, afinal ela o amava, não é mesmo? Porque não o perdoou de uma vez e ficou com ele o resto da noite? Ele não entendeu, mas não quis preciona-la. Daria tempo ao tempo para ela se resolver. Ele pensou em mandar mensagens para ela, mas sabia que ela não responderia, “vou deixar ela me procurar...” pensou o rapaz largando o celular e pegando seu caderno de composições. Tentou escrever algo que não envolvesse ela mas perecia impossível então resolveu continuar uma música que ele já havia começado a escrever para ela.

“Eu não sossego até que eu possa provar

Que esse seu jeito é só pra não se entregar

Se faz de fera e é só pra resistir

A minha ideia é te fazer sorrir.

Olhinho bem fechado, Sorriso assim de lado

Será que é muito cedo, pra eu ser seu namorado?

Não sei se você sabe,desde o primeiro dia

Agora eu te confesso o quanto eu já sabia

Amar…

E com você meu mundo faz sentido

E o seu lugar, é bem aqui comigo

Eu já sabia que ia acontecer

Eu e Você”

Parecia que quando envolvia Karina tudo ficava melhor, até suas composições...

_*_

Karina encarava o telefone e a mala alternando a direção do olhar, por fim se decidiu: “Eu vou pra casa da tia Su e depois eu me acerto com o Pedro.” Parecia simples e era até, se o destino não quizesse lhe pregar uma peça.

_*_

— Desculpa cara é que não vai dar... E-eu vou sair com a dona Dandara... E, tchau Pedro. — Disse João desligando o telefone e todos o observaram com uma expressão de reprovação. — Foi mal, não deu pra disfarçar... Se bem que ele não sabe de nada e eu ainda não sei porque tanto mistério... — Disse João se aproximando da porta da casa de Gael.

— É porque aquele moleque não precisa saber de cada detalhe da minha vida, ainda mais agora que a gente não tá mais junto. Vamos logo que daqui a uma hora e meia eu tenho que estar dentro do avião. — Disse Karina e Dandara saiu com Bianca e João para a calçada enquanto ela fechava a porta de casa e Gael levava a mala.

— Vou sentir sua falta K! — Disse Bianca abraçando a irmã.

— Gente é só um mês, parem de drama! Eu vou sentir saudade, mas não vou entrar em depressão pelo amor né Bianca! — Disse Karina sorrindo e todos entraram no carro. Chegando no aeroporto Santos Dumont minutos depois de sair de casa, eles fizeram o check-in, prepararam tudo e ficaram esperando o voo ser anúnciado. Gael estava apreensivo mas não queria deixar transparecer e Karina estava ansiosa e nervosa, ela nunca tinha ido sozinha de avião para lugar nenhum... Quando chamaram o voo eles se abraçaram e por fim ela partiu.

_*_

As palavras pareciam cair no colo de Pedro já em forma de verso, essa com certeza ia ser uma música boa pra mostrar para a banda...

Ele escrevia no caderno conforme ia juntando as palavras na mente, a música já ganhava ritmo e juntando com o que elejá havia escrito antes já dava pra notar que ia ficar boa no final, “Essa minha musa é muito competente...” pensava ele enquanto escrevia para Karina.

_*_

Quando o avião em que a lutadora estava pousou no aroporto de congonhas e ela chegou na área de desembarque de passageiros ela pode ver sua tia segurando um cartaz ao lado da filha Larissa. O cartaz dizia “Bem vinda Ka!” e tinha alguns corações, “coisa da Lari...” pensou sorrindo. Ela correu e abraçou as duas, elas resolveram tudo e foram para o carro da ‘tia Su’, lá a lutadora ligou para o pai avisando que estava bem. Uma hora e meia depois elas chegaram na casa da mulher na Ponta da Praia, um bairro nobre de Santos. Karina ajeitou um lugar para as malas e se trocou, elas comeram e começaram a contar as novidades, que eram muitas...

_*_

Depois de uma semana Pedro ainda não tinha falado com Karina, que estava decidida a falar com ele pessoalmente quando voltasse ao RJ. Laura a melhor amiga de Larissa chegou para passar a noite lá, uma espécie de “festa do pijama”.

— Lari, acho que tem alguém na porta! — Disse Karina saindo da cozinha com um copo de água na mão.

— Já vai! — Disse Larissa correndo pela casa até chegar na sala para abrir a porta. — Laurinha! Entra! — Disse a garota abraçando a amiga e fechando a porta depois que ela entrou.

— Lari do céu! Eu achei ela!! Depois de mostro a foto da demônia. Cadê sua prima? —Laura disse e logo depois deixou cair a bolsa que segurava ao ver Karina.

— É essa aqui Lau! K, essa é a Laurinha minha melhor amiga, quase irmã! Laurinha essa é a K, minha prima que eu te falei. — Disse Larissa e Karina acenou para a garota que deu um sorrisinho de canto de boca e pegou a bolsa do chão.

— Oi Laura. Tudo bem? — Disse Karina tentando ser simática com a garota.

— Tudo. Lari eu preciso beber água! Vem comigo até a cozinha? — Disse Laura tossindo forçado e puxando a amiga para a cozinha enquanto Karina sentava no sofá.

— Lari é ela!! É ela! Eu tenho certeza que é ela!! Olha aqui a foto!! — Disse Laura surtando na cozinha enquanto pegava o telefone e mostrava a foto do perfil de Karina numa rede social.

— Nossa que loucura! E agora? Olha ela me disse que deu um tempo com o ex, que no caso é o Pedrinho... ?— Disse Larissa tentando acalmar a amiga que estava a beira de um infarte.

— Que porcaria de tempo o que! Eu quero o MEU Pedro longe dela, ele é MEU! Não acredito que ela tá aqui, na sua sala e eu nem posso dar uns tapas na cara dela! Argh!! — Disse Laura tentando se controlar.

— Olha Lau se eu fosse você eu fingia que não sei de nada porque a K luta muito bem e eu não quero ver minha prima e minha melhor amiga se matando na sala da minha casa. — Disse Larissa pegando água para a amiga.

— Aquele cretino! Ele concordou que quando a gente terminasse o ensino médio eu ia atrás dele ou ele voltava pra mim... Ele concordou e depois me esqueceu! Depois que ele me excluiu do facebook ficou difícil mas eu consegui descobrir a tal peguete, e agora eu tenho que manter o foco. Eu vou dar um jeito de acabar com essas “férias” dela e de quebra ainda deixo o Pedro livre pra mim... — Disse Laura bebendo a água.

— Olha só, a K é minha prima e eu gosto muito dela! Você é minha melhor amiga mas eu não quero você aprontando com ela! Esquece o Pedrinho, ou deixa o namoro acabar por si só, eu sei que ele foi importante pra você, tanto que foi com ele a sua primeira vez, mas nada justifica você querer estragar as férias da K, que quase nunca vem aqui! Relaxa e pensa em outra coisa, ela é legal... Você vai até gostar dela... — Disse Larissa pegando o copo e colocando na pia.

— Tá legal, eu vou tentar ignorar essa minha vontade imensa de furar esses olhos azuis e arrancar esse cabelo loiro de farmácia dela. POR VOCÊ! Porque se dependesse de mim, ela ia ver só uma coisa... E o cretino do Pedro também! Ele não tem o direito de me jogar fora assim. Tô calma! Tô calma! Vamos ver sua “priminha querida”. — Disse Laura fingindo que ia deixar escapar a chance. Elas foram para a sala e Karina estava assistindo madagascar.

— Oi K, voltamos. O que cê acha da gente jogar alguma coisa? — Perguntou Larissa tentando quebrar o clima estranho entre as duas.

— Tá bom, que jogo? — Disse Karina desligando a TV e levantando do sofá.

— Pode ser dominó? O que vocês acham? — Perguntou Lari e as meninas concordaram, em seguida elas sentaram nas cadeiras ao redor da mesa da varanda e começaram a jogar.

— Então K, você tá solteira? — Disse Laura e Larissa sorriu achando que a amiga estava querendo puxar assunto.

— Tô meio enrolada. E você? — Disse Karina tentando abrir a guarda e se divertir.

— Eu tô solteira, mas me conta... Qual é o nome do bofe? — Disse Laura e Karina se sentiu incomodada, mas como provavelmente não veria ela pelo resto da vida, ela respondeu.

— Pedro. — Disse a lutadora tentando se concentrar no jogo, mas só o músico ocupava os pensamentos dela.

— Eai K, você já decidiu que faculdade vai fazer? — Disse Larissa tentando mudar de assunto.

— Eu não sei, nem queria fazer faculdade, mas o pai fica enchendo o saco... Acho que, se eu fizer, eu vou fazer educação física. — Disse Karina sem muita animação e um pouco aliviada por sair do assunto “Pedro”.

— Eu vou fazer faculdade de moda. — Disse Laura toda orgulhosa.

— Eu tava na dúvida mas acho que vou fazer faculdade de fisioterapia, sabe, eu fiquei encantada com essa área. “Ser fisioterapeuta é ter duas mãos e um coração entre elas.” — Disse Lari toda animada. Elas começaram a conversar sobre “coisas favoritas” e foi anoitecendo. A tia de Karina chegou do centro com a feira e preparou um jantar para elas, depois ela foi dormir porque de manhã cedinho elas iriam para a praia. Foi dando a hora de arrumar o quarto e Karina foi tomar banho, deixou o celular na mesa enquanto Larissa arrumava os colchões, Laura viu o celular e pegou. Não tinha senha. Ela viu as conversas com Pedro, salvou o número do garoto no seu celular e colocou o celular de Karina no mesmo lugar. Laura ligou o gravador de voz do seu celular e foi até o quarto onde Karina se arrumava após sair do banho.

— Oi K, cê vai dormir em qual colchão? — Disse entrando no quarto e em seguida entrou Larissa carregando mais dois travesseiros nas mãos.

— Em qualquer um... — Disse Karina secando o cabelo.

— Sabe, enquanto vocês se arrumavam eu olhei pro meu celular que tava tocando e quando eu atendi: Era trote! Que raiva! — Disse Laura e Karina fez exatamente o que ela achou que faria.

— Ai nossa eu odeio tanto isso!! E quanto mais eu digo: Não liga mais!! Mais a pessoa continua... Aff dá muita raiva. — Disse Karina em tom furioso se lembrando dos trotes que ela recebia as vezes. Laura sorriu se sentindo vitoriosa.

— Pois é K! Eu odeio também! Sabe outra coisa que eu não gosto? Dormir cedo! A Lari já me conhece, sabe que eu não consigo dormir cedo... E você? — Disse Laura sentando na cama de Larissa que estava pegando os lençois.

— Eu durmo cedo,... Agora mesmo já tô com sono. — Disse Karina bocejando e indo até a mesa da cozinha para pegar o celular.

— Lari, eu lembrei que eu tenho que mandar uma mensagem pra minha tia... Eu posso usar seu PC? — Disse Laura eufórica.

— Claro que pode! Olha eu acho que eu vou dormir... Amanhã a gente sai cedinho pra pegar o sol da manhã então depois que você usar desliga e deixa ali em cima, tá? — Disse Larissa pegando o seu celular e sentando na cama. Karina apareceu no quarto e deitou no colchão, Larissa deitou na cama e logo as duas dormiram enquanto Laura ligava o notebook na mesa da cozinha e conectava o cabo do celular, ela editou a gravação da conversa até ficar algo convincente e colocou no celular a versão editada, depois foi dormir.

_*_

Quando Pedro descobriu que Karina tinha ido para SP ele lembrou que ela havia lhe pedido um tempo para pensar, então ele entendeu e resolveu respeitar o “tempo” dela, sem pressão. Tomtom ficou triste por ter que passar metade das férias longe da garota, mas como ela já tinha avisado que iria viajar, a menina não ficou chateada com a lutadora. Gael estava um poço de preocupação e estava sentindo saudades da caçula, assim como os amigos dela e a irmã.

_*_
Na manhã daquele sábado Sueli não ia trabalhar então elas iriam a pé para a praia que era bem perto. Elas acordaram de 7:00, tomaram café, tomaram banho e se arrumaram para sair. De 8:00 estavam prontas.

O dia foi bem divertido e a praia era linda, mas quando elas deixaram as coisas na areia e foram num quiosque, Laura aproveitou para pegar o celular da lutadora e colocar num bolso escondido da sua bolsa, Karina só notou o sumiço do aparelho quando chegou em casa e ele não estava em canto nenhum.

— Não acredito! O pai vai me matar! Ele nem terminou de pagar! — Disse Karina passando as mãos pelos cabelos curtos.

— Calma K! Olha, se você disser a verdade ele não vai ficar bravo! Foi um assalto, você não podia evitar! — Disse Lari pegando a mão da prima tentando acalma-la.

— Onw meu amor! Olha a vida é assim mesmo, sorte a nossa que não aconteceu nada com a gente! Imagina se o ladrão aparece com armas apontadas pra gente? Ui quero nem imaginar! Eu falo pro seu pai o que aconteceu, relaxa. — Disse Sueli acalmando a sobrinha que agradeceu por ter pessoas assim dispostas a ajuda-la.

Quando Karina ligou do celular da tia o pai não sabia direito o que pensar, estava um misto de furioso por terem roubado o celular novinho e aliviado por nada de ruim ter acontecido com a filha, Dandara logo interveio e ele se acalmou deixando Karina mais relaxada.

_*_

Laura chegou em casa e a primeira coisa que fez foi tirar o celular da bolsa, tinham várias chamadas perdidas, mensagens e notificações. Ela tratou logo de reproduzir o áudio pra ter certeza de que estava convincente e depois entrou no whatsapp pela conta da lutadora.

WHATSAPP ON (Celular de Karina)

K: Pedro eu pensei bem e não dá mais. Eu quero te esquecer e quero que você me deixe em paz, não gosto mais de você e acho que estou gostando de outra pessoa então não me procura. Se eu te encontrar, finge que não me conhece. Me esquece que eu já até tô te esquecendo. Não me liga, não manda mensagem e não insiste. Acabou.

Moleque: O QUEE?? COMO ASSIM??? “estou gostando de outra pessoa” É ISSO MESMO QUE EU LI?? KARINA EU NÃO ACREDITO! E aquele beijo no ano novo? Vai me dizer que não sente nada? Eu não acredito no que eu tô lendo cara. Só pode ser piada.

K: Eu já disse pra me deixar em paz! CARAMBA!! Não me liga, não me procura, me esquece!!

Moleque: Eu quero ouvir da sua boca que você não me ama mais.

K: E eu não quero ter a infelicidade de olhar na sua cara quando voltar pro RJ.

~ Pedro ligou pelo menos umas 12 vezes e Laura não atendeu ~

Moleque: KARINA VOCÊ TÁ DE BRINCADEIRA NÃO É??

K: nunca falei tão sério na minha vida.

Moleque: ME ATENDE! Para com essa palhaçada e fala sério comigo!

K: *áudio* ~ Ai eu odeio isso! Não liga mais!~

Moleque: É isso mesmo que você quer?

K: Você é burro assim mesmo ou fez curso?

Moleque: Karina se isso for uma brincadeira para. Eu não tô achando graça.

K: Você leva tudo na brincadeira não é? Eu tô falando sério aff’s, acabou Pedro!

Moleque: Tá bom então Karina, você se cansou de mim, eu entendo. Não vou mais encher o teu saco.

WHATSAPP OFF

Laura estava gargalhando, foi muito mais fácil do que ela imaginava. Depois ela daria um jeito de se livrar do telefone, para não deixar pistas e tudo certo. Ela estava convicta que teria Pedro de volta.

_*_

Pedro jogou o celular na parede com força e não queria acreditar no que ouviu, ela parecia realmente irritada no telefone, coisa que atriz nenhuma conseguiria forçar daquela maneira. Ela tinha posto um fim no que quer que seja que eles tivessem e o pior, por telefone. Ele se sentiu como se uma bomba nuclear tivesse explodido dentro dele, devastado. O músico sentiu raiva e vontade de jogar tudo no chão, mas depois de alguns minutos de surtos dentro do quarto, caiu a ficha que a sua garota do “olhinho bem fechado” e do “sorriso assim de lado” não era mais sua. Ele sentiu um vazio que não podia ser explicado, era como se o mundo perdesse as cores, os sons, os sabores. A vida ficou insosa em alguns minutos sem ela. Como se ficar em outro estado já não fosse ruim o suficiente, agora ela não iria ser sua quando voltasse. Preferia sentir dor ou raiva, porque ao menos não se sentiria tão desprovido de tudo. Algo nele tinha morrido. Talvez ele todo.

Tomtom chegou da natação e foi contar para o irmão como foi a aula, ela estava animada mas seu sorriso se desfez assim que viu o irmão com os olhos vermelhos e fixos num poster. Ela se preocupou com a cena e se aproximou sentando-se na cama dele.

— Pê o que aconteceu? — Disse a garota olhando para o irmão.

— Nada. — Disse e Tomtom sabia que esse nada era um “tudo” na verdade.

— Pê me conta, você sabe que eu te amo, pode contar comigo! — Disse Tomtom e o irmão a abraçou.

— Acho que a Karina tá apaixonada por outro cara. Ela me mandou não procurar mais ela e disse que conheceu um cara lá de SP. — Disse Pedro e Tomtom o abraçou com mais força ainda.

— Não parece a K que eu conheço. Tem certeza que foi ela? — Disse a irmã do músico.

— Claro que tenho! Ela me mandou uma mensagem e ainda mandou um áudio. Era ela e ela não tava brincando. — Disse Pedro se soltando da irmã e encostando na cabeceira da cama.

— Pê eu vou conversar com ela quando ela voltar... Tenho certeza que vocês vão se resolver... — Disse Tomtom levantando da cama.

— Não! Não fala “da gente”. É difícil sentir isso Tomtom, não quero que quando ela volte pense que eu tô na fossa. — Disse o músico.

— Mas é onde você está! — Disse a irmã dele. — Pê olha pra você! Tá com uma cara péssima! Relaxa, eu vou conversar com ela e ver no que vai dar... — Disse Tomtom saindo do quarto e deixando o músico lá. Ele segurou o quanto pôde na frente da irmã, mas quando ela saiu as lágrimas correram pelo seu rosto sem empecilios.

_*_

Karina já tinha acertado tudo com seu pai e estava curtindo as férias, Laura não apareceu depois do dia da praia e ela não conversou muito com Fabi, que disse apenas que não tinha visto Pedro nos últimos dias. A lutadora estava com vontade de ligar do telefone da tia e saber se estava tudo bem, mas ela achou melhor esperar e conversar pessoalmente. “Que saudade que eu tô daquele maluco...” ela pensava a todo instante.

_*_
João achou estranho o sumiço do amigo que passou uma semana sem ir na ribalta e foi até a casa dele. Quando João entrou e se aproximou da porta do quarto Pedro estava sentado na cama tocando e cantando uma música que ele sabia que não tinha ouvido antes.

“Hoje acordei sem lembrar

Se vivi ou se sonhei

Você aqui nesse lugar

Que eu ainda não deixei

Vou ficar?

Quanto tempo

Vou esperar

E eu não sei o que vou fazer não

Nem precisei revelar

Sua foto não tirei

Como tirei pra dançar

Alguém que avistei

Tempo atrás

Esse tempo está

Lá trás

E eu não tenho mais o que fazer, não

Eu ainda gosto dela

Mas ela já não gosta tanto assim

A porta ainda está aberta

Mas da janela já não entra luz

E eu ainda penso nela

Mas ela já não pensa mais em mim

Em mim não

Ainda vejo o luar

Refletido na areia

Aqui na frente desse mar

Sua boca eu beijei

Vou ficar

Só com ela eu

Quis ficar

E agora ela me deixou

Eu ainda gosto dela

Mas ela já não gosta tanto assim

A porta ainda está aberta

Mas da janela já não entra luz

Eu ainda gosto dela

Mas ela já não gosta tanto assim

A porta ainda está aberta

Mas da janela já não entra luz

E eu ainda penso nela

Mas ela já não pensa mais em mim

Eu vou deixar a porta aberta

Pra que ela entre e traga a sua luz

E eu ainda penso nela

Mas ela já não pensa mais em mim

Eu vou deixar a porta aberta

Pra que ela entre e traga a sua luz.”

— Nossa cara que música maneira, quem escreveu? — Disse João entrando no quarto do amigo e sentando na cadeira do computador. Pedro se assustou, não sabia que tinha alguém ouvindo.

— Fui eu. — Disse Pedro e João ficou de queixo caido.

— Nossa tá evoluindo em pokemom! De “eu sou maluco doidão” pra “Mas da janela já não entra luz” já é uma evolução incrível! Parabéns, mas eu posso saber o porque da fossa? — Disse João e Pedro colocou o violão de lado e colocou o caderninho de anotações no chão.

— Eu e a Karina acabamos de vez. Tipo agora foi definitivo. — Disse Pedro com cara de enterro.

— Vocês não já acabaram de vez umas 3 ou 4 vezes? — Disse João mas Pedro não parecia com a típica cara de pirraça que ele fazia quando eles brigavam.

—Dessa vez eu sinto que perdi de vez a única garota que eu amei de verdade. Não é aquela coisa de “eu não quero pedir desculpas”, dessa vez ela falou sério e eu acho que ela conheceu alguém melhor que eu lá em SP. — Disse Pedro e João ficou triste pelo amigo.

—Nossa cara, eu sempre achei que vocês iam se casar ou algo assim. É estranho não existir mais “perina”. Mas sabe o que eu acho? Ela deve estar pensando que você vai estar aí pra sempre esperando por ela com essa cara de morto. —Disse João levantando da cadeira.

— E o pior é que eu vou. Não me imagino com outra garota. — Disse Pedro olhando fixamente para um poster da Bastille.

—Eu gosto muito da K, ela é uma irmã pra mim e se ela conheceu alguém lá em SP e tá feliz com o tal cara, você tem que sair dessa fossa e investir nas gatinhas... E nem me venha com essa de “eu não consigo” porque não vai colar, você tá aí parecendo um defunto enquanto ela tá lá na praia se esbaldando com o tal cara. Pensa nisso e vê se dá as caras na Ribalta amanhã porque ficar lá sem você é um saco. —Disse João e Pedro ficou refletindo no que o amigo disse.

— Eu vou tentar acordar o “Pedro pegador” mas não sei se vai rolar... Tô muito mal cara. — Disse Pedro e João foi embora. O músico gostou do elogio sobre a música, mas era algo tão pessoal e tão revelador sobre o que ele estava sentindo que ele resolveu não mostrar para a banda ainda... Fora que a Sol estava deslumbrada com a proposta do tal produtor que Nando havia apresentado, aquela não era uma boa hora para discutir novas músicas, mas sim a hora de resolver o destino da banda. Estava na hora dele tomar uma atitude.

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“2 semanas” Esse é o tempo que os separava, Pedro havia levado uma conversa com os pais e eles entraram num acordo: O músico faria faculdade do que quisesse e depois investiria no sonho, assim teria uma garantia para o futuro. Ele tinha escolhido fazer bacharelado de música na Unirio, seriam só uns 30 minutos de ônibus e era uma faculdade muito boa. A banda ia de mal a pior, Sol ficava cada vez mais distante dos ensaios e cada vez mais envolvida com Santiago, que já tinha um suposto “hit” para a cantora.

Ao voltar a frequentar as aulas da ribalta Pedro viu o assédio das mesmas garotas que queriam ficar com ele desde o namoro com Karina voltar, ele pensou no que João havia dito e por mais que só quisesse ter a sua Karina de volta ele resolveu tentar de fato partir pra outra. Marcou um cinema com Duda que ficou pulando de alegria, ele não deu muita atenção para Tainá, que só podia ser louca porque depois de tanto trabalho para ficar com Pedro ela nem ao menos o procurou depois que Karina foi embora. Guta ainda estava querendo ficar com ele mas acabou tendo uns rolos com um dos rapazes da ribalta, o Lírio, e a fixação pelo músico diminuiu.

Tomtom ligou para Karina diversas vezes, mas ele não atendeu, já que estava sem telefone. A garota sabia que tinha algo de errado porque mesmo que Karina e o irmão não ficassem mais juntos a lutadora iria continuar sendo sua amiga, não iria esquece-la assim...

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Laura inventou de tudo para não ir para a casa de Lari, ela não sabia mentir para a melhor amiga e não queria estragar o plano. Acabou dizendo que iria passar uns dias com a avó e que não voltaria em menos de 3 semanas, tempo suficiente para Karina se mandar.

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Duda parecia ser legal, tinha um estilo musical semelhante ao indie e por mais que fosse amiga de Guta não era tão parecida com a amiga, usava roupas mais discretas. Pedro achava ela legal e bonita, era divertida até e talvez com um certo tempo até poderiam namorar, mas doía só de lembrar que o simples toque de Karina o fazia sentir um frio na barriga enorme, essas sensações ele talvez nunca sentiria com outra garota.

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— Ai tia eu tô super nervosa! — Disse Karina sentada na cama dobrando as roupas.

— Porque meu amor? — Disse a mulher e logo Lari apareceu com 3 mistos e 3 copos de suco.

— Hora do rango! — Disse a prima de Karina colocando a bandeja na mesa do computador.

—Hmmm, que delícia filha! — Disse a tia da lutadora.

— Tá com uma cara ótima mesmo Lari! Olha tia é que eu tenho que ter uma conversa muito importante com alguém muito importante lá do Rio quando eu voltar... — Disse Karina sorridente.

— Deve ser alguém muito importante mesmo porque você tá sorrindo toda boba! Qual é o nome dele? — Perguntou sueli.

— Ihh eu até já sei quem é! —Disse Lari já sacando que se tratava de Pedro.

—Pedro. Ele foi meu namorado e estamos quase voltando... Eu tô morrendo de saudades dele... — Disse Karina ficando vermelhinha.

—Então boa sorte minha linda! Esses amores adolescentes mexem muito com a gente não é? — Disse a mulher pegando um dos sanduíches.

— E como... Ai K, eu vou sentir falta de ter alguém aqui da minha idade... — Disse Larissa sentando ao lado da prima.

— Eu vou sentir muita saudades de vocês, podem ter certeza que eu vou voltar nas férias, se vocês quiserem é claro... — Disse Karina um pouco triste.

—É claro que a gente quer! Aproveita e traz a Bianca da próxima vez, estou com saudades da minha princesa! — Disse Sueli abraçando Karina.

— Tá eu vou tentar... Aquela lá não larga o namorado... —Disse Karina e as três riram juntas. A lutadora terminou de arrumar as malas e elas foram para a sala terminar de comer e assistir TV.

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Gael não estava se aguentando de feliciade em saber que a filha voltaria no dia seguinte, ele tinha combinado um piquenique com Bianca, Duca, Dandara e João para que quando a lutadora chegasse eles a levassem para passear, o local era lindo e tinha uma trilha que Karina particularmente gostava muito. João havia comentado que Karina chegaria no dia seguinte, mas não falou nada sobre a trilha, ele supôs que Pedro provavelmente não conhecia o lugar e não estaria interessado em saber.

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No sábado ao amanhecer o dia, Karina levantou com cuidado e foi para a varanda da casa, no primeiro andar. Ela foi para ver o céu e ficou pensando no que diria a Pedro quando chegasse no Rio. Depois de um tempo a tia e a prima acordaram e as três tomaram o café da manhã, se arrumaram e seguiram rumo ao aeroporto. Depois de se despedir, o voo de Karina foi chamado e ela foi embora.

Quando o avião pousou e ela foi procurar o pai ela encontrou ele e Dandara lá a sua espera. O mestre ficou feliz em vê-la ali, sã e salva. Eles pegaram as malas e foram para casa. Quando chegaram Karina foi recebida pela irmã e pelo “irmão”, estavam todos com saudades e logo eles contaram sobre o piquenique e ela se arrumou. Eles pegaram a cesta e o resto das coisas e partiram de carro rumo a trilha.

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Pedro e Duda estavam num quase namoro, ele estava tentando ao máximo esquecer Karina mas parecia que a cada segundo longe dela a saudade aumentava... Ele achou melhor fazer um programa a dois com ela e como ela gostava de coisas naturais e adorava jardins ele resolveu leva-la para uma trilha, o músico então lembrou da trilha da pedra do índio, na qual ele havia ido num passeio quando ainda estudava com Karina e os mesmos tinham escrito seus nomes numa árvore perto da pedra famosa.

Ele buscou Duda e ambos trouxeram lanches, eles foram de ônibus e depois andaram um pouco até a trilha. Quando entraram, foram procurar um lugar para sentar e comer olhando as árvores.

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Quando o carro de Gael chegou, lotado de pessoas e coisas, eles desceram e foram para um local onde eles sempre iam fazer os piqueniques, era uma área um tanto circular sem tantas árvores. Eles chegaram e o local estava vazio como de costume. Karina, Bianca, Duca e João foram andando até a pedra para tirar foto, mas Duca acabou parando com Bianca no meio do caminho e ficaram lá namorando. João cansou e disse que ia voltar, então a lutadora foi andando sozinha. Ela chegou na pedra e ouviu um barulho um pouco distante, mas não deu atenção e continuou andando, pois queria chegar num “esconderijio” que ela e Pedro tinham descoberto num passeio da escola quando ainda eram crianças. Lá tinha um local com menos árvores e um riacho de água cristalina, as pessoas não costumavam ir além da pedra do índio e por isso a grande maioria não conhecia o local. Ela ficou olhando maravilhada e se sentiu com dez anos de novo, ficou olhando o riacho até ver a árvore na qual ela e Pedro escreveram seus nomes, letras desajeitadas mas que tinham permanecido lá na árvore por anos. Logo ela pensou que Bianca e Duca já tivessem voltado para perto de Gael e Dandara e foi andando na direção do caminho de volta.

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O lugar onde Pedro estava com Duda era de fato muito bonito, mas nada se comparava a um lugar que ele havia descoberto com Karina num passeio de escola, ele não levou Duda lá porque aquele lugar era especial, era muito íntimo. Aquele pedaço do paraíso era só dele e de Karina, ele não se sentia no direito de mostrar pra mais ninguém, ali era o refúgio deles, ele nunca iria levar outra garota lá.

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Karina foi andando e quando chegou na pedra ouviu novamente o barulho e não se aguentou de curiosidade, foi ver o que era. Quando ela andou uns 2 minutos depois da pedra ela viu um casal, o garoto estava com as costas encostadas numa árvore e tinha uma garota, aparentemente sua namorada, deitada com a cabeça encostada no colo dele. Ela olhou direito e algo lhe dizia que ela conhecia os dois, aquele cabelo... “Não pode ser... Não, é muita coincidência! Não, não, não! Não acredito!” pensava a lutadora enquanto via seu Pedro virar o rosto na sua direção, ele não a viu, mas ela viu com todas as cores que era ele lá com uma garota da ribalta, ele não levaria uma simples peguete a um lugar como aquele. Ela ria enquanto ele falava algo em seu ouvido até que ela o beijou e ele não recusou. Aquilo foi o suficiente para ela começar a chorar bastante, ela então correu para que ele não escutasse o seu choro e a visse completamente destruída. Ele não estava drogado, estava lúcido até demais, eles haviam combinado de se resolver quando ela voltasse mas ele pareceu aproveitar que ela não estava lá para fazer a festa com as meninas. “IDIOTA!ARGH! Eu sou muito burra, BURRA! BURRA! Como eu pude acreditar que o galinha do Pedro ia ficar me esperando para sempre? É claro que ele cansou de mim!” Pensou a lutadora chorando copiosamente. Ela tentou secar as lágrimas e, quando conseguiu se acalmar um pouco, voltou para onde todos estavam. Ela comeu e tentou parecer normal, mas todos perceberam que ela estava abatida e sem nenhum ânimo. Ela inventou uma dor de cabeça, horas depois e eles voltaram para casa.

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Quando Karina chegou em casa com todos, ela foi tomar banho e depois tirou as coisas da mala. Pedro chegou em casa no final da tarde e Tomtom havia saído a poucos minutos, ele não perguntou para onde ela havia ido e foi tomar banho. Ele tinha deixado Duda em casa e estava super cansado.

A lutadora estava no quarto ouvindo suas músicas mais “fossa” quando a porta abriu e Tomtom apareceu pergutando se podia entrar.

— K, posso falar contigo? — Disse a menina com uma carinha de cachorrinho pidão.

— Claro que pode pequena! Que saudade que eu tava de você! — Disse a lutadora abraçando a garota, que retribuiu com u sorriso de orelha a orelha.

— Nossa, eu tô aliviada agora! Achei que você não gostava mais de mim... — Disse a garota e Karina se derreteu com tanta fofura.

— Claro que gosto! É que eu ficava sem jeito de ir lá na sua casa... — Disse Karina segurando o choro ao lembrar de Pedro.

— K, você brigou com o Pê? — Disse Tomtom sentando na cama da garota.

— Não, eu não quero falar dele pequena... Vamos falar de outra coisa! — Disse Karina sentando na cama com a menina.

— Tá certo, ele me pediu a mesma coisa... K, como foram as férias? Conheceu alguém lá? —Perguntou a garota e Karina começou a contar todos os detalhes, a lutadora contava com os olhos brilhando, foi realmente muito bom ficar lá com a tia e a prima. Depois de algumas horas conversando, Marcelo veio buscar a filha e ela saiu toda animada da casa da lutadora.

— Fabi? — Disse Karina pelo telefone.

— K? Que milagre é esse, você me ligando? — Disse Fabi debochando do fato de a lutadora não ter falado muito com ela no período que passou em SP.

— Fabi eu preciso que você venha aqui em casa, vou ligar pra Pri e pra Jujuba. Eu tô precisando falar com vocês... Tchau, não aceito “não” como resposta! — Disse Karina desligando o telefone. 40 minutos depois as amigas já estavam lá no quarto da lutadora.

Karina contou como foi a viagem e perguntou como estavam as coisas enquanto ela esteve fora, mas no fundo ela queria saber desde quando Pedro tinha começado o namoro com a tal Duda. As amigas da lutadora disseram que estava tudo bem e perguntaram se ela conheceu alguém especial lá em SP, nada encaixava. Júlia acabou falando que Pedro e Duda estavam juntos a 2 semanas e já estavam quase namorando, Karina respirou fundo para não chorar e quando as amigas foram embora ela se trancou no banheiro, não queria que Bianca a visse assim.

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Tomtom chegou em casa radiante, e disse que tinha ido na casa de Karina, Pedro ficou apreensivo achando que ela pudesse ter contado alguma coisa sobre ele ter chorado, mas a garota disse que elas não conversaram sobre ele. “E que outro assunto uma garota de 11 tem com uma de 16 a não ser homens??? E pelo que eu saiba a Tomtom não está namorando...” pensou o músico achando que Karina estava realmente apaixonada por um cara de SP.

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Permanecer ou simplesmente parecer forte nunca foi tão difícil, ainda mais quando Karina via o “casal maravilha” passar toda hora para ir a Ribalta. Fazia quase um mês que ela tinha voltado e Gael já estava falando em faculdade o tempo inteiro. O pai da lutadora nunca apoiou seu sonho e agora com o período de matriculas só sabia falar em faculdade.

— Fabi, você é a única que sabe do plano B e, sinceramente, eu não aguento mais ficar vendo o Pedro agarrando a Duda toda hora! Não tá dando Fabi, eu acho que vou surtar! Eu achei que fosse esquecer, sabe? Mas ele passa toda hora pela academia com aquele sorrisinho ridículo e com a biscate a tiracolo. — Disse Karina bufando de raiva e Fabi ficou apreensiva.

— K, você vai mesmo pedir pro seu pai? Será que ele vai deixar? — Disse Fabi rezando para que Gael não permitisse.

— Ele tem que deixar ou então eu vou acabar sendo presa por homicído! — Disse Karina se imaginando batendo em Duda.

—Sei não K, fala com ele... Quem sabe ele deixa... — Disse Fabi desanimada levantando do banco em frente ao banheiro da fábrica.

— Hoje mesmo eu vou falar com ele. — Disse Karina levantando do mesmo banco e indo na direção do banheiro para tomar uma ducha antes de ir para casa.

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— Pai será que dá pra gente conversar? É que eu tenho que te pedir uma coisa... — Disse Karina chamando a atenção do pai que olhava para a TV atenciosamente.

— Fala K. —Disse Gael sem tirar os olhos da direção da TV.

— Eu faço faculdade e até desisto de ser lutadora profissional... — Disse Karina antes de ser interrompida por Gael que havia desligado a TV e estava quase pulando de felicidade. — SE o senhor deixar eu ir pra São Paulo.

— Claro que deixo! Você vai em todas as férias se quiser! —Disse Gael eufórico.

— Aí é que tá, eu não quero passar as férias lá. Eu quero morar lá. —Disse Karina e a felicidade de Gael que estava na altura da lua caiu para o núcleo da terra.

—Não. — Disse curto e grosso.

— Mas pai eu vou fazer tudo o que o senhor quiser e eu posso ficar morando lá com a tia Su! Deixa por favor! A Lari também vai começar a faculdade e tem uma pertinho da casa dela! — Disse a lutadora implorando.

— Eu já disse que não! Não quero você morando do outro lado do mundo! Eu não devia ter deixado você ir pra essa viagem! Eu quero que você seja feliz filha, não quero te ver longe de mim, da sua irmã, somos uma família!— Disse Gael levantando do sofá irritado.

— Pai eu tô te implorando! Será que você não pode me deixar ser feliz longe daqui? Eu amo vocês e sei que você não gosta da ideia de me ver longe mas poxa vida! Eu nunca peço nada, isso é importante pra mim, eu não aguento mais ficar aqui! — Disse Karina e Gael passou de irritado para triste.

— É tão ruim morar com seu velho? — Disse Gael sentando no sofá com uma expressão abatida.

— Claro que não pai, eu amo a nossa casa, a academia, mas é que... Eu não... Pai é difícil pra mim ficar aqui... Não é nada com você ou com a Bi, eu adoro a Dandara e o João é como se fosse meu irmão, mas eu não consigo sair de casa sem voltar me sentindo num inferno. E caso o senhor não tenha notado, você criou uma filha e não uma largata, eu não posso viver no casulo pra sempre. —Disse Karina e Gael ficou em silêncio.

— Karina eu não estou gostando da ideia de despachar uma adolescente para morar na casa da minha prima. — Disse Gael com o olhar vago.

— Mas a sua prima está animada com a possibilidade de receber uma mala em casa pra morar com ela. — Disse Karina sentando ao lado do pai e o abraçando.

— Eu tenho que pensar. — Disse Gael levantando do sofá e deixando Karina ali, sentada sem saber o que fazer da vida.

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Depois de dois dias e da Intercessão da Santa Dandara e de Nossa senhora Bianca, Gael deixou, a contragosto. João não estava acreditanto no que tinha escutado e Karina sentiu um vazio no peito, talvez nem ela esperava que ele deixasse. Quando já estava no quarto, depois de uma sessão interminável de telefonemas RJ-SP, a lutadora finalmente sentiu “a ficha cair”, ela estava prestes a se mudar, não veria Pedro por um longo tempo, talvez para sempre e aquilo a deixou apavorada e ao mesmo tempo aliviada, talvez pior do que ver ele todo santo dia com a biscate, vulgo namorada, fosse não vê-lo. Não poder observar seu sorriso, por mais que ele não seja para ela, talvez fosse pior que tortura, mas aquilo tudo já era uma tortura mesmo, uma dor a mais, uma dor a menos... Talvez não fizesse diferença. “Porque tudo tem que ter tantos ‘talvez’??” pensou a lutadora a ponto de arrancar os cabelos.

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João contou a Pedro sobre a ida de Karina a São Paulo, o músico se fez de desinteressado mas desabou quando o amigo saiu, vê-la todo dia sem poder toca-la ou falar com ela já era uma tortura e ter que esquece-la a todo custo depois de tudo o que passaram era algo que parecia uma “missão impossível”. Ele queria desabafar, mas parecer fraco na frente do João lhe custaria todo o papo de “já tô esquecendo” e o namoro com Duda, que era mais cansativo que prova do ENEM. Ele não sabia o que fazer e sempre que isso acontecia ele pegava o violão e tentava tocar alguma coisa pra esquecer de tudo. O músico acabou cantarolando uns versos e quando viu, tinha um refrão. Foi formando tudo e no final da tarde já tinha letra e melodia.

“Te ver e não te querer

É improvável, é impossível

Te ter e ter que esquecer

É insuportável, é dor incrível

Te ver e não te querer

É improvável, é impossível

Te ter e ter que esquecer

É insuportável, é dor incrível

É como mergulhar num rio e não se molhar

É como não morrer de frio no gelo polar

É ter o estômago vazio e não almoçar

É ver o céu se abrir no estilo e não se animar

Te ver e não te querer

É improvável, é impossível

Te ter e ter que esquecer

É insuportável, é dor incrível

É como esperar o prato e não salivar

Sentir apertar o sapato e não descalçar

É ver alguém feliz de fato sem alguém pra amar

É como procurar no mato estrela do mar

Te ver e não te querer

É improvável, é impossível

Te ter e ter que esquecer

É insuportável, é dor incrível

É como não sentir calor em Cuiabá

Ou como no Arpoador não ver o mar

É como não morrer de raiva com a política

Ignorar que a tarde vai vadia e mítica

É como ver televisão e não dormir

Ver um bichano pelo chão e não sorrir

É como não provar o néctar de um lindo amor

Depois que o coração detecta a mais fina flor

Te ver e não te querer

É improvável, é impossível

Te ter e ter que esquecer

É insuportável, é dor incrível”

— O que é que eu vou fazer sem meu diamante bruto? —“pensou alto” o músico ainda segurando o violão, em seu quarto. Ele pensou em impedir a viagem mas parecia loucura.

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Notas finais do capítulo

Eaiiiiiiiiiii??? O que ele vai fazer?? A Karina vai?? A Karina fica?? ~ Suspense no ar ~

Estão gostando do repertório? Espero que sim! Já já tem mais! Beeeijos e quero ler os comentários! Desculpem a demora... Mas eu NUNCA vou abandonar uma fanfic! Então eu posso até demorar mas um dia vem novidade!
OBS: não revisei o cap. então me desculpem pelos erros de ortografia...