Isso não é normal - Perina escrita por Pipoca


Capítulo 18
Say something


Notas iniciais do capítulo

GENTEEE ME PERDOEM! Não deu pra postar antes... Mas cá estou eu com o capítulo 18 (é tipo um 17 parte 2) bom, eu coloquei uma música que particularmente me deixa ‘chorosa’ nesse capítulo e eu aconselho vocês a colocarem ela pra tocar, pelo menos um trecho, se puderem... Ela é linda e no contexto da história eu achei que ficou legal, então preparem o pause e na hora que a letra aparecer na história apertem o play *-*( http://www.vagalume.com.br/a-great-big-world/say-something-feat-christina-aguilera-traducao.html ) ... Espero que gostem do capítulo e sim, eu acredito que vocês vão se surpreender :p Beeeijos!
OBS: Gente, eu tava pretendendo postar hoje mais cedo, mas minha prima/irmã pegou meu PC e ficou fazendo uma pesquisa pra faculdade, não pude negar e ... AMANHÃ É MEU ANIVERSÁRIO! Por isso eu espero que quando eu vá checar as novidades da fic tenha lá pelo menos mais um favorite, ou acompanhamento, ou recomendação... Se eu merecer é claro! Eu tô saltitante aqui!! *-*



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Sexta-feira chegou e o plano parecia estar dando certo, Zé foi buscar Karina às 15:58 e eles chegaram no cinema às 16:20, Karina ficou animada pra assistir Anabelle, eles entraram na sala e estava nos últimos trailers. A sala estava lotada, só tinha alguns lugares vagos na fileira em que eles estavam.

― K, cê quer alguma coisa? Eu vou comprar um refrigerante, umas pipocas... ― Disse Zé e ela afirmou que queria, ele saiu da sala e foi correndo para a lanchonete do cinema. Pedro entrou com Guta e a sala estava lotada, só havia mais 3 lugares que por “sorte”eram lado a lado.

― Vem gatinha! ― Disse Pedro puxando a garota pela mão, Karina estava sentada de cabeça baixa conversando com Pri pelo celular enquanto Zé não chegava, não notou um casal passar por ela e sentar deixando uma cadeira de distância.

― Pedro, aquela não é a Karina? Eu não acredito que ela veio pra cá, com tanto lugar pra ela ir ela teve que vir pro mesmo cinema e pra mesma seção que a gente... Tenho certeza que ela fez pra implicar comigo, mas eu não vou deixar ela estragar o nosso cineminha! Você agora tá comigo, doa a quem doer. ― Guta sussurrou com um tom de nojo e raiva na voz para o rapaz que olhou e reconheceu a ex-namorada que mexia no celular com empolgação.

― É... Esquece ela eu tô contigo... ― Disse ele para acalmar Guta. Que mesmo assim continuava irritada. “Quando eu finalmente consigo sair com o Pê a ex dele vem atrapalhar? Eu não vou deixar!” Pensou a dançarina.

― Esse cinema já foi mais bem frequentado. ― Disse Guta cheia de ironia na voz, alto o suficiente para Karina escutar, reconhecer a voz dela e ver ela ao lado de uma rapaz... Pedro! Karina fincou as unhas curtas na poltrona para tentar segurar a raiva e Pedro estava tentando não falar nada para não começar uma nova briga.

― Tem gente que não perde tempo. ― Disse Karina se referindo a Guta já ter ido correndo atrás de Pedro.

― As pessoas não podem esperar cair do céu. Tem que partir pra outra. ― Disse Pedro achando que ela estava incomodada com o fato dele estar com outra e ela estava. Muito.

― O mais interessante é que tem gente que tem orgulho de pegar os restos. ― Disse Karina se referindo a Guta.

― OLHA AQUI KARINA, VOCÊS TERMINARAM EU NÃO TENHO CULPA SE VOCÊ NÃO TEVE COMPETÊNCIA PRA SEGURAR SEU MACHO E ELE TE DEU UM PÉ NA BUNDA! SUPERE. ― Disse Guta e Karina teve um ataque de risos e Pedro riu da risada dela, ele achava a risada mais linda do mundo e a mais gostosa de ouvir. As pessoas começaram a pedir silêncio porque o filme estava começando.

― Eu não tive competência? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Eu terminei com ele. E mesmo que fosse o contrário você não tem o direito de falar coisas que você não sabe. Olha... Guta, né? Eu não ligo se você e esse daí vão ou estão tendo alguma coisa, só que as suas indiretas estão atrapalhando meu filme. Fica caladinha tá? Obrigada. ― Falou Karina se segurando para não ir lá na cadeira dela e aproveitar o clima de terror do filme pra dar uma de Anabelle.

― CALADIN- ― Ela foi interrompida por Pedro que sussurrou no ouvido dela que o pessoal estava reclamando do barulho. ― Tá, eu tô quieta. É que a sua EX tá a um mês na seca e tá ficando incomodada com o barulho dos nossos beijos. ― Disse Guta e Pedro ficou feliz por ela estar “a um mês na seca”, não conseguiria imaginar ela beijando outro cara. Ele até deu um sorriso e Karina ficou possuída.

― Karina eu sei que deve ser horrível vir sozinha pro cinema, mas você não pode ficar descontando na Guta. ― Disse Pedro e Karina ficou a ponto de bater nele.

― Eu não vim sozinha pro cinema. ― Disse Karina tentando não paracer irritada com as palavras de Pedro.

― Não? E cadê esse homem invisível? ― Disse Pedro sorrindo e Guta, que estava a uma cadeira de distância dela, sorriu satisfeita.

― Ele já tá vindo. ― Disse Karina cerrando os dentes.

― Ah claro. ― Disse Pedro para provoca-la. Ela ficava ainda mais linda irritada, mas isso é o tipo de coisa que ele não assumiria, pelo menos não agora...

― Pedro, deixa essa encalhada falando sozinha e vamos voltar pra onde paramos. ― Disse Guta virando-se para Pedro e iniciando um beijo selvagem, desesperado, ela estava quase engolindo a cara dele que percebeu que esse beijo era só pra fazer inveja em Karina. “Se é pra fazer ciúmes, vamos fazer isso direito.” Pensou começando a corresponder o beijo que ficou mais calmo, logo apareceu Zé vindo na direção de Karina que tentava se concentrar no filme mas só ouvia os “hmmmm” de Guta e os estalos exagerados do beijo.

― Oi K, voltei! ― Disse Zé se sentando rapidamente e Pedro no mesmo instante que viu o garoto esqueceu do beijo e ficou apenas de boca aberta olhando para Karina que pegava a pipoca enquanto Zé fazia questão de abrir o refrigerante dela.

― Pedro o que foi? ― Disse Guta ainda virada de frente para o rapaz que tinha mudado sua expressão de “surpreso” para “Furioso”. Ela se virou e viu o lutador ao seu lado todo sorridente olhando para Karina que fez questão de apresenta-lo a Pedro e a Guta.

― Ih já ia me esquecendo, Pedro, Guta esse é o Zé da academia, vulgo “homem invisível”. ― Disse Karina olhando para Pedro, ela deu um sorrisinho desafiador para o ex e levantou uma das sobrancelhas.

― Como assim homem invisível? ― Zé sussurrou para Karina que logo sussurrou de volta.

― É que o idiota do Pedro tava me enchendo o saco falando que eu tinha vindo sozinha pro cinema ai eles te apelidaram de homem invisível porque você não tava aqui. Entendeu? ― Sussurrou Karina e Zé concordou e sorriu para Pedro, que estava prestes a estrangular o lutador.

― Depois reclama que eu não perdi tempo. ― Resmungou Pedro e Guta viu que ele estava com ciúmes.

― Será que dá pra você calar a porcaria da boca pra eu assistir o filme? ― Disse Karina já irritada, o filme já estava nos 20 minutos e ela ainda não tinha prestado atenção em nada.

― Não, eu só calo com beijinho. ― Disse Pedro levantando uma das sobrancelhas para Karina que ficou furiosa quando Guta o beijou. Estavam respectivamente, Karina, Zé, Guta e Pedro, sentados na fileira do meio e o filme já estava na metade, Guta estava quase se mijando de medo, ela odiava filmes de terror, e Karina e Zé estavam entretidos no filme, não estavam com medo e Pedro estava tentando entender o filme em meio a tantos gritinhos de Guta. O filme terminou e Guta saiu ainda meio em pânico, Karina não parava de rir da cara dela e Zé ria da risada de Karina, quase nunca via ela sorrir assim. Pedro olhava encantado para ela mas logo disfarçava e tentava acalmar Guta a abraçando. Eles estavam saindo do cinema e Zé disse que iria levar Karina em casa já que estava de noite e Guta morava duas ruas depois da Ribalta, eles acabaram pegando o mesmo caminho.

― Gente sério, vocês estão ouvindo esse barulho? ― Disse Karina quando só estavam os quatro na parada de ônibus.

― Que barulho?? Espera eu acho que eu tô ouvindo! Silêncio! ― Disse Guta tentando ouvir o tal barulho mais nitidamente.

― AAAAH! ―Karina gritou perto do ouvido de Guta e a garota deu um pulo de susto, Karina quase mijou de tanto rir da cara dela e Zé gargalhou alto com a lutadora.

― HA-HA-HA muito engraçado Karina! Quantos anos você tem? ― Disse Pedro fingindo indgnação mas no fundo ele queria rir junto.

― 8 igual você! ― Karina disse rindo e logo os dois ficaram sérios e ruborizados.

FLASHBACK ON

― Pedro! Para! Pedro! ― Disse Karina gargalhando alto enquanto o músico fazia cócegas nela. Eles estavam no meio do tatame, não tinha mais ninguém na academia porque Gael tinha mandado ela fechar o local.

― Agora é minha vez! ― Disse Karina que tinha se soltado dele e agora estava fazendo cócegas no namorado que se contorcia. Ela parou e eles se observaram sem fôlego. ― Pê, eu tenho que guardar os materiais... ― Disse deitando ao lado dele.

― Guardar? Não! Vamos lutar, vem! Vai encarar esquentadinha? ― Disse Pedro puxando Karina para o ringue e ficando em “posição de combate”.

― Pedro quantos anos você tem moleque? ― Disse Karina rindo da animação do músico.

― 8 igual você! ― Disse Pedro rindo e Karina se aproximou levantando os punhos. ― Só que a minha modalidade é o “vale tudo” ― Disse Pedro e Karina não teve como continuar com a guarda alta, ela deixou os punhos soltos e começou a gargalhar do namorado.

― Ah é? E nesse seu “vale tudo” vale beijinho também? ― Disse Karina e ele afirmou iniciando um longo beijo.

FLASHBACK OFF

Pedro pôde ver nos olhos dela que ela se lembrou daquela noite e para ele foi inevitável lembrar também. Zé que antes gargalhava ficou confuso e Guta olhou para Pedro como quem quer saber o porque do silêncio repentino, mas ele manteve os olhos fixos nos de Karina. “Não olha pros olhos! Não olha pros olhos! Não o- Ah que droga Pedro! Meu Deus porque olhos tão lindos?? Para de olhar! Para de olhar! Se eu não parar de olhar eu vou agarrar ela! Para de olhar Pedro! Para de olhar! NÃO OLHA PRA BOCA PEDRO! A boca é a perdição não olha! O MEUS DEUS PORQUE LÁBIOS TÃO ROSADOS?? Não olha Pedro! Se controla! Ai que corpo mais desobediente!” Pensava o músico que estava sério e silencioso mas que por dentro tinha um terremoto no cérebro. “Karina desvia! É isso que ele quer! Ele quer que eu me perca nesses olhos castanhos... Ai meu Deus que olhos e essas pintinhas fofas?? Não KARINA DUARTE NÃO OLHA PRA BOCA DELE! Karina foco! Karina não olha pros lábios! FILHO DA MÃE TÁ MORDENDO OS LÁBIOS! Karina não olha! Karina não olha! Karina mantém o foco! Cadê o Zé?? OLHOS DE MERDA PAREM DE OLHAR!” Karina estava prestes a surtar, mantinha uma aparente calma mais estava numa explosão de sentimentos e quando ela estava prestes a se jogar em cima de Pedro Zé a tirou dos seus pensamentos.

― O ônibus chegou. Vem K. ― Disse Zé e a lutadora conseguiu desviar seu olhar e subiu no ônibus, Pedro e Guta foram logo atrás. Eles ficaram num silêncio mortal dentro do ônibus e quando chegaram na parada desceram sem nada dizer. ― Vem K, eu vou te levar em casa. ― Disse Zé e ela olhou para Pedro que a encarava.

― Vamos Pê, você não ia me levar em casa? ― Disse Guta pegando na mão do músico que mantinha os olhos fixos em Karina. Eles se olhavam na esperança de um pedido de desculpas ser solto em meio ao silêncio, os poucos segundos que estavam se olhando pareciam eternos até Karina quebrar o silêncio.

― Vamos Zé. ― Disse ela andando com Zé ao seu lado enquanto Pedro seguia pelo lado contrário com Guta. Eles viraram para trás buscando um ao outro mas quando os olhares se encontraram e nenhum dos dois nada disse foi inevitável querer chorar, gritar, fugir...

“Say Something - A Great Big World

Say something I'm giving up on you

I'll be the one if you want me to

Anywhere I would've followed you

Say something I'm giving up on you

And I

I'm feeling so small

It was over my head

I know nothing at all

And I

Will stumble and fall

I'm still learning to love

Just starting to crawl

Say something I'm giving up on you

I'm sorry that I couldn't get to you

Anywhere I would've followed you

Say something I'm giving up on you...”

_*_

― Fabi eu acho que vou surtar! Eu quase agarrei ele lá na parada de ônibus e depois ele olhou pra mim de um jeito na praça que eu quase chorei lá mesmo! Eu não vou conseguir fazer mais nada na vida se eu não resolver essa história! ― Disse Karina no telefone para Fabi, a lutadora andava de um lado para o outro no quarto e estava sem saber se arrancava os cabelos ou se começava a chorar compulsivamente.

― K que bom! Resolve logo isso! Se eu fosse você ia agora lá no perfeitão e agarrava o Pedrinho de jeito! ― Disse Fabi do outro lado da linha.

― Não é esse tipo de resolver que eu tô falando! Eu nem sei com que cara faria isso, já que a Guta já deve ter se encarregado de dar todos os beijinhos de boa noite que ele ia precisar pelo resto da vida! Eu tô falando de férias do Pedro! Férias dos pitis da Bianca! Férias de ficar vendo meu pai todo santo dia apoiar os alunos e dizer que eu, a filha dele que ama o muay thai tipo MUITO, nunca vou lutar profissionalmente! Eu quero férias da minha vida! Eu tô cansada, sabe? Cansada de sempre quebrar a cara no fim das contas. ― Disse Karina desabafando tudo o que sentia.

― Como assim férias? Você não pode fugir da sua vida. São seus problemas você sempre os encarou de frente, o que aconteceu agora? ― Disse Fabi sem saber o que dizer em relação ao desabafo da amiga.

― Eu sinto que estou sem munição. Sem escudo. Sem armadura. Sem forças. Eu não tô mais suportando ficar aqui. ― Disse Karina e Fabi começou a gritar feito louca pelo telefone.

― KARINA DUARTE VOCÊ NÃO TÁ PENSANDO EM SE SUICIDAR, NÃO É? PORQUE SE VOCÊ ESTIVER EU VOU AÍ AGORA E CORTO SEUS PULSOS EU MESMO! ― Disse Fabi e Karina não conseguiu conter o riso.

― Claro que não sua doida! Eu tô falando que eu preciso de um tempo pra por as ideias no lugar, ver o que eu vou fazer da minha vida. Meu pai tá me enchendo o saco porque ele quer que eu faça faculdade, mas eu não quero! Eu quero subir no ringue, arrasar e levantar o cinturão no final da luta e não pegar uma droga de um diploma. ― Disse Karina e Fabi se acalmou.

― E como você pretende arrumar férias? ― Disse Fabi e Karina demorou um poco para responder.

― Eu pensei seriamente em passar um tempo fora. Tipo na casa de algum parente, mas eu não sei de nenhum que se disponha e não fique enchendo meu saco pra eu ser igual a Bianca... Não... ESPERA... É! Como eu fui me esquecer dela! Fabi, eu tenho uma tia em São Paulo, ela é prima do papai e mora sozinha com a filha Larissa. Eu nunca mais falei com a Lari, mas a gente se dava bem... A tia Sueli é a única que nunca fez nenhum comentário em relação ao meu jeito, ela sempre foi minha tia preferida é uma pena eu nunca mais ter falado com ela... ― Disse Karina arquitetando mil planos mirabolantes.

― Karina, você se drogou? Teu pai reclama quando você dorme fora, ele nunca vai deixar você morar em SP e fala sério KARINA DUARTE, VOCÊ ENLOUQUECEU??? Que tipo de pessoa chega pra uma tia que mal fala e diz “olha, coloca mais água no feijão que eu tô indo morar aí porque eu quero férias da minha vida” KARINA ATERRIZA PELO AMOR DE DEUS! ― Disse Fabi achando uma loucura tudo o que a lutadora estava propondo.

― Fabi eu tô falando sério. Meu pai quer de mim 4 coisas: Ele quer que eu faça faculdade, que eu não arranje namorado nem tão cedo, que eu desista do muay thai e que eu pare de brigar com a Bi. Raciocina: Lá em SP eu vou fazer um esforço e faço a bosta da faculdade que ele tanto quer, não vou namorar e se eu namorar ele não vai saber, eu não vou poder brigar com a Bianca em outro estado, a não ser pelo telefone e eu vou dar um jeito de trabalhar pra ajudar a tia Su e quem sabe longe da academia eu desisto do muay thai. É tudo que o meu pai quer! E eu ainda ganho de bônus um tempo pra esquecer o mala do Pedro! É tipo gênial!! ― Disse Karina e Fabi ficou com medo da amiga se mandar pra SP de verdade.

― E se o seu pai deixar, você vai se mandar pra SP e vai abandonar a gente aqui? Nossa que bela amiga! Vai virar BFF da tal Lari e vai me esquecer! ― Disse Fabi fazendo uma voz triste.

― Claro que não! A Lari tem a mesma idade que eu mas ela tem os amigos dela e eu tenho vocês! Eu nunca vou parar de falar contigo quando eu for pra SP! ― Disse Karina e Bianca entrou no quarto sem entender o papo de “quando eu for pra SP”.

― Que história é essa de ir pra SP K? ― Perguntou Bianca e Karina ficou com medo dela estragar tudo.

― Fabi eu tenho que desligar amanhã eu te ligo! Tchau! ― Disse Karina desligando o celular e virando-se para Bianca. ― Bi, você não pode falar nada pro pai ainda! Mas eu tô pensando em ir pra SP ficar com a tia Su nas férias. ― Disse Karina e Bianca se aproximou dela ainda desconfiada.

― Mas você não vê a tia Sueli desde os 14. Você acha que ela vai gostar da ideia? Se bem que a tia Su te adora... Pergunta pro papai, eu acho que ele vai deixar... Olha eu só entrei pra pegar minha bolsa, vou na casa da ruiva. Tchau! ― Disse Bianca saindo do quarto apressada. Karina se jogou na cama e ficou pensando no que falaria pro seu pai.

_*_

No sábado Dandara estava preparando o jantar e Gael a estava ajudando, Bianca e João estavam sentados no sofá e Karina andava de um lado para o outro dentro do quarto. Ela decidiu ir falar com o pai como quem não quer nada e ver se dava pra propor as férias.

―Pai eu quero te pedir uma coisa. ― Disse Karina e Gael se virou para falar com ela.

― Iiih lá vem... Fala Karina. ― Disse Gael secando as mãos no pano de prato, ele estava ajudando lavando os pratos enquanto Dandara cozinhava.

― Você tem o número da tia Su? Queria ligar pra ela, é que bateu uma saudade... ― Disse Karina e Bianca lembrou da conversa das duas.

― Tenho, vê lá na agenda do meu celular. Aproveita e diz que eu mandei um abraço! ― Disse Gael e Karina foi aos pulos pegar o celular, ela discou o número da tia e foi de fininho pro quarto.

― Alô? ― Disse uma voz feminina do outro lado da linha.

― Tia Su? ― Falou Karina esperançosa.

― Karina? Meu amor! Quanto tempo! ― Disse a voz da tia da lutadora.

― Pois é tia, tô cheia de saudade! ― Disse Karina sentando na cama.

― Minha linda, quando é que você e a sua irmã vem me visitar? ― Disse a mulher e Karina ficou feliz em ver que tinha chance do plano dar certo.

― Ô tia é sobre isso que eu queria te falar, é que eu tava pensando... Em, sei lá, ir aí ver a senhora... ― Disse Karina e a mulher se alegrou.

― Acho bom vir logo! As férias estão chegando, vem passar uma temporada aqui! A Lari vai gostar, eu também! Aproveita e traz a Bianca! ― Disse a mulher e Karina soltou um “isso!” bem baixinho em comemoração.

― Ai tia eu ia amar passar as férias aí! Se o pai deixar eu vou sim! ― Disse Karina e a mulher ficou super animada.

― Fale com ele, se ele deixar você e sua irmã compram as passagens e vem passar as férias aqui comigo! ― Disse a tia e Karina se animou, mesmo com toda a tramoia ela estava com saudades da tia.

― Tia vamos fazer assim, eu falo com ele agora e daqui a pouco eu te ligo dizendo o que ele achou da ideia! ― Disse Karina e a mulher concordou, ela foi para a sala e Gael estava segurando uma marinex de vidro com uma lasanha que tinha acabado de sair do forno.

― Pai eu quero te pedir uma coisa! ― Disse Karina animada segurando o celular do lutador.

― Outra coisa? O que foi dessa vez? ― Disse Gael deixando a marinex na mesa e olhando para a lutadora, Dandara estava vindo do quarto com um vestido florido e Bianca estava encostada na mesa sentindo o cheiro da lasanha.

― É que eu falei com a tia e ele me pediu pra passar as férias lá com ela e eu quero muito ir! O senhor deixa? ― Disse Karina tentando convencer o pai.

―Não. ― Disse Gael e Dandara quis intervir mas Bianca se antecipou.

― Por que não pai? Ela é louca pela tia Sueli e a tia adora ela, deixa ela ir, quem sabe não ela volta mais dócil! ― Disse Bianca tentando ajudar Karina.

― Não quero a Karina do outro lado do mundo, ainda mais por um mês inteiro! ―Disse Gael e Karina bufou.

― Não é do outro lado do mundo! É em SP! E um mês passa rápido! Que saco.― Disse Karina revirando os olhos e se jogando no sofá.

― Karina... Não sei, eu não quero decidir coisas desse tipo agora, eu só quero comer essa lasanha. Então baixa o fogo e vem comer também. ― Disse Gael sentando na cadeira e Dandara tentou intervir.

― Gael a Karina tem 16, SP é ali, e ela vai ficar um uma tia que ela adora! Por que complicar algo tão simples? Deixa ela ir, ela tá precisando de férias mesmo. ― Disse Dandara e Gael ficou “em cima do muro” em relação a essas férias.

― Eu vou pensar, deixa eu comer e depois eu decido. ― Disse Gael atacando a lasanha. Depois que todos comeram Karina cobrou sua resposta. João estava tentando entender essas férias e porque ela não disse nada pra ele. ―Olha Karina, eu vou deixar mas não faça eu me arrepender depois.

― Sério? Valeu pai! Eu tenho que contar pra tia Su... ― Disse Karina levantando da cadeira e pegando o celular dele que estava no sofá.

― E a Bi não vai também não? ― Dandara perguntou e Bianca respondeu.

― Eu não quero ir Dandara, deixa a K tirar as tais férias sozinha... ― Disse Bianca e Gael sabia que ela não estava empolgada para ir.

― E Karina, depois a gente acerta as passagens... ― Disse Gael e Karina voltou para o quarto para contar para a tia que ela iria para as tais férias. A mulher adorou a notícia e Larissa, a filha dela, ficou animada por Karina ir lá, seria bom ter alguém da idade dela para conversar...

_*_

Já estavam na metade de novembro e só fazia uma semana desde o telefonema para a prima de Gael, as passagens já estavam compradas e a viagem tinha sido marcada para o dia 03/01. Como Karina não tinha dito nada sobre ENEM ou qualquer outro tipo de vestibular, não tinha prova pra fazer e quando ela voltasse eles teriam aquela conversa que Gael tanto cobrava sobre a faculdade que Karina faria.

Fabi tinha jurado não falar para ninguém sobre as reais intenções de Karina com a viagem e estava cumprindo. João e as meninas estavam achando que eram só umas férias mesmo e que podia ter algo relacionado ao tentar esquecer Pedro, mas preferiram apenas ver que rumo as coisas tomariam. As provas chegaram e a viagem estava cada vez mais perto, as brigas e provocações continuaram e eles estavam cada vez mais empenhados em esquecer um ao outro.

_*_

O natal foi calmo, a família de Pedro foi para MG passar o natal com os parentes e a família de Karina ficou em casa, Dandara e João que agora era parte da família ficaram com eles na ceia de natal.

Ano novo chegou e trouxe para Karina todo o nervosismo e medo que até o momento ela não tinha sentido. Pedro já havia saído com meio mundo de garotas e nenhuma o fazia sentir o que ele sentia por Karina. Com as outras era sempre o mesmo papo, sempre o mesmo beijo sem graça, sempre a mesma risada forçada quando ele contava alguma piada que nem pra ele tinha sido engraçada, sempre a mesma conversa de “Tá vendo só o que você tava perdendo enquanto tava com a Karina” ... E no fundo ele não tava procurando outra namorada, mas sim outra Karina. Dia 31 de dezembro, boa parte das pessoas do bairro na praça esperando a típica contagem regressiva seguida pela queima de fogos, era uma espécie de tradição.

― Karina deixa de besteira! É ano novo, você tem que mostrar pro Pedro tudo que ele tá perdendo! ― Disse Bianca terminando de fechar o zíper do vestido que Karina usava.

― Perdeu*. Eu não quero mais saber daquele moleque galinha, idiota, tapado, lindo...Q-quer dizer eu já esqueci ele. AI! Bianca eu não gosto dessas coisas coladas, você sabe, eu só deixei porque você encheu demais o meu saco e porque “misteriosamente” a blusa que eu tinha separado sumiu. ― Disse Karina quando Bianca fechou o zíper do vestido branco.

― Você tá linda! Tô até com inveja! Agora bota o salto. ― Disse Bianca entregando os saltos dourados, Karina a olhou e arqueou as sobrancelhas.

― Eu não vou usar salto. ― Disse procurando a sandália rasteira que ela tinha comprado com Bianca.

― Karina! Você vai estragar o visual! Vai colocar os saltos sim! Se reclamar eu encho o saco do pai e ele cancela a viagem! Você sabe que eu posso muito bem fazer isso... ― Disse Bianca e Karina bufou de raiva.

― Que droga Bianca! Me dá logo a porcaria do salto! ― Disse Karina pegando os sapatos e calçando. Ela se levantou e se olhou em frente ao espelho, já pronta.

― Eu vou sentir sua falta K. Ainda bem que é só um mês! Você tá linda, vem que daqui a pouco começa o fuzuê lá na praça! ― Disse Bianca saindo do quarto com a irmã. Todos ficaram impressionados com o fato de Karina ter permitido Bianca produzi-la, e ficaram ainda mais impressionados com o ótimo resultado. Bianca estava com um vestido colado até a altura do umbigo e armado, bem princesa. Dandara estava com um vestido longo branco e Karina estava com um vestido colado branco que terminava um pouco acima dos joelhos, Bianca não usou ele porque ficou um pouco folgadinho e o vestido “princesa” que ela ganhou de presente de natal do pai tinha ficado mais a cara dela.

― Vamos sair que já vão começar a tocar e depois tem os fogos! ― Disse Gael pegando a mão de Dandara e sendo seguido pelas filhas e por João.

― K, confessa vai, isso aí é pro Pedro né? ― Disse João para a lutadora que estava se apoiando nele para andar direito.

― Claro que não! É que a chata da Bi ficou enchendo o saco aí eu coloquei pra ela calar logo a boca. ― Disse Karina tentando se equilibrar nos saltos.

― Aham, sei... Olha eu vou ali falar com as meninas, você vem? ― Disse João e Karina estranhou a pergunta mas entendeu assim que viu Pedro ao lado de Fabi e Pri.

― Não, eu vou procurar o pai... A gente se vê depois. ― Disse Karina andando com dificuldade no meio da multidão procurando Gael.

― Oi gente. ― Disse João se aproximando dos amigos.

― Oi João, cadê a K? ― Disse Pri chegando perto do rapaz.

― Oi Johny. ― Disse Pedro encostado na parede do estacionamento que tinha perto da praça.

― Oi João, ela vem? ― Perguntou Fabi caçando a amiga na multidão, sem sucesso.

― Ela tava comigo mas foi procurar o Gael. Não sei se volta. ― Disse João e Pedro supôs que ela não estava lá curtindo o ano novo com as amigas por causa dele.

― Olha gente eu vou ali atrás da Tomtom depois a gente se vê. ― Disse Pedro e eles estranharam a atitude dele, mas quando ele saiu voltaram a conversar.

_*_

Tinha um grupo de músicos do bairro que estava tocando perto dos ferros num palco improvisado, eles eram bons e estavam ali só até começarem a contagem regressiva. Alguns tem o costume ou simplesmente gostam de passar o ano novo na praia, mas para os moradores de lá ficar na praça era uma tradição.

Pedro andava sem rumo, só estava tentando não esbarrar com nenhuma garota grudenta, queria apenas um lugar um pouco mais calmo no meio da confusão para ver os fogos e ouvir o showzinho e Karina havia desistido de procurar Gael, só queria achar alguém legal da academia ou algum amigo que não estivesse perto de Pedro. Logo começou uma correria pra chegar perto do palco e todos começaram a contagem regressiva, Karina se viu presa no meio da multidão e começou a se desvencilhar das pessoas que se aglomeravam perto do palco, nos dez segundos da contagem a luz dos postes foi desligada e ela começou a esbarrar nas pessoas até que quando terminaram de contar e soltaram os fogos ela não viu o desnível do paralelepípedo e esbarrou num garoto, acabou caindo por cima dele. Quando ela olhou com atenção pôde perceber que era Pedro.

― Pedro?? ― Disse Karina tentando buscar apoio pra se levantar.

― Karina?? ― Disse o garoto nem entender como tinha parado no chão embaixo da ex-namorada. Karina levantou com dificuldade e tentou se apoiar no poste para tirar o salto. ― Um “desculpe” cairia bem... ―Disse Pedro e a garota fez força para ouvir em meio aos fogos.

― Desculpe pelo que? Você que tava no caminho! ― Disse Karina em um pé só segurando o outro para desatacar a sandália. Ela se desequilibrou e Pedro a segurou.

― Opa! Caindo de madura esquentadinha? ― Disse o músico segurando a lutadora pela cintura.

― Me larga ou eu não respondo por mim! ― Disse Karina ainda sendo segurada pelo músico que aquela altura havia esquecido de que, normalmente, iria estar implicando com ela e não querendo beija-la novamente.

― Você vai fazer o que? Me beijar? ― Disse Pedro e Karina ficou vermelha ele não soube distinguir se era um vermelho de vergonha ou de raiva. Talvez dos dois.

― Te beijar? Faz-me rir Pedro. Pra sua informação eu até já te esqueci! Agora me solta! ― Disse Karina e Pedro a olhou incrédulo e sentiu a necessidade de por a prova o que ela havia dito.

― Me esqueceu é? Então prova. ― Disse Pedro aproximando seu rosto do dela e deixando sua boca a centímetros da dela, ela fez um pouco de força para se soltar, mas ele sabia que ela queria tanto quanto ele porque se ela o tivesse esquecido de fato já tinha aplicado algum golpe e o deixado no chão.

― P-pedro... ― As palavras foram interrompidas por um beijo cheio de saudade, paixão... Eles ficaram tão extasiados que nem o barulho dos fogos parecia soar mais alto do que o som das batidas aceleradas do coração de ambos. Eles queriam muito aquilo, era uma espécie de necessidade, combustível... Quando o beijo terminou, eles se olharam e não sabiam ao certo o que falar.As luzes dos postes se acenderam e eles se olharam com mais vergonha ainda. Pedro já tinha dito várias vezes que Karina tinha ficado no passado e que ele não era de ninguém e Karina também afirmava a todo instante que tinha colocado um fim definitivo no relacionamento dos dois, mas aquele beijo não era um beijo que se dá em alguém que se despreza... Alguém que se odeia...

― P-por que você fez isso?? ― Disse Karina se soltando do músico que riu.

― Te beijar? Karina, quando um não quer dois não beijam. ― Disse Pedro convicto de que ela ainda gostava dele.

― A é? Então quer dizer que você queria me beijar? Pra quem tava todo apaixonado pela Guta... ― Disse Karina com um olhar desafiador e ele se perdeu nas próprias palavras.

― Queria e você também! Você e o Zé foi só pra me deixar com ciúmes que eu sei... Admite! Você não vive sem mim! ― Disse Pedro e Karina corou forte.

— Tô parecendo morta pra você? — Disse Karina e só aí que Pedro notou o vestido apertadinho marcando as curvas da lutadora.

— Que saúde em... — Pedro soltou num sussurro sem querer e Karina que já estava corada ficou parecendo um tomatinho.

— Qual é o seu problema?? Olha eu vou indo que eu tenho que achar o pai. — Disse Karina querendo fugir dos olhares de Pedro.

— Como assim “vou indo” ?? — Pedro perguntou segurando no braço de Karina.

— “Vou indo” do verbo “larga a droga do meu braço que eu vou pra casa”. — Disse Karina que já não sabia se ia realmente continuar com o plano de ficar de vez em SP, mas tinha que pensar muito antes de decidir qualquer coisa.

— Nossa você merece o apelido que tem! Mas e agora, você vai fingir que nada aconteceu e continuar com essa palhaçada? — Disse Pedro soltando o braço dela.

— Pedro me deixa pensar, eu não posso decidir nada agora! Me dá um tempo... — Disse Karina e Pedro ficou cheio de esperança.

— Pra quem já deu 6 anos “um tempo” não é quase nada. — Disse Pedro tentando ser compreensivo.

— Então depois a gente se fala. Tchau Pedro. — Disse Karina dando as costas e indo na direção de casa. A porta estava encostada e quando ela entrou João estava sentado no sofá jogando.

— Oi K. — Disse o garoto sem prestar muita atenção nela.

— Oi João... Eu tô confusa, acho que tô ficando louca... Preciso pensar... — Disse Karina um pouco para si mesma.

— O que é que tá pegando? — Perguntou o garoto pausando o jogo.

— É que eu... Eu vou pirar João! Sabe de uma coisa? Comer ajuda a pensar! — Disse Karina indo na direção da mesa que estava lotada de comida. Ela sentou e sentiu vontade de ligar pra Fabi, mas sabia que a amiga ficaria falando pelos cotovelos que ela devia desistir da viagem, mas ela não podia desistir de ficar um mês com sua tia, já que já estava tudo pronto... Quanto a ideia de ficar ou ir pra outro lugar ela teria que pensar depois. Agora o que realmente parecia poder ser resolvido com facilidade era a fome que ela estava sentindo. Logo Gael e Dandara entraram abraçados e Bianca veio logo atrás e reclamou por Karina ter tirado o salto e borrado o batom... Se ela soubesse como Karina borrou o batom...

_*_
Pedro foi para o perfeitão e os pais já estavam em casa com Tomtom, ele se sentou a mesa e ficou conversando com eles. Quando eles foram dormir Pedro ficou pensando no beijo e de como sentiu falta daquelas sensações. Sentiu falta do abraço, dos beijos, de simplesmente ouvir seu nome na voz dela... De tudo. Do seu pequeno tudo.

_*_

“Você me bagunça, e tumultua tudo em mim

Essa moça ousa, é musa, abusa de todo meu sim

Você me bagunça e tumultua tudo em mim

Ainda joga baixo, eu acho, nem sei,

Só sei que foi assim” – O Teatro Mágico


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Notas finais do capítulo

Eaaaaai?? Gostaram?? Mereço presente de aniversário??? Espero que sim... ~ Rezando aqui ~
OBS: Gente, eu não assisti Anabelle então me desculpem se tiver algo "nada a ver" e desculpem qualquer erro de ortografia, meu PC não tem corretor no Word e eu sou lerda então as vezes digito e passa despercebido... Enfim... Obrigada por estarem acompanhando! Minha felicidade aumenta a cada manifestação dos meus leitores e leitoras fieis e dos meus queridos fantasminhas camaradas que estão sempre lá, lendo nas entocas uahsusauhus Beijão!