—Você quer mesmo fazer? -Perguntou a velha. 

Ele exibiu um sorriso frio: 

—Eu esperei minha vida toda por isso, você acha que eu irei desistir agora? 

—Mesmo que você saiba o resultado? 

Ele levantou-se e olhou nos daquela idosa: 

—Essa é a parte mais divertida, quando todos acharem que eu falhei, eu me erguerei e irei brilhar mais forte que todos os outros! 

Ele esbanjou uma expressão que exalava determinação enquanto a velha apenas gargalhou para si mesma: 

—Quem sou eu para te impedir... 

Sasesu entrou e preparou-se para mais um dia de treinamento, mas a situação era diferente: 

—Velha, o que vamos fazer hoje? -Perguntou ele estalando seus pulsos. 

—Não sei...mas primeiro gostaria de perguntar se você trouxe visitas. -Disse a velha fingindo que havia percebido a presença de Kurokawa. -Poderia se mostrar, criaturinha insolente? 

Kurokawa saltou de cima da árvore onde estava: 

—Eu gostaria de saber o que você está fazendo com essa jovem de aparência duvidosa, Sasesu.  

—Não te devo respostas, apenas vá embora, antes que eu mude de opinião e coloque um fim na sua vida miserável aqui... -Ameaçou Sasesu. 

A velha soltou uma grande gargalhada: 

—Não perca seu tempo com esse cachorro de rua, Sasesu. Vamos fazer o que temos que fazer, um amigo meu não se importaria de cuidar dele enquanto isso... 

—Não me importune, sua velha...Meus padrões morais não me impedem de bater em idosos... -Gritou Kurokawa ao longe. 

Uma sombra apareceu na sombra frente e desferiu um ataque, ele apenas teve tempo de fazer com que o ataque não atingisse nenhum órgão vital: 

—Bom trabalho, são poucos aqueles que sobrevivem a esse ataque. -Afirmou o Ceifador. 

Kurokawa deu um grande salto para trás e respondeu enquanto cuspia sangue por sua boca: 

—Eu me lembro desse olhar estupidamente emotivo...Você é o cara que matou os amigos do Ike... 

O Ceifador abriu um pequeno sorriso e desenrolou sua espada de um tecido branco. Uma majestosa lâmina negra foi exposta: 

—Bonita, não é mesmo? -Perguntou ele. -Eu tenho uma crença, de que todas as espadas representam a verdadeira natureza de seu utilizador. Sua espada, Eclipse, representa a sua hipocrisia, a forma com que você odeio aqueles preenchidos de escuridão mas na verdade, você também está repleto dela... 

Kurokawa levantou enquanto apertava com força seu estômago, o lugar onde foi ferido: 

—E o que a sua espada significa? -Perguntou ele com um olhar sarcástico. -Você é um demónio repleto de escuridão? O homem mais cruel do mundo? 

—Não, muito mais simples que isso. -Respondeu o Ceifador admirando o brilho negro de sua espada. -Eu sou apenas uma sombra, a imagem de algo que eu nunca serei. 

Ele mudou sua expressão facial e apontou sua espada na direção de Kurokawa: 

—Mas isso acaba hoje! Hoje eu deixarei de ser uma sombra e passarei a ser uma das luzes que ilumina o céu! 

Kurokawa retirou sua mão de seu estômago: 

—Tão poético...obrigado pelo tempo que você me deu, meu ferimento já se foi.. -Sorriu ele. 

E no segundo seguinte, o punho de Kurokawa já  estava a um centímetro do rosto do ceifador. Ele por reflexo, apenas protegeu-se com a sua espada e minimizou os danos: 

—Você deveria ter me matado quando pôde!!! -Gritou Kurokawa desferindo uma rajada de socos. 

—Pesados...que golpes tão pesados, mesmo sem estar usando sua espada, minhas probabilidades de vencer continuam baixas. -Pensou o Ceifador. -Mas ainda não posso parar... 

O Ceifador jogou sua espada para a sua mão esquerda e tentou crava-la na perna de Kurokawa. Mas seu ataque falhou miseravelmente, ele apenas pulou e desferiu um chute devastador no rosto de Ceifador. Uma onda de choque foi criada e seu corpo foi arremessado para longe até chocar-se com uma árvore nas redondezas: 

—É só isso que você tem depois de toda aquele falatório? -Perguntou Kurokawa meio decepcionado. 

Aproveitando-se do vacilo de Kurokawa, o Ceifador rapidamente diminuiu a distância entre eles e fez um ataque poderoso com sua espada. Novamente, uma falha, Kurokawa reagiu com base em seus reflexos absurdos e apenas abaixou-se: 

—Eu não te interrompi quando você estava falando... -Criticou ele. 

Ele desferiu um soco no rosto do Ceifador fazendo com que o seu corpo inteiro fosse arremessado para cima, mas antes que ele se afastasse demais, Kurokawa segurou a cabeça de Ceifador com a sua mão: 

—Ainda não acabei... 

Ele puxou a cabeça de Ceifador violentamente na direção de seu joelho e um estrondo foi ouvido. O Ceifador caiu no chão com uma meia dúzia de dentes quebrados e sangue escorrendo por todo o seu rosto: 

—Forte demais... -Pensou o Ceifador quase perdendo a consciência. -Mas isso ainda não é o suficiente... 

Ele cuspiu todo o sangue que impedia a sua respiração e levantou-se novamente: 

—Eu já vi tantos idiotas como você...que irão sempre se levantar... -Comentou Kurokawa. -Vamos acabar com isso. 

Kurokawa concentrou uma grande quantidade de energia em seus punhos. Ele desferiu um soco com sua mão direita naquele corpo indefeso, uma grande explosão de energia formou-se. Ele desferiu um soco com sua mão esquerda e outra grande explosão de energia formou. 

Ele tomou alguma distância e desferiu um soco com suas duas mãos, uma gigantesca explosão formou-se e demoliu tudo a sua volta. Árvores foram derrubadas, animais foram afastados e gigantescas nuvens de poeira foram formadas: 

—Isso foi muito mais fraco e muito mais cansativo de se fazer sem a Eclipse... -Reclamou Kurokawa. 

Quando a poeira dissipou-se, ele pôde ver uma figura ainda em pé, na sua frente, como se nada tivesse acontecido: 

—Você é bem mais durão do que eu imaginei... 

Mas para a surpresa de Kurokawa, aquela era uma pessoa totalmente diferente do que ele imaginava. Sua pele havia sido arrancada pela explosão, mas por baixo dela não haviam músculos nem mesmo sangue. Havia apenas metal e cabos robóticos: 

—O que é você? -Perguntou Kurokawa. 

—Uma máquina... -Respondeu o Ceifador num tom cansado. 

—Agora as coisas fazem sentido, você não melhorou nada desde o nosso último encontro...não porque seu talento não permitia...mas sim porque você não pode melhorar...você não consegue evoluir por conta própria.. 

Um soco numa velocidade extrema foi desferido, sequer Kurokawa conseguia desviar disso: 

—Isso é o que...todos dizem...mas eu vou mudar isso...hoje... -Afirmou ele pausadamente. 

—Isso é o que veremos... -Provocou Kurokawa. 

O Ceifador segurou com força em sua espada e disparou em frente: 

—Eu não morrerei aqui!!!! -Gritou ele desesperadamente. 

Kurokawa desviou-se da investida de seu inimiga mas cometeu um erro: 

—Uma brecha? -Percebeu o Ceifador. 

Sem pensar duas vezes, o Ceifador aproveitou-se do deslize de Kurokawa e desferiu um ataque mortal. Kurokawa desviou-se mas não houve tempo, a lâmina inimiga selou o seu olho direito. Ele urrou de dor e tentou recuar enquanto recuperava seus sentidos. 

Mas seu oponente estava desesperado pela vitória e não a deixaria escapar tão facilmente. O Ceifador avançou e cravou sua espada no peito de Kurokawa: 

—Droga...errei o coração... -Pensou ele continuando sua investida. 

Kurokawa segurou a espada de Ceifador em seu corpo para evitar que ele desferisse mais golpes mortais mas ele não desistiu. Vendo que não teria a sua espada de volta, ele socou o braço de Kurokawa de forma com que este se quebrasse como vidro. 

Kurokawa urrou em dor novamente e o Ceifador preparou-se para infligir mais dano, mas um brilho negro surgiu nos olhos daquele jovem. Ele retirou a espada de seu tórax como se não sentisse dor e apenas sussurrou: 

—Desapareça! 

Ele desferiu um golpe que separou o Ceifador em dois. Mas ele não desistiria assim tão facilmente, mesmo cortado em dois ele tentou levantar-se e continuar lutando: 

—Eu não posso parar aqui... -Exclamava ele quando foi interrompido. 

Sua voz cessou e seu corpo caiu imóvel no chão: 

—Eu disse para desaparecer... -Disse Kurokawa cravando aquela espada na cabeça de Ceifador. 

Ele afastou-se daquele corpo enquanto aquele brilho negro desaparecia lentamente de seu rosto. Kurokawa sentou-se no chão enquanto desesperadamente tentava parar a dor que percorria todo o seu corpo: 

—Parece que ele te machucou bastante... -Sorriu a velha. 

—Você vai me matar? -Perguntou Kurokawa entre murmúrios de dor. 

—Eu podia mas não o farei, afinal de contas, eu não guardo nenhum ódio de você...e sei que existem pessoas lá fora que se importam com a sua segurança... -Respondeu ela. 

—Você parecia ser bem próxima dele... 

—Ele era quase meu filho, mas essa foi a decisão dele, eu apenas tenho que aceita-la... -Sorriu ela da forma mais triste possível. -Garoto, eu tenho uma coisa para te dar... 

Ela retirou um pendente feito de cristal de seu bolso e entregou a Kurokawa: 

—Nada irá defender-vos do que está por vir mas eu te darei isso como um amuleto da sorte, antes da atualização (N/A: Aquela que acontece no cap.39, deus, eu demorei tanto para encontrar isso ;-;), isso servia como um catalisador que iria reviver seu usuário caso ele morresse mas agora, ele é apenas um objeto sem valor. 

A velha jogou o pendente e deu um tapa nas costas de Kurokawa: 

—Proteja aquelas crianças...ao contrário de você, elas ainda têm salvação... 

Kurokawa tentou acertar um soco na velha quando ela deu um tapa em suas costas: 

—Sua bruxa maldita...não cutuque minhas feridas...ou eu vou te decapitar... -Gritou ele imerso em dor. 

Ela gargalhou bem alto para esconder sua tristeza: 

—Boa sorte...menino... 

Ela seguiu seu caminho de volta para Sasesu: 

—Para onde você foi? -Perguntou Sasesu. 

—Fui ver o seu amigo... -Respondeu ela. 

Ele confrontou-a com um olhar preocupado: 

—Não se preocupe...ele está vivo... 

Sasesu sentiu mais relaxado: 

—Vamos...não relaxe...você ainda tem muitas coisas para fazer... 

Não muito longe dali, Kurokawa levantou-se e finalmente conseguiu abrir seu olho direito. Sua visão estava embaçada nos primeiros segundos, mas com o passar do tempo, ele começou a enxergar o mundo de uma forma diferente. Seu olho direito era capaz de enxergar as coisas com mais nitidez e resolução, era capaz de ver detalhes praticamente imperceptíveis: 

—Tão estranho... a visão do meu olho direito está visivelmente melhor que a do meu olho esquerdo... -Pensou ele. 

Ele pensou por alguns segundos e chegou numa conclusão: 

—A minha regeneração fez com que este olho novo fosse muito melhor que o antigo...com base nesta lógica... 

Ele pegou a espada do Ceifador e apontou-a para o seu olho esquerdo com alguma hesitação. Ele engoliu sua saliva enquanto tremia e flexionou seu músculos. Um grito de dor foi expelido e todos os animais na redondeza se afastaram...