“Olhe nos meus olhos, é onde meus demônios se escondem” — Imagine Dragons

Vi todos saírem da sala, mas eu fiquei junto com o quarto grupo. Ou Quíron tinha esquecido de mim ou ele estava louco porque ele não tinha me colocado em nenhum dos grupos.

— Me esqueci de você não é, Carolina? — Quíron se pronunciou.

Ele me fitava de um jeito que me dava medo. Sempre que eu olhava nos olhos dele sentia ele penetrando a minha alma, era como se ele soubesse de tudo de ruim que eu já fiz em toda a minha vida e eu não gostava nada disso. Me limitei a assentir em resposta a pergunta dele e ele soltou um suspiro.

— Pois bem, você irá com o quarto grupo — Falou e eu assenti. — Bom... Vocês vão ao palácio de Bóreas, ele sabe de tudo e é o deus do vento mais amigável.

Eu não tinha tanta certeza disso, as pessoas não sabiam, mas eu já tinha ido até o palácio de Bóreas e a querida filha dele quase tinha me matado.

— Quero que tentem descobrir por onde anda Hécate, a deusa da escuridão e magia — Quíron começou a explicar e eu franzi a testa, por que deveríamos encontrar Hécate? Eu não sabia. — Só encontrem Hécate, quando a encontrarem vão saber o motivo da missão e agora acho melhor vocês irem se preparar — Quíron falou e nós do grupo nos entreolhamos, aquilo estava meio esquisito...

Assim que saímos da casa grande, Frank se pronunciou.

— Alguém contra eu liderar essa missão? — Frank perguntou nos avaliando e o primeiro a “reclamar” foi o Leo.

— Por que eu não posso liderar? Eu acho que o incrível e poderoso Leo deveria liderar a missão — Leo disse com um sorriso convencido nos lábios, revirei os olhos e logo Leo estava gargalhando. — Eu estava brincando, pessoal! Vocês não tem senso de humor mesmo hein? — Leo falou novamente e Frank o olhou como se ele fosse de outro mundo.

— Muito bem, arrumem suas coisas, partiremos ao amanhecer — Frank falou e saiu do meu campo de visão tão rápido que eu achei meio esquisito.

Não demorei muito para começar a caminhar até o meu novo chalé, eu não queria ir para lá por causa de Nico, ele tratava as novas irmãs como se fôssemos aberrações e isso me irritava profundamente, mas no momento eu não tinha outro lugar para ir e precisava arrumar minhas coisas para a missão. Engraçado que eu tinha acabado de chegar ao acampamento e já tinha sido resignada para uma missão, pra mim alguma coisa muito grande estava acontecendo.

De longe já dava pra ouvir a gritaria no chalé de Hades, massageei as têmporas antes de entrar naquele antro de loucura.

— NICO, PARA DE QUEBRAR AS COISAS, VOCÊ TA FICANDO LOUCO? — Ouvi Aline gritar assim que abri a porta do chalé, a bagunça estava enorme e Nico jogava quase tudo que encontrava pela frente no chão.

— ME DEIXEM EM PAZ, VOCÊS SÓ COMPLICARAM A MINHA VIDA! — Ele gritou de volta e vi Hazel revirar os olhos num canto do chalé, ela parecia reagir bem a loucura que estava acontecendo ali.

— QUEBRAR AS COISAS NÃO VAI FAZER A ARIANNE GOSTAR DE VOCÊ, MANÉ — Halle gritou de um lado e aquilo fez Nico parar, ele estava de costas para ela e lentamente foi se virando, Halle correu para se esconder atrás de mim e eu reprimi minha vontade de soltar umas boas gargalhadas.

— O que você disse? — Nico perguntou entre dentes fuzilando eu – ou a Halle que estava atrás de mim – com tanta “força” que fiquei com medo que a qualquer momento um raio lazer me atravessasse para matar a Halle e me levasse junto.

— Eu só estou falando a verdade! — Halle falou se fazendo de inocente e eu saí da frente dela, não queria me envolver naquilo.

Caminhei até a minha beliche e peguei a minha mochila, comecei a colocar as coisas dentro dela e lembrei que não tinha uma arma para me defender.

— Onde encontro uma arma nesse acampamento? — Perguntei me virando para os meus irmãos que agora estavam em “paz”.

— Procura a Annabeth e pede pra ela te levar ao arsenal — Nico falou emburrado se jogando na sua cama.

— Okay... — Falei e saí do chalé.

Encontrar a loira não foi uma tarefa difícil, ela estava na praia com o namorado, Percy Jackson.

— Desculpa atrapalhar os pombinhos — Me aproximei deles dois que pareciam estar prestes a se agarrar ali mesmo. — Annabeth, preciso de uma arma e o Nico disse que você me arranjaria uma no arsenal — Falei para a loira e ela assentiu se levantando e puxando o Percy com ela.

— Vai ser rápido, prometo — Ouvi ela sussurrar para Percy e ele assentiu. revirei os olhos, aqueles dois me davam vontade de vomitar.

Assim que entramos no arsenal meus olhos se arregalaram, aquele lugar era... Maravilhoso! Pense num lugar cheio de coisas mortais, eu como filha de Hades amava a morte.

— Esse lugar é incrível! — Falei e já podia adivinhar que meus olhos brilhavam de empolgação, Annabeth e Percy me olharam como se eu fosse uma coisa muito bizarra, mas depois riram.

— Pois bem, no que você acha que se dá melhor? Espadas? Arco e flecha? Lanças? — Annabeth perguntou enquanto caminhava por entre as prateleiras cheias de armas, pensei por um momento na arma que eu queria usar e optei por pedir uma espada, já que pelo o que eu sabia era a arma mais fácil de manusear.

— Espadas — Falei e ela assentiu, deu mais uma olhada nas coisas e parou na frente de uma caixa.

— Acho que encontrei a arma perfeita para você — Ela disse e de relance eu pude ver a sombra de um sorriso em seus lábios, Percy se aproximou dela e olhou o que ela estava olhando, ele olhou para Annabeth com um pouco de receio.

— Tem certeza? — Perguntou e ela assentiu, ela tirou uma espada da caixa e a apontou para mim.

— Essa aqui é feita de ferro estígio — Ela me explicou, a espada tinha uma lâmina negra esquisita. — E ela é envenenada e mágica, então... Se você perfurar alguém profundamente irá matar a pessoa e a alma dela permanecerá na espada até que a pessoa se arrependa de tudo o que fez... Assim sua alma será liberta — Ela explicou e eu assenti. — É uma espada especial, você quer ficar com ela? — Ela perguntou.

Pensei duas vezes antes de responder, a espada era perigosa, um passo em falso e eu poderia ir fazer uma visitinha ao meu pai sem volta, mas alguma coisa me dizia que aquela era A espada, aquela que iria me acompanhar em minhas aventuras.

— Eu fico com ela — Falei por fim e Annabeth sorriu e me entregou a espada. — Agradeço pela ajuda e agora vou deixar vocês sozinhos, até mais — Falei rápido e saí do arsenal, não queria ter que aguentar os pombinhos.

[...]

Estava na hora. Eu podia querer não admitir em voz alta, mas estava nervosa e com medo. Medo de falhar em minha primeira missão e envergonhar meu pai. Ajeitei a mochila em minhas costas e fitei meus irmãos, tinha conhecido eles a tão pouco tempo e mesmo com tantas brigas, eu os amava e sabia que faria de tudo para protegê-los.

— Desejo boa sorte a vocês — Falei de uma vez.

Sentimentalismo não era uma coisa comum aos filhos de Hades, mas ás vezes era bom colocar os sentimentos para fora. Nenhum deles se pronunciou e isso só me deixou mais nervosa, só esperava conseguir concluir a missão viva e bem.