Trinta minutos transcorreram até o retorno de Penny, que apareceu muito arrumada e cheia de perfume. Era um aroma doce e agradável, percebeu Sheldon quando se sentou ao lado dela no carro. Truques das indústrias de cosméticos para lucrar em cima da necessidade humana de conquistar parceiros reprodutores. E Penny se saía muito bem naquilo, pensou ele. Lembrou-se da tatuagem de sopa em sua nádega esquerda. Reprimiu mal o riso.

- Do que você está rindo?

- Da tatuagem de sopa que você tem na nádega esquerda.

- Não significa sopa, significa coragem.

- Significa sopa.

- Certo, eu realmente não deveria ter perguntado.

Silêncio.

- Então, essa ruiva ninfomaníaca trabalha com vocês também?

- Oh, não.

- Como Leonard a conheceu? – ela fingiu um ar desinteressado.

- Prima da Leslie Winkle.

- Hum. Leslie Winkle. E ela é, assim, um gênio, também?

- Oh, não. Definitivamente não, mas Leonard diz que ela tem muitos atributos sexuais.

- Oh, sim, é claro - Penny pigarreou.

- Leonard tê-la trocado por uma parceira que tem aparentemente mais capacidade do que você de dar a ele grandes doses de endorfina várias vezes ao dia através do coito não a incomoda?

- Não! É claro que não! Que idéia...

Sheldon levou vários minutos para perceber que ela tinha os olhos cheios de lágrimas e os lábios projetados em um biquinho triste.

- Oh, Penny, eu sinto muito. – disse, atrapalhado, ao ver um filete úmido brilhar no rosto dela.

Virou-se outra vez para frente, incomodado com a situação. Olhou pela janela. Voltou a fitar o pára-brisa. Por fim, curvou-se um pouco na direção da garota, que começara a soluçar, e deu dois tapinhas nas costas dela.

- Calma, calma.

Pessoas deprimidas ao volante eram uma combinação perigosa. O alarme interno de Sheldon para situações de risco disparou. Precisava tranqüilizar Penny. Um pouco relutante, mas convencido pela urgência e gravidade da situação, começou a cantarolar:

- Soft kitty, warm kitty, little ball of fur!

Nada.

- Happy kitty, sleepy kitty, purr purr purr…

Observou. Um sorriso suave surgira no rosto dela.

- Soft kitty, warm kitty, little ball of fur! – recomeçou Penny.

Certo. Já era o bastante.

Chegaram à loja de quadrinhos.