Era obvio que Ambre não faria isso por mim, pessoas como ela não saem por ai doando órgãos para os outros, há umas semanas atras eu também não faria isso e agora eu era pessoa que necessitava da doação.

Seis meses se passaram e agora restavam apenas alguns fios de cabelo em minha cabeça, eu não ficava mais tão mal por causa da quimioterapia, mas os enjoos não deixaram de aparecer, eu parei de estudar eu não queria isso, mas tudo estava indo de mal a pior então resolvi parar. Assim que tudo isso terminasse eu voltaria, entraria na faculdade, encontraria alguém perfeito para mim, me casaria, filhos aos 30 ou algo do tipo.

Eu estava em meu quarto escutando musica em meu celular até que senti fome e desci para ver o que poderia almoçar. Não encontrei minha tia em lugar nenhum da casa então deduzi que ela ainda estava trabalhando, na geladeira encontrei algumas fatias de Pizza que sobraram da noite anterior então comi. Meu dia-a-dia ficou monótono, mas bom... era melhor que nada.

Olhei no relógio da sala e notei que estava atrasada para ir para o hospital para a mio ou simplesmente quimio (a chamo assim porque somos amigas intimas agora). Peguei minha bicicleta e fui rapidamente para o hospital, chegando lá entrei na ala da quimioterapia e vi algumas poucas pessoas fazendo, no fundo da sala tinha uma garota com longos cabelos loiros ela olhava para seu medico parecendo um pouco perdida algo me dizia que era seu primeiro dia. Me sentei em uma das desconfortáveis e ao mesmo tempo confortáveis poltronas e enquanto esperava alguém aparecer com o liquido para ser injetado em minha veia tirei uma revista de minha bolsa e comecei a foleá-la sem muito interesse, até que um garoto que aparentava ser um pouco mais velho que eu entrou com o recipiente cheio de liquido transparente (a quimioterapia) em mãos e veio em minha direção e começou a preparar as coisas para o processo

–Bela touca-ele disse evitando contato visual

–Obrigada-respondi um pouco sem jeito passando os dedos levemente pelas pequenas orelhas de gatinho que ela possuía

Quando ele se inclinou para frente para colocar a seringa em meu braço pude ler seu nome que estava em seu crachá "Collin" era seu nome, ele era bonito pele cor de ébano e os olhos verdes e o cabelo raspado e também aparentava ser um cara forte. Collin organizou as coisas e saiu da sala.

Pode até parecer idiotice, porém ele também pareceu demonstrar interesse em mim afinal ele ia de 2 em 2 minutos checar se já não havia acabado, para um cara como ele que trabalha em um hospital de câncer e para mim que era quem fazia as quimioterapias nós dois sabiam os que ela não acabava tao rápido, todas as vezes que ele ia la, me fazia pequenas perguntas que mais pareciam que ele queria me cadastrar em algum site eram perguntas tipo "qual sua idade?" "como é seu nome?" e etc; aquela era uma situação engraçada.

Depois que a quimioterapia acabou ele apareceu la de novo e organizou tudo, quando eu finalmente ia me levantar da poltrona ele me parou e disse:

–É...Sabe...Aqui esta meu numero-ele disse me entregando um pequeno papel com um numero de telefone- Se você por acaso precisar de alguma ajuda...-ele simplesmente não olhava em meus olhos

Peguei o papel de sua mão e sai do hospital , quando sai la fora vi que minha tia colocava a bicicleta na parte de trás do carro, fui chegando mais perto dela e a dei um abraço. Entramos no carro e ela notou que eu lia aquele pequeno pedaço de papel e rapidamente leu o papel em voz alta

–Collin o pretendente!-ela sorria enquanto eu corava.