O Retorno a Nárnia - A Volta de Jadis. escrita por bacblack


Capítulo 2
Despedidas e Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, aqui está mais um capítulo da história, espero que gostem. Neste capítulo são que as coisas começam a fazer sentido e mais personagens aparecem. Divirtam-se :)

Normal= Realidade
Itálico= Passado



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/538315/chapter/2

Lorena

Já faz oito anos desde que conheci Pedro, Edmundo e Aslan. Mas também fazem sete anos desde que meus irmãos substitutos foram embora. Nunca esquecerei o dia em que recebi a notícia:

Estávamos na sala de estar da casa dos Andreacchi. Caio e Jefferson jogavam xadrez enquanto eu fazia uma trança no cabelo de Julia. Por milagre estávamos em silêncio, mas acho que a chuva nos deixava melancólicos. Quando Jefferson ganhou de ganhou de Caio pela quinta vez consecutiva, Raul, o pai dos três, chegou.

– Olá crianças, onde está a Laura? – Perguntou ele e nós quatro nos entreolhamos.

– No quarto, trocando o Guilherme. – Respondeu Jefferson e Raul assentiu e foi para o corredor em direção ao quarto. Nós nos entreolhamos novamente, então demos de ombros e voltamos ao que estávamos fazendo. Quinze minutos depois, Guilherme entrou correndo e sentou-se ao lado de Caio.

– O que foi Gui? – Perguntou Caio e o menino olhou para o irmão com tristeza.

– Vamos nos mudar. – Respondeu ele e eu senti meu sangue gelar. Olhei para Julia que estava pálida, seus olhos mostravam surpresa e medo com a notícia.

– Pra onde? – Perguntou Jefferson e Guilherme balançou a cabeça.

– Não sei. – Ele respondeu e começou a chorar, sendo seguido por Julia logo depois. Eu, Caio e Jefferson nos entreolhamos sem saber o que fazer. Talvez ouvindo o som de choro das duas crianças, Raul e Laura apareceram e pararam na porta com a cena diante deles.

– O que houve? – Perguntou Laura, correndo para o lado de Guilherme. Raul ficou parado na porta, sem saber como lidar com a situação. Eu abracei Julia e senti-a começar a se acalmar.

– Eu não quero ir embora. – Fungou Guilherme e Laura suspirou.

– Temos que ir querido, é para nosso próprio bem. – Disse ela e eu estreitei os olhos. O que ela quis dizer com isso? Olhei para Caio, que olhava horrorizado para os pais. Isso aumentou minha desconfiança.

– Eu não vou! – Jefferson cruzou os braços e olhou teimosamente para os pais. Raul olhou pra ele furioso.

– Você vai sim.É uma oportunidade de ouro pra mim e você não vai estragar isso! – Rosnou Raul e Jefferson se encolheu um pouco, mas não estava disposto a recuar.

– E se eu quiser ficar na casa da tia Aurora? – Jefferson desafiou e Raul estreitou os olhos.

– Você vai comigo. – Ordenou ele e quando Jefferson foi para objetar ele completou:

– Sem mais discussões.

E assim terminou a conversa. Dois dias depois, eles se mudaram. Caio, Jefferson e Julia prometeram que manteriam contato, mas eu nunca mais ouvi falar deles.

Voltando a realidade balancei a cabeça, não faria nenhum bem ficar me debruçando sobre o passado. Com certeza eles estavam bem, onde quer que estejam agora.

São sete horas da manhã e adivinha? Primeiro dia de aula!

Esse é meu ultimo ano na escola, então vou para a faculdade. Acho que vou cursar história, os gregos e os egípcios são fascinantes!

– Lorena! – Gritou uma voz do portão da minha casa e eu pulei. Havia esquecido que Rebeca viria me chamar.

– Entre. – Falei ao abrir a porta. Rebeca Cavalcante tem longos cabelos negros e olhos verdes claros. Sua pele é sempre pálida, não importa quanto tempo fique no sol, muito a sua frustração. Já eu evito ficar muito tempo no sol, pois minha pele queima e então descasca. Meu irmão mais velho, Paulo, sempre me provoca sobre isso, dizendo “a cobra já está trocando de pele”, você não sabe o quanto me irrita. Meus cabelos castanhos acobreados são ondulados e vão até a cintura e nos meus olhos castanhos há um pouco de dourado, que muitos não percebem, a não ser que estou com muita raiva.

– Já está pronta? – Perguntou Rebeca sentando-se no sofá. Beca estava vestida com o uniforme da escola, calça e jaqueta azul e camiseta branca. Como estava calor, resolvi colocar minha jaqueta na mochila.

– Sim. – Respondi. Depois de me despedir de minha mãe, Alice, saímos de casa.

Nossa escola fica a uma quadra de minha casa, em um prédio que era usado como refúgio e enfermaria durante a Segunda Guerra Mundial. O prédio é um pouco sombrio, não importa se as janelas estão abertas e o sol ilumina, o lugar parece um pouco sinistro.

– Eu espero que a Alicia tenha ido pra noite. – Disse Rebeca e eu suspirei.

– Infelizmente eu a ouvi falando que vai estudar de manhã. – Falei e Beca fez uma careta. Alicia Parker costumava ser nossa amiga, mas então trocou-nos por Fátima e Luciana. Onde antigamente estava uma das mais estudiosas da sala, hoje está a que inicia as badernas. Fiz uma careta só de pensar na roupa ou maquiagem que ela usaria hoje.

Quando entramos no refeitório, notei que nada havia mudado. Vários grupos de alunos conversavam, mas uma menina me chamou a atenção. Ela era de uns dois centímetros mais baixa que eu, os cabelos castanhos escuros lisos no comprimento dos ombros e quando ela olhou pra nós, seus olhos da mesma cor que seus cabelos brilharam.

– É a Ramona?! – Perguntei espantada e olhei pra Beca, que olhava pra menina tão surpresa quanto eu.

– Onde estão os cachos que ela tinha? – Perguntou Rebeca avançando e eu quase tive que correr para acompanhar seus passos.

– Oi. – Cumprimentou Ramona e então riu dos olhares incrédulos que Rebeca e eu tínhamos.

– O que houve com você? – Perguntou Beca se recuperando e Mona sorriu timidamente.

– Mamãe me levou pra Paris nas férias e meio que me obrigou a mudar. – Contou ela e eu levantei as sobrancelhas enquanto Beca riu.

– Impressionante. – Falei e Mona olhou sonhadoramente para o espaço.

– Será que o Elian vai me notar agora? – Perguntou ela e eu sorri. Elian Menezes é o amor de Ramona desde que ela o conheceu, o que foi há cinco anos. Elian é o perfeito cavalheiro e com boa aparência também, cabelos loiros e olhos verdes claros. Todas as meninas já tiveram uma queda por ele, mas Elian sempre pareceu alheio a isso, o que eu achava realmente engraçado.

– Se ele não te notar ele é cego. – Respondeu Rebeca, sempre a direta.

– Vamos. – Falei quando o sinal tocou e nós tivemos que conduzir uma Ramona sonhadora para a sala de aula.

Rebeca

Quando nossa primeira aula, biologia, terminou eu suspirei de alivio. Nossa professora, Diana, é legal só não sabe explicar a matéria corretamente e de um modo que todos compreendam. Eu olhei pra Lorena, que bocejava audivelmente e tive que rir. Lorena parecia uma criança quando fazia isso.

Um homem de no máximo quarenta anos entrou na sala. Seus cabelos dourados e olhos verdes eram impressionantes. Ele parou por um momento e olhou para cada um de nós atentamente, então sorriu. Eu reparei que Lorena levantou uma sobrancelha e avaliou o professor, estreitando os olhos depois de algum tempo, como se tentando resolver um enigma. Neste instante dois meninos entraram na sala e congelaram.

– Desculpe o atraso professor. – Disse o loiro corando e eu tive que segurar minha vontade de rir.

– Sem problemas. – Respondeu o professor. Eu ouvi um som se engasgo e olhei pra Lorena, que estava pálida. Os garotos e o professor se viraram ao ouvir o som e pareciam surpresos ao vê-la.

Lorena

Eu simplesmente não conseguia acreditar no que via. Pedro e Edmundo ali e com toda certeza o professor era Aslan. Agora fazia sentido à sensação de familiaridade que senti ao ver o homem. Eu recuperei minha compostura e sorri docemente para os três, eles teriam muito que explicar. Percebi que Rebeca me olhava curiosamente, mas eu apenas continuei sorrindo. Pedro e Edmundo também acordaram e tomaram seus lugares, Edmundo na carteira ao meu lado direito e Pedro atrás de mim. Eu voltei minha atenção pra Aslan.

– Meu nome é Hélio Shmith e vou lecionar a matéria de história. – Disse ele. Enquanto Aslan ou Hélio explicava a matéria eu tentava me concentrar, mas as risadinhas e cochichos de Alicia, Fátima e Luciana estavam me dando nos nervos. Quando eu estava prestes a gritar com elas, senti um leve cutucão no meu ombro. Virei-me e dei de cara com Pedro.

– Oi. – Disse ele e eu levantei uma sobrancelha.

– Oi. – Respondi. – Já fazem alguns anos não é? – Perguntei e ele assentiu.

– O tempo passa de forma diferente em Nárnia. – Respondeu ele. – Para nós se passaram dois anos, e aqui?

– Oito. – Respondi e ele assentiu. Imaginei-o arquivando informações em seu cérebro e tive que morder minha língua pra não rir.

– Você cresceu. – Disse ele e eu levantei a sobrancelha novamente.

– Obviamente. – Respondi com um meio sorriso e ele corou.

– Como vão os outros? – Perguntou ele mudando de assunto e senti meu sorriso desaparecer.

– Eu não sei, eles se mudaram e eu não tive mais noticias. – Respondi e Pedro olhou surpreso.

– Você não sabe pra onde eles foram? – Perguntou ele e eu neguei com a cabeça.

– Raul não permitiu que eles falassem. – Respondi. Pedro olhou perdido por um momento, então se recuperou.

– Isso é ruim. – Disse ele. – Mas vou pedir para os outros rastreá-los.

– Obrigada. – Falei olhando diretamente para seus olhos azuis,ele devolveu meu olhar. Fiquei imaginando o que se passava por sua mente, do que ele gostava de fazer, sobre sua vida... Ficamos nos encarando por não sei quanto tempo, até que as gargalhadas de Alicia, Fátima e Luciana nos interromperam.

– Disponha. – Respondeu Pedro corando. Eu vi que seus olhos procuraram a fonte do ruído e quando seus olhos pararam em Alicia ele arregalou os olhos e empalideceu.

– Pedro? – Perguntei e ele me olhou assustado. Seus olhos estavam desfocados e lágrimas se formavam. Eu peguei sua mão e apertei.

– Lorena? – Perguntou ele confuso e eu o olhei com preocupação.

– O que houve? – Perguntei e Pedro fechou os olhos.

– Só de lembrar de algo. – Respondeu, mas eu olhei pra Alicia e a vi olhando pra mim friamente. Eu estreitei meus olhos e ela virou pro outro lado.

– Lorena? – Chamou Rebeca e eu virei meu rosto em sua direção.

– Sim?

– Me empresta a borracha? – Perguntou ela e eu franzi a testa.

– Claro. – Soltei a mão de Pedro pra pegar meu estojo, perdendo o calor de sua pele. Peguei a borracha e entreguei pra Rebeca, que me olhou tipo “o que foi dessa vez?” e eu a respondi olhando “como é que eu vou saber?”

– Lorena? – Chamou Pedro e eu olhei pra ele.

– Sim? – Perguntei e ele me olhou estranhamente por um momento, então começou a falar sobre um assunto completamente diferente do que conversávamos antes da interrupção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários me fazem feliz :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Retorno a Nárnia - A Volta de Jadis." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.