República escrita por Larissa Gomes


Capítulo 45
Tempo.


Notas iniciais do capítulo

Minhas lindas, boa noite...
Venho aqui neste momento postar o capítulo de hoje e fazer um comunicado não muito legal, mas necessário...
Nós não vamos mais ter a fic "República" esta semana.
Me perdoem amorinhas, assim como para vocês eu acredito que seja gostoso ler, para mim escrever a fic é um momento muito bom também.
Mas a Universidade e o mundo real estão no meu pé nesses últimos dias, e nos próximos estarão ainda mais.
Portanto, achei melhor comunicar...
Ainda assim, fico feliz em dizer que podem haver surpresinhas no decorrer destes dias, TALVEZ ! rsrs
Mas uma vez, eu agradeço o carinho, amor e companheirismo de cada uma, sempre! s2

Boa leitura!! :)



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Gina estava em sua cama, lendo concentradamente o caderno que sempre a havia acompanhado.

Ela lia em especial, os três últimos itens que havia escrito como objetivos:
“Me formar como engenheira agrônoma.”

“Me sentir por completa do Ferdinando (primeira vez).”

“Casamento.”

Era a primeira vez que objetivos tão ‘femininos’ (os dois últimos, claro) habitavam aquelas páginas.

Gina havia se sentido uma boba ao escrever tudo aquilo, na época em que começaram o relacionamento mais sério, mas era costume.

Sentia-se mais segura ao escrever, como se fosse mais fácil concretizar o que ali colocava.

Além do mais, ela sempre gostava de planejar suas ações.
É verdade que desde que havia conhecido Nando, o ‘inesperado’ se tornara mais doce. Mas ainda assim, preferia planejar o que fosse possível.

[...]

Já passava-se uma hora desde a saída de Ferdinando.

E Gina sentia seu coração apertar mais a cada minuto.

“Ara que eu to virando uma neurótica ciumenta!” Ela concluía extremamente irritada consigo mesma.

– Melhor dormir... – Ela pensou alto, apagando a luz e deitando-se na cama.

Ao menos assim, não ficaria imaginando besteiras como estava mesmo sem desejar.

[...]

A ruiva havia adormecido com a janela aberta, e despertou de prontidão quando ouviu uma conversa baixa, advinda do portão.

Era Ferdinando (falando com o taxista).

Ela não sabia ainda o que havia concluído sobre a discussão de outrora, mas queria vê-lo. Deixar claro que não estava de fato brigada com ele.

E claro, por mais que não admitisse, também queria saber como havia sido a ‘amistosa’ visita.

– Nando?! – Ela disse abrindo a porta do quarto ao escutá-lo subir as escadas.

Ferdinando gelou.

Parou no último degrau sem ao menos ter coragem de encará-la.
A culpa não permitia.

– Nando, tá tudo bem?! – Gina perguntou se aproximando... – Nossa parece que eu dormi uma eternidade, que horas são?

Ferdinando gelou ainda mais. Sabia que havia demorado um pouco além do devido.

– Já é tarde Gina... – Ele foi seco. Não foi grosso, mas algo em sua voz incomodava muito a ruiva.

O jeito que ele falava, que se apoiava no corrimão... Alguma coisa.

– Ferdinando, tá tudo bem mesmo? – Ela levou as mãos à cintura.

Ele a encarou. Achou melhor contar ao menos um pouco da verdade.
Pelo menos por enquanto.

Gina distinguiu aquele semblante. Já havia visto Ferdinando daquela maneira.

– Agora eu entendi a razão da hora... – Ela disse com a voz claramente decepcionada, se virando e voltando ao interior do quarto, deixando a porta aberta. Não queria discutir no corredor.

Ferdinando a seguiu.

Fechou a porta e observou a amada encarando-o com os braços cruzados.
– Eu demorei porque conversei com a Maia sobre nós também, Gina... – A voz dele era completamente falha.

– Ferdinando você tá cheirando vinho... – Ela disse em acusação, deixando claro o desagrado.

– É porque eu bebi vinho, a Maia estava bebendo e eu acompanhei... – Ele por um instante pensou em contar aquilo que afligia seu coração. – Gina eu preciso te falar que... – Ele não conseguia.

– Falar o que?! – Ela questionou curiosa, irritada pela fala não terminada.

Na verdade, o comportamento dele só a fazia ter a cada instante mais certeza do que era correto a fazer a respeito dos dois.

Ferdinando não podia contar sobre o beijo. Não agora. Ele não estava em condições de argumentar e explicar, e sabia que seria necessário.

– Preciso falar que quero conversar com você amanhã, Gina... – Ele suspirou frustrado. - Agora eu preciso dormir. – Ele coçou os olhos.
– É eu acho melhor... – Ela concordou.

Pensamentos cada vez mais certos passavam pela mente da ruiva. Ela precisaria de fato conversar com ele. E no dia seguinte seria melhor.

Na realidade ela já estava extremamente arrependida de ter se levantado para conversar com ele naquele momento.

– Tá certo... – Nando se encaminhou ainda zonzo para fora do quarto. Encostou-se no batente. – Boa noite, menininha... – Ele sussurrou.
Seu coração era pura culpa.

– Boa noite. – Ela foi um tanto quanto fria.

Fechou lentamente a porta à frente dele.

“Desculpa...” Era só o que Ferdinando pensava com o rosto ainda apoiado no batente, enquanto ela fechava a porta.

Uma lágrima solitária lhe escorreu, antes que ele se colocasse a caminhar até o próprio quarto.

[...]

Já se passava meia hora que Gina estava tentando voltar a dormir.
Mas aquela breve conversa que a pouco tivera com Ferdinando não lhe saia da mente.

Na verdade, tudo daquele dia ainda a perturbava.

Havia sido tão gostoso desde que chegaram, o momento do bolo, a brincadeira da aposta, mas de repente...

Nada.

Simplesmente isso.

Em apenas algumas horas nada mais parecia fazer sentido para ela.
Era como se a discussão com Ferdinando à tivesse puxado de volta à realidade.

Estava tudo tão certo entre os dois, e ao mesmo tempo tão fora de ritmo. Não era justo.

Ela havia passado a observar aquilo tudo de uma maneira não muito positiva. Enquanto Ferdinando pensava em simplesmente continuar sua vida da mesma forma que sempre fora, incluindo-a apenas a seus costumes e planos, ela se via praticamente sendo forçada a mudar aspectos que sempre havia acreditado serem imutáveis em si. E esta era uma visão que se aplicava à tudo.

Ela havia mudado muito desde que o havia reencontrado, em muitos aspectos para melhor, ela admitia, mas será que já não havia sido o suficiente?!

Ela não achava justo ter que ceder. Não no último aspecto por eles colocado em pauta.

Porque ELE não poderia reformular seus planejamentos?

Tinha tanto poder para fazer isso quanto ela.

E era exatamente este ponto de vista o que ela estava a fim de esclarecer.

Ela amava Ferdinando, e acreditava que o sentimento era recíproco, mas não poderia simplesmente passar por cima de um de seus maiores almejos por uma simples vontade dele.

Não iria mais enrolar, afinal, nunca gostara disso.

Iria logo colocar os “pingos nos i’s”.

[...]

– Gina?! – Ferdinando batia na porta do quarto da amada logo ao amanhecer.

Não havia nem se quer dormido direito após a conturbada noite.

Precisava logo falar com ela. Contar o que tanto o afligia.

– Entra... – Ela disse com a voz sonolenta, se espreguiçando.

– Eu queria falar com você menininha, me desculpa a hora... – Ele disse se aproximando dela.

O dia estava nublado e levemente frio. Ainda assim, vê-la despertar sob a luz escassa do sol, que entrava pelo vidro da janela, fazia o coração do engenheiro sorrir.

– Bom dia... – Ele se sentou na cama.

Ela deu um leve sorriso sem graça.

– Bom dia... Caiu da cama? – Ela se posicionou sentada ao lado dele.

– Caí... Já até tomei um belo banho... – Ele abaixou o rosto, sorrindo sem graça. – Eu preciso muito falar com você menininha. – Resolveu ser direto.

– Eu também Nando, muito mesmo. – Ela domou os cachos rubros em um movimento gracioso, fazendo um imponente coque no alto da cabeça.

Ferdinando sentia o coração apertar pelo que teria que dizer.

– Gina, eu preciso falar... Posso te contar primeiro? – Ele passou a mão pelo cavanhaque. O gesto e a voz já denunciavam seu nervosismo.

– Não Nando, me deixa falar antes. – Ela suspirou. - Eu sei que ontem eu falei do vinho, mas fui eu mesma que te falei pra ir lá... Eu não fiquei brava... Era só sono mesmo... Eu... – Ela mentia, mas queria ser ‘justa’.

– Não Gina, me deixa falar primeiro, antes que você conclua. – Ele a interrompeu. Respirou fundo e voltou a passar a mão nervosa no rosto.

– Ara, então fala logo Nando, mas porque você tá assim?! Porque tanta pressa? – Ela percebeu.

– Gina aconteceu uma coisa ontem... Com a Maia. – Ele precisou desviar o olhar novamente. Não conseguiria contar olhando para ela.

Gina engoliu seco, já imaginava várias possibilidades, todas uma pior que a outra.

Ferdinando tentou pegar a mão da ruiva para prosseguir. Ela se afastou.
Ele engoliu seco.

– Ela me beijou Gina, mas eu não queria! Na verdade nem ela, a gente tinha bebido, ela confundiu as coisas. – Ferdinando confessou atropelando as palavras.

Ver o semblante de Gina tornar-se pura decepção era avassalador pra ele.

– Ferdinando... Eu não... – Ela abaixou o olhar. A respiração havia sumido. Seu coração doía de uma maneira covarde. – Eu não acredito nisso... – A voz dela estava embargada.

– Gina, olha pra mim, me perdoa... – A voz dele também. Ele tentou erguer os olhos dela pelo queixo.

Ela novamente se desvencilhou do toque.

A ruiva colocou-se de pé em um pulo.

Foi direta.

– Ferdinando eu acho que a gente precisa... Precisa dar um tempo. – Ela disse de costas ao engenheiro, apoiando-se na penteadeira.

Ferdinando se levantou em súbito.

– Gina, pelo amor de Deus, nem foi um beijo de verdade! Ela estava bêbada eu já te disse! Você sabe bem que alguém roubar um beijo é possível sim, mesmo sem os dois terem vontade... Por favor, não me peça isso! – A voz de Ferdinando era de completo desespero.

– Não é só o beijo Ferdinando... Eu acredito em você... – Gina dizia isso piscando várias vezes, erguendo a face. Queria segurar o choro, manter-se clara.

– É o que então?! – Os olhos de Ferdinando já estavam completamente marejados.

– Eu não sei... Antes de saber disso eu já tinha dúvidas se isso entre a gente ia dar certo pela conversa de ontem... Acho que esse tempo vai nos deixar pensar melhor sobre as coisas, o que cada um acha mais importante... Não sei...

– Gina o assunto de ontem a gente pode muito bem resolver juntos... – Ele se aproximou dela. - Se for só pelo beijo, Gina, entenda que a Maia é diferente de você, ela é assim, tá acostumada a beijar por beijar, é uma mulher à frente...

O semblante de Gina ficou ainda mais estático. Ela o encarou.

– A minha frente não é Ferdinando?! Mais mulher do que eu você quer dizer?! – Gina riu cinicamente. – Deve ser por isso que você é tão encantado por ela... Eu não sei onde tava com a cabeça quando pensei que você pudesse ver graça em uma ‘menina’ como eu, estando acostumado a mulheres como ela! – Gina virou-se de costas novamente.

– Gina, não fale um absurdo desses, não foi o que eu quis dizer... Mas você admite que é esse beijo a razão de tudo?! – Ferdinando questionou incrédulo.

– Não Ferdinando, - Ela voltou a encará-lo. – Eu realmente quero um tempo pra saber o que quero pra mim. E acho que você precisa fazer o mesmo!

– Mas Gina eu quero você, eu sei bem que é isso que eu quero! – Ele a pegou pela mão.

– Mas você não me quer como eu estou disponível, Nando. Quer do seu jeito. – Gina voltou a soltar-se dele. – Eu preciso pensar se existe alguma maneira te encaixar nos meus planos... E sugiro que você faça a mesma coisa.

Ferdinando balançou a cabeça em consentimento.

Apesar de não achar a atitude necessária, concordava com a última fala da ruiva.

– Gina, eu... Eu até aceito sua proposta... – Ele suspirou. – Mas por favor, diga que a gente vai fazer isso de uma forma madura.

– Como assim?! – Ouvi-lo aceitar, apesar de ser o que ela queria, fez a vontade do choro vir ainda com mais força.

Mas ela manteve-se firme.

– Com respeito Gina, sem fingirmos nesse período que somos estranhos um ao outro. Simplesmente esperando o tempo do outro, sem magoar... – Ferdinando passou a mão na face, enxugando as últimas lágrimas que haviam caído.

– Eu concordo. – Ela abaixou a cabeça.

Ferdinando deu um beijo em sua cabeça baixa.

– Eu te amo Gina, e eu só vou fazer isso, porque quero encontrar o melhor pra nós dois...

Gina comprimiu os lábios.

– Tá certo. – Ela sussurrou.

Ambos compartilhavam a mesma dor.

Ao mesmo tempo, a mesma esperança. Encontrar uma saída.

– Eu preciso ir pensar um pouco no meu quarto, Gina... Qualquer coisa você me procura lá, tá bem? – Ferdinando precisava chorar de fato.

– Urrum... – Gina concordou, abrindo a porta para ele.

Ele saiu, deixando-a sozinha.

O dia nunca havia passado tão lentamente como esse passou.


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Notas finais do capítulo

Bom amorinhas, é isto, eu espero que tenham gostado!
Um meeeega beijo! s2