República escrita por Larissa Gomes


Capítulo 36
Férias - Amizade é um bom começo.


Notas iniciais do capítulo

Menininhas lindas, mais uma vez peço desculpas pela ausência de ontem!
Sei que prometi um capitulo maravilhoso, mas as ideias em minha mente merecem um capítulo especial, que vai demandar um pouco mais de tempo para ser escrito, portanto, ele ficará para amanhã, e prometo dedicar boa parte do meu dia à ele! rs
Obrigaada pelo carinho de sempre! s2



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Juliana e Gina se olhavam estagnadas e amedrontadas sobre a possibilidade de Dona Tê, que agora estava parada na porta do quarto, ter escutado alguma coisa indevida durante a conversa que estavam tendo.

– Ara mãe, que susto! Eu nem tinha te visto aí... – Gina disse tentando disfarçar o medo na voz, virando-se para ela.

– Eu to aqui já faz um tempinho sabe, fia? – A senhora de cabelos trançados foi direta.

– É que nós estávamos envolvidas demais na conversa e nem a percebemos aí Dona Tereza, desculpa. – Juliana argumentou.

Gina voltou a encarar Juliana, assim como a amiga, não havia gostado muito da insinuação presente na voz da mãe.

– Ocê pode me chamar de Dona Tê, professorinha... – Ela disse sendo gentil, com um sorriso amigável nos lábios. – Mas eu achei bom ter escutado a conversa de vocês sem o Pedro tá aqui... – Dona Tê se direcionou à cama de Gina, e sentou-se ao lado da filha.

“Agora ferrou!” Gina pensou.

– Mas o que é que a senhora ouviu de tão ‘assim’ mãe, pra achar melhor o pai não tá aqui...? –Gina jogou verde, gesticulando com as mãos, a fim de convencer estar com a consciência limpa.

Dona Tê deu só uma piscadela com um dos olhos para a filha e a amiga dela, sentada a frente, muito desconfiada.

– Gina, ocê pensa que eu nasci ontem? – A voz dela era de pura certeza e constatação. – Não adianta jogar verde comigo não... Eu ouvi você dizendo que tá se dando bem com o menino Napoleão... E ouvi você dizer também que a Juliana aqui, tá de namoro com o afilhado do coronel.

Gina e Juliana gelaram.

Pronto, era o começo do fim. Talvez um começo com cara de fim.
Talvez o fim da vida de Nando...

“Chega!” Gina calculou que era melhor contar, então, logo tudo de uma vez. Ao menos para a mãe... Talvez ela ajudasse a amolecer Sr. Pedro.

– Ara, mas já que você ouviu mãe, eu vou confirmar tudo mesmo! – Juliana olhou desesperada para a amiga que se colocava de pé, confessando de cara todo o assunto. – A Juliana namora mesmo o Zelão! E eu e o Nando... – Ela estava prestes a contar.

– São bons amigo, eu sei. Entendi quando disse que se davam bem! – Dona Tê a cortou, impedindo a revelação.

Gina sentou-se de imediato ao perceber que o segredo ainda existia.
“O mãezinha...“Ela se entristeceu por dentro. Queria logo colocar tudo em pratos limpos.

– É... pois é Dona Tê. – Juliana se colocou na conversa aliviada. Ao menos sua parte já estava esclarecida. – Eu namoro o Zelão há alguns meses...

Dona Tereza olhou ternamente para a professora que lhe falava com sinceridade.

– Tudo bem minha fia... – Ela lhe pegou as mãos. – Eu não tenho nada contra o Zelão não... Nem contra o filho do coronel. Eles não têm culpa do pai e padrinho que têm. – Ela suspirou. – Mas eu acho melhor você esperar um pouco pra contar isso à Pedro, pelo menos, deixar isso claro pra ele bem devagarzinho, sabe?

Juliana consentia com a cabeça e um belo sorriso.

Gina também sorria. Ao menos a mãe já estava demonstrando não odiar os dois rapazes.

– Fique tranquila Dona Tê, eu vou dar tempo às coisas por aqui... Obrigada pela compreensão. – Juliana agradeceu.

– Imagina. Eu sei que vocês da cidade grande tem essa mania de namoro e tudo mais... Não é igual aqui.

– Como assim, mãe? – Gina viu que algo de seu interesse sairia da citação.

– Ah filha, aqui é direto casamento... Ocê sabe disso... É o costume, pra não dá falatório pra esse povo!

Gina sorriu. Aquela frase seria um ótimo respaldo para os planos dela e Nando.
Ainda que a ideia de casamento a desconcertasse um pouco, a ideia de não poder casar a agonizava muito mais.

Juliana percebeu o sorriso travesso da amiga, e sorriu junto.

– Bom, mas você vai lá conhecer a mãe dele, não vai professora? – Dona Tê era curiosa.

Juliana engasgou.

Gina percebeu o desconforto da amiga.

– Ara mãe, que isso é coisa dela e do Zelão...

– Desculpa Juliana, eu só queria saber... – Dona Tê se desculpou ainda com um fundinho de esperança em satisfazer a curiosidade.

Ela sempre fora uma mulher dessas, que ama casamentos e assuntos relacionados. E como a filha, nunca conversava sobre nada disso, nem ao menos se mostrava interessada por coisas do tipo, a simples ideia da amiga de Gina estar em um futuro casamento à deixava animada.

– Não Dona Tê, pode perguntar... É que eu não falei ainda sobre isso com o Zelão... – A dúvida de Dona Tê tornava-se a dela.

“Será que o Zelão vai querer me apresentar à mãe dele, assim, como um namoro ‘oficial’...?” Juliana se pegou perdida na dúvida. Mas não sabia qual resposta almejar.

– Bão, como eu lhe disse professorinha, é o costume por essas bandas... E ele foi criado aqui, né mesmo?! – Dona Tê se levantou. – Mas agora eu vou indo. Tinha passado aqui pra avisar que daqui um tiquinho a janta tá pronta, pra vocês irem descendo.

– Tá certo mãe. – Gina respondeu se jogando na cama novamente, olhado para o teto. Estava chateada por não ter conseguido falar tudo o que queria.

Assim que Dona Tê se retirou, Juliana foi fechar a porta, percebeu que precisariam ter mais cuidado ao conversar.

– Gina? – A moça chamou a amiga ao sentar-se novamente. – Você acha que o Zelão vai mesmo me apresentar aqui na vila como namorada dele e esteja pensando em... – Ela respirou. – Casamento?!

Gina riu abertamente. Também se assustava com esse assunto.

– Olha Juliana, pelo que a mãe falou aqui... Eu bem acho que sim. – Ela disse sincera. – E você sabe que de tudo que ela falou, muita coisa me deixou bem confiante em relação ao Nando... Ela disse que não se importa de eu ser amiga dele, e isso já é muito! – Gina riu.

Juliana observou desconfiada a colocação da ruiva.

– Mas eu não sei minha amiga... Ela aceitar que você seja amiga do Nando é uma coisa. Esposa... É outra totalmente diferente! – Juliana pontuou enrolando uma mecha de cabelo rosa nos dedos.

‘Esposa. ’ Gina inconscientemente fazia uma cara de desagrado com a expressão. Não que tivesse mentido ao aceitar, mas aquilo ainda parecia tão distante de sua realidade...

– Eu sei. – A ruiva suspirou. – Mas pelo menos a amizade o pai vai ter que aceitar também. E fica mais fácil com a mãe já aceitando... Agora na janta eu vou contar pra ele. Só não conto tudo porque tenho medo da mãe enfartar. – Gina riu imaginando a cena.

– É eu acho bom você já começar a abrir o jogo, mesmo. Mas assim, suavemente. – Juliana apoiou.

Ambas respiraram profundamente.

Já estavam saudosas da convivência com os amados. Parte dos suspiros (a maior dela) era por eles.

[...]

– Como assim Gina?! – Sr. Pedro dizia não bravo, apenas contrariado.

– Assim como eu lhe disse pai. Nós quatro moramos juntos lá em São Paulo, e nos tornamos, todos, amigos ué! – Gina não gostava mesmo de enrolação.

– Mas você tá me dizendo que tá dormindo todo dia do lado daqueles dois? Assim?! Como se fosse normal?!

– Ara pai, deixe de ser bobo! – Ela era direta, Juliana até mesmo ria com a falta de paciência da amiga à mesa. – Cada um dorme quietinho, no se quarto... E é isso, eu já te contei tudo.

Pedro olhava a filha, espantado, tamanha a ‘simplicidade’ com a qual ela tratava o assunto.

– Ah, mas eu não acho direito duas moça morar assim, com dois rapaz em uma casa, sozinhos, ainda mais agora, que não tem um adulto por lá... – Agora sim, ele estava bravo. Ainda mais com os pensamentos que lhe vinham à mente.
– Pai, você deixe de dizer bobagem que adultos somos nós todos! – Gina bateu a mão na mesa. – O senhor confia ou não em mim?!

Ela o encarava.

– Claro que confio fia... – O tom dele mudou rapidamente. Era sua meninota. Ele criou, confiava nela, até mesmo se orgulhava daquele jeito dela. Valente... Até com ele. – Mas eu não confio muito naqueles dois... Um é filho do meu ex-amigo e o outro afilhado desse mesmo tal... – Pedro coçou a barba desconfortável.

– Mas não é culpa de nenhum deles a briga de vocês, Sr. Pedro... Pelo que a Gina disse, foi uma disputa judicial que causou o desafeto Do senhor com o Coronel... Mas tudo foi feito da maneira correta. Nem o Nando, nem o Zelão tem nada a ver com o que o Juiz decidiu... Nem mesmo o coronel, pelo que acho. – Juliana opinou.

O pai de Gina ouviu a professora, admirado com o conhecimento que ela possuía da causa, e com a maturidade com que tratava o assunto.

Ele conseguiu compreender o ponto de vista dela. Fazia algum sentido.

– É professora, neles dois ocê tem até que razão... Mas o que me ofendeu na história toda, pra lhe ser sincero, foi o coronel ter colocado um punhado de terra na frente da nossa amizade, sacomé?!

– Ah mas nisso eu também concordo com o pai! – Gina logo se posicionou. – Aquele um é interesseiro! Ainda bem que o filho não é igual, é muito diferente dele... – A ruiva mudou o tom de voz ao mencionar Nando, começou a voar.

– E diferente como?! – Pedro sentiu a mudança da voz da filha, e queria entender. Ficou desconfiado.

Gina despertou.

– Ara, diferente pai! Como lhe disse, ele e o Zelão, são boas pessoas. – Ela fez questão de novamente deixar claro.

Um breve silencio se instaurou na mesa de jantar.

– Bão, tá certo... – Pedro pontuou. No fundo, havia ficado feliz em ver que a filha estava bem morando longe. Já demonstrava ter se encaixado lá. Ainda mais em questões de relacionamentos, que ela possuía certa dificuldade.

A família Falcão e a honrosa convidada terminaram de jantar entre prosas e risos. Aquela estava sendo uma noite agradável e produtiva para os planos das duas amigas.

[...]

– Doutorzinho?! – Ferdinando ouviu Zelão bater em sua porta do quarto. “Mas o que será que ele faz aqui há essas horas?!” Pensava.

– Entre Zelão!

Quando Zelão entrou, percebeu que Ferdinando já se aprontava para dormir.
– Nando, me desculpa a hora, mas e precisava saber uma coisa... – A voz de Zelão era um tanto quanto desesperada.

– Mas diga meu amigo, que foi?!

– É só o meu o seu celular também tá sem sina nenhum?! – Ferdinando riu com motivo de tamanha preocupação.

– Ora essa Zelão, apenas dois dias sem ver sua amada e você já está assim?! – Ferdinando brincou.

– Ara doutorzinho, eu sei que agente ia ter que ficar sem ver elas um tempo por aqui, mas o celular tava ajudando um pouco pelo menos. Mas desde ontem à noite eu não consigo falar com a minha frô... Tô com uma dor aqui nas caixas do peito... – A cara tristonha de Zelão fez a saudade de Nando também apertar.

– Pois é meu caro, eu to na mesma situação que você desde ontem! – Ferdinando fez cara de tristeza. – Aqui sempre foi assim, um dia tem sinal, outro não... Você sabe disso. Mas lhe confesso meu amigo, eu nunca que senti tanta falta desse bendito sinal igual to sentindo agora!

Ambos suspiraram saudosos.

– Mas Zelão... – Ferdinando já possuía um tom travesso. – E se nós déssemos uma... Escapolida?!

Zelão olhou para o amigo sem muito entender.

– Como assim, Nando?!

– Ara, espera só eu vestir uma camiseta, que eu vou lhe mostrar! É bom não irmos muito tarde, pra não correr o risco delas estarem dormindo.

[...]

– Gina?! – Juliana chamou no quarto enquanto ambas se preparavam pra dormir.

– Hum?! – Gina questionou.

– Nada do Nando...?! – A moça perguntou com a voz tristonha.
Gina respondeu ainda mais tristonha que a amiga.

– Nem sinal de vida Juliana... Esse é um dos lados ruim de cá dessas bandas, esse sinal que só aparece quando quer!

– Mas já fazem dois dias que nós não vemos eles, um dia completo que nem conversamos... – Juliana se jogou presa em saudades na cama.

Parece exagero, mas como possuíam uma convivência diária, esse afastamento súbito estava deixando os quatro assim, mortos de saudades.

Pior ainda era saber da proximidade que tinham, sem poder se encontrar. Era melhor evitar por enquanto.

Quando voltaram a se preparar para o sono, as moças escutaram de leve, pedrinhas sendo jogadas na janela do quarto de Gina.

O frio que lhes tomou o estômago foi incrivelmente gostoso.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso minhas lindas. Espero que tenham gostado menininhas!
Um mega obrigada e um master beijo! s2



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