Karina POV

Hoje completa um mês que Pedro e eu começamos a namorar, ainda nos estranhamos de vez em quando, mas com menos frequência, principalmente porque eu já não me incomodava mais quando ele me chamava de “esquentadinha”, até tinha aprendido a amar esse apelido idiota. Porém, com o tempo também veio àquela pressão, sabe, pra dar o famoso “próximo passo na relação”.

Nós ja havíamos tentado algumas vezes, mas ou éramos interrompidos ou a insegurança tomava conta de mim.

Eu sempre fui insegura mesmo quando tentava dar uma de durona na frente de todos, e Pedro sabia disso, por essa razão nunca forçou a barra, ele é um bom namorado, fico feliz por ter ele em minha vida.

Eu estava pensando que seria muito especial se nossa primeira vez fosse hoje no nosso aniversário, sim, parece que a cada dia estou me tornando mais clichê. Não comentei nada sobre isso com ele ainda, não queria deixa-lo esperançoso pra depois desistir na hora H.

As aulas tinham voltado e eu já não trabalhava mais no perfeitão, então nos víamos pouco durante a semana, mas aos sábados e domingos ficávamos sempre juntos.

Bianca sempre me provocava dizendo que eu “quase” agia feito uma garota normal quando estava perto de Pedro, o que óbvio sempre resultava em briga. E seu Gael sempre ficava do lado da filha favorita. Quando Bianca voltou de viagem eu fiquei chateada como ele de repente mudou comigo, na verdade ele apenas tinha voltado a ser como era antes, sempre o protetor da patricinha, eu não culpava minha irmã, mas ficava triste por não receber o mesmo tratamento que ela. Fiquei alguns dias sem falar com meu pai, até que finalmente ele percebeu que havia algo errado, então eu desabafei, disse tudo o que estava entalado em minha garganta, que era estrondosa a diferença em como ele nos tratava, que todo mundo percebia menos ele, eu comecei a chorar, e ele também chorou, eu nunca o tinha visto chorar antes, depois me pediu desculpas e disse que não percebia que fazia aquilo, ele pensava que eu não me importava com essas coisas, pois sempre achou que eu não gostaria de ser tratada daquela maneira, nos resolvemos, mas ainda tinha uma certa tensão no ar, eu esperava que isso não demorasse a passar, sentia falta das nossas conversas mesmo que rápidas, afinal ele é meu pai!

Como se adivinhasse que eu estava pensando nele, ele entra em meu quarto.

_Não bate não seu Gael?

_Não. – diz ele sorrindo. - eu vou dar uma saída, vou demorar pra voltar então não me espere acordada, sua irmã está com o Duca, e não sei que horas ela volta. Ok?

_Aham. – respondo.

_Você vai sair com o Pedro? – especula.

_Acho que sim, ele vai sair mais cedo do perfeitão hoje, mas talvez a gente acabe ficando por aqui mesmo.

_Olha lá em dona Karina. – alerta meu pai.

_Relaxa seu Gael, sua filha aqui é responsável.

Ele me lança um olhar estranho.

_Vou confiar em você. Ah quase me esqueci, isso aqui chegou pra você hoje de manhã. – ele me entrega um envelope.

_Valeu pai. – Sorrio pra ele.

_Então já vou indo, a Dandara odeia esperar.

_Quem gosta? – implico.

_haha, juízo em!

Eu lhe dou um abraço meio desajeitado, até quando iríamos agir assim um perto do outro?

Olho para o envelope em minhas mãos, mas não está escrito de quem é, a única coisa que tem escrita é o meu nome.

Abro, contém uma carta e um CD. Pego a carta e reconheço a letra desengonçada de Pedro logo de cara, sorrio quando começo a ler.

“Oi esquentadinha, feliz aniversário de namoro para nós! Conseguimos ficar UM MÊS inteiro sem nos matar!!! E que venham outros!

Mas falando sério agora, eu queria te dizer tantas coisas, mas não sei se consigo encontrar as palavras certas, mas vou tentar...

Você me faz tão feliz Karina, é em você que penso antes de dormir, e é em você que penso quando acordo. Eu estou apaixonado, quem diria? Alias quem um dia iria imaginar que eu me apaixonaria por você? Pensando bem, acho que todo mundo, menos nós mesmos, não é verdade? A vida é cheia de surpresas, e você foi uma delas, uma maravilhosa por sinal, não consigo mais enxergar um futuro pra mim em que você não esteja comigo, calma, não estou te pedindo em casamento... ainda, brincadeira, não me mate!

Eu sei que pode parecer exagero meu ou simplesmente que é muito cedo pra dizer coisas assim, mas o que eu posso fazer se é o que sinto? Sei que você está insegura em relação a... você sabe, “aquilo”, mas saiba que eu não tenho pressa, se eu te dissesse que não quero estaria mentindo, mas eu também quero que VOCÊ me queira, eu posso esperar.

Sabe esse CD que veio junto com essa carta? Quero que você coloque pra tocar agora. Eu gostaria que fosse uma composição minha, mas como todos sabemos eu sou um compositor de merda, mas estou evoluindo, graças a você, minha musa, por enquanto pego emprestado essas palavras que apesar de não serem minhas, não modifica a mensagem que eu quero te passar com elas ou o que eu sinto por você: Eu te Amo.

Você sabe que eu desmoronaria sem você

Eu não sei como você faz o que faz

Porque tudo que não faz sentido sobre mim

Faz sentido quando estou com você

[...]

Porque eu quero te abraçar

Quero beijar seus lábios

Quero fazer você se sentir desejada

Quero chamar você de minha

Quero segurar sua mão para sempre

Nunca deixar que se esqueça

Yeah, quero fazer você se sentir desejada

[...]

Do jeito que você me faz sentir bem

Eu quero fazer você se sentir melhor

Melhor do que nos contos de fadas

Melhor do que seus melhores sonhos

Você é mais do que tudo que eu preciso

Você é tudo que eu sempre quis

[...]

Porque você sempre será desejada

(Wanted – Hunter Hayes)

– Seu guitarrista favorito”

Lágrimas escorrem pelo meu rosto assim que termino de ler a carta, nunca me senti tão amada antes, Pedro me faz tão feliz. Passo o restante da tarde ouvindo essa música.

* * *

A campainha toca, Pedro chegou, eu havia me decidido, todas as minhas dúvidas e inseguranças desapareceram assim que li a carta.

Quando abro a porta encontro um Pedro sorridente me encarando, não digo nada só o beijo antes mesmo de deixa-lo entrar. Um beijo apaixonado, recheado de sentimentos que palavras não seriam suficientes para expressá-los, eu o amava mais do que imaginei ser possível.

_Wow, isso quer dizer que gostou do presente? – Ele pergunta quando dou espaço para ele entrar.

_Amei. – sorrio e ele sorri de volta.

Ele começa a ir em direção a sala, mas eu o impeço, pego sua mão e o levo para o meu quarto, ele parece nervoso, talvez com medo de estar interpretando errado o meu gesto. Mas não digo nada.

Quando estamos em meu quarto faço questão de trancar a porta, meu pai pode até demorar a voltar, mas eu não fazia ideia de quando Bianca chegaria.

_Karina...

Eu o interrompo com um beijo.

_Karina, não foi por isso que escrevi a carta, você não precisa... – o interrompo novamente só que dessa vez com palavras.

_Eu sei. – Volto a beijá-lo, sinto seu coração batendo mais forte, mais acelerado, assim como o meu, eu o guio até a cama, fico feliz quando vejo o que um simples beijo meu faz com ele, ele pega na minha cintura e me posiciona em seu colo, ficamos nos beijando pelo que parece horas, só nos separávamos quando o ar se fazia necessário, estávamos desesperados, na medida em que aprofundamos nossos beijos todas as inibições vão se esvaindo de nós, aos poucos nos despimos, sinto um tremor tomar conta de meu corpo a cada toque de Pedro, eu estava mais do que pronta pra ele, e podia ver que ele também estava pronto pra mim.

_Você tem certeza? – Pergunta ele cauteloso, sua voz era quase um sussurro, já eu não consegui encontrar a minha para respondê-lo, apenas balancei a cabeça afirmativamente.

_Você é linda... eu te amo. – sussurra ele em meu ouvido, a voz num tom mais grave, rouco.

_Eu também te amo. – falo tão baixo que mais pareceu um suspiro e não uma frase.

* * *

_Cê ta bem? Te machuquei? Doeu? – Pedro começa a tagarelar e eu me aninho em seus braços.

_Eu to bem. – respondo e dou um selinho nele tentando tranquiliza-lo.

_Mas...

_Nada de “mas”, foi ótimo, eu queria isso tanto quando você, foi perfeito, relaxa. – sorrio pra ele.

_A primeira vez nunca é.

_Pedro, se foi com você, foi perfeito. Agora para de ser bobo. – Me aconchego em seus braços, ele me da um beijo na testa. – Sabe, estou surpresa que você não veio com um “Foi bom pra você?”. – digo tentando quebrar o gelo e funciona por que começamos a rir. Depois disso ficamos ambos quietos, apenas aproveitando a companhia um do outro.

Só percebo que tinha adormecido quando escuto a Bianca batendo na porta de nosso quarto, droga.

_Karina, abre essa porta, quem mandou você trancar? Esse quarto também é meu garota!

Puta que pariu, e agora? Cutuco Pedro para que ele acorde e assim que ele percebe o que está acontecendo entra em pânico, me levanto rapidamente passo suas roupas para ele e visto o meu pijama.

Abro uma frestinha da porta:

_O pai ta em casa?

_Não.- ela responde confusa.

_Você ta sozinha? – pergunto.

_To, ai sai da frente tenho que pegar uma coisa no ... – ela para de repente quando vê Pedro colocando a camisa.

_Ai. Meu. Deus! Vocês estavam... – ela se interrompe, olha de mim para Pedro e depois pra cama bagunçada.

_Boca fechada em Bianca. – digo envergonhada, ela fingi passar um zíper em sua boca, mas fica me olhando com um sorrisinho malicioso estampado no rosto.

_Eu.. é... acho que vou indo então, a gente se fala mais tarde Karina? – Pedro fala evitando olhar para minha irmã.

_Aham, me liga depois. – Ele me da um beijo rápido e se apressa a sair dali, será que eu poderia fazer o mesmo?

_Então... A noite foi boa dona Karina? – ironiza Bianca assim que Pedro fecha a porta atrás de si.

Como resposta, jogo um travesseiro nela que consegue desviar a tempo, ela ri.

Meu celular apita, é uma mensagem de Pedro.

De Pedro:

Ps: Já falei que te amo?

Sorrio e volto a me deitar, fico pensando no que acabou de acontecer.

Pedro POV

Eu estava mais feliz do que nunca, apesar da minha caminhada da vergonha de agora pouco, na hora que vi Bianca, entrei em pânico, mas agora até estou achando engraçado.

Eu ainda não consigo acreditar que aquilo realmente aconteceu, foi incrível! Eu não era virgem nem nada, mas senti como se fosse, acho que estava mais nervoso que ela.

Quando escrevi aquela carta tudo o que eu queria era fazer com que ela percebesse o quão importante ela se tornou pra mim, não pedi nada em troca e mesmo assim ela confiou em mim, esse foi o melhor presente que ela poderia ter me dado.

É estranho como a vida da gente pode mudar tão repentinamente, em um dia eu estava provocando aquela garota esquentada na rua e no outro já estava apaixonado por ela. E agora nós estávamos mais próximos do que nunca. A ironia...

No dia seguinte

Hoje o pessoal da Ribalta vai para a praia, convidei a Karina, ela relutou em aceitar, mas não conseguiu resistir o meu charme, na verdade ela só aceitou porque eu não parei de falar sobre isso a semana toda.

_Ta bom, vamos logo antes que eu desista. – Diz ela entrando no taxi.

Autora POV

Quando Pedro e Karina chegaram à praia, todo mundo estava sentado em um circulo, Mari tocava violão, Sol cantava, Jeff dançava com os seus colegas bailarinos, Bianca e Duca observavam a cena abraçadinhos, Wallace filmava tudo, até João estava ali, claro sempre com o celular na mão, mas o que importava para Pedro é que o amigo estava tentando se misturar.

Karina gostou do que viu, mas demorou a relaxar nunca se sentira bem em ficar em lugares cheios de pessoas que ela não conhecia, mas todo desconforto se foi por que a única pessoa que realmente importava para ela estava segurando sua mão.

Olhou nos olhos de Pedro e este a olhava intensamente, beijaram-se ao som de "Dois Rios" da banda Skank.