The Dancer escrita por Asynjurr


Capítulo 3
Chapter Two


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, esse é um capítulo divido em algumas partes, OKAY. Eu espero que gostem das atualizações.
BOA LEITURA MEUS AMORES!



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[...]

Trabalhar com esse garoto será no mínimo tortuoso ou até mesmo um estorvo para mim, a opinião de meu pai também me preocupa de certa forma já que não costumo conviver com estranhos muito menos quando esses estranhos são do sexo oposto. León, assim como eu parecia estar incrédulo diante aquela situação e sorria copiosamente sem prestar a mínima atenção nas palavras do Sr. Gregorio que lhe comunicava algumas normas do orfanato.

Um pouco mais conformada com o que estava acontecendo que era no mínimo estranho, levantei-me dá cadeira e em seguida caminhei até eles me pondo entre os dois, mas, nada consegui indagar, era tudo muito confuso, tudo muito estranho para mim.

Com tudo minimamente esclarecido me direcionei a sala onde daria minha aula seguida por León, mas para meu alívio ficaríamos bem distantes um do outro, pois sua aula seria no segundo andar do prédio, porque ele lecionaria artes cênicas para as crianças o que de certa forma me surpreendeu.

No corredor até a minha sala não trocamos nenhuma palavra, sequer, o que pra mim não era ruim. Estranhei um pouco o fato de Tomás nunca ter me falado desse parente, conheço todos de sua família, menos Léon, algum motivo deve haver para o mesmo ter me ocultado este fato.

Caminhávamos a passos largos, estava mais ofegante que o normal e ele parecia se divertir com o meu nervosismo que era perceptível. Assim que chegamos à minha sala abri a porta ainda sem falar nada, já estava entrando ouvi meu nome ser pronuciado em alto e bom som. "Tudo seria tão mais simples para mim se ele fosse um velho de trocentos anos, não um... melhor não pensar mais sandices", pensei internamente enquanto lentamente olhava para trás. León tinha uma expressão séria contrária a que presenciei em todas as vezes quê o vi. Algo me antecipava que não seria um dia fácil.

— Novamente você, Violetta Castillo – aproximou-se um pouco mais de mim, em contrapartida recuei um pouco, o mantendo longe. – Não precisa ter medo de mim, vou manter o máximo de distância possível de você, não quero problemas com Tomás, você é o "brinquedinho" favorito dele. – Afirmou mesclando suas palavras com uma certa dose de cinismo deixando-me desconcertada, não esperava aquelas palavras.

— León, será um enorme prazer manter o máximo de distância possível de você, mesmo assim desejo-lhe sorte... você vai precisar. – estava irritada e não pude esconder meu desapontamento com ele e antes que mais alguma coisa pudesse ser dita adentrei minha sala o deixando no vácuo.

Assim que entrei na sala as palavras de León ecoaram em minha mente. Não me sinto bem perto dele, e a impressão que tive quando o vi pela primeira vez é completamente inversa a que acabei de presenciar, ele estava revoltado, e podia sentir raiva através de seus olhos.

Um pouco mais calma iniciei minha aula. Quando danço liberto-me de todos os meus problemas, faço dos meus paços uma trilha só minha, onde apenas eu tenho conhecimento dela, é como se criasse um mundo paralelo ao meu redor. Durante algumas horas esqueci um pouco o mundo lá fora até a minha aula acabar.

Estava bastante curiosa para saber como estava sendo o primeiro dia de trabalho do Vargas, sem conter-me decidi ir até o segundo andar e assistir sua aula, mesmo que a distância. A "arte cênica" me encanta de tal forma que saio de mim quando vou ao teatro. Ao me aproximar da sala na qual, León provavelmente estaria dando sua aula me espantei com tamanho silêncio, coisa muito rara naquele recinto, dádiva nunca antes alcançada por mim.

Pela janela da sala era possível ver o quāo as crianças estavam encantadas com ele. Não sei como, mas, em um único dia, León conseguiu conquistar todas aquelas crianças e de certa forma a mim também. Ele sem dúvidas é muito bom naquilo que faz.

Tudo ocorria bem naquela tarde até que vi, León se exaltar com uma das crianças do orfanato por mau comportamento. Ele parecia irritado pelo simples fato de está ali, naquele lugar. Foi incrível como de uma hora para a outra seu humor mudou o deixando agressivo, parecia perdido.

Pensava em me aproximar e dizer algo, mas não pude, não consegui, não me sinto confortável ao seu lado. Algum tempo se passou, incomodada com a situação resolvi intervir mesmo receosa. Me aproximei dele e sem dizer uma única palavra sentei-me ao seu lado e foi então que tive a plena certeza de que aquele garoto não estava bem. Suas mãos cobriam seu rosto, entretanto, pude notar algumas lágrimas percorrerem a sua face. Sem suportar vê-lo naquela situação decidi questionar a respeito, "talvez conversar um pouco o faça bem", pensei internamente.

— Há algo de errado com você? Se quiser podemos... podemos conversar um pouco. – afirmei calmamente pousando minhas mãos em seu ombro e ele me olhou como se não esperasse ouvir o que acabara de ouvir de mim.

— Minha vida está toda errada! – soltou um longo suspiro antes de voltar a falar: – Odeio está aqui, odeio minha vida, odeio esse bando de "rejeitados" – referiu-se as crianças do orfanato deixando-me incrédula de suas afirmações. – Ultimamente odeio tudo e todos ao meu redor.

— Não creio que alguém possa ser tão mesquinho e arrogante quanto você – me afastei um pouco e então voltei a falar olhando bem em seus olhos e com os meus já marejados. – Se odeia tanto esse lugar por que está aqui? – questionei sem me preocupar com a resposta entrelaçando os meus braços ao meu corpo.

— Já ouviu falar em medidas socioeducativas? Ah... acho que não. – pronunciou em um tom sarcástico com pausas em sua voz. – Em outras palavras estou em uma prisão sem grades, tudo culpa do seu tão amado noivo – argumentou com um certo desdenho levantando-se e ficando frente à frente comigo como uma espécie de afronta.

Jamais esperei ouvir tanta grosseria daquele garoto e tudo em um único dia. Me sinto ingênua por pensar que alguém rude como ele pudesse está aqui pelos mesmos motivos que eu. Sem suportar ouvir tantas sandices mescladas a grosserias saí em disparada rumando a porta de saída do orfanato e antes mesmo que eu pudesse pôr os dois pés na calçada senti meu braço ser pressionado de forma rude e ofensiva. Estava convicta de quem segurava meu braço mesmo assim hesitei em olhar para trás, entretanto a situação tendia a piorar e foi exatamente o que aconteceu.

— Não... não quero mais dialogar com você – alterei um tom de minha voz me desvencilhando de sua mão que pressionava o meu braço.

— Violetta... não quis te falar aquelas bobagens... eu só estou um pouco atormentado com algumas coisas e...

— Vargas! Já chega por favor. Deixe-me em paz – me mantive firme o afastando de mim, definitivamente.

Tentei caminhar até a saída, no entanto, não consegui e mais uma vez meu braço foi pressionado, mas, dessa vez de uma forma mais forte, bem mais forte que antes.

Olhei para trás e me perdi naquele olhar profundo e enigmático. Suas íris antes claras agora estavam escuras e dispersas. Sua respiração ofegante batia em minha face e podia sentir certa ira através de sua movimentação em torno de mim. Antes mesmo que um dos dois ousasse a dizer algo ouvi a voz de meu noivo. Olhei para trás rezando internamente para que não fosse ele, de nada adiantou, realmente era Tomás, que vinha a passos largos em nossa direção.

— Posso saber o que está acontecendo aqui? – questionou Tomás, alternando seu olhar entre mim e León e nada conseguimos indagar. A situação era estranha demais para mim e sinceramente não tinha a mínima ideia de como agir.

Sem dizer nada, saí andando e logo ouvi passos vindos em minha direção. Tomás, certamente queria explicações e claro que eu não tinha essas explicações. Se fugi foi apenas pra ganhar tempo e arranjar uma desculpa plausível se é que existe alguma. Sem muitas opções parei e respirei fundo antes de olhar para trás e quando o fiz avistei Tomás, com uma expressão confusa e sua feição fez-se presente durante alguns instantes até que criei coragem, me aproximei e sem conseguir pronunciar nada o abracei forte o deixando mais calmo.

— Vilu, aconteceu algo que eu deva me preocupar? Por que fugiu de mim? – questionou se soltando do abraço, olhando fixamente em meus olhos e seus questionamentos começaram a ecoar em minha mente. – León te destratou meu amor? – completou a pergunta cruzando suas mãos as minhas e acariciando minha face.

— Tomás, por que nunca comentou sobre León? – devolvi seus questionamentos invertendo os assuntos e ele, ficou um pouco inquieto, certamente não era um assunto de seu agrado, entretanto, insisti na pergunta em busca de respostas. – Por quê? Peço-lhe sinceridade.

— Já está na hora de você conhecer um pouco mais de minha família – afirmou com seu olhar distante ao meu. – Venha comigo, meu amor e lhe contarei tudo o que desejar. – após suas afirmações seguimos até seu carro que estava próximo, adentramos e ele deu partida conduzindo o automóvel.

Tomás, estava nervoso e podia senti-lo incomodado. Suas mãos pressionavam o volante firmemente e seus olhos estavam atenciosos com o trânsito frenético. Já era noite e a bela Buenos Aires já estava mais agitada que nunca e não pude controlar minha euforia antes contida, porém, agora exposta pelo sorriso bobo em meu rosto. Sentia-me uma criança visitando um parque de diversões pela primeira vez.

Ser educada com normas rígidas de certa forma fez com que me transformasse em uma garota ingênua e com medo de tudo e todos. Por minutos esqueci que nenhum de meus questionamentos foram respondidos por meu noivo que continuava com um expressão séria em seu rosto. Já havia pensando em desistir de ter as respostas relativas as minhas perguntas até que Tomás, parou o carro a alguns metros de minha casa de forma brusca deixando-me apreensiva de sua atitude repentina.

— Por que parou aqui? – estava nervosa e podia-se avistar medo em minhas palavras a quilômetros de distância, porém, fiquei um pouco mais calma assim que vi brotar de seus lábios um sorriso aparentemente sincero.

— Calma, Violetta – ele tirou seu cinto de segurança e pressionou suas mãos em meu ombro aproximando seu rosto do meu. – Se parei aqui foi porque não quero que seu pai ou seu irmão escute o que estou prestes a te relatar, não são fatos dos quais devo me orgulhar, entretanto, devo-lhe total sinceridade, não quero segredos com minha futura esposa – suspirou com intensidade e relaxou sua posição elevando suas mãos a seu rosto deixando transparecer sua angústia.

— Não sei quais são os medos que te afligem, todavia, peço-lhe que confie em mim, serei o mais discreta possível. – novamente, Tomás sorriu, talvez minhas palavras tenham lhe acalmado um pouco mais.

— Vilu... lembra-se dá minha última viagem de negócios ao México? – mesmo confusa com a pergunta assenti com a cabeça. – Na verdade a viagem não foi para tratar de negócios e sim sobre problemas familiares. Ninguém além de mim e León sabem o que aconteceu há dois meses atrás – relatou deixando-me inquieta demais, a história que ele estava começando a contar-me parecia enredo de um filme qualquer de terror, assustada o apressei.

— Sem rodeios por favor, já está ficando tarde e o papai não tolera atrasos de minha parte. – fui firme em cada palavra deixando-o ainda mais apreensivo que antes, entretanto, parecia disposto a contar-me tudo de uma vez.

— Há dois meses atrás uma tragédia abateu duas famílias (Heredia e Vargas) que certamente não estavam preparadas para aquele acontecido... – enquanto estava relatando as lágrimas tomavam seu rosto de forma violenta, sua voz era trêmula e suas mãos gesticulavam descontraidamente – Meu tio em um momento de loucura e transtorno assassinou brutalmente sua esposa a golpes de facadas, por ciúmes e suícidousse logo após na frente de seu filho que presenciava toda aquela cena impotente, nada meu primo pode fazer para impedi-lo.

À medida em que Tomás me relatava esses fatos apenas uma pessoa me veio à mente, se realmente minha intuição estiver correta, León têm todos os motivos do mundo pra ser como ele é. Sem querer ficar com dúvidas indaguei León, para compreender de fato a situação.

— O primo a quem referiu-se é o León? – a resposta dá pergunta era bastante óbvia, entretanto, não queria nenhuma espécie de dúvida rondando minha mente.

— Sim meu amor, León abateusse de tal forma que durante um mês negousse a sair de casa, não querendo contato com ninguém. Ele passou a conviver com pessoas mal intencionadas, arranjou brigas, começou a beber, mas o estopim de tudo foi sua prisão... – quando ouvi a palavra "prisão", meus olhos estreitaram, em minha boca formou-se um "O" e Tomás continuou a relatar a história: – León fora preso após envolvesse em uma briga de rua. Ele estava conseguindo acabar com a própria vida, não pude presenciar tudo aquilo de braços cruzados, seria covardia se me omitisse mediante aos fatos. Depois de muita insistência consegui trazê-lo para ca, com a condição de me responsabilizar por suas atitudes. Até tento impôr algumas regras, todavia, ele à cada dia mostra-se arrogante, rebelde. Pensei que se ele convivesse com órfãos como ele, talvez algo mudasse dentro dele, mas, acho que não foi uma boa ideia. – Finalizou a história com um intenso suspiro deixando-me boquiaberta com tudo que acabara de ouvir.

— Sinceramente não sei o que falar, nunca pensei que você estivesse passado por tudo isso sozinho. – pousei minhas mãos em sua nuca e em seguida nos abraçamos fortemente.

Provendo reclamações de Olga ou do papai apressei Tomás, e então seguimos caminhando até minha casa e assim que chegamos fomos recebidos felizmente por Alejandro, que não perdeu a chance de ser inconveniente com nós dois com insinuações caluniosas.

— Até uma hora dessas na rua? Certamente estavam aprontando. – não me contive e peguei a almofada que enfeitava o sofá lançado-a em direção ao meu irmão fazendo, Tomás sorrir meigamente de minhas criancices com Alejandro.

— Calma Vilu! – exclamou, Alejandro defendendo-se enquanto passeava seus dedos entre o cabelo com um sorriso coeso em sua face.

— Tomás... vou tomar um banho. Não vou demorar... não muito... prometo – afirmei procurando as palavras certas e Alejandro não perdeu novamente a chance de me desmoralizar na frente de meu noivo.

— Mulheres! – exclamou, Alejandro revirando os olhos e se jogando no sofá em seguida. – Vai se acostumando Tomás, a Violetta têm o costume de converter o tempo. Segundos se convertem em minutos, minutos em horas e assim por diante – estava prestes a cravar minhas unhas naquele miserável quando ouvi a voz do papai, sem perder tempo subi as escadas rapidamente, pois se ele me visse com aquela roupa, a mesma de hoje cedo certamente me encheria com perguntas descabidas.

Em meu quarto estavam alguns presentes de meu noivado, não importei-me em abri-los, para ser sincera não queria nenhuma daquelas caixas com objetos sem valor algum para mim. Abri meu closet e peguei uma roupa simples, se é que eu tenho alguma vestimenta simples. Meu look? Bom... era um "Little black dress", sem perder o romantismo com um decote coração e com a saia rodada. Ainda faltava-me um calçado, dentre todos os que tenho escolhi um salto anabela em uma cor nude.

Como sempre, Olga havia preparado meu banho. Deixei-me envolver naquela água levemente aquecida e aqueles sais que tanto amo. Um pouco mais relaxada lembrei-me de minha conversa com Tomás. Eu que lamento tanto minha vida me senti egoísta após ouvir tudo o que ouvi. León, têm muito mais motivos para reclamar de sua vida. Só ao imaginar presenciar o que o mesmo presenciou sinto um forte aperto em meu coração e fico orgulhosa por ter um noivo tão caridoso. A má impressão que tive mais cedo do Vargas, se foi e no lugar ficou apenas pena. Após tanto tempo na banheira não notei os minutos passarem e como não queria dá motivos para as afrontas de meu irmão rapidamente me vesti e o make up mais discreto possível. Nos lábios um gloss nude quase do tom de minha pele e apenas um pouco de blush para dá um pouco mais de cor as minhas bochechas. Meu perfume não era forte e tinha um aroma doce. Com tudo milimetricamente terminado saí de meu quarto seguindo em direção a sala onde todos provavelmente estavam.

Como já era de se esperar todos estavam na sala de estar conversando entre si. Aproximei-me, cumprimentei o papai e em seguida sentei-me ao lado de Tomás e fiquei a ouvi-los. Já não aguentava mais ouvir assuntos machistas quando felizmente, Olga anunciou que o jantar seria servido. Durante a refeição nada foi dito e quando finalizamos com a permissão de meu pai segui com meu noivo até a piscina dá casa. Tomás, afirmou após o jantar que queria me comunicar algo. Ao chegarmos nos sentamos na beirada dá piscina, para que a conversa fosse inicializada.

— Então... o que você têm de tão importante para me comunicar Tomás? – questionei ansiosa pela resposta.

— Há meses que ando me distanciando de você e não gosto nada disso. Sempre trancado naquele escritório, você divide seu tempo entre o balé e o orfanato. Tenho medo que nossa relação se desgaste meu amor – ele acariciava meu rosto enquanto falava e sinceramente não estava entendendo onde ele estava querendo chegar com suas afirmações, entretanto, não protestei e deixei que ele continuasse a falar. – Para me redimir um pouco de minha ausência proponho uma viagem nesse final de semana – disse me deixando sem resposta.

— Viagem... nesse final de semana? Amanhã? – mais uma vez ele conseguiu me deixar nervosa e o sorriso que se fez em seu rosto me desconcertou de vez.

— Não vai me dizer que está com medo de viajar comigo Violetta! Se esse for o problema, não se preocupe, pois não iremos viajar sozinhos – argumentou me acalmando.

— Tomás... – Pensei em alguma desculpa para fugir dá viagem, porém, nenhuma me pareceu boa o suficiente. Sabia que o papai não permitiria dessa forma fingi um consentimento para com ele. – Tudo bem, mas, não creio que terei permissão para viajar com você, mesmo você sendo meu noivo. Conhece bem o 'Velho Germán' e suas imposições – afirmei confiante e meu noivo pareceu não se importar muito, seu semblante me fez ter algumas dúvidas sobre a permissão para essa viagem.

— Violetta, meu amor, até parece que você não me conhece – segurou firmemente meu rosto e o acariciou com leveza. – O que Eu quero, Eu consigo, a arte de persuasão eu domino. – finalizou suas afirmações com um simples beijo, nada comparado ao dá noite anterior.

Com tudo esclarecido e a proposta de viajarmos juntos, Tomás e eu adentramos a casa. Alejandro e papai estavam entretidos jogando xadrez na sala. Há tempos não os presenciava se divertindo juntos. Nos aproximamos dos dois e ao nos ver rapidamente papai convidou Tomás para se juntar ao dois, entretanto, os planos de meu noivo eram outros. A pedido de Tomás, meu pai e ele seguiram até seu escritório para conversarem um pouco mais a vontade. Entediada com a espera comecei a jogar com Alejandro e vergonhosamente perdi inúmeras vezes, isso nunca havia acontecido, todavia, a conversa de Tomás com o papai significava muito para mim e mesmo estando parcialmente convicta dá negação, não podia ignorar o fato de que ele sempre faz todas as vontades de meu noivo ignorando as minhas.

— Por que você você foi aceitar Violetta? Custava dizer um simples "não" – murmurei baixo, entretanto, não tão baixo, pois certamente Alejandro ouviu, seu sorriso confuso afirmava isso.

— Já está começando a falar sozinha! Isso só confirma minhas afirmações sobre você, está se tornando tão louca quanto a mamãe – o fato de meu irmão comparar-me com a mamãe me deixou aflita, durante anos, Alejandro se calou sobre esse assunto.

Minhas expressões faciais demonstravam o que eu tentava esconder. As vezes me pergunto o que realmente aconteceu com a mamãe. As fotos fixas ao meu álbum de infância fazem com quê me lembre de seu rosto vagamente. É a mulher mais linda já avistei em toda minha existência, pode se notar alguns de seus traços em mim. Muitas foram as versões que me contaram para o seu desaparecimento, entretanto, nenhuma realmente condizente. Várias dúvidas me rondaram durante esses 9 anos de sua ausência. Estava prestes a voltar tocar no assunto com meu irmão quando o papai e Tomás voltaram do escritório e a expressão no rosto de meu noivo me deixou incrédula. Ele parecia feliz e me olhava como se estivesse dizendo "eu te falei que conseguiria".

— Violetta, permiti esta viagem com duas condições – Iniciou o papai alternando seu olhar entre Tomás e eu. – A primeira condição é que dormirāo em quartos separados e a segunda é que estarão de volta em dois dias. Estamos entendidos? – Tomás e eu assentimos com a cabeça e confesso que as condições impostas pelo papai minimizaram meus anseios.

Após ter conseguido o seu propósito, Tomás despediu-se de todos e partiu rumando sua casa enquanto eu me tranquei em meu quarto. A palavra certa para me definir era "apavorada". Sinto que Tomás está fechando o cerco em torno de mim, não sei o que fazer. Durante toda a noite caminhei de um lado para o outro, buscando uma desculpa qualquer para não ir viajar, por outro lado, não creio que meu noivo ousaria a quebrar o voto de confiança que o papai nos deu, em outros tempos ficaria ofendido apenas com a proposta, sem dúvidas, Tomás é persuasivo, não sei quais foram os seus prós, entretanto, foram muito bons. Já estava começando a me cansar de meus desvaneios e de mover meu corpo de forma contínua por minha suíte foi então que deitei em minha cama e sem que me desse conta deixei me levar pelo sono.

[...]

A pedido de meu pai, Olga arrumou as minhas malas para a viagem enquanto me limitei a observar tudo sem poder opinar em nada. Já passava das 09:00hrs e para meu alívio, Tomás estava uma hora atrasado, já que viajaríamos bem cedo para um lugar ainda desconhecido por mim. Estava comemorando intimamente quando vi meu noivo ultrapassando a porta de minha casa com um sorriso malicioso em seus lábios. Na sala estávamos apenas Alejandro e eu. Me despedi e segui com Tomás até seu carro e quando chegamos ao automóvel de meu noivo presenciei algo muito inusitado. Havia uma garota sentada no capô do carro de uma forma provocante. Me senti uma freira próxima aquela beldade, além de sexy, portava roupas que jamais tive ou terei permissão para usar. Saia com menos de um palmo de cumprimento iluminada por strass e uma t-shirt com número acima de sua barriga cobrindo apenas seu busto, nos pés portava um Converse preto. Encarei Tomás exigindo explicações de sua parte.

Ou se tratava de uma brincadeira ou ele realmente estava querendo me humilhar. Bufei cruzando os meus braços e quando visualizei meu noivo com um sorriso sarcástico não me contive e saí correndo de volta para a minha casa já com o rosto encharcado por lágrimas. Estava a um passo de adentrar minha casa quando bruscamente fui puxada. Voltei meu corpo para trás ainda revoltada e pela primeira vez senti vontade de bater em meu noivo que me olhava espantado.

— Calma, meu amor – pronunciou quase que em um tom de súplica pressionando seu rosto no meu. – Você entendeu tudo errado, aquela garota chama-se Lara, e ela é namorada de León, ele também vai conosco nessa viagem – acalmou-me com um abraço após as explicações e corei de tanta vergonha que senti naquele instante.

— Pensei que... desculpa, interpretei mal a situação, não quis te ofender eu apenas...

— Violetta, não precisa se explicar meu mor... entendi perfeitamente o que aconteceu – sorriu copiosamente erguendo o meu rosto que encarava o chão fixamente. – Melhor irmos, não quero perder mais nenhum segundo com explicações.

Tomás e eu nos dirigimos ao seu automóvel e como me foi antecipado a tal jasmin e León também iriam a viagem. Quando voltei para o carro com Tomás, presenciei seu primo entre beijos e carícias com sua namorada, senti-me constrangida com a cena que vi e assim nos viu os dois também fingiram constrangimento. León olhou-me como se quisesse falar algo, entretanto, manteve-se em silêncio tendo a sua namorada presa as seus braços. Pareciam bem felizes juntos ou pelo menos aparentavam estar. Antes dá partida, Tomás telefonou para um de seus insubordinados frisando algumas instruções e então partimos.

[...]

O lugar escolhido para passar-mos o final de semana era tão... inesperado, lindo, afastado. Estávamos em um resort luxuoso e após nos intalarmos devidamente em nossos respectivos quartos tratei de tomar um banho. Ficar no mesmo quarto que Lara, não me pareceu uma boa ideia, já que ela mostrou-se antipática comigo, o motivo? Desconheço. Saí do banho com apenas uma toalha cobrindo o meu corpo.

Lara, estava deitada em sua cama aparentemente entretida com um iPad que estava fixo as suas mãos. Peguei algumas roupas em minha mala e segui até o banheiro para me vestir com privacidade. Escolhi uma blusa jeans levemente azulada e uma calça estampada. Para os pés escolhi uma sapatilha colorida. Novamente saí do banheiro e ao me ver, Lara, lançou-me um olhar incrédulo e logo não conteve seu riso.

— Sério que você vai se vestir tão formalmente aqui? – balançou a cabeça em sentido de negação me olhando de baixo a cima. – Estamos em um lugar descontraído, precisa vestir-se adequadamente.

— Não sei me vestir de outra forma – sentei-me na cama frustrada e então, jasmin sentou-se ao meu lado.

— Isso não é problema. – Levantou-se indo em direção a sua mala e em seguida pegou algumas de suas roupas vindo em minha direção. – Vista-se com essas roupas – entregou-me as vestimentas e voltou a sentar-se em sua cama novamente.

"Mudar?" murmurei baixo enquanto me dirigia ao banheiro. "Mudar pode não ser tão ruim", respondi a mim mesma. Lara me preparou um look ousado demais, pelo menos ousado para mim. As vestimentas tratavam-se de um short saia Cora e uma T-shirt branca quase transparente, para os pés um tênis "Ir Io" super básico Redley. Após me vestir olhei-me no espelho do banheiro e não me reconheci, um sorriso bobo rapidamente se instalou em meu rosto. Assim que me viu, Lara me olhou espantada, descrente com o que estava presenciando.

— Ficou bem melhor assim! – exclamou com um sorriso estranho. – Falta um pequeno detalhe – direcionou seu olhar para o meu cabelo. – Talvez com o cabelo amarrado você fique bem melhor.

Lara, rapidamente fez um rabo de cavalo bem alto com o meu cabelo e me maquiou um pouco. Fiquei irreconhecível depois de minha arrumação. Queria ter a opinião de Tomás, na verdade queria elogios. Querendo surpreende-lo abri a porta do seu quarto sem bater antes.

Para minha frustração não havia ninguém, ou melhor, eu pensei que não havia ninguém, pois logo ouvi alguns ruídos vindos do banheiro, pensei ser Tomás, então decidi esperar um pouco. Alguns minutos sepassaram e finalmente ouvi o chuveiro do banheiro ser desligado e quando visualizo quem sai do banho senti um constrangimento anormal me abater rapidamente.

Não foi meu noivo quem saiu do banheiro e sim seu primo, o pior de tudo era que ele estava apenas com, de baixo coberta e com corpo intensamente bronzeado ainda molhado. O olhar devasso que, Tomás me direcionou deixou-me estática. Certamente Tomás entendeu tudo errado.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não sou boa em capítulos assim OKAY?
Obrigada pelos comentários do capítulo anterior, eu lovo vocês d+++ atualizações em breve e não esqueçam de deixar suas opiniões. Kisses honeys XXGehxX