Passei o resto daquele dia como um fantasma. Não queria falar com ninguém e não conseguia disfarçar minha tristeza. Todos estavam preocupados comigo, eu podia ver em suas mentes. Mas eu não conseguia fingir que estava bem. Eu estava com James desde que me entendia por “gente”. Ele sempre estava comigo, para tudo. Eu já havia pensado uma vez em perdê-lo, quando ele se transformou acidentalmente em vampiro, mas eu decidi virar também. Porém, agora era diferente. Eu não tinha uma salvação, uma opção. Eu tinha uma DECISÃO para tomar. Ou ele, ou os Volturi! Mas eu não queria pensar. A dor me corroia e a minha mente apesar de ter espaço sobrando se fechava a qualquer assunto. Só havia uma coisa em que eu pensava, e com certeza, se eu fosse humana, já teria chorado um rio todo. James. James. James. Meu irmão, minha família, meu tudo. E agora? Onde estava a vampira poderosa? Meu irmão a levou embora. Rá.

   Bom, agora minha maior tarefa era prosseguir, e não me deixar abater. Não mais do que eu já estava abatida.

   De manhã, Alec foi me chamar:

   - Bells, vamos? Esta na hora. – Era para eu ficar super animada, etcetc. Mas eu estava muito triste para me animar.

   - Vamos. – Murmurei.

   - Er, você esta bem? Se não estiver podemos cancelar...

   - Não. Eles precisam de nós, não vou condenar todos os vampiros por causa dos MEUS problemas. – Disse, decidida.

   - Então vamos lá. – Disse ele, sorrindo. Depois parou. – Bem, quero que saiba que vamos ajudar você a superar a partida do seu irmão. Tentamos de tudo mas ele não quis ficar... E... E não queremos perder você. Você sabe que para mim, você é como uma irmã. – Ele me disse ao mesmo tempo em que me abraçava.

   - Não vou abandonar você e a baixinha aqui. – O abracei também. – Vocês também são como irmãos, para mim. Agora vamos lá. – Eu disse, começando a me animar.

   - Você que manda, senhorita.

   Então chegamos ao salão principal, todos já estavam lá. De lá, fomos até o local. Todos começaram a procurar pistas do paradeiro do clã, também para se certificar se tal clã existia.

   No começo, eu vasculhava cada local com intensidade, me sentia feliz e queria fazer um bom trabalho para agradar a todos. Mas depois, foi ficando entediante. Droga, será que eu nasci mesmo para isso? Eu me perguntava mentalmente quando senti um toque. Uma mão tocava meu ombro com delicadeza. Eu sabia quem era, e isso me fez me arrepiar.

   - O que você esta fazendo aqui? Você devia investigar o outro lado. – Falei irritada.

   - Calma Bella, só vim para alertá-la que eu não desisti. Sabe, não entendo porquê você nega tanto, se você QUER isso. – Ele sussurrou em meu ouvido.

   - Eu não QUERO isso. – Menti. Bom, mas pelo menos cinqüenta por cento era verdade. A parte que minha mente controlava. – Agora sai daqui que você tá atrapalhando meu trabalho. – O expulsei.

   - Vou embora, mas antes... – Ele pausou enquanto alisava com sua mão direita meu pescoço. – Eu não vou desistir de você, Bella. Eu vou tê-la. Por bem, ou por mal. – Nesse momento ouvi algo em sua mente como “minha rainha” e “mundo”, mas eu não entendia e ainda não podia ter certeza porque algo bloqueava sua mente. Quando virei para perguntar ele já havia sumido.

   - Bella, venha! Achamos algo. – Demetri me chamou.

   O segui e fomos chamar ainda Felix e Heidi. Os outros já estavam no local. Ao chegar lá, foi como se eu tivesse levado um choque. Havia algumas barracas. E dentro tinha algo... Será que... Nômades? Não acho que não.

   Enquanto eu caducava mentalmente, Félix, a mando dos mestres (Aro, Marcus e Caius) invadiu o local e agarrou um “morador”. Fiquei espantada. Era um vampiro! Então Felix o questionou com arrogância:

   - O que é isso e onde esta o seu mestre? – O menino se recusava a responder, então Félix o ameaçou – Fala logo ou você e todos os seus amiguinhos morrem.

   O que é isso? Ameaçando tirar a vida de outros vampiros quando estávamos fazendo isso para defendê-los? Que merda estava... Fui interrompida quando o menino falou:

   - Não. Não, por favor. Eu não tenho culpa, eu e eles somos só vampiros nômades. Por favor, não me mate. O meu mestre... – Nessa hora o garoto lançou um olhar rápido para Jack, ninguém percebeu, exceto eu. – Não temos mestres, desculpe.

   - Bella, leia a mente do garoto. – Aro pediu.

   - Sim. – Respondi com eficiência.

   Eu tentei. Me esforcei. Bufei. Droga, tinha algo bloqueava sua mente. Só peguei um teor, mas teor de mentira. O garoto havia mentido.

   - Hã... Não consigo ler sua mente. Mas peguei um teor.

   - Hum... Félix, traga o garoto. – Aro exigiu em forma de pedido.

   Aro tocou o garoto, tentando ler sua mente. Não conseguiu. Nem um teor Aro conseguiu. Então falou:

   - Bom... Não nos resta fazer mais nada diante desse risco que corremos... Vamos conversar irmãos.

   Enquanto Aro e os irmãos se reuniam para decidir o destino dos vampiros, uma do clã veio para perto de mim. Demetri fez menção de prendê-la mas eu mandei deixar ela vir. Ao se aproximar, ela falou:

   - Por favor, nos ajude. Não queremos morrer. Não temos culpa de nada... Fomos ameaçados de morte, por favor... – Enquanto ela falava, percebi que os outros vampiros do clã pareciam estar sem sentidos... Alec.

   - Droga, Alec, o que você esta fazendo? – Perguntei assustada.

   Alec não me respondeu. Logo após, eu e a vampira do outro clã víamos a pior cena da minha vida. Tudo passou como um flash.

   Todos os Volturi começaram a atacar o clã, mesmo sem a decisão de Aro, Marcus e Caius. Virei-me, indignada para tentar falar com eles, mas quando vi, reparei esse era o método deles. Julgar não existia. Eles só matavam. Quase não notei que eu estava lendo a mente deles quando vi isso. Então, onde estava o “vamos fazer isso para salvar nossos irmãos vampiros?” quando os matavam ali mesmo? Continuei chocada e vi os MEUS AMIGOS atacarem o pobre clã. A vampira ao meu lado gritava. Era sua família, ela estava desesperada. E se fosse James lá? Eu gritaria também. Sem raciocinar, abracei-a. Se fossemos humanas, estaríamos chorando. Então eu ouvi:

   - O que está esperando, Bella? Mate-a. – Felix dizia, apressado.

   Entrei em choque. A tal vampira também.

   - Eu na-não... Não... Félix! – Tentei responder. Então vi Félix pular em cima dela e arrancar sua cabeça. Logo após, Demetri veio e tacou fogo nos restos de seu corpo.

   Cai de joelhos no chão, meu Deus. O que tínhamos feito? O que foi isso? A indignação e o choque me invadiam.

   - Vamos embora, já acabamos o serviço. – Gritou Caius.

   Todos fomos embora. Eu me levantei, mesmo que ainda meio atordoada por aquela cena. Só depois vim a perceber casualmente que Jack não estava voltando conosco, quando Jane falou:

   - Gente, onde esta o Jack?

   - Não sabemos Jae. Deixa ele pra lá, ele sabe o caminho de volta. – Respondeu Demetri. Percebi o brilho em seus olhos enquanto olhava para a minha amiga. Ah, eu ia contar isso para ela depois. Isso me tirou apenas por um milésimo de segundo da cena vista.

   Cheguei ao meu quarto e me joguei no sofá. Se eu fosse humana, ele estaria encharcado. Deus, onde eu estava? Será que eu queria mesmo ser uma Volturi? Até agora eu só tinha conhecido o lado bom das coisas, e no primeiro lado ruim eu já havia ficado assim... Bem que James me avisou... Falando nisso, que saudades dele...

   Passei a noite remoendo a cena. E se eu tivesse que ver isso de novo? Provavelmente sim. E da próxima, eu não seria mais novata, eu teria que AGIR. Não, eu não queria isso pra mim. Droga, onde eu estava quando decidi ficar? Eu amo meus amigos aqui... Mas... Não é pra mim isso. Essa vida não é minha. Meu coração morto não agüentaria ver mais pessoas morrendo. Eu não aguentava mais aquilo. estava cheia, estava sufocada. Não aguentava mais.

_________________ PONTO DE VISTA DE JANE ____________________

   Pela manhã, iria ver Bella, ela devia estar arrasada. Ela não era tão durona como eu imaginava. Mas eu não me importava, ela era minha melhor amiga, irmã, melhor falando. Eu precisava ajudá-la... Ela podia estar apenas com saudade do irmão e...

   Ao entrar no quarto de Bella. Nada. Bella não estava lá. Fiquei pensando nas opções de lugares onde ela estaria até que vi um papel branco em cima de seu criado mudo. Era uma carta.

Para meus irmãos, amigos e mestres.

   Depois de sair do estado de choque, e de tomar coragem para ler o que ela havia escrito, abri a carta.