A Sombra e a Escuridão escrita por Cris Turner


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a:

¹Rafaela_RedBird por fazer a primeira indicação dessa fic & a primeira que eu já recebi na vida. Fiquei tão emocionada *----*

²Alvarinho20 por enviar meu 100° review. Muito obrigada.



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Capítulo 10

- Olá Rosalie. Veio matar as saudades?

Por um segundo ela pareceu surpresa, mas logo se recuperou e falou com arrogancia:

- Não tenho tempo para suas ironias, Isabella.

Senti meus lábios se torcerem em desagrado.

- E a quê devo a honra de sua visita? – o sarcasmo pingava em cada sílaba.

Rosalie ignorou minhas palavras.

- Vou direto ao assunto porque minha vontade de estar aqui é tão grande quanto a sua voltade de que eu esteja aqui: nenhuma.

Reprimi minha vontade de dizer que ela havia constatado o obvio. Quanto mais rápido ela concluisse o que quer que viera fazer, mais rápido ela iria embora. Não que eu não gostasse da loira. Eu até gostava dela, apesar de Rose nunca ter se esforçado para que isso acontecesse. Sempre considerei Rosalie como uma minha irmã mais velha super implicante. Mas agora tudo que eu via quando olhava para ela era: Cullen. E a simples menção desse nome já me causava dor. Balancei a cabeça para afastar esses pensamentos no mesmo instante em que Rosalie continuou:

- Quero que você fique longe da minha família.

Levei dez segundos inteiros para acreditar que ouvira certo.

- Você quer o quê? – quase gritei.

- Quero que você não se aproxime de nenhum membro da minha família. Entendeu? – ela falou pacientemente, como se estivesse explicando alguma coisa a uma criança de dois anos.

Não sabia que era possivel ficar ainda mais furiosa do que eu estava. Mas eu fiquei.

- Eu estou tentando ficar longe dos Cullen desde o infeliz dia que você resolveram voltar. – minha voz era macia e perigosamente baixa – Mas é melhor deixar isso bem claro, para o caso de você não ter percebido isso. Não é mesmo!? Afinal todos esses dias que eu não falei com nenhum de vocês pode ser interpretado de outra forma, né?! - falei, sarcastica – Já sei! Você acha que uma nova tática para chamar a atenção! Droga! Achei que ninguém fosse descobrir esse meu plano. – fingi um suspiro de desapontamento.

- Não me provoque, Isabella.

- Agora que você já deu seu recado, deveria ir embora. Afinal, você nem gosta de mim para prolongar essa nossa conversa.

- Mas amo meus irmãos o suficiente para vir aqui.

- Do que você está falando? – minha curiosidade era genuina.

- Se você parasse de agir como o maior mártir do planeta, talvez conseguisse ver a verdade. Talvez parasse de agir como se só seus sentimentos importassem. – os olhos dela estavam escuros devido a raiva – Você não tem a mínima idéia de como foram esses últimos meses. Você não viu Edward ficar tocando piano o dia inteiro e só sair para caçar. Não viu Alice ficar tão deprimida a ponto de o poder de Jasper não lhe fazer nenhum efeito. E certamente não viu o estado deplorável que meus pais ficaram, parecia que um de seus filhos havia morrido. Até Emmett perdeu um pouco de ânimo. Tudo porque você não estava lá! – a voz mais fria do que gelo – Finalmete chegou o dia em que os motivos de Edward se tornaram fracos frente a outro sentimento muito mais poderoso. Nós voltamos e tudo que encontramos foi seu desprezo, o que tem os magoado. Eu não vou permitir que, por sua causa, eles voltem a ficar daquele jeito! Isso não é justo!

Titubeei. Entendi as palavras, mas elas não faziam sentido algum. Rosalie estava ficando louca! Tive que respirar fundo duas vezes antes de conseguir falar novamente.

- Não sei porque você veio aqui me dizer todas essas... esses seus delirios. Não sei e não me importo. Mas não vou permitir que você venha até minha casa e me ofenda. – minha voz tremia e odiei isso – Eu não me faço de vítima. Eu apenas tento, como todo ser humano normal, me manter afastada daqueles que me machucam. – eufemismo. – Não diga que sou egoista e só dou valor aos meus sentimentos porque eu joguei meu orgulho e meu amor-próprio no lixo quando implorei para Edward não me deixar. Eu implorei, me rastejei. E adivinhe o que eu ganhei com tudo isso!? – soltei uma risada histérica – Eu ganhei a piedade do seu irmão, ganhei palavras de falso consolo, ganhei explicações! Será que isso foi justo!?

Respirei fundo mais uma vez. Falar sobre aquilo doia. O bolo em minha garganta era maciço e me impedia de falar.

- Não vou me desculpar por ter instinto de sobrevivência e este me manter longe da sua família. – tentei falar de maneira firme dessa vez... falhei miseravelmente – Não sei o que você pensa que causou esse...esse comportamento neles quando vocês mudaram, mas certamente não foi saudade. Edward deixou seus sentimentos bem claros antes de ir embora.

Os olhos de Rosalie estavam cheios de coléra. Foi a primeira vez que ela me assustou de verdade, a primeira vez que eu tive ciência de que ela realmente podia me matar em milésimos de segundo.

"Vamos Rosalie. Acabe com isso de uma vez. Acabe com minha dor" Arregalei os olhos e ofeguei quando essa voizinha vazia de sentimentos falou em minha cabeça. Ela deve ter interpretado minha reação como sinal de medo porque no segundo seguinte endireitou os ombros e cerrou os olhos. Quando voltou a me olhar, seus olhos estavam mais calmo, contendo apenas um aviso, não uma ameaça.

Ignorando os alertas do meu cérebro, que gritavam sobre o perigo iminente e diziam para eu me afastar o mais rápido que pudesse da pessoa a minha frente, falei com a voz cansada:

- Se era só isso que você tinha para dizer... – deixei a frase incompleta, virando em direção à porta de casa com a intenção de entrar.

- Você não tem nem noção de o quanto está errada. – a voz dela foi baixa e sincera, flutuando no ar.

Girei meu corpo com a intenção de questioná-la sobre o que diabos ela estava falando. Mas a pergunta ficou presa em minha garganta.

Não havia ninguém ali.

xxx

Subi as escadas, tomei banho e empurrei alguns biscoitos para meu estômago. Tudo de maneira automática porque eu ainda estava em estado de choque devido á conversa com Rosalie. Não conseguia nem pensar direito.

Não tenho idéia de como cheguei bem ao hospital.

Distraidamente fiz uma nota mental que dirigir em estado emocinal instável não era uma boa idéia. Eu podia não ter tanta sorte da próxima vez.

Trombei com meu pai em um dos corredores. Sua voz parecia distante, apesar de ele estar ao meu lado. Ouvi vagamente ele perguntando se estava tudo bem, apenas acenei com a cabeça. Charlie disse alguma coisa sobre voltar logo, acenti mais uma vez. Acho que não tinha forças o suficiente para comandar minhas cordas vocais.

Meus pés caminharam sozinhos até a recepção. Joguei-me em uma das cadeiras de plástico. Agora que não tinha mais nada para fazer, os pensamentos inundaram minha cabeça.

Qual seria o motivo real de Rosalie ir lá em casa? Porque o que ela falou definitivamente não podia ser verdade. Será que vampiros podem ter alucinações?! Alucinação seria uma explicação plausivel para o comportamento dela. Mas ela parecia tão lúcida, tão consciente. Tão segura do que falava. Rosalie parecia acreditar no que falava. Por um momento quase me convenci, mas logo a cruel realidade me atingiu. Edward não me amava, provavelmente nunca amou. Eu teria que aceitar esse fato e seguir em frente. Porém era tão difícil...quase tão difícil quanto perdoá-lo por me abandonar.

Acho que no final de tudo o problema não era ele terminar comigo, o problema foi como ele o fez. Agiu como se eu fosse alguma coisa descartável, e aquilo doeu, doeu demais. Se Edward tivesse agido de outra formar ao romper nosso namoro, a dor seria imensa, mas eu tentaria entender. Entender que o meu amor por ele era bem maior do que o amor que eu recebia em resposta. Afinal, ninguém manda no coração. Não podemos escolher quem amar. Contudo, não foi esse o caso.

Os pensamentos contraditório pesavam, comecei a sentir um princípio de dor de cabeça. Porém fragmentos da minha mais recente conversa com um membro da familia Cullen continuavam martelando em meu cérebro.

"Você não viu Edward ficar tocando piano o dia inteiro e só sair para caçar". Aquilo só podia seruma grande inverdade. Edward adora a natureza. Não conseguiria ficar dentro de casa sozinho por mais de cinco horas. Apesar de ele adorar seu piano de calda branco, o objeto não prenderia sua atenção por dias inteiros. A não ser que ele estivesse compondo melodias alegres por se ver livre da patética humana dele. Esta era uma opção compreensível...

Mas o maior furo apareceu quando ela mencionou Alice: "Não viu Alice ficar tão deprimida a ponto de o poder de Jasper não lhe fazer nenhum efeito." Parecia tão irreal, mas tão irreal que eu nem deveria perder meu tempo pensando nisso. A fada baixinha era a pessoa mais alegre e animada do planeta. Nem em um milhão de anos ela ficaria deprimida. Existe também o fato de que o poder de Jasper ser muito forte, não vi ele falhar nenhuma vez quanto mais não ter efeito algum. Completamente ridículo.

Coloquei meus cotovelos sobre os joelhos e escodi o rosto nas mãos.

A única parte que parecia conter um fundo de verdade era a parte que ela mencionava o marido e os pais. Não na proporção que ela falara, é claro. Talvez, apenas talvez, eles realmente tivessem sentido minha falta. Eu costumava ser a inspiração das brincadeiras de Emmett e a cobaia culinária dos Cullen mais velhos. Nada que fosse insubstituível.

Será que Edward mandara Rosalie lá em casa para me atormentar!? Não. Descartei essa hipótese imediatamente. Apesar de meus sentimentos de indignação a respeito de Edward, eu sei muito bem que ele seria incapaz de um golpe tão baixo. Ele sempre foi um perfeito cavalheiro. O homem perfeito.

Lembrar da perfeição de Edward não me ajudaria em nada, mas eu não conseguia evitar. Assim como eu não conseguia evitar o sentimento que sempre queimou em meu peito. Eu podia escondê-lo, enterrá-lo, mascará-lo, mas nunca poderia matá-lo. E eu tentei, tentei arrancá-lo de dentro de mim, foi completamente inútil. É forte demais, é mais forte do que eu.

Suspirei.

Apesar de tudo o que mais me surpreendeu nas últimas horas, não foi a conversa com Rosalie. Foi meu próprio pensamento quando a vi furiosa. Por um segundo achei que ela fosse me atacar e isso não me deu medo. Se ela me matasse naquele instante então toda dor teria fim, tudo teria fim. Foi um momento de compelta fraqueza. Apenas covardes buscam esse tipo de solução para os problemas. E isso nem ao menos era uma solução porque os problemas continuariam vivos. Nem consigo imaginar o que aconteceria com Charlie se ele chegasse em casa e encontrasse meu corpo na porta de entrada. O que aconteceria com Brooke e os garotos Scott...

Eu havia feito uma prometido, poucas horas antes, que me cuidaria, que não cometeria nenhum tipo de loucura. E qual é a próxima coisa que faço!? Provoco uma vampira que possivelmente me odeia demais.

Ótimo jeito de cumprir a promessa, Swan!, resmunguei mentalmente. O pior de tudo era saber que mais uma vez quebrei uma promessa para com eles. Prometi ficar longe e manter os Cullen longe, falhei; prometi não comenter loucuras, falhei; prometi que tentaria ao máximo de recuperar do fim do meu namoro, e aqui estou eu remoendo a conversa absurda que tive com minha ex-cunhada loira, o que só poderia significar uma coisa: falhei novemente.

Eu não merecia os amigos que tinha. Eu continuava puxando eles junto comigo para o fundo do poço. Não que eu tivesse intenção de fazer isso. Mas eles se preocupavam tanto que era impossível que isso não acontecesse. Porém eu era egoista a ponto de não me afastar deles. Se perdesse a amizade dos três não havia nenhuma chance de eu sobreviver.

Naqueles horriveis dois primeiros meses da partida dos Cullen, eu me forçava a comer, a dormir e a ir a escola porque sabia que se não fizesse isso, magoaria meus amigos e meu pai. A única coisa que me trouxesse de volta do absimo em que me encontrava naquela época foi saber que Charlie, Jack, Brooke, Chad e Luke, precisavam de mim – eles afirmaram isso dezenas de vezes. Eu não podia deixá-los, eu precisava ser forte. E eu fui forte. Forte o suficiente para aguentar a dor excruciante daqueles meses. Então no terceiro mês, a dor foi diminuindo de intensidade, - não acabou porque isso é impossivel – mas diminuiu. Acho que aprendi a conviver com ela. E ela continua comigo até hoje.

xxx

Continuei divagando por vários minutos. Só interrompi meu fluxo de pensamentos contraditórios quando senti uma mão em meu ombro. Olhei para cima e vi a face preocupada de meu pai.

- Tudo bem, filha? – me olhava um tanto quanto incerto.

- Tudo bem, pai. – suspirei.

- Vem, Bella. – ele indicou a saída – Vou te levar para casa.

- Me levar? – franzi o cenho – Não é necessário, pai. Meu porshe está ai fora.

- Eu sei querida, mas você está meio pálida. Melhor eu dirigir. Você tem certeza de que está tudo bem?

- Tenho. É apenas uma dor de cabeça. – forcei um sorriso.

Aquilo era em parte verdade. Mas não era apenas uma dorzinha, minha cabeça estava estourando de dor.

Charlie acenou com a cabeça, pouco convencido, porém não tocou no assunto. O bom do meu pai era isso: ele nunca me forçava a fazer nada, a não ser que fosse extremamente necessário.

O caminho para casa foi feito em silêncio.

- Você pode ir com a velha picape para escola amanhã. – ele falou quando estacionamos – À tarde você pega seu carro. Certo?

- Certo. Mas eu poderia ficar no hospital hoje à noite, pai. – sugeri.

- Não é necessário, querida. Meu trabalho pode ser adiado por algumas noites mal dormidas, mas você não pode ir estudar sem descansar. E eu não estou tão velho assim, não é mesmo? – completou quando abri a boca para reclamar.

Engoli as palavras que estavam na ponta de minha língua ao ver o sorriso travesso em seu rosto.

- Você nunca ficará velho, pai – sorri – Até amanhã – dei um beijo em sua bochecha e sai do carro.

Charlie esperou eu entrar em casa para arrancar com sua Mercedes.

Arrastei-me pelas escadas até meu quarto. Não tive energia o suficiente para trocar de roupa. Cai na cama do jeito que estava e, apesar da dor de cabeça, adormeci imediatamente.

Acordei com o som de meu despertador. Dormi a noite inteira, mas meus sonhos foram povoados com uma voz de veludo sempre repetindo "Você não tem nem noção de o quanto está errada." Lembrava-me muito bem que aquela foi a última frase que Rosalie disse ontem, mas em meus sonhos não era ela que falava. Era edward.

O que será que ela quiz dizer com aquilo? E por que eu sonhava com meu ex-namorado repetindo isto? Bom, eu conclui, depois da conversa, que Rosalie estava maluca. Mas será que eu também estava ficando insana?! Enterrei essas questões o mais fundo que consegui. Por mais que me esforçasse, não chegaria em lugar nenhum mesmo. Por certo eu devia ter ficado imprecionada ou surpresa demais com a visitante de ontem. Tenho certeza que ouvi em algum lugar que os sonhos estão ligados ao subconsciente. Talvez seja apenas isso: uma reação inconsciente do cérebro. Eu tinha que parar de gastar meu tempo em pensamentos que sempre levavam à Edward. Isso não me fazia bem.

Sentei na cama e uma careta se formou em meu rosto ao ver meus trajes. Os botões da blusa deixariam marcas vermelhas em minha barriga. Peguei uma blusa e uma calça jeans em meu guarda-roupa e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal.

Depois de pronta, me sentia humana novamente. Caminhei em direção a cozinha. Dois sanduíches de manteiga de amendoim e um copo de suco de laranja foram suficientes para matar minha fome.

Estava em meu quarto, revirando todas as gavetas em busca da chave da picape, quando estudei uma buzina vinda do lado de fora da casa. Paralisei. Eu conhecia aquele som, mas não podia ser...

Com o coração disparado fui até a janela. Encostado no reluzente Volvo prata estava Edward. E ele olhava para cima, diretamente em meus olhos.

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Notas finais do capítulo

Capítulo bem revelador, não!? E o que será que o Edward faz ali? Outras revelações viram no próximo capítulo!? =O

OMG OMG OMG! Fiquei tão feliz com o numero de reviews que recebi no ultimo capítulo. Bati meu recorde! õ/ Muito obrigada mesmo.

Espero que gostem desse capítulo novo. E só pra deixar bem claro: ADOOORO a Rose. Então, espero que não tenham interpretado mal o que ela disse. Ela não foi a vilã, só estava tentando proteger quem ama.

Que tal uns reviews pra adiantar o capítulo?!

Beijoos ;*