Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto.

Dias e mais dias se passaram, parecia que aqueles quatro haviam se tornado mais que simples amigos, eram quase como uma família, eles podiam contar um com o outro para qualquer coisa que fosse necessário.

Mas infelizmente um pequeno problema assolava a mente do herdeiro das empresas da família, quando finalizasse o colegial ele deveria partir para New York com o intuito de administrar as empresas da família, e essa ideia não soava nem um pouco boa em sua mente.

A doce senhora Mikoto bateu de leve na porta do quarto do filho, entrou no quarto, pois a porta encontrava-se aberta e sentou-se ao lado de Sasuke.

– Filho, diga-me o que lhe incomoda, o que lhe preocupa? - indagou ela com olhos melosos

– Mãe. - ele a chamou - Esta tão na cara assim?

Mikoto não conseguiu conter um leve riso e esta acabou sendo a resposta que o garoto não pretendia ouvir.

– Daqui um mês o colegial acaba, meu ciclo na vida escolar chega ao fim, vou me mudar e tomar contar da sede em Nova York, mas não quero deixar tudo o que conquistei aqui, nem o que ainda vou conquistar.

A senhora ajeitou os cabelos com as mãos, colocando uma mecha de cabelo detrás da orelha. Ela sabia parcialmente o que estava acontecendo com o filho, então deu seu palpite mais sensato.

– Por acaso você esta assim por causa de alguma garota?

Ele não negou, ele sabia que havia passado a gostar de Sakura, ela não era uma típica garota que o idolatrava, que queria ficar com ele por causa das fortunas que possuía. Ele realmente gostava dela, amava-a, mas uma relação entre eles era praticamente impossível.

– Você não quer ira para New York, não quer deixar esta garota aqui. Se quiser posso conversar com seu pai, podemos dar um jeito nisso, não se preocupe querido.

– Não mãe, quando ele me ligou disse que eu teria que deixar tudo isso para trás, quase como se eu fosse recomeçar minha vida lá. Você sabe melhor do que eu do que ele é capaz, não quero por a vida de Sakura em risco.

Mikoto olhou assustada para o filho, ela sabia bem o que ele queria dizer, Fugaku era um homem de negócios, não importava-se com nada além do próprio lucro e nada mais, ele faria qualquer coisa para mandar o filho mais novo para a sede nos EUA, custe o que custasse.

– Bem, se você não quer que eu interfira, não tem problema, mas faça a coisa certa querida. - disse a morena antes de partir.

Ele queria poder dizer a rosada uma última coisa antes de partir, ele estava decidido a fazer algo que pudesse demonstrar o que ele sentia por ela.

–*-*-*-*-*-

A rosada estava mais uma vez jogada em seu sofá, faltava apenas um mês para que sua vida colegial chegasse ao fim e estava realmente estudando para que pudesse passar em uma boa faculdade no exterior, afinal pretendia seguir uma carreira profissional voltada para relações exteriores e também administração de empresas.

– Ei querida, você não vai sair hoje com seus amigos, aposto que aquele bonitinho do Sasuke esteja sentindo sua falta. - falou Yuu

– Não, mãe, acho que hoje não, ninguém combinou nada para hoje. - disse ela com a voz cansada

– Tudo bem querida, apenas não se mate de estudar. - disse a rosada voltando-se para a cozinha para poder cozinhar o jantar.

A rosada filha levantou-se do sofá, sua cabeça doía de modo incessante então resolveu levantar-se para ir ao quarto e dormir, talvez uma boa noite de sono a fizesse se sentir melhor.

No dia seguinte o despertador tocou as 6:30 da manhã, uma doce e suave melodia tocava no ar, talvez não fosse o melhor modo de se acordar, mas ela particularmente adorava isso. Levantou sonolenta, suas pálpebras teimavam em se fechar, não pareciam obedecê-la.

Trocou-se, uma roupa típica de colegial, camisa branca, saia de pregas azul marinho, meias três quartos e sapatos de colegiais pretos. Arrumou o cabelo como de costume, ajeitou a franja reta e deu um pouco mais de volume aos seus cachos róseos.

Ela estava pronta para mais um dia de aula, seguiu seu caminho.

Na sala de aula sentou-se em seu local rotineiro e começou a ler um livro de sua escritora predileta.

Sentiu uma mão tocar-lhe o ombro, virou-se e notou um moreno estático ao seu lado, pela primeira vez notou o quão elegante ele ficava usando os trajes colegiais.

– Sakura, você gostaria de vir na minha casa hoje, bem nos últimos tempos não consegui encontrar um tempo para que levar até lá e passar algumas horas na biblioteca da minha casa. - falou com o seu famoso sorriso de canto.

– Sim, seria bem...interessante.

–*-*-*-*-

Havia estantes e mais estantes, cada prateleira dela estava completamente repleta de livros, alguns novos, alguns antigos, alguns raros, e uma prateleira exclusiva de livros escritos pela gloriosa Aghata Christie.

– Será que eu poderia dar uma olhada ali naquela prateleira? - indagou Saky apontando para uma prateleira bem no alto da estante.

–Fique a vontade.

Ela então subiu em uma escada que tinha próxima, chegou ao topo, ia pegar o livro intitulado 'Cai o Pano', porém seu pé veio a dar um pequeno deslise, ela ia caindo quando então o moreno a pegou em seu colo, ela pode então sentir seus braços musculosos ao seu redor.

O moreno a colocou no chão, suas respirações estavam coladas, ela por puro instinto aproximou-se dele, ela iria colar ambos os lábios em um beijo, mas então ele a afastou.

Ele gostava dela, mas não poderia cair na tentação, não quando faltava tão pouco para que ele partisse e deixa-se aquela vida para trás.

– Sakura, não, eu não posso.

– Por que, diga-me o porque?

– Por que...eu estou partindo daqui de Yokohama em um mês, quando o colegial acabar eu vou para New York, preciso cuidar dos negócios de minha família por lá.

Ela sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto, não soltaria mais lágrimas, pelo menos era o que ela pretendia. Ela só teve uma ideia nesse momento, sair correndo. O dono dos olhos cor de ônix apenas consegui vislumbrar longas madeixas róseas passando apressadamente por ele, ele não sabia o que fazer. Quando ele decidiu ir atrás dela, já era tarde demais.

Ele talvez se arrependeria disso para o resto de sua vida, mas era uma escolha que precisava ser feita, para evitar algo pior.