Contos da Seleção - Parte Dois escrita por Bellah102


Capítulo 3
A Primogênita - Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Obrigada à Catnip por comentar! Que bom que gostou, flor!
Estou postando à medida que digito o que está no meu caderno, então por favor me atentem aos erros de gramática! Não estou corrigindo nada.
Espero que gostem :3



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America

–Shae? Shae!

Parei no meio do corredor, aflita. Onde ela poderia estar? Não tínhamos nenhuma invasão rebelde há anos, mas ainda assim... Senti meu peito se apertar ainda mais e virei para procurar em outro corredor.

Um clique alto soou atrás de mim e eu soltei um grito, sobressaltada. Um guarda surgiu no fim do corredor, vindo em meu auxílio. Quando olhei para trás, a parede deslizava para um lado, e um pequeno vulto sapeca pulava o último degrau.

–Shae!

Chocada, assisti à pequena se esticar para apertar o interruptor atrás de um vaso de plantas para que a porta se fechasse. Ela olhou para mim e sorriu, em toda a glória de cinco anos de idade.

–Oi, mamãe.

–Você tem alguma ideia da preocupação que me deixou?!

–Desculpa, mamãe. Eu só estava brincando. – Ela acenou para o guarda. – Oi, tio Carter! Eu achei os túneis!

Woodwork parou, sorrindo, tão aliviado quanto eu, para a menininha.

–É, eu vi.

–Vamos encontrar o seu pai. Ele está morrendo de preocupação.

–Ele não está morrendo, morrendo. Senão você estaria toda dengosinha, mamãe.

Ela estendeu os braços para subir em meu colo. Revirando os olhos, levantei-a nos braços, embora essa situação estivesse ficando insustentável. Caminhei acompanhada de Woodwork, que retornava ao seu posto.

–E como está o de vocês?

–Oh, Tristan não é nem de longe tão sapeca quanto esta aqui. – Ele tocou o nariz de Shae, que sorriu e tentou mordê-lo. – Mas está bem. Está sendo um desafio encontrar um lugar para esconder minha arma.

–Deixe-me adivinhar... Continua querendo brincar de soldado?

–O rei já ganhou mais um defensor.

–Marlee tem que trazê-lo aqui de novo. Ele e Shae gostam de brincar juntos.

–Pou, pou! Pou, pou!

Gritou Shae, lembrando-se das brincadeiras anteriores. Sorrindo, despedi-me de Carter, indo até o gabinete de Maxon. Abri a porta, deixando a menina no chão.

–Papai!

Shae correu direto para a imensa mesa, gargalhando ao pular sobre a cadeira do pai. O rei suspirou, pegando a menina no colo e abraçando-a.

–Onde é que você estava? Sua mãe procurou você em toda parte!

–Portas na parede, portas na parede...

Cantarolou ela, estendendo as mãozinhas para tocar o rosto do pai. Maxon olhou para mim sem entender, plantando um beijo na palma gorducha da menininha, que só fez rir.

–Ela encontrou as passagens.

–Shae! Você poderia ter ficado presa em um abrigo!

–Desculpa, papai.

Pediu ela, projetando o lábio inferior, manhosa. Ele balançou a cabeça, mas não resistiu e beijou sua testa. Era assim que ele era com ela, o tempo todo. Protetivo, permissivo. E Shae o adorava.

–Está pronta para a caminha, então?

–Não! – Ela se virou para a mesa e pegou a caneta que o pai deixara de lado, fingindo estar assinando algo. – Eu sou o rei! O rei nunca dorme!

Eu e Maxon nos encaramos e então rimos. Aproximei-me, ajeitando os cabelos ruivos da pequenina.

–É claro que o papai dorme. Ele dorme com a mamãe.

–Então porque eu não posso dormir com vocês?

–Porque você já é grande, princesa.

Explicou Maxon, tocando o nariz dela com a ponta do dedo. Shae pensou por um tempo e tornou a sorrir.

–Quando eu for rainha, vou poder dormir com a mamãe e com o papai?

–Se você for rainha você não vai querer dormir com a mamãe e o papai.

Franzi o cenho frente ao se. Incomodava-me profundamente o fato que, mesmo que não tivéssemos um herdeiro homem, Shae não teria direito ao poder. Seu marido assumiria quando eles se casassem. Era só mais uma das coisas em que Gregory Illéa se equivocara e que ainda ninguém tivera forças para mudar.

–Vamos para a cama, amorzinho. A mamãe fica com você até você dormir.

Os olhos de Shae brilharam.

–Você vai cantar para mim?

–Claro.

Ela abriu os braços e eu a levantei. Maxon se levantou e beijou-me.

–Boa noite, querida. Encontro você logo, está bem?

–Só se eu quiser ser encontrada.

Pisquei para ele, antes da sair da sala.

–Corre, mamãe! Corre, tia Mary!

Gargalhando, Shae escapava das nossas mãos, se recusando a vestir a camisola. Sentei-me, exausta e Mary desabou ao meu lado.

–Estou invejando Lucy, que pôde se aposentar.

Confessei.

–Somos duas, senhora.

Respondeu Mary, sorrindo, mas nunca perdendo o respeito.

–Você pode ir. Eu controlo a criaturinha.

–Certo. Boa noite, senhora. Boa noite, princesa.

Mary deixou o quarto e Shae fez uma careta, cruzando os braços e parando de correr.

–Ah, só uma não tem graça...

Balancei a cabeça, chamando-a com um gesto. Ela deixou que eu lhe vestisse a camisola e a calcinha por sobre a nudez macia do banho. Shae subiu na cama e pulou algumas vezes antes de se deitar.

–Mamãe?

Ela chamou, enquanto eu a cobria.

–Sim, meu amor?

–Eu quero ser rainha.

Minha menina se ajeitou, como que feliz com o pensamento. Engoli em seco.

–Você vai ser. É só achar um príncipe bem legal para casar.

–Não, mamãe. Eu quero ser rainha aqui. Aqui é a minha casa. E eu quero mandar em todo mundo, igual o papai. E eu quero aqui.

Com o coração apertando, assenti, ajeitando seu cabelo.

–Você quer que eu cante?

Ela balançou a cabeça afirmativamente e fechou os olhos, pronta para ouvir.

–America? – Desviei os olhos do colchão para Maxon. Ele tinha aquela característica ruga de preocupação entre as sobrancelhas, deitado ao meu lado na cama. – Você está bem? Está calada...

–Só estava pensando em Shae...

Respondi distraidamente, alisando a ruga.

–É só uma fase. Ela vai deixar de rebeldia. É só uma criança.

–Não é só isso... – Suspirei, pegando sua mão. – Ela quer ser rainha, Maxon. Aqui. É o direito dela. Como é que eu posso olhar para ela e dizer que ela não pode porque é mulher?

–Ela tem 5 anos, America. Ela vai entender.

–Mas eu não quero que ela entenda. Isso não está certa. Mulheres já governaram esse páis antes das guerras. Nós estamos acabando com o legado de Gregory Illéa, porque não todo ele?

–Isso pode enfurecer nossos aliados. Não é o jeito como as coisas são feitas.

–Achei que tínhamos concordado que o jeito que as coisas são não é necessariamente o jeito que devem ser.


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