Contos da Seleção - Parte Dois escrita por Bellah102


Capítulo 24
O Piloto - Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo demorou um tempo por causa disso:
http://capitulofinal.wordpress.com/2014/09/14/os-contos-da-selecao-parte-dois-o-piloto-extra/
É uma cena extra que eu não soube encaixar, mas achei legal de vocês saberem. Não é necessária para o entendimento, mas se gostarem mesmo do Charlie, podem dar uma olhada.
Onde está postado é o meu humilde blog. Sintam-se a vontade para fuçarem por ele :D



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Charlie



–Leger, com a Orders.

Olhei para ela com o canto do olho, sem modificar minha postura. Ela também me espiou. Sorriríamos se pudéssemos, mas não podíamos. Muitos tinham sido eliminados do programa por muito menos.

Éramos 500 quando chegamos. Agora éramos aproximadamente 150 e só 50 entrariam, 10 para cada departamento. Os mais disciplinados. Os mais equilibrados e, sim, acredite se quiser, os mais inteligentes.

Eu tinha certeza de que tinha sido eliminado depois da minha entrevista com a minha psicóloga e eu não sabia como continuava ali. Não podia estar mais orgulhoso de mim mesmo, apesar disso. E de Astra, que além de permanecer, lutava contra todos os estereótipos de ser uma das únicas meninas do grupo. Os mestres ficavam embasbacados quando ela, ambidestra, ia ao quadro e resolvi os problemas de matemática e de física com ambas as mãos ao mesmo tempo.

Quando os treinos com aviões começaram, eu disparei à frente na classificação. Seguia as ordens à risca, era o mais rápido, a melhor pontaria, o mais estável. Com Astra, éramos um dínamo, imbatíveis.

–Candidatos, aos aviões!

Eles não nos chamavam de alunos e nem de cadetes. Exatamente o que o diretor disse aconteceu. Não nos chamavam nem mesmo pelos primeiros nomes e nem usavam pronomes de tratamento. Se nos tratassem pior, teríamos que limpar suas privadas além de limparmos as nossas próprias.

Eu e Astra batemos as palmas e marchamos até o avião.

–Vamos acabar com essa palhaçada logo, C.

Disse ela, subindo no assento do copiloto.

–Você é quem manda, chefe.

O teste consistia em 5 partes: Decolagem, velocidade, pontaria, estabilidade e pouso. Os instrutores diziam que não importava nosso tempo, mas era mentira. Os mais lentos normalmente eram eliminados. Eu e Astra tínhamos feito os comparativos dos tempos dos eliminados para saber o que devíamos evitar.
A decolagem era o meu momento favorito. A medida que o avião avançava e meu coração acelerava, eu podia ver o sentido da minha vida. Sempre a frente, sempre acima. E então o peso sumia sob mim e tudo o que restava era o manche e a voz de Astra no meu fone de ouvido.

Por sermos da mesma província, éramos quase sempre colocados juntos. Logo, eu e ela já tínhamos formulado um plano de vitória imbatível para garantir a vitória. Com os outros, aquele mesmo plano até poderia funcionar, mas voar com alguém que não era Astra era tão frustrante que eu nem me preocupava em tentar criar expectativas.

–Charlie. Hora de estourar aquela coisa.

Abri os cases que guardavam os botões de tiro no manche, enquanto ela acelerava, costurando por entre nossos concorrentes.

–Pode deixar, senhorita.

Os alvos estavam em toda parte. No chão, no ar. O que mais havia surpreendido era o helicóptero da semana passada, mas não imaginava que eles fossem tentar algo assim de novo depois que um tiro de tinta quase ameaçou colocar a máquina abaixo.

O objetivo era acertar todos os alvos com as armas de tinta acopladas aos aviões. Não podíamos acertar uns aos outros, de modo que ficar embaixo era a melhor opção para uma visão limpa, embora sacrificássemos um pouco da velocidade se não conseguíssemos passar do bolo inicial de aviões. Mas, com Astra no manche, eu nem me preocupava com isso.

Acertei um tanque, dois fardos de feno e um grupo de balões de hélio amarrados com sacolas de plástico. BONUS! Depois de uma curva especialmente brusca, atirei em um armazém com um alvo vermelho pintado no telhado.

–Cuidado, Às. Vamos perder pontos na sutileza.

–Certo. Vou diminuir.

–Onde estão os outros?

Não conseguia vê-los pelos painéis. Quase consegui sentir o sorriso na voz de Astra.

–Comendo poeira.


Pousamos na linha de chegada três minutos antes dos outros começarem suas descidas. Eu e Astra saímos das cabines e batemos um hi-five, certos de que, depois dessa, definitivamente estávamos dentro.

–Leger! Orders!

O instrutor gritou. Em posição de sentido, batemos continência.

–Senhor?

–Comigo. Agora.

Trocando um olhar e o seguimos pelas linhas de segurança, enquanto os outros terminavam de pousar.


–Estamos em apuros?

Astra perguntou, baixinho, fazendo uma trança do rabo de cavalo.

–Eu acho que não. Não fizemos nada de errado.

A porta se abriu. O instrutor apontou para que entrássemos e fechou a porta atrás de nós.

A sala tinha aviões por toda a parte. Em quadros, miniaturas, nas luminárias e até na forma de pequenas borrachas. Uma mulher de ar imponente mexia no quepe, olhando para nós dois.

–Como?

Ela perguntou, com os olhos nos analisando.

–Perdão, ma’am?

Perguntou Astra de volta, confusa. A mulher se levantou, cruzando os braços e contornando a mesa para ficar a nossa frente.

–O recorde o percurso de voo é de 27 minutos, alcançado por um aluno treinado e preparado. Vocês fizeram em 19 minutos e 23 segundos. Como?

Não pude deixar de me sentir surpreso. Não estávamos em apuros. Pelo contrário, estávamos bem!

–Astra é boa com logística, senhora. Nós estudamos a economia de tempo nas curvas.

–E Charlie é um piloto instintivo. Ele me diz por onde ir.

A mulher se encostou à mesa, tocando o próprio queixo.

–É bom que vocês saibam que posso ficar com grandes problemas por isso. Eu tenho autoridade, mas... Eles sempre pedem que eu espere até o final.

–Ma’am?

Ela se virou, voltando para trás da sua mesa e abrindo sua gaveta. Finalmente, percebi o raio tatuado na sua nuca. Meus olhos correram para a placa de metal com seu nome.

–Starkweather!

Eu disse, tomado de tietisse.

–Charlie...

Reprimiu Astra, mas eu já não estava ouvindo.

–Você é Starkweather! Dos primeiros Illéa Thunders! A elite da elite da elite, os melhores voadores de todos os tempos! Eu tenho o pôster de vocês na minha parede desde sempre!

Starkweather levantou o rosto e sorriu, orgulhosa.

–Obrigada, aluno.

–Aluno?

Ela jogou para nós dois distintivos dourados. Ficamos boquiabertos, encarando o brasão alado da academia.

–Nós...

–Bem vindos à Academia.


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Notas finais do capítulo

Finalmente vão abrir as portas da Academia aos nossos babies!
E adivinha que extra já tá escrito?
TRISHAAAAE!



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