Contos da Seleção - Parte Dois escrita por Bellah102


Capítulo 22
O Piloto - Capítulo 2




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Charlie

Sai, sai, sai, sai, sai, sai, sai!

Quase derrubei Shae e Tristan ao passar correndo entre os dois. Estava atrasado, atrasado, muito e terrivelmente atrasado!

–Charlie!

Gritou Shae, furiosa, enquanto Tristan a impedia de cair no chão.

–Resultado! Academia! Desculpa!

Voei pelos corredores e me joguei contra a porta que dava para a escada em espiral que dava para o salão comunal. Escorreguei pelo corrimão até tropeçar para dentro.

–Até que enfim!

Callaway fez um sinal para que eu me aproximasse. Todos estavam reunidos ao redor do rádio. Até Astra estava ali, roendo as unhas.

–Essa sala não é para civis, moça.

Tentei brincar, elas ela enfiou a mão no meu rosto, delicada como todas as Singer. O rádio começou a anunciar o início da lista de selecionados para a segunda fase do processo seletivo da Academia. Dos 15000 Illeanos que prestavam o testa, apenas 500 passariam pelos avaliadores, psicólogos e professores. Cruzei os dedos, mordendo a parte interna da bochecha.

No fim da lista dos nomes com A, o nome de Astra soou. Nós gritamos, bagunçando seus cabelos. Os nomes com B pareciam eternos depois disso. Os primeiros nomes com C passaram sem o de Cal no meio. Ele deu de ombros. Não era o sonho dele, afinal.

Cruzei os dedos e fechei os olhos. Alguns segundos me separavam do resto da minha vida.

–Charlie Ledger.

Eles disseram. E ah, que nome bonito, esse meu!


–Eu coloquei duas camisas limpinhas e você precisa lavá-las e secá-las direitinho senão podem encolher ou... Ou manchar. E que tipo de aviador anda por aí de camisas manchadas?

–Mãe. – Segurei seus ombros. – Eu vou ficar bem. Prometo.

Ela suspirou.

–Eu sei. Eu sei. Desculpe. Mas é que... Você está indo para tão longe de casa... E por tanto tempo.

Ele deu de ombros.

–Se tudo der certo, eu volto para visitá-la de avião e tudo.

–Não seja bobo, Charlie. Não cabe avião aqui em casa.

Disse a minha adorável irmãzinha, pulando na cama ao lado da mala aberta.

–Ah! Kiera! – Peguei a menina, pendurando-a sobre o ombro como a um saco de batatas. – A mamãe não precisava saber disso!

–Me coloca no chão, Charlie

–Não! Irmã minha não pisa no chão! Tem que viver nas nuvens!

–Charlie!

Corri com ela, fazendo sons de motor, até deixá-la cair sobre sua cama. Gargalhando, a menina se sentou e estendeu a mão para abrir a gaveta do criado mudo. Estendeu um chumaço de papéis para mim.

–O que é isso, Ki?

–É uma história. Para você ler na sua escola de aviões quando se sentir sozinho.

Sorri para ela, aceitando os papéis rabiscados com palavras escritas de giz de cera com uma letra infantil. Eu já dificilmente me concentrava para ler um livro normal, imagina um como aquele...

–Que legal, Ki. E sobre o que é?

–Sobre a tia America e o rei Maxon. E o papai. A mamãe me contou a história e eu escrevi. Mas eu não acabei ainda.

Pisquei para ela.

–Então eu volto logo para buscar o final.

Ela sorriu e assentiu, feliz. Ajudei minha mãe a fechar a mala e me pus de pé, respirando fundo. Não era um adeus à casa que eu crescera, mas ainda assim... Eu sentia que mesmo se eu voltasse ali, como eu voltava nos fins de semana de folga da guarda... Não seria o mesmo. Depois da Academia...

–Está pronto, filho?

Meu pai estava na porta do quarto, de braços cruzados. Assenti para ele, respirando fundo. Ele pousou a mão sobre meu ombro e sorriu.

–É o meu garoto.


Astra

–Mãe, eu não vou precisar de um vestido na Academia. – Tirei o vestido de dentro na mala. – Vou ficar de uniforme o dia todo. Camisa e calça.

–Mas e se você quiser sair?

Mamãe estava tranquila com a minha ida, mas acho que ela não entendia exatamente que eu não estava indo de férias para uma escola tranquila de aviação. Era uma batalha por uma vaga com mais 500 estudantes. Ela teimou, colocando o vestido de volta na mala.

–Mãe, estou indo para estudar, não para me divertir.

–Eu não vejo porque não dê para fazer os dois.

Olhei para minha tia, que chegara no meio da conversa, apoiada à batente da porta do quarto.

–Tia May, não dê ideias à mamãe, por favor.

Pedi, voltando a tirar o vestido e fechando a mala antes que ela tivesse a chance de colocá-la de volta. Minha tia revirou os olhos e, vindo até mim, me deu um abraço forte.

–Desculpe. Boa sorte na sua escola de gênios.

Foi minha vez de revirar os olhos, pendurando a mala no ombro. Minha mãe segurou meu rosto e sorriu, orgulhosa. Beijou minha testa.

–Então está bem, meu amor. Vá se despedir do seu pai e não se atrase para pegar seu ônibus.


–Cheguei! Cheguei! Eu cheguei!

Parei de correr, derrapando ao lado de Charlie na fila para entrar no ônibus. Ele riu, sorrindo para mim sobre o ombro.

–É, todo mundo viu, Ás.

Mostrei-lhe a língua e olhei para o ônibus com aviões estampados, assim como o nome da Academia e seu brasão dourado. Mal conseguia acreditar naquilo tudo, depois de todo aquele tempo...

–Estamos indo, Charlie. Estamos mesmo indo.

Ele assentiu e sorriu, radiante, para mim.

–É. Estamos.


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