- Ainda não estou acreditando que você vai morar comigo. – Rick estava eufórico desde que aceitei ir morar no loft. Já namoramos por um ano, estamos noivos há alguns meses, não vejo problema em ir logo para lá. Já dormia na casa dele quase toda noite mesmo.

- Pois é, Castle. Ainda dá tempo de desistir. – Provoco. Sei que ele tá doido pra isso acontecer a algum tempo, mas o que posso fazer? Adoro provoca-lo.

- Nem pensar, mocinha. Não vai se livrar de mim. – É tão bom quando ele faz isso, me puxa pela cintura sem eu perceber. Não resisto e nos beijamos, mas antes que ele fique mais espertinho me soltou e continuou a guardar minhas roupas na mala.

- Você pode pegar uma caixa e ir empacotando os meus livros. – Sugiro e ele concorda. Assim tenho tempo pra arrumar tudo sem que ele fique bisbilhotando, mesmo estando juntos ainda tem coisas que não estou pronta para ele ver... E também não estou a fim de lidar com o adolescente que nunca viu uma calcinha na vida, então é melhor ele ir lá para sala mesmo.

...

- Kate! – Escuto ele me chamar e começar a gargalhar, não entendo nada.

- O que houve e qual é a graça? – Pergunto rindo dele. Ele tá sentado no chão rindo como uma criança com um livro na mão.

- Você. – Ele me mostra a capa do livro. Não! Droga! Como me esqueci do meu anuário? Pra que ainda tenho isso mesmo? Tento tirar da mão dele, mas Castle, quando quer, é mais ágil e mais forte que eu.

- Castle, me dá isso agora. – Tento falar com uma voz firme, mas não consigo. Se ele ver isso vai me atormentar por muito tempo. Fico pulando nas costas dele tentando alcançar o livro, porém ele é mais alto que eu. Esses saltos me fazem ter a ilusão de que sou mais do que realmente sou. Merda!

- Como você era bonitinha, Katie. – Pronto. Começou. – De trancinha no cabelo, que coisa fofa!

- Ah! Tá. Fica com isso. É de que ano? – Se for do ano que estou pensando não tem problemas.

- Aqui diz que você estava no 7º ano do ensino fundamental. – Ele começa a rir de novo.

- Haha. – Finjo rir e vou para a estante pegar os outros anuários que são muito piores que esse.

- Não adianta pegar os outros, já sei que estão ai e é melhor deixa. A não ser que queira se punida. – Ele fala distraído com algo que lê.

- Oh, Rick. Depende da punição. – Falo com a melhor voz sensual que tenho, uma insinuação de sexo sempre o faz se esquecer de tudo o que estava pensando.

- Não, Beckett. Dessa vez não vai dar certo. – Ele rir debochado. – Já esperava essa sua tacada e vou resisti... Mesmo querendo muito te agarrar agora... – Ele falou essa última parte baixinho, mas eu escutei e tive que rir.

- Ai! Tudo bem. Você pode ver. – Jogo os livros que tinha na mão no chão. – Rick, olhe pra mim. – Falei sério e ele pareceu perceber, pois me olhou imediatamente. – Eu odeio essa fase da minha vida e nunca mostrei pra ninguém essas fotos. Estou confiando em você.

- Ei. Não tem nenhum problema, tenho certeza que sempre foi linda e estudiosa. – Ele passa a mão na minha bochecha e coloca aquela teimosa mecha atrás da minha orelha. Fecho os olhos com o carinho e sinto ele me beijar e retribuo. – Agora eu preciso ver a KBecks rebelde.

- Ah! E você era realmente muito fofa quando criança. Vamos ver esse. – Ele pega um dos anuários que estavam no chão e procura minha foto. – Não sabia que usava óculos.

- Não preciso mais, mas quando era pequena tinha muita dor de cabeça. Descobri que era míope, mas o grau era pequeno e por eu usar os óculos acabou. – Dei de ombros.

- Hm. Participava do clube de leitura e... Da equipe de baseball? Que criança você era? Isso não tá certo, ou você é inteligente e tira notas boas ou você é atleta e um idiota. É a regra dos filmes. – Eu reviro os olhos. Sei que os filmes são realmente assim, mas não é uma regra e sempre amei baseball.

- Sinto em lhe informar, mas essa não é regra e a prova disso sou eu.

- Me deixa ver esse. – Ele pegou um e procurou por alguns minutos. – Ué. Por que você não aparece nesse? – Eu comecei a rir, ele vai levar um susto.

- Aqui. – Eu aponto para a minha imagem e ele arregala os olhos. – Pois é.

- Impossível! Como você conseguiu engorda, usar aparelho e óculos? – Ele fala tudo com aquela voz fina que sai quando ele está assustado ou empolgado.

- Primeiro: Obrigada por todos os elogios. Segundo: Bolinhos, dente torto e miopia.

- Uau! Deveria colocar na internet com o antes e depois, é um exemplo de superação. – Eu dou um soquinho de brincadeira no braço dele que apenas ri.

- Esse foi o pior ano da minha vida! Todo mundo me zoava e eu não tinha amigos. – Acho que foi nesse ano que aprendi a ser quieta assim.

- Mas continuava no clube de leitura. – Ele sorriu orgulhoso e beijou minha cabeça. Pegou o outro e sorriu.

- Agora sim parece você. – Ele ri. – Sem óculos e magra. Com essa carinha aqui... Deve ter se tornado a popular e todos os garotos queriam ficar com você, acertei?

- Pararam de me zoar e eu comecei a ter amigo e estava namorando, mas não era popular. – Revirei os olhos.

- Quem era o garoto? – Ele perguntou, foliei algumas páginas até achar o meu namorado na época. Antony Hammer. – Hmmm. Bonitinho. – Gargalhei. Quem não conhecesse Castle nunca diria que ele tem 40 anos.

- Ele era bem gatinho e beija muito bem. – Ainda me lembro do nosso primeiro beijo. Nossa, isso faz tanto tempo.

- Ok. Vamos para o outro. – Ele fechou a cara e fez beicinho, sempre ciumento. – Cada vez ficando mais parecida com você agora, mas ainda tá com cara de menininha.

- Isso só foi no 1º ano do ginásio. Ai que meus pais começaram a ter trabalho. – Ele me olhou com os olhos arregalados e eu ri o provocando. – Já estava com outro namorado.

- Ai meu Deus, não me diga que você era uma daquelas garotas fúteis.

- Claro que não, ainda era do clube de leitura. – Apontei para a lista, onde estava meu nome. – Mas, digamos que eu gostava dos garotos mais assanhados. – Pisquei pra ele que prendeu a respiração.

- Próximo! Isso tá ficando cada vez melhor. – Ele falou baixo, mas eu estou do lado dele, consigo escutar tudo o que ele fala. – Uh! Pegava facilmente! – Eu o olho com a sobrancelha arqueada.

- Sabe que eu só tinha 16 anos ai, né?

- Quem disse isso foi o Robgers não Castle. – Eu ri, sempre que estamos sozinhos é difícil ficar séria.

- Ai sim você pode dizer que era popular e todos queria ficar comigo. – Falo um pouco convencida e ele ri charmoso e me beija.

- Não me diga que você era líder de torcida? – Rick pergunta com uma cara de tédio.

- Claro que não. Era líder do clube de leitura.

- Mesmo nessa época você era nerd?

- Sim. De que adianta ficar bonita se é burra. – Ele me aperta em um abraço de urso e eu tenho que gargalhar.

- Minha noiva é linda e inteligente. Obrigado, Deus! – Ele beija várias vezes a bochecha, testa e lábios e eu só consigo rir. – Você estava namorando com quem nessa época?

- John Ross. Capitão do time de baseball. – Ele revirou os olhos. – Clichê, eu sei. Mas ele era lindo e forte. Ah, ele foi meu primei-

- Não! Não fale isso. – Ele pôs a mão nas orelhas pra não me ouvir, não acredito que ele vai fazer isso.

- Por que isso agora?

- Na minha mente eu fui o único com quem transou e quero manter essa imagem na minha mente, então... Shhh!

- Ai Deus! Tem certeza que você não tem nenhum problema mental?

- Não, mas quem liga? Sou escritor de best sellers famoso. – Ele ri, ainda não sei como seu ego não explodiu. – Ok. Próximo e último ano. – Ele abre e procura pela minha foto. – Ai meu Deus! O que você fez no cabelo?

- Pintei de preto com as pontas roxas. Ficou legal. – Ainda me lembro de manchar minhas roupas por causa daquela tinta.

- Me deixe adivinhar. Rainha do baile?

- Errou. Não fui ao baile. – Posso ter sido um clichê ambulante durante todo o colegial, mas nisso eu fui diferente.

- Por quê?

- Sei lá, acho chato. Preferi ir a uma festa na praia com o pessoal do grupo de leitura, fizemos uma roda de poesias, foi muito legal. – Ele apenas riu.

- É detetive Beckett, você novamente me surpreendeu. E não retiro o que disse, sempre foi linda. – Rick sempre sendo carinhoso, ele nunca vai saber disso, mas ele é perfeito.

- Agora falta você me mostrar o seu.

- Nunca. Prefiro que fique com a imagem que tem de mim agora, que já não é muito boa.

- Quando você menos esperar vou encontrar.

- Nunca! – Eu sento em seu colo e o calo com um beijo, agora eu quero aprofundar. Logo estamos provando o sabor do outro.

- Vou fazer você mudar de ideia. – Sussurro em seu ouvido e mordisco o pescoço dele, Castle sempre fica louco quando faço isso.

- Veremos, detetive. – Gritei de susto quando ele nos virou e me deitou no chão atacando meu pescoço com os lábios.