Diário De Uma Adolescente Tímida escrita por Bi Hyuuga


Capítulo 15
A véspera


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, leitores! Como vocês estão?

Bom, quero começar dizendo o quanto esse capítulo foi trabalhoso. Por mais que eu já tivesse o roteiro do que eu escreveria nesse, eu levei vinte dias pra concluir. Apaguei e reescrevi tanta coisa que até perdi a conta. O começo do capítulo então, foi um desastre. Contudo, eu gostei do resultado final e espero que vocês apreciem.

Apesar da demora, o capítulo deu mais de sete mil palavras (no word, porque o Nyah corta algumas palavras), então até que valeu a pena (eu espero).

Algo importante: esse capítulo tem várias brechas para que eu trabalhe no futuro, por isso foi difícil, fora, é claro, toda a explicação do contexto da véspera da festa da empresa (sim, o próximo capítulo é a festa).

E eu agradeço os antigos leitores que não desistiram de mim KKKKKKKKKK ♥ eu tive tantos hiatos horríveis, me perdoem.

Boa leitura a todos!

PS: leiam as notas finais, tem um aviso importante.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/537015/chapter/15

— Hana-chan, me passa aquela caixa, por favor. – a mais velha aponta em direção à sua cama.

Hinata está no quarto degrau de uma escada, com as portas do armário superior abertas, enquanto aguarda sua irmã lhe entregar a pequena caixa de sapato. As prateleiras estão bem organizadas e não há muito espaço sobrando, mas é o necessário para que ela acomodar o último item.

Com cuidado, ela desce e ajeita a escada articulada, colocando-a numa gaveta discreta na parte inferior do guarda-roupa.

— Será que eu levo mais alguma coisa? – Hanabi questiona.

Hinata fica de pé e volta sua atenção à sua irmã, limpando as mãos na lateral de sua calça. A caçula se encontra sentada na própria cama, com uma pequena mala aberta em sua frente. Ali estão poucas peças de roupa, dois pares de sapato, uma necessaire (contendo maquiagens e itens de higiene bucal) e roupas íntimas.

A morena se aproxima e faz uma cara pensativa

— Já separou o vestido? – a mais nova confirma com a cabeça e a outra continua: – Acho que não falta nada então. A Sakura-chan falou que não precisa levar nada além disso.

É manhã de sexta-feira, véspera da festa da empresa. As garotas Hyuugas terminavam de arrumar suas malas, pois ambas dormiriam na casa da amiga Haruno e só voltariam no dia seguinte, pouco antes de começarem a celebração.

O porquê disso é facilmente explicado: a casa está de pernas para o ar de tanta movimentação.

O evento será realizado majoritariamente no enorme quintal da mansão Hyuuga. Entretanto, a parte interna que será utilizada para o jantar, entrevistas e recepção de convidados é a parcela pertencente à Hiashi. Dessa forma, todos os seus bens pessoais e de suas filhas foram – e estão sendo – levados para o lado da mansão de Hizashi: alguns móveis, objetos de decoração e pertences individuais. Assim, enquanto um lado da casa está quase vazio, o outro está quase intransponível, com exceção do banheiro, dos dois quartos e de uma parte da cozinha.

Hinata segue em direção à sua própria mochila, também arrumada.

— Vamos levar até o Mitsuo-san, pra deixar no carro.

As meninas pegam suas coisas e se direcionam até a porta, descendo as escadas.

A visão era de uma casa recém-comprada. Sobraram poucas mobílias ali. O sofá fora realocado para um canto, deixando um espaço bem mais aberto, onde seria montando um tablado baixo para a banda contratada. As três poltronas passaram para o outro lado do cômodo, criando o cenário para as fotos oficiais entre os convidados. Além disso, a mesinha de centro fora mantida, assim como algumas mesas abaixo de alguns quadros.

De resto, tudo está vago e impecavelmente limpo.

Desde o começo da semana, uma equipe de dez pessoas foi contratada para ajudar com a arrumação. Três deles são profissionais de limpeza. Outros três cuidam da decoração e do design de interiores. Os restantes são como faz-tudo na organização, se ocupando principalmente do quintal – que não era pequeno –, cozinha e recepção de encomendas.

Hinata tinha consciência de que, no dia seguinte, a casa estaria ainda mais diferente do que já se encontra. Fora a equipe usual, a arrumação continuaria com mais outros três grupos que chegarão às 6h e ficarão até às 17h naquele sábado, finalizando o processo iniciado e que, provavelmente, só está 40% concluído até o então momento.

A garota segura a maçaneta e abre a porta da frente. Longe, ela consegue visualizar um caminhão e algumas pessoas transportando mesas e cadeiras para os fundos. A grama está cortada e há enfeites de pedras e flores no caminho até a entrada, mas a maioria das coisas ainda está desmontada e amontoada a uns metros de distância de onde ela e a irmã estão.

As Hyuugas passam o olhar pela extensão do terreno, a procura de Mitsuo.

— Não o vejo – a caçula pronuncia.

— Procura na garagem. Eu vou ver se ele está com o papai.

A pequena concorda com a cabeça, deixando sua mala ao lado da porta, na parte interna da casa, antes de sair atrás do motorista. Já Hinata volta para dentro e segue em direção à parcela da casa pertencente ao seu tio.

Sua mochila é colocada ao lado da porta que dá acesso ao outro lado da propriedade, e a garota leva apenas o celular consigo, no bolso de trás de sua calça.

Ela caminha pelos corredores. Se não tivesse crescido ali desde pequena, ficaria perdida com as pilhas de caixas e móveis sobrepostos (ou dispersos). Ela não parava de se perguntar quanto tempo levariam para montar tudo de novo.

A garota escuta uma voz de noticiário vindo diretamente do quarto de seu tio.

Ao abrir a porta, encontra seu pai sozinho, aparentemente tentando encontrar algo nas gavetas. A televisão está ligada no jornal da manhã, que transmitia informações sobre as empresas Haruno.

“Amanhã, às oito horas da noite, a tão esperada festa dos Haruno se iniciará. Termos a presença da nossa equipe de reportagem, que cobrirá todo o início do evento. Faremos uma entrevista exclusiva com o presidente da empresa, Kizashi Haruno, e-...”

— Tou-san – Hinata para de prestar atenção na notícia para chamar atenção de seu pai – Precisa de ajuda?

Hiashi está sentando em frente à cômoda, visualizando a última gaveta. Seu cabelo está preso – o que é muito raro de acontecer – e sua expressão é de preocupação.

— Não – ele nega com a cabeça e se inclina para trás, encostando na cama – Só estou me distraindo.

Hinata sabia que era mentira, mas não ousou contestar.

O pai da garota dá dois tapinhas no chão, chamando-a. Ela entra no cômodo e se senta no chão ao lado dele. Mais de perto, é perceptível algumas olheiras embaixo dos olhos do homem e a tensão em seus ombros.

— Vai dar tudo certo – ela tenta algumas palavras de conforto.

Seu pai sorri discretamente e encara a garota. Ela é realmente muito parecida com a mãe. Alguns segundos de silêncio se decorrem.

— Eu quero te pedir uma coisa.

A mais velha sempre soube que, quando seu pai iria lhe pedir algo de extrema importância, ele costumava começar assim. No geral, ele apenas pedia diretamente, sem enrolar ou preparar terreno.

Ela confirma com a cabeça, esperando que ele continuasse.

— Eu gostaria de te ouvir cantando amanhã – seu tom é suave e seus olhos estão direcionados à filha.

O rubor nas bochechas de Hinata é quase imediato, ao imaginar-se cantando na frente de tantas pessoas. Sua timidez não iria deixar. Seus próprios amigos mal sabiam disso, com exceção de Kiba, Shino e Tenten.

— Tou-san, e-eu n-...

— Eu quero fazer uma homenagem para sua mãe. Ela sempre foi uma parte crucial da empresa.

A morena se lembrava de como Hiromi era o porto seguro quando Hiashi estava prestes a surtar ou mais: sobre como ela sempre apareceu com uma solução para os problemas. Seu pai hoje passa a maior parte do tempo tenso, e quando sua mãe era viva, a situação era contrária.

O coração da garota apertou e ela mordeu o próprio lábio inferior.

Ela queria fazer isso? Sim. Contudo, seu nervosismo e sua timidez a deixavam com medo de não atingir não só as expectativas de seu pai, mas como também de algum erro estragar a festa tão minuciosamente planejada por tanto tempo.

Ela fica pensativa, quase estática em sua posição. Ela seria realmente capaz de fazer isso?

Um silêncio decorre brevemente quando um som ecoa do corredor, fazendo os dois Hyuugas do quarto olharem em direção à porta.

Hanabi aparece segundos depois e olha para eles, esboçando um sorriso ao encontrá-los.

— Mitsuo-san estava nos fundos, ajudando a guardar as mesas. Ele já levou nossas malas pro carro – ela se aproxima e senta na beirada da cama de Hizashi, onde Hiashi está encostado – Do que estavam falando?

A curiosidade no tom de sua voz era evidente.

— Eu vou cantar amanhã na festa – o tom de voz da mais velha sai mais baixo do que o previsto.

Tanto seu pai quanto sua irmã a encaram, um pouco chocados com a revelação. Hana se espanta por saber que a irmã era bem reclusa e que se apresentar em público seria como pular muitos degraus ao invés de ir um de cada vez. E Hiashi, por se surpreender com a decisão ter sido mais rápida do que o esperado. Ele conhecia muito bem sua filha e tinha certeza que ela pediria um tempo para pensar.

Mas não foi o caso.

A caçula agora está alegre. Se não estivesse sentada, estaria saltitando.

— Nee-san, todos vão amar! Não acredito que vou ver você cantando num evento! Isso é empolgante! – a animação da menina fez com que os outros dois soltassem risadinhas nasais, apesar da mais velha sentir um peso em suas costas.

Um som interrompe a reunião em família. Hinata tira o celular do bolso e vê o nome do contato estampado na tela, com uma imagem de perfil.

Com um baixo pedido de licença, ela se levanta e sai do quarto, caminhando alguns passos pelo corredor antes de atender à ligação.

— Moshi moshi.

Ohayo, Hina. Que horas vocês vem para cá hoje?

— Ohayo, Sakura-chan. Depois das sete. O Mitsuo-san vai nos levar antes de buscar meu pai e meu tio no alfaiate.

Tá bom. Eu comprei uns doces para a gente comer enquanto vemos um filme. Deixem espaço para a sobremesa depois da janta.

— Tudo bem, Sakura-chan – a morena solta uma risada – Ja ne.

Ja ne.

Hinata desliga o telefone após ouvir um som do outro lado da linha, permitindo novamente a visão do plano de fundo de seu celular. Havia uma notificação de mensagem ali.

Com um clique na tela, uma conversa de chat se abre e a garota leva a mão esquerda à boca, sentindo toda a superfície de seu rosto queimar.

Ali estava uma foto de Naruto sorrindo para a câmera. O fundo da foto mostrava a entrada da escola e não parecia haver ninguém aos arredores. A mensagem de texto seguinte dizia: “Vou me esforçar, Hina-chan. Dattebayo!”.

Hinata não soube quanto tempo ficou encarando aquele sorriso.

— Dá pra ouvir seus batimentos cardíacos acelerados a um quilômetro daqui – Hanabi murmura, com um tom de diversão.

A caçula saíra do quarto e se aproximara da irmã sem que ela percebesse. Ela conseguiu se esgueirar, do lado esquerdo, para enxergar a tela do celular da irmã, buscando o motivo pelo qual ela estaria estática.

Não foi uma surpresa.

Hinata bloqueia a tela num pulo, e olha pra irmã com uma cara de susto, virando seu corpo. Ela passa a mão no cabelo, colocando-o arás da orelha, ainda envergonhada.

A menor apenas ri.

— Que horas você vai sair?

— Um pouco depois do almoço. A prova dele deve acabar até às 15h.

— Posso escolher sua roupa? – Hanabi mostrava empolgação.

— Pode. Mas – a mais velha interrompe, antes que sua irmã saísse correndo – Não exagere, Hana-chan.

[...]

Hinata saíra do banho e foi para o quarto com uma toalha enrolada em seu corpo. Seus cabelos estão presos em uma toalha para tirar a umidade.

Em cima de sua cama está uma camiseta regata esticada. Ela é listrada com as cores branca e lilás, combinando com a tonalidade clara de seus olhos. Há também uma saia jeans justa de cintura média, de cor bem escura. Um casaquinho preto corta vento acompanha o conjuntinho, assim como uma sandália igualmente preta.

Por fim, há uma tiara de pano lilás sobre a cama, uma que a morena nem sabia que ainda possuía. Foi um presente de sua mãe, há muitos anos, que ela usou poucas vezes devido ao tamanho grande para uma garota com oito anos de idade.

Ela segura o acessório em suas mãos quando ouve a porta se abrir.

— Onde você encontrou isso? – Hina se vira em direção à porta, encarando a irmã.

— Quando a gente estava arrumando as coisas do armário – a caçula começa a explicar enquanto entra no quarto e pula em sua cama – Eu achei a tiara caída atrás de uma das gavetas. Eu peguei, lavei e vi hoje que tinha secado.

A mais velha concorda com a cabeça, entendendo o porquê sua irmã queria escolher sua roupa. Ela sorri.

Em seguida, lembrar-se de que sairia em um encontro com Naruto a faz enrubescer.

Já Hanabi ri. Ela está deitada de barriga para baixo, com os cotovelos apoiados na cama, o queixo nas mãos e balançando as pernas de cima para baixo, alternadamente.

Hinata segura suas peças em um braço e o par de sandálias com a mão contrária, seguindo para o banheiro para se trocar.

~

Naruto sai da sala, encostando a porta atrás de si.

Acabou.

Finalmente acabou.

Seu suspiro é de puro alívio.

Ele leva suas mãos ao rosto, sentindo o próprio suor. Nem em um jogo ele ficava tão nervoso quanto ficara para suas últimas provas – no caso, as de recuperação.

Seus passos ecoam pelos corredores vazios da escola até ele entrar no banheiro.

O reflexo no espelho era metade agradável e metade um desastre.

Para começo de conversa, ele estava suado até o início da raiz dos cabelos. O Uzumaki lava o próprio rosto e passa água em seus fios loiros para disfarçar a situação. Em seguida, limpa seu pescoço e usa uma pequena toalha – ele sempre carregava uma na mochila, devido aos treinos do basquete – para se secar.

Sua roupa está em ordem, por um milagre divino. Ele usa uma camiseta branca lisa, shorts jeans na cor laranja e, em sua bolsa, há uma blusa laranja e preta que ele usara ao chegar à escola pela manhã, devido ao vento gélido.

Naruto apoia sua mochila sobre a pia e começa a procurar seu desodorante e sua escova de dentes, que também sempre carregava consigo.

Para quem jogava basquete no time da escola, ele aprendeu a ser prevenido, principalmente de alguns (muitos) infortúnios que ele teve que enfrentar em campeonatos.

Além disso, Hinata sempre é muito cheirosa, seria péssimo ela ter que conviver por algumas horas com um cara cheirando a suor e com mau hálito.

Após seus minutos de arrumação, o garoto guarda tudo e se analisa novamente no espelho.

Bem melhor.

Orgulhoso de seu feito de exatos sete minutos, ele recolhe suas coisas e sai do banheiro, em direção à saída da escola.

São quase 15h, o dia está quente e o sol estaria sozinho no céu se não fosse por algumas nuvens insistentes. Era o clima perfeito para o que Naruto planejara, e isso o faz sorrir e rir sozinho.

Seu orgulho de si mesmo não durou mais do que três minutos.

Ao descer a escadaria da escola, ele avista uma figura feminina parada em frente ao portão, o aguardando. Ela se vira em direção a ele ao ouvir a movimentação e o garoto para sobre a escada por um instante.

Hinata Hyuuga está perfeita. Com a roupa completamente limpa, arrumada e harmoniosa. Com o cabelo preso com uma tiara, sem um fio fora do lugar, e seu rosto à mostra – ah, esse rosto. Com uma bolsinha preta pendurada em seu lado direito. Com as pernas, dos calcanhares até acima dos joelhos, à mostra.

Ele quis se esconder. Sua roupa era simples e sua cara, de quem acabou de sair de uma prova de dez horas (mesmo tendo durado só duas). Bem melhor uma ova, ele pensa.

O loiro põe-se a caminhar novamente, descendo as escadas e indo em direção à morena. Ela parecia inquieta e era perceptível o rubor em suas bochechas. Deve ser o sol.

Mal sabia o garoto sobre o coração palpitante, o nervosismo e a ansiedade da Hyuuga. Mas isso não era uma novidade.

— Kon’nichuwa, Hina-chan – ele cumprimenta, levando uma mão atrás da cabeça e esboçando um sorriso.

— Kon’nichuwa, Naruto-kun – ela corresponde, sorrindo de forma tímida. – Como foram as provas de hoje?

— Difíceis – ele diz sem ânimo, desviando o olhar, e abaixa sua mão – Mas tiveram mais questões que eu soube responder do que na primeira prova.

Naruto não queria mentir para Hinata. Porém, apesar de toda a ajuda, ele precisava se dedicar e estudar bem mais. Nunca foi tão bem em alguma prova como nas últimas semanas, mas ainda não era o suficiente para tirá-lo completamente da iminência de uma expulsão do time.

Talvez ele devesse conversar com seu pai, para te dar um prazo maior para melhorar as notas.

— Não faz muito tempo que você começou a estudar mais, então é normal que ainda leve um tempo para se sair tão bem quanto quer. Mas você vai conseguir – as palavras de Hinata tentam encorajá-lo.

Ele sorri sem mostrar os dentes.

A garota aperta mais firmemente a alça da bolsa. Ela está se sentindo de volta ao início do ano, quando qualquer interação com Naruto a fazia corar. É fato que, depois de ajudá-lo com os estudos e acompanhá-lo mais de perto, a Hyuuga perdeu o excesso de timidez que a fazia gaguejar em todas suas falas. Entretanto, a situação aqui é diferente.

Ela nunca esteve em um “encontro”.

Muito menos com a pessoa que ela era apaixonada há anos.

— Bom – Naruto solta um “hehehe” antes de continuar – Acho melhor irmos enquanto ainda não fechou.

— Não fechou o que? – Hinata pisca duas vezes, sem entender.

— Um lugar – ele ri da própria resposta, mesmo sendo completamente estúpida.

Hinata sorri devido à risada do rapaz e o acompanha. Agora, ambos estão andando lado a lado pela calçada do quarteirão da escola. Não há muito movimento nas ruas, nem de carro e nem de pedestres.

Ela deixa que ele a guie até o destino.

Durante o caminho, Hinata e Naruto conversaram sobre as provas de recuperação. Enquanto o loiro contava sobre as questões, suas dificuldades e suas respostas, a garota tirava suas dúvidas e dava sua opinião sobre acertos e erros.

A morena não sabia dizer quanto tempo passou, apenas conseguiu identificar a direção que estava quando o lugar lhe foi escancarado à visão: o parque de Konoha.

Entretanto, o que ela não fazia ideia era que aquele era somente uma parte do destino deles. Ele dissera sobre um lugar fechar, mas o parque ficava aberto até durante uma parte da noite.

Ambos passam pelo arco de entrada e começam a caminhar pela trilha de pedras, sem pressa. O ar fresco e as sombras refrescavam a pele, e o cheiro da grama passava uma sensação de tranquilidade.

— Eu só espero que eles não demorem a lançar as notas – o Uzumaki faz um biquinho, descontente.

— Você se saiu bem, Naruto-kun. – ela dá uma breve risada pela expressão dele – Melhor do que nas outras provas. Pode ainda não ser o suficiente para recuperar suas notas, mas já vai ajudar bastante.

Uma criança passa correndo na frente dos dois, atravessando a pista de caminhada para alcançar o gira-gira.

— Você já teve dificuldade em alguma matéria? – ele não esconde o tom de curiosidade em sal voz.

Desde que sabia, Hinata sempre foi uma aluna exemplar. Não apenas em notas, mas como também em dedicação à vida escolar, o que era bem diferente dele.

— Quando eu era mais nova, sim.

A Hyuuga confessa, mexendo na ponta de uma mecha de cabelo, um pouco envergonhada, não olhando diretamente para ele.

— Minha mãe me ajudava a estudar quando ainda estávamos na KES – ela continua – Eu não assimilava muito bem o que aprendíamos em história, principalmente, e em alguns assuntos de ciências.

Naruto a encara por um breve instante antes de desviar seu olhar novamente para frente.

— Não parece – ele solta.

— Como assim? – agora é a vez da garota olhar para o rosto do loiro, confusa.

— Eu só aprendi alguma coisa de história por causa de você.

Hinata ruboriza mais e encara os próprios pés enquanto caminhava.

— A-arigatou – responde, sem graça.

O silêncio se estabelece entre eles durante os devaneios individuais de cada um. Durante o tempo em que a morena tentava se recompor e não demonstrar tamanha vergonha – o que era difícil, já que seu coração acelerava a cada conversa -, o garoto buscava em sua cabeça similaridades que ele teria com Hinata.

Assim como ele percebera na biblioteca, ele sabia pouco sobre ela.

E a situação seguinte a seu pensamento só reafirmou tudo ainda mais.

Enquanto andavam, ambos ouviram um assovio acompanhado de um nome. Ambos viraram a cabeça em direção ao barulho e pousaram o olhar sobre a figura de um moreno e um cão grande que o acompanhava.

— Hina-chan!

A Hyuuga sorri e vai em direção ao amigo, sendo seguida por Naruto.

— Kiba-kun!

A trilha já estava a alguns metros quando há o encontro e Kiba abraça Hinata, que prontamente retribui o afeto.

O loiro nunca esteve tão confuso e surpreso.

Não que ele não soubesse que aqueles dois eram amigos, mas ele não tinha noção da intimidade de ambos até ver aquele abraço: caloroso e familiar, como amigos de muitos anos. Nenhum pensou duas vezes antes do gesto, enquanto ele mesmo, Naruto, nunca sabia nem como cumprimentar Hinata.

Ambos soltam o abraço depois de poucos segundos que, para o Uzumaki, mais pareceram longos minutos.

Seu coração começa a acelerar, como se estivesse ansioso e em estado de alerta para algum sinal.

Naruto quase solta uma careta devido ao seu novo estado físico desconhecido, porém consegue evitar diante da aproximação do moreno lhe estendendo a mão, com um sorriso em seu rosto.

Eles se cumprimentam como colegas e amigos de time, nada além disso.

— O que faz aqui, Kiba-kun? – a garota questiona.

— Hoje é dia de feira de adoção – ele aponta para uma tenda montada atrás de si.

O loiro ainda não havia reparado antes. Havia um estande cinza montado a dez metros ali, sendo que abaixo dele havia cercadinhos com cães e gatos dos mais diversos tipos.

— Eu achei que seria semana que vem – a Hyuuga fala como se já soubesse que haveria a feira de adoção.

Kiba ri.

— Acabamos decidindo fazer duas.

Naruto para de prestar atenção na conversa.

Ele ainda estava muito surpreso e confuso. Então, Kiba era um dos melhores amigos de Hinata? Eles conversavam frequentemente? Como ele nunca percebeu a proximidade dos dois? Kiba era inteligente e esforçado como Hinata? Por que ele está em uma feira de adoção? E quem é o ca-...

— Akamaru! – a morena abaixa as mãos e inclina um pouco para frente para acariciar o pelo do animal que acaba de se aproximar, depois de um pequeno desvio no caminho para cheirar a árvore mais próxima.

O cão era enorme, branco de orelhas machadas de marrom e, com certeza, muito dengoso. Parecia ser o completo oposto de “Cuidado, cão bravo”.

Akamaru está abanando o rabo quando sai de perto da morena e vem pedir atenção para Naruto. O loiro começa a acariciar a pelagem quando o cachorro pula e o derruba de bunda no chão.

Agora, ele está sentado na grama enquanto brinca com o cão, rindo. Akamaru era cativante, apesar de ter sujado toda a sua roupa com pelos – e, provavelmente, traços de baba canina.

— Já chega, né – Kiba segura a coleira do cão e o puxa para trás, dando espaço para Naruto ficar de pé.

O Uzumaki estava sorrindo quando se pôs em pé. Na tentativa de tirar os rastros do cachorro de si, ele passa a mão por suas roupas.

— Preciso me despedir aqui – o moreno anuncia de forma simpática – Foi bom ver vocês, mas o trabalho me chama. Ja ne, Hina. Naruto.

Kiba faz um breve aceno com as mãos antes de dar as costas e correr, chamando Akamaru, que o acompanha prontamente.

A morena se despede com um sorriso e logo volta a encarar os olhos azuis que ela tanto era apaixonada.

— Desculpe pela pausa momentânea – ela diz, meio sem graça pela interrupção abrupta de Kiba.

Naruto percebe que as bochechas dela estão rosadas mais uma vez.

— Não tem problema – ele sorri de orelha a orelha, leva uma mão atrás da cabeça e solta seu famoso “hehehe”.

Eles retomam o caminho na trilha de pedras do parque, sendo que o loiro ainda tenta insistentemente tirar o que sobrou de pelos brancos em sua roupa.

— Então... – ele começa.

Seria muito invasivo perguntar à garota sobre sua relação com Kiba? E se ela possuía amigos mais próximos? Não que o Uzumaki costumasse ter esse filtro pra conversas. Afinal, na maioria das vezes, ele só soltava as palavras e percebia depois que a merda estava feita – caso percebesse.

Não queria ser assim com Hinata. Ele queria tornar seu dia agradável, devido a tanto esforço que ela dedicou a ele ao longo das últimas semanas.

Naruto começou a se sentir repetitivo. Todas as vezes que ele pensava sobre ela, caia no mesmo looping de “quero recompensá-la de alguma forma” e “ela está me ajudando mesmo não sendo responsabilidade dela”. Ou ainda “a culpa não é dela se eu que sou burro”.

— Você conhece o Kiba há quanto tempo? – ele continua, percebendo que deixou um vácuo de curiosidade na conversa.

— Hum... Uns dez anos – ela responde, olhando para frente enquanto caminham – Nos aproximamos bastante na KES. Éramos da mesma sala. – uma pausa – O Shino também.

— O Shino? Aquele cara quieto do canto da sala?

— Ele mesmo – ela dá uma risada nasalada – Antigamente, saíamos mais em grupo. Hoje em dia, como os dois trabalham, é mais raro.

O garoto concorda com a cabeça, já avistando em frente à tão esperada melhor-sorveteria da cidade. Se não fosse pelo Ichikaru, aquele seria o seu lugar preferido.

— Chegamos – anuncia.

— Mas já não tínhamos... – a garota se cala assim que o loiro indica uma sorveteria de dois andares à sua frente.

A parede do lado de fora era toda branca e a faixada com o nome da sorveteria brilhava em diferentes cores. As luzes pisca-pisca indicavam “Ice Ice no Cream”*.

Naruto encara a Hinata ao seu lado, deixando escapar um sorriso. Ele abre a porta e a espera entrar. Em seguida, segura a mão da garota e anda apressado em direção ao andar de cima, mal tendo tempo para que ela apreciasse o ambiente – e, é claro, deixando-a envergonhada, o que dificultou ainda mais que ela reparasse na arquitetura e interior do térreo da sorveteria.

Chegando ao topo da escada, o loiro solta a mão da menina, que, por sua vez, volta a ter controle sobre suas faculdades mentais.

O piso era de madeira, bem como as mesas e cadeiras. Havia uma porta de vidro que dava acesso ao lado de fora, na varanda, enquanto que o lado de dentro era composto por alguns sofás – nas mesas próximas à parede – e possuía algumas flores penduradas pelo suporte no teto. Além disso, há duas televisões, em pontos opostos, e algumas caixas de som pequenas dispostas pelos cantos. Tocava uma música instrumental e as TV’s estão mutadas, com legendas.

O Uzumaki abre a porta de vidro para Hinata, e a mesma passa. Agora, há apenas quatro mesas, sendo duas com dois lugares e duas com quatro. A cerca da varanda é de madeira e apresenta detalhes em formatos retangulares.

A brisa alcança seus fios de cabelo e sua pele quando a mesma olha para além do estabelecimento. A sua vista à direita é o parque e as inúmeras árvores que o cobrem. Já à esquerda, é possível ter uma visão limpa – pelo menos, para uma cidade – do céu e, especificamente nesse instante, do sol do fim de tarde.

A Hyuuga está tão encantada que não percebe que o loiro já deixou seu lado e escolheu uma das mesas. Ela só se vira em sua direção quando ouve um assovio breve para chamar-lhe a atenção e tirá-la do transe.

Assim que Hinata se senta, Naruto segue para a cadeira oposta da mesa.

— Aqui é lindo – ela diz, com um sorriso tímido.

Antes que o Uzumaki replicasse, um garçom chega até à mesa.

— Bem vindo de volta – a identificação do atendente dizia “Akira”. – Bem vinda – ele diz para Hinata.

Os cardápios são entregues aos dois e Akira se retira, enquanto vai atendendo outras mesas.

Após minutos, eles decidem o que vão comer e fazem o pedido para o atendente. Quando o mesmo se retira pela segunda vez, eles retomam a conversa anterior.

— O Kiba e o Shino são seus melhores amigos? – Naruto ainda se mostra interessado no assunto.

Ele não se importava – e não percebia – quando poderia estar ou não sendo invasivo. Mesmo que quisesse, ainda cometia gafes.

— São – ela sorri – Compartilhamos muitas coisas. Foi agora com a KHS que não estamos tão mais próximos assim, mas eles são pessoas incríveis.

O orgulho em sua voz era perceptível. Seus amigos batalhavam muito pelo que queriam. Sempre foram seu ponto de apoio, apesar de ela estar mais próxima às suas amigas agora.

— Você, o Sasuke-kun e a Sakura-chan também, não é?

— Hai. Mesmo o Teme não admitindo, sei que ele gosta de mim – o loiro solta sua risada “hehehe”.

Ao mencionar Sasuke, a garota resolve comentar sobre o pós-incidente do aniversário de Neji.

— Eu vi que seu nariz melhorou bastante já – ela diz, trocando de assunto.

Naruto mexe o próprio nariz e depois leva a mão até o rosto.

— Não sinto mais nada, mesmo estando um pouco vermelho.

Ela confirma com a cabeça, esboçando um leve sorriso que indicava um “que bom” sincero.

O atendente retorna com o pedido. Para Hinata, uma taça com três bolas de sorvete – uma de pistache e duas de baunilha – com calda de chocolate. Já o garoto recebeu seu sorvete com cinco bolas, sendo cada uma de um sabor – morango, baunilha, abacaxi, chocolate e flocos – e uma calda de frutas vermelhas (uma completa mistura de sabores).

— Está nervosa? – Naruto se pega pensando alto depois de alguns segundos de longos devaneios.

Ele muda de assunto e Hinata quase engasga com o sorvete, achando que ele poderia estar se referindo ao seu estado atual no encontro.

— Como assim? – ela está corada.

— Amanhã. Com essa festa de não sei o que vai ter – ele esboça uma careta – Não sei direito como funciona essas coisas.

Ela dá risada, mas confirma com a cabeça. Internamente, uma mudança de sentimentos se decorre: um alívio pelo garoto não se referir ao nervosismo dela no encontro sendo sobreposto por um novo sentimento de ansiedade, devido ao fato de que cantaria amanhã na festa das empresas na frente de muita – muita— gente.

— Estou – admite, lembrando-se de sua conversa com Hiashi pela manhã – Meu pai pediu ajuda com algumas coisas e também... é um dia que muitos estão esperando. É muito importante pras empresas, então... vai ter muita gente.

A fala era pausada, e o garoto conseguiu pensar a leve tensão disfarçada na voz da morena à sua frente. Ele não era muito bom em ler sentimentos alheios sobre alguns assuntos, mas se tornava um pouco mais fácil quando ele já tinha vivenciado algo similar. Ele também é filho de pessoas com uma empresa grande.

— Sabe o que eu faço quando estou nervoso? – ele buscava uma tentativa de ajudá-la, mesmo que soasse idiota.

Hinata nega com a cabeça.

— Fecho os olhos e imagino alguma outra coisa pior para me distrair – era um conselho bom (nos parâmetros “dicas de Naruto”), até que o garoto complementasse: – Como quando eu estava nervoso para as provas de recuperação e lembrei de quando eu quase quebrei o nariz no aniversário do seu primo e beijei o...

O loiro faz uma careta amarga e azeda, como se tivesse acabado de beber café sem açúcar e exprimido um limão inteiro em sua boca. Isso faz com que Hinata caia na sua primeira e mais sincera gargalhada naquele dia. Vivenciar a cena no dia foi traumatizante, mas sua risada é tão genuína e graciosa que chamou a atenção do rapaz. Apesar de estar rindo junto, ele não consegue tirar os olhos da morena, que está quase chorando de rir.

Era uma péssima memória? Sim. Por isso ela se encaixava. Nada seria pior do que um primeiro beijo acidental com seu melhor amigo, na frente de todo mundo, incluindo a pessoa pelo qual se era apaixonado.

Naruto não percebe que aquela foi a primeira vez que ele pensou sobre Sakura no dia inteiro.

Muito menos que o pensamento foi embora mais rápido do que água corrente.

[...]

O restante da tarde foi agradável. Além do primeiro sorvete, ambos pediram um sundae quando estavam prestes a ir embora.

No caixa, Hinata ameaça tirar a carteira da bolsa, mas Naruto a impede segurando seu punho.

— Eu pago. Esse é meu agradecimento pela ajuda das últimas semanas – diz, encarando-a.

Naruto não consegue sustentar seu olhar por muito tempo, pois logo desvia em direção à mulher do caixa. Ele conseguia sentir suas bochechas ruborizarem à contra gosto, e não queria que a Hyuuga percebesse isso.

Após acertar a conta, ambos pegam seu copinho com o sundae e saem da sorveteria. O sol já se pôs, logo era questão de tempo até a noite sobrepor à luz do fim da tarde.

O telefone na bolsa de Hinata toca e ela o atende prontamente.

— Moshi moshi?

O Uzumaki a observa enquanto a mesma murmura confirmações para a pessoa do outro lado da linha. Ele está com a colher na boca, apreciando a calda de chocolate que ficou grudada ali.

— Daqui alguns minutos o Mitsuo-san chega e eu vou, Sakura-chan. – uma pausa – Certo. Ja ne. – e desliga o telefone.

Naruto fica curioso sobre a situação, lembrando-se de que Sakura faz parte das empresas tanto quanto Hinata. Elas tinham um compromisso agora à noite?

— A festa é onde? – o loiro falha miseravelmente em deduzir do que se tratava o assunto, até porque já fora anunciado na mídia onde a festa iria acontecer.

— Na minha casa – Hinata suspira discretamente – Eu e minha irmã vamos pra casa da Sakura-chan agora, já que a nossa está sendo preparada.

Naruta solta um “oh” silencioso, concordando com a cabeça.

Ele não sabia o que pensar e nem o que sentir.

Como se essa fosse a deixa, um carro vira à esquina da rua e anda até parar ao lado dos dois, que esperavam na calçada da sorveteria. As janelas estão baixadas, então é possível enxergar o motorista e a irmã de Hinata.

Isso o faz lembrar-se de algo.

O loiro abre a porta do banco do passageiro e fecha assim que Hinata se senta, murmurando um “arigatou” baixo e tímido. Logo em seguida, Naruto se apoia na janela do bando de trás, olhando o interior do carro. Ele cumprimenta tanto Mitsuo quando Hanabi, mas logo engata sua pergunta de interesse pessoal:

— Hanabi-san, você é amiga da Menma?

Nesse momento, Hinata se vira para trás, encarando a cena confusa que se desenrolava.

— Não muito. Somos mais colegas de escola – a caçula faz uma cara pensativa, colocando a mão no queixo – A gente teve algumas aulas de Educação Física juntas, mas nunca conversei muito com ela. Por quê? – como toda boa pré-adolescente, sua curiosidade também falava alto.

— Porque minha irmã não quis me responder isso e... eu perguntei quando estava atrasado. – ele solta uma risada sem graça e se desencosta do carro.

Naruto aguarda ali enquanto espera o motorista dar a partida. Quando o carro sai andando, ele fica acenando um tchau e grita um “Ja ne” até o veículo sumir de vista ao virar a primeira esquina.  

~

— Hana-chan, por que nunca me contou que conhecia a irmã do Naruto?

Hinata está olhando para sua irmã no banco de trás. Fazia poucos segundos desde que perderam Naruto de vista.

— Porque a gente não conversa muito – ela dá de ombros, evitando não rir – Ela é mais velha que eu, então não estudamos na mesma sala e dificilmente fazemos alguma coisa juntas.

— Hum... – Hinata ainda está um pouco desconfiada da resposta da irmã, mas resolve deixa de lado.

Hanabi suspira internamente, aliviada, mas não demonstra para não levantar mais suspeitas.

Para facilitar, ela decide mudar de assunto.

— Como foi o encontro? – a animação está presente em sua voz tanto quanto sua curiosidade.

— Foi incrível – ela diz num tom baixo e com um suspiro apaixonado.

Há um silêncio.

— Só isso? – a caçula está indignada e cruza os braços – Eu quero detalhes.

Hinata dá risada.

— Eu conto mais tarde, quando estivermos com a Sakura-chan. É mais fácil.

Hanabi cruza os braços com uma expressão de descontentamento. Ela queria saber agora, mas compreendia que era mais fácil do que sua irmã ficar sendo repetitiva. Até porque, ela mesma não ia aguentar ouvir a história duas vezes no mesmo dia, por mais que gostasse de saber sobre a vida amorosa da mais velha.

~

Antes de buscar a garota, Mitsuo havia levado os homens Hyuuga até o alfaiate. Eles precisavam buscar o terno, experimentar, e fazer ajustes caso fosse necessário. Nesse caso, o tempo de buscar Hinata e levar as irmãs até a casa de Sakura deveria ser tempo o suficiente para que tudo fosse acertado com Takashi Yamamoto, o dono da alfaiataria.

E assim foi feito.

Quando Hiashi e Hizashi saíam pela porta, Mitsuo já estava parado em frente ao local os aguardando. Eles entram no carro, ajeitam os ternos sem amassar no banco de trás, e logo partem de volta para casa.

~

Neji estava sozinho em seu quarto quando ouve um barulho de pessoas no corredor – além do “tadaima” costumeiro –, indicando a chegada de seu pai e do seu tio.

Os adultos passam na frente do quarto de Neji, o cumprimentando, antes de seguirem para o quarto ao lado.

Neji não estava com um bom pressentimento desde cedo.

Toda a situação circulando ao redor da festa o fazia se questionar sobre o que estava rolando por trás disso e ele não sabia.

Ele está preocupado.

Principalmente com Hinata.

Já era claro que eles buscariam utilizar sua prima como uma forma de impressionar os Uchihas, mas como? O que eles pretendiam fazer? O que Hinata ficaria encarregada? Será que ela conseguia enxergar a dimensão do problema que essas atitudes de Hiashi poderiam trazer?

Neji aperta seu colchão com força.

Ele era apenas um coadjuvante. Qualquer coisa que ele dissesse, poderia ser não só descartada, como também punida de algum jeito. A pessoa mais importante da família era Hiashi. Ele era o membro principal Hyuuga. Neji era apenas o filho de um membro da família secundária.

Era como uma maldição sem fim.

Ele decide, então, espionar. Independente das consequências que isso lhe trouxesse, Neji sabia passar despercebido e tinha grandes chances de sucesso ao tentar ouvir a conversa.

Era melhor que ele soubesse das coisas pra proteger Hinata – mesmo que ele fosse costigado depois – do que permitir-se a ignorância e sua prima pagar o pato.

Hiromi confiara nele desde pequeno para que protegesse suas filhas.

E Neji amava as primas o suficiente para se colocar em risco por elas.

O garoto sai de mansinho do quarto e se dirige até uma cômoda do corredor – que pertencia ao andar de cima do lado da casa de Hinata e que estava ali devido à organização do outro lado da propriedade.

Ele se esgueira discretamente e se apoia, colocando os fones, fingindo ouvir alguma música. Ele procura a melhor posição para conseguir ouvir o bate papo entre o pai e o tio.

Neji vai descobrir o motivo de seu mau pressentimento custe o que custar.

~

“Mamãe,

Hoje foi um dia com duas emoções bem distintas.

Fiquei muito ansiosa e nervosa com o encontro com Naruto. Tuudo correu tão bem... Passamos uma tarde incrível juntos. Mesmo que ele não encare como um encontro romântico, e sim uma forma de me recompensar pela ajuda que eu ofereci a ele – em troca dele guardar um segredo meu – eu ainda não consigo deixar de me sentir boba. Ele é um garoto tão determinado, altruísta, sincero e divertido que eu sinto que fico cada vez mais apaixonada por ele. Nunca vou me esquecer do dia de hoje, pois foi a primeira vez que eu pude não só me sentir mais próxima ao Naruto, como também sentir que agora ele sabe um pouco mais sobre mim. Ele fez várias perguntas e não teve tantos momentos de silêncio constrangedor como eu achei que teria. Deve ser porque ele é bem falante.

As segundas emoções do dia se resumiram em nervosismo e dúvida. O papai está estranho, mesmo parecendo agir de forma normal. Eu estou um pouco desconfortável em cantar amanhã na festa, mas ele disse que era uma homenagem a você. Entretanto, quando eu comentei isso com a Sakura-chan, fiquei com dúvidas. Ela disse que o seu pai, Kizashi, pediu para que ela se aproximasse mais do Itachi, o primogênito Uchiha. Ele disse que isso ajudaria muito, mostraria que a relação não é apenas empresarial, mas que todos ali somos amigos. Isso é tão falso, mas a maioria do ramo se sustenta desse jeito na imprensa, não é?

Queria que estivesse aqui para nos auxiliar e colocar a cabeça do papai no lugar. Espero que depois da festa, tudo volte ao normal. O maior peso nas costas dele agora é esse e, depois disso passar, ele provavelmente não vai mais se sentir tão pesado.

A noite com Hana-chan e a Sakura-chan foi muito agradável. Apesar do breve assunto sobre a festa, nos divertimos bastante. Comemos alguns doces que a Sakura-chan comprou e também vimos um filme que contava sobre um período histórico que o Japão passou. Resolvemos dormir um pouco mais cedo para podermos descansar bastante, já que amanhã é um dia bem puxado.

Ah! Quase me esqueci. A Sakura-chan também está insistindo em me dizer para chamar o Naruto-kun pra sair uma próxima vez, mesmo que essa não tenha sido um encontro nessa. Ela quer que eu tome as atitudes para conquistá-lo, mas esquece de que ele ainda é apaixonado por ela. Na verdade, ela mesma disse que não acredita mais nisso.

Bom, eu já falei demais aqui por hoje, mamãe. Espero que não tenha ficado cansativo. Amanhã também trarei mais informações sobre como foi a festa. Agora eu preciso dormir, temos um dia cheio amanhã – a Sakura-chan está animada com a nossa tarde das meninas para nos arrumarmos pra festa.

 

PS: Recebi uma ligação do Neji quando eu estava longe do celular, contando sobre o encontro pras meninas. Ele mandou uma mensagem dizendo que precisa falar comigo amanhã e pessoalmente. Isso me deixou preocupada, porque ele nunca faz nada do tipo. Ele disse que está tudo bem com ele, então eu vou precisar esperar pra descobrir o que houve.

 

Beijos com muito amor e carinho,

Hinata Hyuuga.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*como sorvete, em inglês, chama ice cream, eu quis brincar com a palavra e fazer uma referência a one piece por pura diversão.

Aaaaaaa, acabou. Pois é. Vinte dias em trinta minutos, por ai? Não fiz os cálculos de quanto tempo leva pra ler um capítulo dessa extensão.

O que acharam, fofuxos? Gostaram, não gostaram, alguma coisa deixou vocês intrigados? O que vocês esperam que seja explicado nos próximos capítulos que deixaram vocês curiosos nesses? Estão sentindo falta de um certo grupo nessa história? Hihihihi

Recadinho: O próximo capítulo nem tem roteiro ainda e eu já sei que será bem trabalhoso de escrever, por isso já estou avisando vocês para não estranharem caso eu leve mais um mês pra escrever e postar. É provável que o próximo também fique bem comprido, até porque eu preciso abordar e trabalhar muitos assuntos nele. Então espero que vocês consigam aguentar até lá! 

Obrigada por terem lido até o final e eu espero que vocês tenham gostado do resultado do capítulo! 

Tomem cuidado, tomem as devidas precauções contra o corona e se hidratem!

Beijokas e até os reviews (ou até o próximo capítulo) ♥

PS: Algum de vocês tem fanfic de ships yaoi de BNHA? Eu estou querendo ler algumas histórias (preferencialmente +18), mas prefiro ler por indicação. Quem tiver e puder me enviar pela mensagem privada, eu agradeço! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diário De Uma Adolescente Tímida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.