A Harley Davidson estacionou em frente a um bar. Não argumentei, as coisas desse outro mundo eram sempre estranhas mesmo. A moto não esperou eu pedir para transformar-se em um cubo. Coloquei-a dentro da minha bolsa e entrei no bar. O mau cheiro dos bebuns invadiu minhas narinas. O ambiente era sujo e desagradável repleto de garrafas e camadas de prateleiras com vários tipos de copos diferentes. Assim que fechei a porta, um trovão ressoou no céu anunciando a grande tempestade que viria. Tinha quatro tipos de homens ali: os barbudos, os carecas, os tatuados e a junção dos três. Alguns ficaram me encarando, outros ignoraram minha presença. Discretamente sentei-me numa cadeira em um canto e lembrei mentalmente do meu plano. A pérola estava em algum lugar nas paredes. Peguei meu iPhone e liguei o identificador. Digitei "pérola". A foto do interior do bar apareceu. Eu nem sabia mecher, mas iria tentar. Um grande círculo vermelho apareceu na tela. Atrás no balcão tinha uma porta. Cliquei ali. Através da porta tinha um pequeno quartinho com com garrafas dentro de caixas de vidro. Em uma das garrafas, a pérola. Achei nojento a pérola estar dentro da garrafa. Pela cor do líquido, aquilo parecia ser whisky. Ok, agora eu precisava de um outro plano. Avaliei minhas opções: esperar o bar fechar e invadi-lo, denunciar lugar por falta de higiene, atear fogo discretamente e esperar todos saírem. Huumm, de todas essas, a melhor opção é esperar o bar fechar.Devia ser umas três e meia da madrugada quando resolvi invadir o bar. Na verdade eu nem tinha tanta certeza se ele fechava. Mas assim que cheguei na porta do bar, fiquei feliz em ver que ele estava fechado. Olhei para os lados para ter certeza que estava sozinha. Eu estava mais que sozinha. Peguei um grampo na bolsa e encaixei na porta. Olhei pro céu e rezei para que tudo desse certo. Mexi na fechadura umas duas vezes e a porta se abriu.

–Obrigada Deus!-Sussurrei.

Silenciosamente, empurrei a porta e adentrei no bar. Senão fosse o pequeno abajur no balcão central o bar seria um breu total. Tá eu preciso ser rápida. Caminhei até o balcão. Tirei minha lanterna da bolsa e liguei-a. Fui para trás do balcão e peguei o grampo. A fechadura era pequenina. Tentei enfiar o grampo ali, mas não consegui. Que droga! Calma aí. Eu acho que tenho um líquido ácido aqui. Procurei na minha bolsa um pequeno frasco com um líquido azulado. Peguei-o, destampei-o e molhei a ponta do grampo nele e rapidamente encostei o mesmo na fechadura. Ela fez um barulho meio estranho, mas acabou abrindo. Isso! Olhei para trás e depois entrei no quartinho. Procurei pela garrafa. Assim que achei ela, pensei em como eu iria tirar a garrafa dali. Eu tinha um cortador super afiado e uma cola. Ótimo, já tinha um plano. Com o cortador, que parecia uma faca sem cabo, cortei o vidro e com cuidado tirei a garrafa de lá. Eu tinha trago o dado e com o mesmo guardei a garrafa. Peguei a cola e passei em volta do círculo que eu tirei da tampa. Encaixei e apreciei enquanto a caixa voltada a ser o que era antes. Me virei para sair e parei no mesmo momento. Dois homens estavam parados na entrada meio que fechando a porta. Eles estavam de costas, então não me viram. Abaixei-me rápidamente e tentei encostar a portinha sem eles perceberem. Assim que a porta estava "fechada", eu pensei em como sairia dali. Um dos caras falou.

–Vamos logo. Ela nos espera.

–Sim sim vamos.

Ela? Ela quem? Algo me diz que eu preciso saber quem ela é. Tento olhar para eles, o que fazem, aonde e como. Observei-os ir para um canto à direita do bar e bater na parede. Fixei meu olhar na parede. Ela de repente se desprendeu em partes e se tranformou em uma passagem. Tentei vê-los de um ângulo melhor e consegui. Eu não sei se vi direito ou era o efeito do sono, mas jurava ter visto outro lugar através da passagem. Esperei eles sumirem, e eu fiz o mesmo. Nossa essa foi por pouco.No quarto, eu organizava tudo para o dia seguinte. Com tudo pronto, acabei de comer meu burrito de frango, escovei os dentes e fui dormir. Amanha será cansativo. Muito.