Não era uma boa. Ele todo, todo ele. É lógico que ele só queria me levar para algum canto e fazer tudo que desse vontade. Ele bebia, fumava e cheirava. Aquele cara era o mal caminho em pessoa. E para ironizar, ele estava vestido de Jesus Cristo. Branquinho, barbinha, olhos claros. Ele até que era bonito, pelo menos eu achei. Mas quando ele veio até minha mesa e me chamou para dançar...

Praticamente me empurraram né, sabe como são os amigos. Menos minha prima que ficou meio desconfiada. A principio achei que fosse um de seus truques para me conquistar. Mas me senti tão atraída que não consegui raciocinar direito e acabei dizendo sim.

A pista de dança era uma sala enorme e tinha uns cantos afastados da multidão. As pessoas la dentro estavam bastante agitadas. Me senti um pouco desconfortável no começo, e ele logo percebeu. Então perguntou se eu dançava. Respondi que sim é claro. Então disse: ''você dança e eu te acompanho ok?'' Fiz que sim com a cabeça. Então dançamos. Não me lembro se foram quatro ou cinco músicas agitadas, lembro apenas que ele começou a tentar a diminuir o clima. Pôs uma mão na minha cintura, e pegou minha mão. Pus minha outra mão em seu ombro. Eu realmente não sabia o que estava fazendo. Só me deixei levar. E então dançamos. Logo, uma fina camada de ar separava nossos corpos suados e agitados. Como se o Dj tivesse notado agente, começou a tocar uma música lenta. Ele então deixou a timidez dele e minha de lado e me deu um puxão colando nossos corpos dentro da pista. E não parou por ai, ele começou a aproximar sua boca da minha e o desejo consumiu-me. Mas a consciência falou mais alto. Ele entre-abriu os lábios e então senti seu hálito. Quente e com cheiro de cachaça. Libertei-me de seus braços e sai correndo da pista. Escutei ele me chamar da entrada da pista, mas eu já estava longe. Me enfiei no meio daquela gente e sai do salão sem que ninguém me notasse. Na rua, eu arranquei a peruca, e corri em direção a minha casa. Deu tempo apenas de ouvir ele gritar algo para mim:''Anjo!''

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Em casa, corri direto para o meu quarto. Tranquei a porta, sentei na cama e fiquei a pensar. Aquilo realmente aconteceu? Eu realmente não sabia. Depois do banho, coloquei minha roupa de dormir e adormeci pensando em pudim e torta.

Meu domingo seria basicamente resumido em passar o dia todo falando e comendo. E foi exatamente o que eu fiz. Minha tia veio na minha casa com minhas duas primas passar o domingo comigo. Maria e Hully. Julia, minha tia e a Hully foram para a cozinha fazer o almoço enquanto eu e Maria conversávamos no meu quarto.

–O que aconteceu ontem Alice? Quando fomos procurar por você aquele cara disse que você já tinha ido embora.

–Ontem ele tentou me beijar, eu senti nojo e fui embora.

Maria arregalou os olhos, e começou a dar gargalhadas.

–Eu já esperava isso de você, mas olha, ficamos preocupadas, pesamos que ele tinha te raptado e te prendido em algum lugar para quando a festa acabasse ele fosse la usar e abusar de você.

–Não não que isso, não é bem assim. Mas deixa pra la prima. A festa acabou, ele foi para a casa dele e estou segura novamente. M esmo se Hully der uma festa outra vez e os colegas dela o convidarem, eu vou manter a maior distância possível que der.

E assim se procedeu. Jogamos conversas fora, gargalhamos com as fantasias dos amigos de Hully, comemos e vimos um filme que passou na tv e então elas foram embora. Meu pai tem a mania horrível de arranjar emprego que necessita de viajem, e quase sempre eu fico sozinha em casa por semanas ou meses. Maria até se ofereceu para dormir na minha casa, mas recusei. Queria ficar solitária um pouco.

Já me preparando pra dormir, ouvi um barulho vindo da cozinha. Me assustei logo. Peguei a frigideira atras da porta do meu quarto e andei devagar em direção a cozinha. É eu tinha uma frigideira atras da porta por medidas de segurança.

Caminhei pelo corredor com a frigideira firme na mão. Olhei para tudo ao meu redor procurando o invasor mas meu coração disparou quando cheguei na cozinha. Uma figura de preto e encapuzada olhava dentro dos armários em busca de comida. Acendi a luz e o invasor gritou com o susto.

–Está louca?-perguntou enquanto piscava os olhos

–Louco e você que invadiu a minha casa!

–Eu não invadi, eu só entrei sem permissão.

–E isso é o que idiota?!

Ele olhou para mim de cima a baixo, e então olhou para a frigideira. Riu levemente.

–Você ia me atacar com uma frigideira?

–Aproxime-se de mim pra ver se não te acerto. Eu vou te denunciar!

–Tem certeza?

Então ele tirou o capuz, e meu medo aumentou. O cara da festa. Ele me olhou de novo e maliciosamente sorriu pra mim. Revirei os olhos e recuei.

–Não quero que me de explicações, só saia da minha casa.

–Depois do trabalho que ti...

–Droga, não quero saber!-Interrompi-Saia daqui agora antes que eu acerte essa frigideira no meio da sua cabeça!

Ele pareceu se conformar, então se aproximou e passou por mim. Eu permaneci com a frigideira erguida enquanto ele saia. Depois que saiu, tranquei a porta e olhei para mim mesma. Nossa minha roupa estava indecente abessa!

Naquela madrugada eu me senti confortável, apesar da invasão. Uma sensação de boa e pura, uma paz e tranquilidade.

Anjo.